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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Cine Dica: Em Cartaz: Arlequina em Aves de Rapina - A palhaça está a solta

Sinopse: Quando o mais terrível e narcisista vilão de Gotham, Roman Sionis, e seu braço direito, Zsasz, começam a caçar uma jovem chamada Cass, a cidade é virada de cabeça para baixo em busca da garota.  

Quando "Batman vs Superman: A Origem da Justiça" (2016) dividiu a opinião do público e da crítica os engravatados da Warner/DC logo foram modificar a edição final de filmes que viriam a seguir, como no caso de "Esquadrão Suicida" (2016) e "Liga da Justiça" (2017). O resultado foi dois filmes que perderam um pouco de sua identidade própria e desagradando aqueles que estavam com a expectativa nas alturas. A partir daí o estúdio optou em deixar de lado o universo compartilhado e optando, novamente, para que cada filme tivesse sua identidade própria falando mais alto.
Porém, apesar de "Esquadrão Suicida" ter se tornado o que se tornou, a única coisa boa que saiu dessa tempestade foi Arlequina sendo interpreta por Margot Robbie. Descoberta por Martin Scorsese em "O Lobo de Wall Street" (2013), atriz capitou de imediato a essência da personagem, ao ponto dela se sentir bem à vontade interpretando a personagem quando ela surge em cena. A figura de Margot Robbie como Arlequina se tornou algo viciante entre as amantes de cosplay e se tornando cada vez mais comum vermos meninas vestidas de Arlequinas em determinados eventos. Essa mania se fortalece ainda mais com a chegada  "Arlequina em Aves de Rapina", filme divertido, colorido e que irá fazer as fãs da personagem irem ao delírio.
Dirigido por Cathy Yan,o filme mostra Arlequina (Margot Robbie), Canário Negro (Jurnee Smollett), Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), Cassandra Cain e a policial Renée Montoya (Rosie Perez) formam um grupo inusitado de heroínas. Quando um perigoso criminoso começa a causar destruição em Gotham, as cinco mulheres precisam se unir para defender a cidade.
Embora a premissa acima possa parecer simples, o filme é carregado com um visual transloucado, cartunesco e que remete até mesmo momentos clássicos do desenho animado "Batman" dos anos 90 em que Arlequina havia aparecido pela primeira vez. Abertura, por exemplo, é feita em desenho animado, onde se faz um resumo sobre a origem da personagem e fazendo com a gente se localize na situação da trama facilmente. Falando nisso, a edição do filme faz com que a trama se torne dinâmica, mesmo quando a própria apresenta a história de uma forma não linear no primeiro ato, mas não comprometendo o resultado final como um todo.
Não é preciso ser gênio para adivinhar que Margot Robbie dá um show em cena e provando que atriz nasceu para a personagem do início ao fim. Curiosamente, não vemos mais uma Arlequina obcecada pelo Coringa, mas sim como uma mulher, mesmo que transloucada, querendo sua independência e voz própria. Em tempos de feminismo em abundância, estava mais do que na hora da personagem seguir essa linha.
Porém, é preciso reconhecer o talento das demais atrizes que surgem em cena. Embora com um visual diferente se formos comparar a personagem daqui com a que é vista na HQ, Jurnee Smollett interpreta uma Canário Negro que merece a nossa atenção e que sempre rouba a cena quando surge na tela. E se por um lado Mary Elizabeth Winstead como Caçadora se torna uma figura um tanto que desperdiçada na trama, do outro, Rosie Perez segura bem as pontas ao interpretar uma Renée Montoya com personalidade forte fiel a sua fonte.
Em termos de antagonistas o filme até que é bem servido com a presença de Ewan MecGregor como o principal vilão da trama. De novidades o personagem não traz nada, principalmente pelo fato de alguns momentos ele ser uma figura previsível em suas ações e fazendo a gente até mesmo adivinhar o que irá acontecer. O personagem somente ganha uma profundidade melhor graças ao talento de Ewan MecGregor, pois sem isso seria uma figura bem dispensável.
Em termos de ritmo, o filme é bem ao estilo vídeo clipe e cuja as cenas de ação se tornam em muitos momentos um verdadeiro balé. Não me admira, por exemplo, que a trilogia de ação "John Wick" tenha servido de inspiração para a realização de determinadas cenas de ação, principalmente aquelas protagonizadas pela própria Arlequina. Atenção para a cena em que a protagonista invade uma delegacia que é, desde já, uma das melhores cenas de ação da trama.
Infelizmente o filme cai na armadilha ao deixar no ar a possibilidade de se tornar uma possível franquia. Não que isso seja ruim, muito pelo contrário, mas pelo visto a Warner/DC ainda não aprendeu com os seus próprios erros e que, diferente da poderosa Marvel, é preciso pensar em um filme de cada vez e fazendo com que as suas obras tenham a sua personalidade própria. A personagem Arlequina já está fazendo isso, mas cabe os seus realizadores em saber fazer como irão locomove-la ao longo do percurso.
"Arlequina em Aves de Rapina" é divertido, colorido e que irá agradar os fãs da palhacinha louca em cheio. 


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