Sinopse. O filme narra as aventuras da irmã mais nova de Sherlock Holmes, Enola.
Basta você nascer para já conhecer Sherlock Holmes, talvez um dos personagens mais conhecidos da literatura e que nos últimos tempos teve novas adaptações para outras mídias como, por exemplo, "Sherlock Holmes" (2009) para o cinema ou a série "Sherlock" (2010) que colocava o personagem nos dias atuais. Porém, não faltam ideias criativas para trazer o personagem de volta diversas vezes, principalmente quando se pode dialogar com a gente com relação ao cenário político de ontem e hoje, mas de uma forma leve e que atraia todas as idades. "Enola Holmes" segue bem esse meu raciocínio, ao apresentar uma nova personagem dentro do universo do personagem detetivesco e conquistando assim novos fãs.
Baseado na obra de Nancy Springer, e dirigido por Harry Bradbeer, o filme conta a história de Enola Holmes (Millie Bobby Brown), uma adolescente cujo irmão, 20 anos mais velho, é o renomado detective Sherlock Holmes (Henry Cavill). Quando sua mãe (Helena Bonham Carter) desaparece, fugindo do confinamento da sociedade vitoriana e deixando dinheiro para trás para que ela faça o mesmo, a menina inicia uma investigação para descobrir o paradeiro dela. Ao mesmo tempo em que precisa ir contra os desejos de seu irmão, Mycroft (Sam Claflin), que quer mandá-la para um colégio interno só de meninas.
Para não repetir a fórmula de outras adaptações, "Enola Holmes" já começa diferente do habitual, ou seja, a protagonista começa a falar com a gente sobre a sua origem e quebrando assim a quarta parede. Esse momento, aliás, irá se repetir diversas vezes, mas não se tornando cansativo graças a boa atuação da jovem atriz Millie Bobby Brown. Pode-se dizer que ela vai cada vez mais se afastando da imagem da personagem Eleven "Stranger Things" e do qual ela havia obtido a sua consagração. Por aqui, ela não só carrega todo o filme nas costas, como também nos faz até mesmo esquecer da imagem do seu famoso irmão literário.
Neste último caso, Sherlock é colocado no segundo plano de forma proposital, já que a protagonista é Enola, mas isso não o torna menos importante e Henry Cavill cumpre com louvor o seu trabalho ao dar um pouco mais de humanidade ao personagem. Curiosamente, o filme não tem pressa ao apresentar a origem, tanto da protagonista, como os demais de sua família e que, curiosamente, cada um representa um pensamento diferente com relação ao mundo da política. Se por um lado Holmes jamais quis adentrar nesta questão, por outro lado, tanto a sua mãe como o seu irmão são dois lados da mesma moeda, sendo que esse último é uma representação de interesses em manter o conservadorismo da Inglaterra.
Curiosamente, o filme se economiza na ação e dando mais espaço para o debate político da época, como no caso, por exemplo, o papel do feminismo daqueles tempos, mas dialogando com o mesmo assunto sobre os dias atuais em que vivemos. Por conta disso, é fácil as jovens de hoje se identificarem com Enola, principalmente por ela ser uma personagem em busca de sua independência em uma época em que as mulheres ainda sofriam com o conservadorismo e preconceito vindo dos homens. Mas para aqueles que acham que esse debate torna o filme monótono se enganam, pois a obra possui uma edição bastante ágil, onde o passado e presente se entrecruzam a todo momento, além de uma fotografia e edição de arte caprichada e que enche os nossos olhos.
Embora seja uma trama que possua começo, meio e fim, é notório que há em seu ato final alguns elementos que nos dá uma ligeira sensação que não será a última vez que veremos Enola Holmes. Obviamente a Netflix deseja fazer uma franquia de sucesso em sua grade, mas para obter isso, basta manter o que funcionou nesta primeira aventura e que pode sim muito a nos oferecer a longo prazo. "Enola Holmes" é uma grata surpresa para quem achava que as ideias vindas do universo literário de Sherlock Holmes haviam se esgotado e provando que sempre pode se conquistar um novo público.
Onde Assistir: Netflix.
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