Animal Político
Sinopse: Uma vaca tem vida confortável desde a infância. Seus pais sempre lhe deram tudo o que queria. Seu dia a dia é dedicado a andar pelas ruas, visitar museu e fazer compras no shopping. Mas chega um dia em que a vaca começa a ter uma crise existencial.
Com um país cada vez mais alienado em diversos assuntos como no caso da política, da qual muitas pessoas preferem fugir dela, é interessante observar que cada vez mais surgem pequenos filmes brasileiros que tentam dialogar com o público e criando uma parábola sobre diversos assuntos a serem discutidos. O resultado são filmes que desafiam atenção do público, mas ao mesmo tempo, criando uma experiência da qual vai contra as nossas expectativas e poucas vezes vistas no cinema convencional. Animal Político é o mais novo filme dessa pequena onda e que dá o que falar por onde passa.
Ao criar a inusitada cruzada de uma vaca pelo mundo mundano dos homens, o cineasta Tião cria a história da busca de identidade do ser em meio a correria e o consumismo da civilização. Isso levanta questões que vão desde ao vazio do dia a dia, como também a busca pelo seu "eu" verdadeiro em meio ao contato da natureza não tocada pelo homem. Por outro lado, há um desdobramento, mostrando as consequências até mesmo quando se decide encontrar respostas através de nossas raizes e levantando então mais perguntas do que respostas.
Levando-se isso em conta, há também uma inserção de uma sub-trama (intitulada A pequena caucasiana) , onde vemos uma jovem rica (Elisa Heidrich) aderir a uma vida de isolamento em uma ilha e conviver com o pouco que têm. Porém, embora tendo contato com o seus primórdios, a personagem demonstra um comportamento do qual se assemelha aos seus dias na civilição, mesmo em situações onde demonstra um lado mais selvagem pela sobrevivência. Uma pequena trama que funcionária num curta metragem, mas que se casa com o restante do filme como um todo em sua proposta.
Com belas referências ao clássico 2001: Um Odisséia no Espaço, Animal Político é uma prova de que com poucos recursos se faz sim um filme do qual se cria uma pequena experiência sensorial para os olhos do público.
Guerra do Paraguay
Sinopse:Nessa metáfora poética sobre uma guerra sangrenta, um fato inesperado se torna real: um encontro do passado com o presente, da barbárie com a arte. Um soldado vindo da Guerra do Paraguay se encontra uma trupe de teatro dos dias de hoje.
Não é de hoje que o cinema e o teatro meio que se entrecruzam e nascendo então tramas que, mesmo com poucos recursos, geram um belo espetáculo.Dogville de Lars Von Trier, por exemplo, não possuia cenários, mas somente a imaginação, tanto do público, como também dos interpretes que se encontravam em cena. Com isso, chegamos ao Guerra do Paraguay, do qual possui um único cenário, mas o debate sobre a guerra e suas consequências é o suficiente para obter a nossa total atenção.
De Luiz Rosemberg Filho (Dois Casamentos), o filme se passa num tempo não definido, do qual uma trupe de teatro formado por mulheres que vivem livres pelo mundo, dão de encontro com um soldado do passado e vindo da guerra entre o Brasil e o Paraguai. Uma vez acontecendo esse encontro se nasce então um debate acalorado do papel do soldado a serviço do estado e das consequências das quais até mesmo ele desconhece. Da poesia, para o horror da violência, o filme é muito mais do que se pode imaginar.
Começando com uma tomada que remete ao grande clássico O Sétimo Selo, o filme possui inúmeros planos sequêcias, dos quais os interpretes falam em várias tomadas ineterruptas, como se estivessem num grande palco e falando na frente do público. Por um momento, por exemplo, a personagem vivida por Patricia Niedermeier nos encara, nos dando a entender para que nós prestemos atenção a ela, já que ela contracena com um soldado (Alexandre Dacosta) que não consegue capitar a mensagem de paz da qual ela quer passar. Engolido pela propaganda patriótica, o soldado nada mais é do que o homem movido pelo desejo da posse, pelo poder, enquanto a interprete andarilha é feliz com o que tem, mesmo com os poucos recursos que a vida tem a lhe oferecer.
Embora com ecos sobre o passado, o filme dialoga com o nosso presente, principalmente em tempos em que o Brasil vive numa crise política movida pela corrupção e por classes que se dizem dominantes de nossa terra. O soldado da trama, por exemplo, seria uma espécie de imagem palída do brasileiro atual, do qual se diz cidadão do bem, a serviço de um país melhor, mas que no final das contas não é melhor do que um ladrão que rouba somente para comer. O ápice do filme se encontra em seu derradeiro final, onde as máscaras e as encenações já não fazem nenhum sentido e dando lugar ao cenário de terror vindo da guerra.
Com referência a um terrível caso verídico, do qual remete ao filme Guerra Sem Cortes de Brian de Palma, Guerra do Paraguay é simples, direto em sua proposta e do qual nos deixa impotentes perante uma realidade nua e crua.
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2 comentários:
Qto é o ingresso? Tem algum dia mais barato?
Bom dia . O filme está sendo exibido na General da Camara no Cinebancário as 17 horas. Os ingressos são no valor de dez reais todos os dias (segunda não há sessão). Aconselho assistir logo pois acho que só tem mais essa semana que vem de exibição.
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