Sinopse:Após os
acontecimentos da década de 60 por todo o mundo e com o aumento da conquista de
direitos civis, políticos e também de uma maior participação na sociedade como
um todo, surgiu nos Estados Unidos o jornal "Gay Sunshine", uma
publicação voltada para o público homossexual da época. Em 1978, no Brasil, uma
iniciativa similar foi criada: o jornal "O Lampião".
Graças à internet hoje é fácil obter
notícias para se ficar bem informado, principalmente no período do qual
vivemos, em que o jornalismo televisivo cada vez mais vai se tornado parcial. Contudo,
houve um tempo que era escasso a obter informações, das quais o papel do jornal
era algo crucial na vida das pessoas que buscavam notícias para ficar bem
informado. Em Lampião da Esquina, o documentário não só destrincha um jornal
que foi pioneiro para informação, como também fez com que muitas pessoas da
comunidade LGBT saíssem do armário sem medo e se identificasse com o conteúdo lido.
Dirigido por Lívia Perez e co-produção
de Doctela e Canal Brasil, o documentário possui depoimentos de do dramaturgo
Aguinaldo Silva, do escritor João Silvério Trevisan, do poeta Glauco Macoso, do
produtor cultural Celso Curi, e do antropólogo Petr Fry. Durante as
entrevistas, eles destrincham lembranças, provando através de imagens de arquivos,
como o jornal com um conteúdo até então inédito para as pessoas acabou mexendo
com todas elas. O filme ainda traz
entrevistas com figuras constantes nas páginas do Lampião como o cantor Ney
Matogrosso, a cantora Leci Brandão e o cantor Edy Star, além da participação de
Winston Leyland, editor do Gay Sunshine, publicação americana gay pioneira no
mundo e que influenciou o Lampião.
No decorrer do filme, percebemos
a paixão que os realizadores tinham pelo que faziam, mas ao mesmo tempo
mostrando disposição e coragem, principalmente pelo fato de que ser gay nos anos 60 e 70 era visto como algo abominável aos
olhos dos conservadores da época. Por outro lado, o jornal atraiu inúmeras pessoas,
não somente da comunidade LGBT, como também pessoas de mente aberta e que buscavam
um olhar alternativo com relação a determinadas noticias da época. Portanto,
não é a toa que as edições publicadas atraiam, não só outros meios de
comunicação, como também partidos de esquerda e até mesmo o meio artístico.
Com um ritmo dinâmico, a
obra não somente possui inúmeros depoimentos, como também ele nos brinda com as
principais matérias que foram destaque na época. Com as imagens soltando na
tela, percebemos como determinados assuntos revistos hoje evoluíram, mas ao
mesmo tempo alguns ainda se encontram estagnados. Bom exemplo é quando testemunhamos
um noticiário de um grupo de mulheres protestando em a favor da legalidade do
aborto nos anos 70, sendo que é uma imagem poderosa e que ecoa até mesmo nos
eventos recentes vistos em nosso país.
Até o início dos anos 80, o
jornal sobreviveu bravamente, mas diferente de outras leituras jornalísticas que
duram até hoje, O Lampião foi algo que não sobreviria perante o seu próprio poder
da mudança, já que ele próprio havia influenciado outros jornais, tanto de São
Paulo como também do Rio de Janeiro, ao criarem um material similar e até mesmo
superior. Com isso, gradualmente o jornal foi dando Adeus e seus realizadores cada
um seguiu o seu o caminho.
Contudo, Lampião da
Esquina é um documentário feito com carinho e uma prova que determinados meios jornalísticos
podem sim mudar os rumos de uma sociedade para um futuro melhor e sem ter
nenhum preconceito com o próximo.
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