Sinopse: Um ex-atleta considerado um fenômeno do basquete em seus anos de colegial luta contra o alcoolismo ao mesmo tempo em que encara as dificuldades de um emprego monótono.
Na minha análise especial sobre o filme "Hollywoodland" (2006) eu havia feito um paralelo sobre a vida artística de Ben Affleck com a do ator George Reeves. Em ambos os casos, são dois atores que buscavam o equilíbrio na vida pessoal e profissional, mas que acabaram caindo em desgraças distintas, porém, quase semelhantes uma da outra. Se Georges Reeves acabou se matando assim como foi retratado no filme, por outro lado, o seu intérprete Ben Affleck até hoje busca a sua redenção em meio aos altos e baixos que a vida lhe dá.
Nem irei me estender sobre isso, pois basta ler aquela minha análise, mas posso dizer que de altos e baixos, Affleck parece que insiste em voltar, ao menos, em um equilíbrio para que possa continuar atuando e vivendo. Em um cenário como Hollywood, do qual o dinheiro fala mais alto, parece uma tarefa quase impossível, mas não para aqueles que reconhecem que é preciso recomeçar do zero. "O Caminho de Volta" é um filme em que o ator procurou participar para colocar para fora os seus próprios demônios internos e pelo visto obteve certo êxito.
Dirigido por Gavin O'Connor, do filme "O Contador" (2016), o filme conta a história de um ex-atleta Jack Cunningham (Affleck) considerado um fenômeno do basquete em seus anos de colegial, mas que luta atualmente contra o alcoolismo e que encara as dificuldades de um emprego monótono. Ele então recebe a oportunidade de treinar um time de basquete e recomeçar. Na medida em que o time começa a vencer, a sua vida melhora, mas as vitórias não parecem suficientes ao ponto de salvá-lo.
Já na abertura constatamos que o intérprete e personagem nasceram um para o outro, pois ali não é somente Jack Cunningham, mas sim Ben Affleck nos dizendo sobre o ponto em que ele havia chegado. Gradualmente testemunhamos o dia a dia desse personagem, onde constatamos que há algo de errado com ele, mesmo quando as respostas sobre isso não venham logo de imediato. Porém, enquanto as respostas não chegam, testemunhamos a redenção surgir aos poucos, onde sempre torcemos pela sua virada, mesmo quando ela não parece vir tão facilmente com ajuda do basquete.
Tecnicamente Gavin O'Connor consegue nos dar um filme dinâmico, mesmo quando ele não aparenta em um primeiro momento. Com uma fotografia caprichada, a realidade apresentada ali não é muito diferente da nossa, onde não vemos somente o protagonista tentando sobreviver, como também demais personagens secundários que ralam para manter a sanidade perante as adversidades que surgem no dia a dia. Qualquer semelhança da história comparada com a nossa do lado de cá da tela não é mera coincidência, pois a intenção, talvez, seja exatamente essa.
O filme acaba por alguns momentos se tornando até mesmo bem dinâmico, principalmente quando é mostrado os jogos de basquete. Logicamente são esses momentos que fazem ficarmos presos na cadeira, pois torcemos para que o time se reerga e faça com que o protagonista consiga o tão sonhado equilíbrio na vida. Porém, as coisas nunca são realmente fáceis de serem obtidas.
Em seu ato final, constatamos que tanto o personagem como o seu intérprete precisam cair para voltarem a se reerguer. Affleck demonstra total consciência disso e ao vermos Jack Cunningham admitir que precisa de ajuda testemunhamos o intérprete deixando por um momento o seu personagem de lado e assumindo que realmente precisa recomeçar um novo percurso. Pode não ser um final que alguns de nós imaginávamos, mas constatamos que isso fez com que o ator se sinta mais do que satisfeito com ele mesmo.
"O Caminho de Volta" é sobre a busca pela redenção e do desejo de nos sentirmos vivos, mesmo quando estamos ainda enfrentando uma grande tormenta e que nos persegue sem trégua.
Onde Assistir: Google Play Filmes.
Leia também: Hollywoodland.
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