Sinopse: O neurocirurgião
Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) sofre um acidente e como sequela ele
perde a habilidade com as mãos. Desesperado para voltar a ser um médico de
prestígio, Stephen vai ao Himalaia em busca de cura e lá se torna aprendiz de
um mestre, que o ajuda a se tornar o grande mago.
Quando a Marvel decidiu
levar por conta própria os seus personagens para o cinema, havia sempre uma
preocupação de não extrapolar, mas sim pensando em convidar o cinéfilo de
primeira viagem para conhecer aquele universo de forma gradual e sem complicação.
Quando o primeiro Homem De Ferro foi lançado, foi inserido um grau de
verossimilhança, para que então, o cinéfilo acreditasse que um multimilionário
poderia realmente criar uma super armadura. Quando a mitologia foi inserida através
do lançamento de Thor, coube a ciência e magia transitar de uma forma
convincente e que fosse dar continuidade com a proposta “pé no chão” iniciada pelo
estúdio.
Depois de quase dez anos, e com
bons filmes no currículo, chegou à hora do estúdio abraçar sem medo um pouco
mais do gênero fantástico, onde a magia e os mistérios do universo possam ser
ainda mais explorados. Se em Guardiões Das Galáxias se provou que era possível serem
exibidos nos cinemas novos mundos, além dos seus inúmeros seres diversificados,
explorar outros cantos desse universo desconhecido seria então uma questão de tempo.
Eis que finalmente chega as telas Doutor Estranho, uma divertida e incrível
experiência visual, que pode até mesmo ser comparada ao enigmático final do clássico
2001 Uma odisséia no espaço.
Dirigido por Scott
Derrickson (O Exorcismo de Emily Rose), conhecemos aqui o arrogante neurocirurgião
Stephen Strange, que embora seja um especialista na área
de salvar vidas, não esconde o fato de possuir um ego que o faz se tornar uma
pessoa desprezível. Porém, quando sofre um grave acidente e que deixa as suas mãos
inutilizadas, ele tem então que começar do zero e começar agir como um homem
comum em busca de um novo começo. Quando vai ao Himalaia para buscar uma espécie
de cura milagrosa, mal sabe ele o tipo de porta que acabou abrindo para si e
para o seu próprio espírito.
Uma vez apresentado o
personagem, tudo que vem depois soa convincente e acabamos por então comprando
a proposta da magia com facilidade, principalmente pelo fato de sempre haver
uma explicação sobre o que está acontecendo na tela, mas nunca de uma forma exagerada
ou que faça a gente cansar. Nessa primeira meia hora de projeção, nós
presenciamos a mudança de caráter do protagonista, pois tudo que ele acreditava
era apenas uma parte fina da superfície desse universo vasto e cheio de conteúdo.
Mas claro que a atuação sempre ajuda para facilitar o que assistimos e Benedict
Cumberbatch (Jogo da Imitação) cumpre muito bem esse propósito.
Com uma atuação que jamais
soa exagerada, Cumberbatch encarna Stephen Strange como se já tivesse
interpretado o personagem inúmeras vezes e ao mesmo tempo nos passando um ar de
veterano com relação a tudo que já viveu com relação à ciência. Portanto, no
momento quando ele encara o fato de quão esse mundo que ele vivia era limitado,
á sua atuação soa por então convincente, assim como também a sua mudança de caráter
e fazendo do personagem alguém bem mais agradável. Porém, é preciso também dar crédito
a Tilda Swinton (Constantine), pois graças ao seu ar de veterana e ambiguidade que
ela insere no seu personagem ancião, faz dela então a melhor interprete em
cena e eclipsando até mesmo o protagonista em alguns momentos.
Contudo, não é dessa vez que
temos um vilão a altura do protagonista nos filmes da Marvel (a não ser o Loki de Thor) e
Mads Mikkelsen (A Caça), por melhor que seja a sua atuação como ator, seu
desempenho aqui é contido e jamais soa como uma grande ameaça para ser detida. Pelo
menos, a sua presença faz com que as pedras do tabuleiro se locomovam e fazendo
com que os personagens saiam do seu habitat natural. É ai então que o filme dá
um verdadeiro show de som e imagem poucas vezes visto nesses últimos anos no cinema.
Diferente de outros filmes,
onde o 3D é facilmente descartado, aqui ele se torna uma ferramenta indispensável
e dando a entender que cada cena filmada foi pensada para ser apresentada nesse
formato. Se os primeiros minutos do filme já nos espantam com os giros de câmeras
e mudanças no cenário de uma forma tão fantástica, aguarde para ver o herói contra
os vilões em meio a uma Nova York que fica de cabeça para baixo literalmente e
mudando rapidamente de um segundo para o outro. Se isso soa como algo já visto
em filmes como A Origem, acredite, o que faltou lá tem aqui e muito mais do que
se possa imaginar.
Mas infelizmente, além de
possuir um vilão não muito interessante, o filme também sofre um pouco com as
já habituais piadas dos estúdios Marvel. Tudo bem que nunca é demais haver
humor em determinados filmes, mas aqui ele surge em momentos errados, como se
eles tivessem sido inseridos em última hora e para agradar as massas. Isso
piora principalmente quando eles surgem após momentos dramáticos e que empalidece
um pouco o bom resultado final do filme.
Mas talvez eu esteja
exigindo demais de um filme, cuja proposta é entreter a tudo e a todos, mesmo
quando ele tenta desafiar os nossos sentidos. O roteiro possui, inclusive, elementos
que faz com que o filme pudesse ter ido muito mais longe do que se imaginava e
quando a gente quer mais dessas áreas vastas e desconhecidas do universo seja destrinchado,
o filme simplesmente acaba. Caso aconteça uma sequência é para torcermos para
que a Marvel perca o seu medo e leve o herói para infinito e além desse cosmo.
Com as suas habituais cenas
finais inseridas nos créditos finais, Doutor Estranho é uma divertida e incrível
experiência extrassensorial, mas que jamais soa estranho, mas sim prazeroso de
ser visto.
NOTA: Veja abaixo no meu vídeo
o que você poderia ler do personagem após assistir o filme.
Veja também trailer final do filme
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