Sinopse:O documentário
acompanha o reencontro das artistas para a a montagem de um espetáculo,
trazendo para a cena as histórias e memórias de uma geração que revolucionou o
comportamento sexual e desafiou a moral de uma época.
Numa das passagens mais significativas desse
documentário comandando por Leandra Leal (O Lobo Atrás da Porta), é dito que, em
décadas passadas, os artistas travestis brasileiros tinham trabalho garantido,
por exemplo, em shows de grandes teatros. Em tempos de hoje, infelizmente, muitos
não conseguem um emprego como esse, mas sim em outras áreas como da prostituição.
Não deixa de ser irônico esse pensamento, já que a era de ouro de inúmeros travestis
de grande talento surgiram justamente nos tempos de chumbo, onde havia censura,
repreensão, medo, mas não impediu que essas figuras cheias de brilho ganhassem
luz própria.
Crescendo em uma família da
qual investiu pesado na área artística, como no Teatro Rival do RJ inaugurado
em 1934, Leandra Leal decidiu então criar um documentário do qual, por exemplo,
explorasse um olhar pessoal de seus anos assistindo a esses shows e dos quais
surgiram então os primeiros grandes artistas travestis do Brasil. Rogéria, Jane
Di Castro, Divina Valéria, Camille K, Eloina dos Leopardos, Fujika de Halliday,
Marquesa e Brigitte de Búzios são as estrelas que enchem a tela. Em pouco mais
de uma hora e meia, testemunhamos suas histórias através de seus depoimentos,
onde o presente e o passado se entrelaçam e formando então um mosaico de
histórias cheias de significado.
Embora seja o seu primeiro
longa metragem atrás das câmeras, Leandra Leal demonstra total controle na
direção, ao focar exclusivamente essas figuras cheias de talento e fazendo com
que elas fiquem a vontade para colocarem
para fora as suas reais personalidades. Embora não aparecendo nas entrevistas,
Leandra surge em alguns momentos em narração off, onde as suas palavras possuem um peso de
história, da qual precisava ser contada e sintetizando esses momentos em cenas
chaves do documentário: a cena em plano sequência onde a câmera da cineasta
foca as personagens indo em direção ao teatro é o melhor exemplo desse feito.
Assim como outros filmes como Dzi
Croquettes, onde se explora os shows daquele período, o documentário é recheado
de cenas da época, tanto das apresentações vistas no teatro, como também de
alguns que ousaram se arriscar na TV e obtendo um grande sucesso. É claro que
não faltam momentos nos depoimentos onde se escancara situações das quais esses
talentos sofreram preconceito, tanto vindo da sociedade, como também vindo de
suas próprias famílias. Porém, isso não impediu que eles seguissem em frente,
pois o sonho do estrelado e ter o direito e ir e vir da maneira que quisessem
falou mais alto.
Em dias atuais, onde o preconceito
surge na imagem de políticos que se dizem cidadãos de bem, Divas Divinas é um registro
histórico de um período, onde a intolerância desenfreada não impedia que o
talento aflorasse nesse grupo de artistas e para que assim conseguissem a sua
luz própria.
Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram
Nenhum comentário:
Postar um comentário