Sinopse: No intuito de ficar com o dinheiro de uma
jovem aristocrata, um falso conde infiltra uma camponesa como dama de companhia
para fazê-la se apaixonar por ele e afastá-la de seu tio maluco. Por trás do
golpe, há ainda outro e, acima de todos os golpes, o desejo fala mais alto.
Chan-wook Park se
tornou mundialmente conhecido ao lançar o genial Old Boy e ter feito com que o restante do
mundo prestasse mais atenção ao cinema Coreano. Com uma visão autoral fora do comum,
Park gosta de brincar com a perspectiva do cinéfilo, fazendo com que sempre
montemos uma trama em nossas mentes, para então descobrirmos que tudo não era
exatamente como nós imaginávamos. Exibido em Cannes deste ano e com grande sucesso
em seu país de origem, The
Handmaiden mantém algum elementos já citados, mas surpreende numa trama
que não exige muita violência, mas sim no uso e abuso de encenações entre os
personagens.
O filme acompanha a
história de Sooke, uma criada contrata para cuidar de Hideko, uma reclusa
aristocrata. No entanto, os verdadeiros objetivos daquela empregada é ajudar um
falso conde a seduzir, enlouquecer e roubar aquela aristocrata. Porém, ambas se
vêem envolvidas amorosamente de uma maneira devastadora.
Sendo uma trama que é
apresentada em dois atos, Chan-wook Park constrói uma história que pode ser interpretada
como “a desconstrução” da maneira como determinadas pessoas se apresentam uma
as outras. Se a primeira mostra todo o lado refinado do universo da aristocracia,
a segunda mostra a sua real face, onde envolve ambição, sexo, machismo, intolerância,
sadomasoquismo, incesto e tortura ao extremo. Porém, não é um filme que usa e
abusa da violência, mas sim as suas ações que acabam se tornando mais fortes do
que qualquer banho de sangue que o cineasta já havia apresentado.
Além de escancarar o
lado obscuro desse mundo, Park ainda cria uma trama da qual pode ser vista em
dois pontos de vistas diferentes. Após o término do primeiro ato, assistimos
quase a mesma trama, mas como se ela fosse assistida pelo olhar de outra pessoa.
Além disso, o filme retorna no tempo para presenciarmos todas as raízes que irão
gerar inúmeros conflitos de interesses futuros para cada um dos personagens
centrais.
Com toda mentira e encenação
dos personagens vista na tela, não deixa de ser curioso em observar que, a
famosa cena de sexo da trama, acaba se tornando o único momento verossímil do
qual as duas protagonistas (Sooke e Hideko) se entregam a um sentimento
verdadeiro a muito não sentido. A cena, aliás, não chega a ser um “Azul é a cor
mais quente”, mas é belamente filmado e acaba fazendo dela algo não gratuito,
mas que é graças aos eventos vistos na trama anteriormente que ela então faz todo
o sentido. Uma vez consumado tal ato, ambas acabam conhecendo aos poucos as reais intenções
uma da outra, assim como nós que assiste do outro lado da tela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário