O Presidente
Sinopse: Um país fictício vive dias de terror, cheios de enfrentamentos da polícia com a população. O presidente emprega um governo ditatorial e acaba derrubado depois de um golpe de Estado. Sua família foge e só ele e o neto de 5 anos ficam para trás. O político raspa a cabeça e se disfarça de músico de rua. Logo ele sente na pele o que a população vem sofrendo por causa da forma como governou o país.
Sinceramente, conheço o cineasta iraniano Mohsen Makhmalbaf mais pelo seu papel importante no clássico de Close-up, de Abbas Kiarostami do que os seus próprios filmes. Porém, basta asssitir a um filme de Makhmalbaf para termos uma noção do seu grande talento como cineasta e nos darmos conta que o Irã não nos deu somente Kiarostami ou Jafar Panahi (Isso não é um filme). Em O Presidente, Makhmalbaf cria uma trama poderosa, da qual poderia se passar em qualquer país do globo, pois não são poucos dos quais sofrem em um governo ditatorial.
Acompanhamos uma trama onde se passa num país fictício, onde o povo sofre nas mãos de um pretencioso ditador (isha Gomiashvili). Em meio as ordem em que ele cria contra o povo, o tirano vive mimando o seu neto (Dachi Orvelashvili), do qual o mima ao máximo, ao ponto de lhe dar o direito de controlar as luzes da cidade no início do filme. Porém, nos primeiros minutos projeção o ditador sofre um golpe, fazendo com que a sua família fuja do país, mas devido a inúmeras situações, tanto o ditador como o seu neto acabam ficando ainda no país e vivem fugindo no decorrer da história.
Começando num tom de humor, o filme gradualmente vai dando espaço para o drama, realismo e escancarando os dois lados da mesma moeda. Num primeiro momento, podemos sentir até raiva do protagonista, mas aos poucos, Makkhmalbaf o coloca em situações das quais ele encara as consequências de seus atos, ao ponto de se colocar no lugar de muitos indivíduos dos quais, tanto ele como o seu neto, cruzam ao longo de sua cruzada. O roteiro não poupa, nem a dupla, nem o cinéfilo que a assiste, ao ponto de testemunharmos o horror que o ser humano causa em situações desesperadoras das quais se encontra.
Destaque para o jovem talento Dachi Orvelashvilli, do qual consegue passar uma aura de ingenuidade vinda do seu personagem, mas não escondendo em seu rosto o horror que ele testemunha, mesmo não se dando conta que boa parte desse quadro nasceu a partir do governo do seu avô. Mas embora a relação da dupla central seja a força matriz da obra, não há como negar que os personagens que surgem em sua jornada acabam se tornando o apice do longa metragem em muitos momentos e nos brindando com momentos imprevisiveis: a cena em que vemos um ex condenado do governo retornando para a sua casa para reencontrar a sua esposa é desde já uma das melhores cenas do filme.
Com um final angustiante, do qual deixa em aberto o destino daquele país e de seus habitantes, O Presidente é uma trama da qual, infelizmente, soa familiar e por isso mesmo é tão poderosa em sua mensagem que nos quer passar.
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