Sinopse:O perito em arte
Gaspar Dias (Júlio Andrade) é obcecado pelo trabalho do pintor Emilio Vega.
Certo dia, ele encontra Inácio Cabrera, que diz ter conhecido o ídolo de
Gaspar. No entanto, o perito tem dúvidas e busca mais informações.
Na mágica sempre há um
truque, mas que dificilmente a pessoa comum percebe, pois ela está mais
interessada na surpresa e não na forma da qual ela é criada. O desaparecimento
do mágico é então a façanha mais surpreendente, pois após o número, o que
assiste observa o chão ou acima para ver de que forma ele conseguiu tamanha
façanha. Embora Maresia não trate desse assunto, acompanhamos os motivos que
levaram o desaparecimento do pintor Emilio Vega que, num passe de mágica,
desaparece nas águas de uma praia, mas toda mágica há o seu truque.
Dirigido por Marcos Guttmann
acompanhamos a trama em duas linhas distintas. Na primeira, acompanhamos o
perito em arte Gaspar Dias (Júlio Andrade), que vive em busca das artes de
Emilio Vega, um grande pintor que vivia na região e que suas artes podem estar
espalhadas em diversos lugares. Já á segunda linha da história acompanhamos o
dia a dia do próprio Emilio Vega (também interpretado por Júlio Andrade), que
vive de pintar quadros com relação à paisagem do qual vive, mas que ao mesmo
tempo enfrenta os seus demônios interiores.
Embora num primeiro momento
a história possa parecer simples, é na direção de Guttmann que se encontra o
coração da obra, já que ele não nos apresenta uma direção convencional, mas sim
de uma forma pessoal e que faça com que a gente presta atenção em cada cena,
como se fosse um número de magia. O presente e o passado trocam de lugar
durante a projeção sem prévio aviso e fazendo com que montemos mentalmente um
quebra cabeça, principalmente com relação a cada um dos personagens apresentados
nela. Se você desviar o olhar, irá perceber que perdeu então o fio da meada e
daí começa a se perguntar quem é quem no presente e quem é a sua contra parte
em histórias passadas.
Claro que um filme com uma
proposta como essa somente funcionária também graças a um ótimo elenco, ao
começar por Júlio Andrade: versátil e dono de uma presença forte, Andrade
simplesmente some na pele, tanto do personagem Gaspar, como do próprio pintor
Vega, sendo que esse último o interprete simplesmente some de cena e dando
lugar exclusivamente ao personagem, que mais parece uma entidade da natureza
pronta para explodir e que vai contra a realidade de sua volta. Porém, não há
como negar que a presença de Pietro Mario que, ao interpretar o misterioso
personagem Inácio Cabrera, crie então um elo, do qual envolve tanto ele, como
Gaspar Dias e o enigmático Vega do passado.
Claro que a pessoa mais
atenta irá desvendar o mistério que envolve esses três (?) personagens. Mas até
lá, Marcos Guttmann foi habilidoso ao criar elementos dos quais a gente
interpretasse como certos, quando na realidade eles estavam somente ali para
obscurecer o óbvio. Quando o passado e o presente finalmente se encontram numa
simbólica cena num prédio abandonado, tudo então faz sentido, mesmo quando ela
soa meio que inverossímil.
Embora curto, Maresia é um
filme que possui tantos elementos simbólicos, que faz com que tenhamos sempre
desejo de revisitá-lo.
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