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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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domingo, 9 de dezembro de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: As Viúvas



Sinopse: Um assalto frustrado faz com que Harry Rawlins (Liam Neeson) e sua gangue sejam mortos pela polícia e o dinheiro que roubaram seja destruído pelas chamas. Isto faz com que a viúva de Harry, Veronica (Viola Davis), seja cobrada para que a quantia roubada seja devolvida. Veronica então decide realizar o roubo, tendo a ajuda das demais viúvas dos mortos no assalto frustrado.

Embora perfeccionista Steve McQueen, por enquanto, não opta em apresentar uma visão autoral em suas obras, mas sim diferentes uma da outra. Se em Shame ele explorava a obsessão pelo sexo da sociedade contemporânea, 12 Anos de Escravidão fazia uma dura crítica a própria América conservadora e racista em tempos de escravidão. As Viúvas, portanto, se difere também das demais obras, mas aumentando um grau cada vez mais elevado sobre o que o cineasta quer falar com relação ao mundo em que vivemos.
Baseado na obra de Gillian Flynn (Garota Exemplar) o filme acompanha as consequências de um assalto frustrado comandado por Harry Rawlin (Liam Neeson), onde o mesmo e mais os seus companheiros foram mortos em uma emboscada orquestrada pela policia. A viúva de Harry, Verônica (Viola Davis) acaba sendo cobrada por mafiosos e descobrindo o submundo por detrás das eleições que acontecem nesse momento em Chicago. Para escapar dos problemas que estão em seu encalço, Verônica decide reunir as outras viúvas dos ladrões mortos, para assim roubar o valor do qual o seu marido ficou devendo para o submundo.
A premissa pode até lembrar o recente 8 Mulheres e um Segredo, mas aqui o exagero vai para o escanteio e Steve McQueen elabora um belo filme de assalto em que a verossimilhança dá as suas cartas. O filme não deve em nada se compará-lo a fase áurea do gênero policial americano dos anos 70, sendo que a fotografia crua de Sean Bobbitt, parceiro de McQueen na maioria de suas obras, nos faz relembrar de tempos de um cinema mais imprevisível e impiedoso. Imprevisível, aliás, é a palavra chave que molda o filme, mas não somente pelas situações que acontecem, como também através da câmera de McQueen. 
Além de elaborados planos sequências, o cineasta coloca a sua câmera em posicionamentos que vão contra as nossas perspectivas. É como se a sua lente, propositalmente, não registrasse situações em que os seus respectivos personagens gostariam que a gente presenciasse, como no caso sobre o que realmente aconteceu numa determinada explosão, ou quando ouvimos determinadas conversas dentro de um carro, mas não testemunhamos os mesmos dentro dele. Isso faz com que se gere uma pequena tensão dentro da gente e fazendo a gente se perguntar o que virá em seguida.
Além disso, assim como em 12 Anos de Escravidão, McQueen consegue escalar um elenco estelar, formando por um time de qualidade que impressiona: Viola Davis, Michelle Rodriguez, Elizabeth Debicki, Colin Farrell, Carrie Coon, Liam Neeson, Daniel Kaluuya, Robert Duvall, Jon Bernthal e dentre outros. Logicamente, as atrizes em cena que se sobressaem, já que cada uma de suas respectivas personagens possui personalidades distintas e muito bem construídas em cena. 
Viola Davis, aliás, vive uma mulher envolvente e sempre complexa. Por sinal, o filme é um thriller de assalto que não se julga prepotente e não abusa nas reviravoltas para se criar um bom suspense. Na verdade, há sim um momento em que desvia demais da história principal para explicar uma situação, em um flashback, mas nada que comprometa a narrativa.
Com As Viúvas, Steve McQueen conseguiu criar uma produção que funciona como filme de assalto e ao mesmo tempo seguindo uma crítica social cada vez mais acentuada do cinema contemporâneo. 


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