Sinopse: O casal Roberto
(Marcos Veras) e Cláudia (Débora Falabella) aguarda ansiosamente pela chegada
de seu primeiro bebê. Roberto, que é escritor, vê a chegada do filho com
esperança e como um ponto de partida para uma mudança completa de vida. Mas
toda a áurea de alegria dos pais é transformada em incerteza e medo com a
descoberta de que Fabrício, o bebê, é portador da Síndrome de Down. A
insatisfação e a vergonha tomam conta do pai, que terá de enfrentar muitos
desafios para encontrar o verdadeiro significado da paternidade.
Filmes brasileiros recentes
como, por exemplo, Pequeno Segredo, é criado plasticamente para nos emocionar,
mas que não vai muito além. Independente do gênero, o filme é predestinado a
criar uma reação em nós, mas ao mesmo tempo deixar uma mensagem nas
entrelinhas, como se fosse uma mensagem dentro de uma garrafa e para que então
fosse decifrada com o passar do tempo. O Filho Eterno é uma obra que nos conduz
a emoção, mas que soa previsível e com o tempo dispensável.
Dirigido por Paulo Machline (do bom Trinta), o
filme começa com o casal Roberto (Marcos Veras) e Cláudia (Débora Falabella) indo
para o hospital para darem a luz ao seu primeiro filho e em plena decisão da
Copa do Mundo de 1982. A criança nasce, mas logo são avisados que o pequeno bebê
é portador da Síndrome de Down. Imediatamente Roberto fica sem chão e perde até
mesmo o gosto de assistir futebol.
A trama em si possui começo,
meio e fim, onde ela é dividida em capítulos e que cada uma começa com uma
decisão de Copa do Mundo como pano de fundo. O futebol em si acaba meio que
sendo ignorado pelo protagonista, já que ele entra num longo período de não
conseguir aceitar o fato que o seu filho Fabrício (Pedro Vinícius) sofrer de Síndrome
de Down, mesmo quando ele tenta administrar essa situação ao lado de sua esposa.
No decorrer da trama, Roberto passa por fases desse percurso, do qual faz com
que fiquemos com raiva dele, mas que ao mesmo tempo compreendemos o peso que
ele sente.
É o típico personagem que o
público irá gostar ou odiar pelas suas ações, mas também muito se deve isso
graças ao bom desempenho do ator Marcos Veras. Com pouco menos de uma hora de
projeção, o ator passa toda uma camada de interpretação com relação ao seu
personagem que, transita em tentar praticar o bem para cuidar do seu filho, mas
ao mesmo tempo com o desejo de largar tudo e abraçar uma nova vida ao lado de
uma nova mulher (Uyara Torrente, ótima). Embora soe, por vezes, exagerado esse calvário,
Veras se sai muito bem ao dizer através de sua interpretação que seu personagem
é apenas humano, cheio de falhas, mas que aprenderá com o tempo com os seus próprios
erros.
Contudo, Débora Falabella é
que acaba roubando a cena, mesmo quando ela dava sinais de que sua personagem
seria apenas uma coadjuvante. Quando a gente, por exemplo, acha que sua Cláudia
leva até mesmo tudo muito na esportiva, sua personagem se entrega ao desabafo
quando vê o seu marido numa total fase de mesquinharia. É um momento singelo,
forte e que sintetiza todo amor que sua personagem tem pelo seu filho.
Infelizmente quando Roberto
começa a demonstrar interesse e amor por Fabrício, é numa situação, cuja
solução é uma das mais previsíveis e já vistas muito bem em outros filmes. Isso causa uma sensação de artificialidade e
até mesmo fazendo nos dar conta que os seus realizadores se esforçam para a gente
ter que se emocionar nesse momento chave da trama. E se isso soa um tanto que
artificial, o retorno do interesse de Roberto pelo futebol só não é pior porque,
tanto o interprete Marcos Veras como também o pequeno interprete Pedro Vinícius se
esforçam para que a sequência final se encerre com certa dignidade e se case
com a proposta inicial do prólogo da trama.
O Filho Eterno pode até
valer o ingresso, mas que infelizmente fica a sensação após a sessão que nos
foi passado algo meio insípido.
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