Nos dias 26 e 27 de
maio eu estarei participando do curso Glauber Rocha: Deus e o Diabo do Cinema
Brasileiro, criado pelo Cena Um e ministrado pelo jornalista e pesquisador
André Araujo. Enquanto os dois dias não vem, por aqui irei destacar os
principais filmes deste cineasta, que foi um dos principais pilares do “Cinema
Novo”.
Deus e o Diabo na
Terra do Sol
Sinopse: Manuel
(Geraldo Del Rey) é um vaqueiro que se revolta contra a exploração imposta pelo
coronel Moraes (Mílton Roda) e acaba matando-o numa briga. Ele passa a ser
perseguido por jagunços, o que faz com que fuja com sua esposa Rosa (Yoná
Magalhães). O casal se junta aos seguidores do beato Sebastião (Lídio Silva),
que promete o fim do sofrimento através do retorno a um catolicismo místico e
ritual. Porém ao presenciar a morte de uma criança Rosa mata o beato.
Simultaneamente Antônio das Mortes (Maurício do Valle), um matador de aluguel a
serviço da Igreja Católica e dos latifundiários da região, extermina os
seguidores do beato.
Um dos filmes mais representativos do cinema
novo, conseguindo pela maioria dos críticos como o melhor filme de Clauber
Rocha. Vigorosos momentos de drama, aventura e poesia, comentados pelas musicas
de Heitor Villa Lobos e Sergio Ricardo. Atenção para o magistral desempenho de
Othon Bastos, como o cangaceiro Corisco, um dos remanescentes de Lampião.
Sempre quando surge em cena, suas palavras falam por si, como quando batiza
Manuel de Satanás.
Curiosidade: Foi
rodado nos municípios de Monte Santo, Feira de Santana, Salvador, Canché e
Canudos, todos no estado da Bahia. - Foi lançado no Rio de Janeiro em 10 de
julho de 1964, nos cinemas Caruso, Ópera e Bruni-Flamengo.
O Dragão da Maldade
Contra o Santo Guerreiro
Sinopse: Quando um matador de cangaceiros é
contratado para exterminar um bando e descobre nos criminosos um idealista que
o faz rever seus conceitos de vida.
Sequência oficial de
Deus e o Diabo na terra do Sol, o filme é uma desconcertante mistura de oporá,
macumba, mas principalmente faroeste. O filme é trajado com aquela roupa típica
do western: a seca do Nordeste brasileiro constituída de homens duros e
impiedosos. Não é nenhuma surpresa ver isso, até mesmo porque o western
americano desencadeou muitas afluentes abraçadas por vários países distintos; o
Brasil abraçou o cangaço mergulhado na pobreza.
Premio de melhor direção no festival de Cannes em 1969.
TERRA EM TRANSE
Sinopse: O senador Porfírio
Diaz (Paulo Autran) detesta seu povo e pretende tornar-se imperador de
Eldorado, um país localizado na América do Sul. Porém existem diversos homens
que querem este poder, que resolvem enfrentá-lo.
Tido para alguns, como a obra prima de Glauber,
o filme pode ter envelhecido para outros, mas não há como negar sua coragem
histórica, pois o filme foi lançado em pleno período da ditadura e a trama nada
mais era que uma critica disfarçada daquele tempo. Considerado clássico do
Cinema Novo e vencedor do prêmio da critica em Cannes, é de difícil
entendimento para quem não esteja habituado com a integridade linguagem do
diretor.
Curiosidade: Em abril de
1967 o filme foi proibido em todo território nacional, por ser considerado
subversivo e irreverente com a Igreja. Depois foi liberado, com a condição de
que se desse um nome ao padre interpetrado por Jofre Soares.
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