Sinopse: Baseado em
fatos reais, o filme gira em torno da família Schurmann, conhecida por seus
cruzamentos marítimos. Por muito tempo, eles guardaram a comovente história da
adoção de uma menina. Kat (Mariana Goulart) é uma jovem frágil, mas de muita
personalidade.
Baseado em uma
história verídica, o filme conta a história de adoção da menina Kat pela
família Schurmann, que ficaram conhecidos pela mídia graças ao fato de terem
sido os primeiros brasileiros a dar a volta ao mundo em um veleiro. Sendo uma expedição
exibida em tempo real pela internet, a história rendeu livros e até um documentário,
intitulado O Mundo em Duas Voltas (2007).
Pelo fato de terem ficado
tão conhecidos pelo país, o segredo de Kat acaba nem sendo tão segredo assim.
Porém, para as pessoas que desconhecem os verdadeiros fatos, o filme funciona em
nos apresentar essa pequena jovem cheia de vida, mas que há algo dentro dela
que até mesmo ela desconhece. Embora seja baseado em fatos verídicos, é preciso
salientar que a trama é bem romantizada, para que então ela funcionasse na tela
do cinema e tivesse o efeito desejado para emocionar o público.
No longa, ficamos conhecendo
a história de Kat (Mariana Goulart), mas ao mesmo tempo a trama se intercala
com a história de amor entre a paraense Jeanne (Maria Flor) e o neozelandês
Robert (Erroll Shand, de Oeste sem Lei), sendo ele uma espécie de andarilho que
fica vagando pelo mundo. Após um grande romance, mas que ao mesmo tempo tiveram
que enfrentar um trágico evento, ambos vão para Nova Zelândia para visitar a família
de Robert. Lá conhecem então a família Schurmann e nascendo então um forte laço
de amizade.
O filme se torna
interessante por conseguir fazer com que a gente ache que as duas linhas
narrativas na história se passam na mesma época. Porém, aos poucos, percebemos
que a trama vem e volta no tempo e quando nos damos conta sobre a verdadeira
origem de Kat ficamos então surpresos. Ponto para o montador Gustavo Giani
(Linha de Passe, O Banheiro do Papa), que acabou criando esse efeito para
aqueles que assistem a trama, mas que não possuem um conhecimento sobre os
reais fatos que deram origem ao filme.
Na trama principal
conhecemos o dia a dia de Kat, cuja sua vida é típica de uma jovem de 12 anos: começa a se
interessar por garotos, faz a sua primeira grande amizade na escola e tenta a
todo custo ser a melhor na escola de balé. Porém, percebemos que há uma forte proteção
vinda de sua mãe Heloísa (Júlia Lemmertz, ótima), sendo que ela fica até mesmo
tentando saber o que acontece com a jovem no seu dia a dia na escola.
Isso se cria então um
cenário de curiosidade e que se casa com o título da obra. Aos poucos, a trama
começa a fazer todo o sentido e se entregando para um cenário dramático. Até lá,
tecnicamente, o filme é habilidoso ao criar um cenário plasticamente lindo,
para o qual tenta fazer nos emocionar, mesmo quando nos damos conta que fomos
levados pela bela fotografia, edição de arte, uma trilha sonora lacrimejante
criada por Antonio Pinto (Amy), e que consegue nos tocar.
Como foi rodado pelo próprio
David Schummann (que também havia criado o documentário O Mundo em Duas Voltas)
era mais do que óbvio que ele criaria determinadas cenas para que elas se tornassem
mágicas e verdadeiramente poéticas. Se, por exemplo, testemunhamos um
personagem vendo uma terrível realidade na frente do espelho, a cena dá lugar a
uma poética cena dentro do fundo do mar, como se ela tivesse saído de um filme
de fantasia. Pode até funcionar para conseguir nos arrancar uma lágrima, mas se
destoa um pouco com o que foi visto anteriormente.
Esse lado “fábula” do
qual o cineasta cria, faz com que a família Schumann se torne uma espécie de heróis perfeitos,
enquanto retrata avó de Kat, chamada Barbara (Fionnula Flanagan de Lost) como
uma verdadeira megera e controladora. Mesmo com o grande talento da atriz
veterana, se percebe que há uma forçada de barra, como se fosse realmente necessário
não gostarmos dela. Porém, quando já estamos prontos para detestá-la de vez, o
roteirista se encarrega de suavizá-la para que tudo fique bem, mas soa tão artificial
que não tem como levarmos isso a sério.
Mesmo com todos esses
clichês, Pequeno Segredo é um drama que ao menos consegue nos emocionar nos
seus minutos finais, mas que foi visualmente e tecnicamente pensado para
conseguir esse tal feito.
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