Nos dias 26 e 27 de
maio eu estarei participando do curso Glauber Rocha: Deus e o Diabo do Cinema
Brasileiro, criado pelo Cena Um e ministrado pelo jornalista e pesquisador
André Araujo. Enquanto os dois dias não vem, por aqui irei destacar os
principais filmes deste cineasta, que foi um dos principais pilares do “Cinema
Novo”.
Maranhão 66 – Posse
do Governador José Sarney
Sinopse: Realizado em
1966, por ocasião da posse de José Sarney no Governo do Estado. Em contraponto
ao discurso do governador eleito, Glauber filmou a miséria do Maranhão, a
pobreza e as esperanças que nasciam dos casebres, dos hospitais.
Glauber Rocha rodou
esse pequeno curta em mostra o senador
José Sarney tomando posse no governo maranhense a mais de quatro décadas atrás.
Intitulado "Maranhão 66", o filme de sete minutos teria sido
“encomendado” por Sarney, à época com 35 anos, ao precursor do Cinema Novo no
Brasil.
Em uma crônica sobre
o vídeo, o jornalista e produtor musical Nelson Motta descreve:
"Com cabelos e
bigode pretos, Sarney discursa para o povo na praça, num estilo de oratória que
evoca Odorico Paraguaçu, mas sem humor, à sério, que o faz ainda mais caricato
e engraçado. Sobre seu palavrório demagógico, Glauber insere imagens da
realidade miserável do Maranhão, cadeias cheias de presos, doentes morrendo em
hospitais imundos, mendigos maltrapilhos pelas ruas, crianças esquálidas e
famintas, enquanto Sarney fala do potencial do babaçu. [...] O discurso de
Sarney e as imagens de 'Maranhão 66' são os mesmos do 'Maranhão 2011', num
filme trágico, cômico, e, 46 anos depois, profético".
Di Cavalcanti (1977)
Sinopse: Velório e
enterro do artista plástico Di Cavalcanti, em que além de homenagear o amigo
morto, Glauber Rocha fala de arte e política, por meio de uma colagem de
imagens.
No dia 6 de setembro de 1897
nascia, no Rio de Janeiro, Emiliano Di Cavalcanti, um dos grandes nomes da
pintura brasileira. Ele idealizou e organizou a Semana de Arte Moderna, em São
Paulo, em 1922, quando também criou o catálogo e o programa do evento. No ano
seguinte, viajou para Paris, onde ficou até 1925. Na Europa, conheceu artistas
como Picasso, Matisse, Eric Satie, Jean Cocteau, entre outros. Na sua volta ao
Brasil, em 1926, entrou para o Partido Comunista. Nos anos 30, iniciou suas
participações em exposições coletivas, salões nacionais e internacionais. Em
1932, foi preso durante a Revolução Paulista. Alguns anos depois, voltou a ser
detido por desenhos que satirizavam o militarismo da época. Nos anos 40, voltou
a morar em Paris, mas deixou a cidade por conta da Segunda Guerra Mundial. Em
1951, participou da I Bienal de São Paulo e fez uma doação de mais de 500
desenhos ao Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em meados da década de 50, foi
convidado por Oscar Niemayer para criar as imagens da tapeçaria que seria
instalada no Palácio da Alvorada e para pintar as estações para a Via-sacra da
catedral de Brasília. Na década de 70, o Museu de Arte Moderna de São Paulo
organizou uma retrospectiva da obra do pintor, que recebeu prêmio da Associação
Brasileira de Críticos de Arte. Ele morreu no dia 26 de outubro de 1976, no Rio
de Janeiro. Um dia após sua morte, Di Cavalcanti foi homenageado pelo cineasta
e amigo Glauber Rocha, que rodou o curta metragem durante o velório do
pintor. O filme foi conduzido pela narração frenética e radiofônica de Glauber,
filmado com uma câmera de 35mm, que incomodou familiares e demais presentes no
funeral. O curta ganhou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes, em
1977. Sua exibição no Brasil foi proibida pela família de Di Cavalcanti, que
considerou uma afronta a iniciativa de Glauber Rocha.
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