Sinopse: Em Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, Shang-Chi é um jovem chinês criado por seu pai em reclusão, sendo treinado em artes marciais. Quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar.
Após o encerramento da fase três com "Vingadores - Ultimato" (2019), os realizadores da Marvel têm nos apresentados aos poucos quais os ingredientes que eles usarão para o futuro dos seus filmes. O que se percebe, porém, é que eles andam cortando as amarras do preconceito vindo do passado e nos brindando com mais diversidade em seus projetos. "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" (2021) é uma bela prova disso, ao nos apresentar um herói asiático e cuja a sua história é um verdadeiro mosaico de luz, cores e de grande beleza vindo da cultura Chinesa.
Dirigido por Destin Daniel Cretton, a trama acompanha a história de Shang-Chi (Simu Liu), um jovem chinês que foi criado por seu pai em reclusão para que pudesse focar totalmente em ser um mestre de artes marciais. Entretanto, quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo pela primeira vez, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar e traçar o seu próprio caminho.
Embora seja um filme conectado ao universo Marvel, por outro lado, é uma obra que possui alma própria, sendo que o primeiro ato a gente quase se esquece que estamos assistindo a uma trama que é interligada aos outros filmes, mesmo em proporções menores. Para alegria de muitos fãs que ficaram desapontados da maneira do que foi apresentado em "Homem de Ferro" (2013) o vilão Mandarim finalmente nos é apresentado e muito bem defendido pela atuação equilibrada do ator Tony Leung Chiu-Wai, veterano da China e que atuou em obras primas como, por exemplo, "Amor à Flor da Pele" (2000). Curiosamente, diferente dos quadrinhos, não temos aqui um vilão megalomaníaco, mas sim com objetivos bem melhor construídos, mas cujo os seus desejos pessoais podem desencadear danos irreversíveis ao longo do tempo.
Já Simu Liu faz o que pode como herói protagonista dentro da trama e que não nos decepciona. Pode-se dizer que, ao menos, nas cenas de luta ele dá um verdadeiro show, sendo que as coreografias de luta são um verdadeiro balé visual e que remete aos ótimos "O Tigre e o Dragão" (2000) "Herói" (2002) e o "O Clã das Adagas Voadoras" (2004). Já Awkwafina, da qual interpreta Katy a melhor amiga do protagonista, se torna o alivio cômico da trama e da qual a mesma desliza entre boas piadas e algumas sem graça. Falando nisso, Ben Kingsley retorna como Trevor, a falso Mandarim visto em "Homem de Ferro 3" e sendo que aqui é bem explicado sobre o que realmente havia acontecido com ele ao longo desses anos.
Visualmente o filme é um colírio para os nossos olhos, sendo que a trama explora não somente como é a China atual, como também uma realidade alternativa e que se guarda ali toda a sua mitologia cheia de seres vivos curiosos. Os efeitos visuais, logicamente, estão sempre presentes, mas ao menos eles contribuem para o desenvolvimento da trama e cuja a pirotecnia maior é somente guardada em grande proporção no ato final da trama. Porém, em termos de ação, sem dúvida alguma a cena do ônibus em Sam Francisco é disparada, não somente a melhor do filme, como uma das melhores do ano.
Curiosamente, o filme toca novamente em um assunto que o estúdio anda explorando bastante em seus projetos que é com relação a morte. Se a não aceitação da morte desencadeou toda trama na série "WandaVision" (2021) aqui a situação não é muito diferente, mas tratado da maneira como a cultura da China reage com relação a perda de um ente querido e da maneira como eles abraçam o luto. Para um assunto tão delicado como esse o estúdio tem demonstrado certa coragem, pois sabe que o mesmo público que cresceu assistindo aos seus filmes precisa um dia encarar assuntos que doem, mas que também nos pertencem.
Com as inevitáveis cenas pós-créditos após o encerramento da trama principal, "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é uma ótima aventura escapista, mas feita de coração e respeitando a cultura oriental.
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