Sinopse: Situado antes dos
eventos de Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança (1977), a história se
passa após a fundação do Império Galáctico, quando um grupo rebelde de
combatentes de juntam para uma missão desesperada: roubar os planos da temida
Estrela da Morte.
Quando de Star Wars:
Episódio IV - Uma Nova Esperança foi lançado no final da década de 70, os EUA viviam
em tempos nebulosos: derrota no Vietnam, crise econômica, escândalo de
Watergate, racismo, intolerância e aumento da criminalidade em grandes cidades
como Nova York. O filme veio para dar uma levantada na moral, onde o povo assistia
um grupo de rebeldes contra um grande império, do qual trazia somente perseguições
e mortes para inúmeras pessoas em toda a galáxia. Depois de duas trilogias, e
mais o começo de uma iniciada com O
Despertar da Força no ano passado, chega a vez de Rogue One - Uma História Star Wars, do qual trás
novamente idéias já exploradas do filme de 1977, mas que de uma forma surpreendente,
corresponde com diversos assuntos atuais, principalmente com relação ao
fascismo que está cada vez aumentando, tanto nos EUA, como também no Brasil e
no mundo.
Dirigido por Gareth Edwards
(Jurassic World) o filme acompanha a história de Jyn Erso (Felicity Jones), que
vê sua mãe sendo morta na sua frente e seu pai Galen (Mads Mikkelsen) sendo
levado pelo império galáctico e sendo forçado a construir uma incrível arma de
destruição, ou seja, a Estrela da Morte. Anos se passam e Erso se torna uma
rebelde fora da lei, mas logo é resgatada (a contra gosto) pela aliança rebelde,
que lhe dá a missão de chegar até o guerrilheiro Saw Gerrera (Whitaker), que
aparentemente recebeu uma mensagem secreta enviada por Galen através do piloto
Bhodi Rook (Ahmed). A partir daí, a relutante heroína ganha à companhia do
rebelde Cassian Andor (Luna), do monge-guerreiro Chirrut Îmwe (Yen) e seu
companheiro Baze Malbus (Wen) e do droide K-2SO (Tudyk), que foi reprogramado
para ajudar aqueles que se opõem ao Império.
Embora a trama esteja
inserida em uma saga vasta, cujo seu universo já se espalhou tanto por games,
séries, gibis e livros, Rogue One é uma história que possui começo, meio, fim e
não faz com que você se veja obrigado a ter que assistir a outros filmes para
entender a trama. Aliás, embora com toda a sua riqueza de informações, a trama
é aparentemente simples, mas ao mesmo tempo madura e que explora situações até
então inéditas dentro da franquia. É como se você revisitasse uma velha casa
conhecida, mas nunca havia percebido alguns detalhes nela, dos quais poderiam
ter sido mais bem explorados.
É claro que sempre havia um
temor em se criar uma trama isolada e sem a participação dos personagens principais
da franquia. Porém, havia sempre aquela curiosidade em explorar situações das
quais haviam apenas sido citadas anteriormente, como no caso das missões de
outros rebeldes contra o império. Felizmente os roteiristas foram habilidosos
ao criarem uma galeria de personagens onde cada um possui uma personalidade
distinta e que foram muito bem exploradas.
Mas, embora com inúmeros personagens
interessantes, a alma do filme se encontra mesmo na personagem Jyn Erso, cuja
sua personalidade forte, faz então com que ela se torne relutante perante a situação
da qual ela se meteu. Mesmo com a possibilidade de reencontrar com o seu pai, a
sua rebeldia em não se meter na causa se torna um dos grandes charmes da trama,
pois ela aos poucos vai mudando, conforme vai testemunhando os horrores que o império
criou a sua volta. Claro que muito dessa complexidade da personagem se deve
muito ao empenho da atriz Felicity Jones, cujo ápice da sua interpretação é
quando ela dá de encontro com a imagem de uma gravação do seu pai e faz com que
sua personagem revele outra faceta de sua pessoa até então escondida dentro
dela.
Dos demais personagens, se
por um lado Cassian Andor (Diego Luna) é um personagem apenas “ok” com relação
a sua conduta em favor da causa, o droide K-2SO acaba sendo um pequeno, porém, eficaz alivio cômico
durante a trama graças ao seu humor sarcástico. O mesmo não se pode dizer do
rebelde Bhodi Rook (Ahmed), cujo seus poucos momentos em cena não fazem com que
tenhamos simpatia por ele o suficiente.
Do restante do grupo, acabamos
realmente nos importando mesmo com a dupla formada pelo monge-guerreiro Chirrut
Îmwe (Yen) e seu companheiro Baze Malbus (Wen), cuja suas teorias com relação à
Força trazem a tona uma discussão sobre fé e descrença em meio ao caos. Aliás, Chirrut
Îmwe é um personagem que os fãs da franquia irão guardar na memória com muito carinho,
pois embora não seja um jedi, sua fé faz com que tome decisões imprevisíveis e
emocionantes no decorrer da trama. Fé, aliás, era algo que quase não foi muito
explorado durante a franquia, sendo que o único vislumbre disso era através das
palavras do mestre Yoda lá atrás no Império Contra Ataca.
Falando em personagens
clássicos, alguns deles surgem no decorrer da história, mesmo que de forma rápida.
Se por um lado RD2 e C3PO aparecem em poucos segundos, temos uma surpreendente participação
de Darth Vader em duas cenas chaves que, aliás, a segunda é genuinamente assustadora
e imprevisível. E como se bastasse isso, os efeitos visuais tiveram papel fundamental
para recriar a presença do ator Peter Cushing através de um dublê e trazer de
volta em cena o maléfico Governador Tarkin que havia aparecido pela primeira
vez em Uma Nova Esperança.
Falando em efeitos visuais,
alguns que forem assistir podem até dizer que a presença deles é discreta aqui,
mas isso colaborou para não desvirtuar o lado retro que o filme possui e que se
encaixa com o visual visto na trilogia original. Porém, toda ação e parte técnica
dos efeitos se concentraram mais no grande ato final, onde os rebeldes liderados
Jyn Erso tentam dar a última cartada contra o império para então roubar os planos
com relação à Estrela da Morte. Aqui, o cineasta Gareth Edwards consegue a proeza
de injetar um grau de verossimilhança poucas vezes visto na franquia e fazendo a
batalha, tanto no espaço como na superfície se tornarem cruas, violentas e
realistas.
Claro que para a maioria dos
fãs que tem no mínimo algum conhecimento da história da franquia, pode até tirar
uma base de como a trama termina, mas para a maioria do público ela poderá até
mesmo soar trágica e imprevisível. Não tinha como ser diferente, mas ao mesmo
tempo é uma prova de como os seus realizadores foram corajosos em sua proposta
e dando um exemplo de como a saga pode sim ainda criar histórias originais e
que das quais nos emocionem. Se até então o universo expandido de Star Wars era
para mim algo descartado, aqui ele me provou que, se for bem conduzido, pode
ser sim bem apreciado.
Com um final que
termina exatamente aonde começa Episódio IV: Uma Nova Esperança, Rogue One - Uma
História Star Wars acerta em cheio ao se corresponder com a nossa realidade atual,
da qual se encontra cada vez mais se afundando num fascismo de proporções mundiais,
mas nos passando a lição de que nunca é tarde para redescobrirmos a esperança que
há dentro de todos nós.
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