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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Cine Especial: Glauber Rocha: Deus e o Diabo do Cinema Brasileiro: Parte 1




Nos dias 26 e 27 de maio eu estarei participando do curso Glauber Rocha: Deus e o Diabo do Cinema Brasileiro, criado pelo Cena Um e ministrado pelo jornalista e pesquisador André Araujo. Enquanto os dois dias não vem, por aqui irei destacar os principais filmes deste cineasta, que foi um dos principais pilares do “Cinema Novo”.         

 

Maranhão 66 – Posse do Governador José Sarney


Sinopse: Realizado em 1966, por ocasião da posse de José Sarney no Governo do Estado. Em contraponto ao discurso do governador eleito, Glauber filmou a miséria do Maranhão, a pobreza e as esperanças que nasciam dos casebres, dos hospitais.

 

Glauber Rocha rodou esse pequeno curta em  mostra o senador José Sarney tomando posse no governo maranhense a mais de quatro décadas atrás. Intitulado "Maranhão 66", o filme de sete minutos teria sido “encomendado” por Sarney, à época com 35 anos, ao precursor do Cinema Novo no Brasil.

 Em uma crônica sobre o vídeo, o jornalista e produtor musical Nelson Motta descreve:



"Com cabelos e bigode pretos, Sarney discursa para o povo na praça, num estilo de oratória que evoca Odorico Paraguaçu, mas sem humor, à sério, que o faz ainda mais caricato e engraçado. Sobre seu palavrório demagógico, Glauber insere imagens da realidade miserável do Maranhão, cadeias cheias de presos, doentes morrendo em hospitais imundos, mendigos maltrapilhos pelas ruas, crianças esquálidas e famintas, enquanto Sarney fala do potencial do babaçu. [...] O discurso de Sarney e as imagens de 'Maranhão 66' são os mesmos do 'Maranhão 2011', num filme trágico, cômico, e, 46 anos depois, profético". 

                       Di Cavalcanti (1977)



Sinopse: Velório e enterro do artista plástico Di Cavalcanti, em que além de homenagear o amigo morto, Glauber Rocha fala de arte e política, por meio de uma colagem de imagens.



No dia 6 de setembro de 1897 nascia, no Rio de Janeiro, Emiliano Di Cavalcanti, um dos grandes nomes da pintura brasileira. Ele idealizou e organizou a Semana de Arte Moderna, em São Paulo, em 1922, quando também criou o catálogo e o programa do evento. No ano seguinte, viajou para Paris, onde ficou até 1925. Na Europa, conheceu artistas como Picasso, Matisse, Eric Satie, Jean Cocteau, entre outros. Na sua volta ao Brasil, em 1926, entrou para o Partido Comunista. Nos anos 30, iniciou suas participações em exposições coletivas, salões nacionais e internacionais. Em 1932, foi preso durante a Revolução Paulista. Alguns anos depois, voltou a ser detido por desenhos que satirizavam o militarismo da época. Nos anos 40, voltou a morar em Paris, mas deixou a cidade por conta da Segunda Guerra Mundial. Em 1951, participou da I Bienal de São Paulo e fez uma doação de mais de 500 desenhos ao Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em meados da década de 50, foi convidado por Oscar Niemayer para criar as imagens da tapeçaria que seria instalada no Palácio da Alvorada e para pintar as estações para a Via-sacra da catedral de Brasília. Na década de 70, o Museu de Arte Moderna de São Paulo organizou uma retrospectiva da obra do pintor, que recebeu prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Ele morreu no dia 26 de outubro de 1976, no Rio de Janeiro. Um dia após sua morte, Di Cavalcanti foi homenageado pelo cineasta e amigo Glauber Rocha, que rodou o curta metragem durante o velório do pintor. O filme foi conduzido pela narração frenética e radiofônica de Glauber, filmado com uma câmera de 35mm, que incomodou familiares e demais presentes no funeral. O curta ganhou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes, em 1977. Sua exibição no Brasil foi proibida pela família de Di Cavalcanti, que considerou uma afronta a iniciativa de Glauber Rocha.


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