Nos dias 26 e 27 de
maio eu estarei participando do curso Glauber Rocha: Deus e o Diabo do Cinema
Brasileiro, criado pelo Cena Um e ministrado pelo jornalista e pesquisador
André Araujo. Enquanto os dois dias não vem, por aqui irei destacar os
principais filmes deste cineasta, que foi um dos principais pilares do “Cinema
Novo”.
O
PRINCIPIO DE UM CINEASTA E O NASCIMENTO DO CINEMA NOVO: BARRAVENTO
Sinopse: Numa aldeia de pescadores de xeréu, cujos antepassados vieram da África como escravos, permanecem antigos cultos místicos ligados ao candomblé. Firmino (Antônio Pitanga) é um antigo morador, que foi para Salvador na tentativa de escapar da pobreza. Ao retornar ele sente atração por Cota (Luíza Maranhão), ao mesmo tempo em que não consegue esquecer sua antiga paixão, Naína (Lucy Carvalho), que, por sua vez, gosta de Aruã (Aldo Teixeira). Firmino encomenda um despacho contra Aruã, que não é atingido. O alvo termina sendo a própria aldeia, que passa a ser impedida de pescar.
Alguns cineastas
demoram anos e até décadas para definir um estilo de filmagem. Um exemplo disso
é Francis Ford Coppola que começou a carreira de dirigindo "Demência
13", Filme B que pouco ou nada teria a ver com os clássicos que dirigiu,
como a trilogia de "O Poderoso Chefão". Mas no caso de Glauber Rocha
é muito difícil adivinhar que "Barravento" foi seu primeiro filme. É
certo que o diretor ainda estava experimentando e aprendendo a lidar com a
linguagem cinematográfica, mas desde seu primeiro filme, o estilo do diretor já
era marcante e diferente do que até então se produzia no Brasil.
O cinema brasileiro passava por um período de transição. Enquanto as chanchadas e os filmes produzidos em Hollywood levavam uma multidão aos cinemas, um grupo de jovens pensava que o cinema brasileiro deveria ter linguagem própria e adequada à sociedade local. Ou seja, a cultura popular era a principal aliada dessa nova maneira de fazer cinema. Esse grupo de cineastas viria a "criar" o Cinema Novo. Os "cinemanovistas" perceberam que só seria possível recriar a produção cinematográfica no país se todos estivessem unidos. Eles então se uniram por ideologias, pela política e pela arte. As questões políticas integram a tríade, porque as revoluções anti-imperialistas, como a de Cuba, acenderam nesses jovens a vontade de fazer o mesmo pelo Brasil, mas utilizando arte no lugar de armas. “Nossa geração tem consciência: sabe o que deseja. Queremos fazer filmes antiindustriais (...)”, disse Glauber Rocha.
Com essa visão, Glauber Rocha realizou "Barravento" no começo dos anos 60. Ele incorporou tudo o que o Cinema Novo pretendia (linguagem própria, utilização da cultura popular etc) e revelou o cotidiano de uma pequena comunidade no interior da Bahia. Utilizando os deuses da religião umbanda, cantigas populares e a pobreza da cidade de todos os santos, Glauber Rocha começou a carreira de muitas inovações e de novas leituras da produção cinematográfica.
Firmino (Antônio Pitanga) é um antigo morador da comunidade de pescadores, que foi para Salvador na tentativa de fugir da pobreza. Ao retornar ele se apaixona por Cota (Luíza Maranhão), mas não consegue esquecer Naína (Lucy Carvalho). O problema é que ela está apaixonada por Aruã (Aldo Teixeira), que é considerado "sagrado" pelos mais velhos da aldeia. Para acabar com esse amor, Firmino apela aos deuses e a uma rede de intrigas. Em "Barravento" o que menos importa é a trama. O grande aspecto do filme é a estética e a apresentação da cultura popular da Bahia.
A fotografia de Tony Rabatony capta os diversos ângulos das manifestações dos deuses da religião umbanda e a difícil batalha dos pescadores em busca do sustento. Tudo isso em locação; o que então era uma nova tarefa do cinema brasileiro, já que a maioria dos filmes eram realizados em estúdios. Outra questão pontual do filme é a trilha sonora. Todas as músicas que compõem o filme são típicas da comunidade de pescadores. Eles fazem rodas de samba, evocam os deuses e pedem a melhoria de vida por meio da música; que acaba sendo uma aliada importante na composição do filme.
Os filmes do Cinema Novo podem parecer meio difíceis de entender. É necessário que o espectador esteja disposto a compreender que, apesar de pecar no ritmo - o que acontece também em "Barravento" -, os filmes possuem uma estética diferente do que até então era feito no Brasil, no que se tratava de cinema. Mais que entreter, os filmes do "Cinema Novo" serviam para cutucar e criticar a sociedade e a maneira importada dos Estados Unidos de filmar.
O cinema brasileiro passava por um período de transição. Enquanto as chanchadas e os filmes produzidos em Hollywood levavam uma multidão aos cinemas, um grupo de jovens pensava que o cinema brasileiro deveria ter linguagem própria e adequada à sociedade local. Ou seja, a cultura popular era a principal aliada dessa nova maneira de fazer cinema. Esse grupo de cineastas viria a "criar" o Cinema Novo. Os "cinemanovistas" perceberam que só seria possível recriar a produção cinematográfica no país se todos estivessem unidos. Eles então se uniram por ideologias, pela política e pela arte. As questões políticas integram a tríade, porque as revoluções anti-imperialistas, como a de Cuba, acenderam nesses jovens a vontade de fazer o mesmo pelo Brasil, mas utilizando arte no lugar de armas. “Nossa geração tem consciência: sabe o que deseja. Queremos fazer filmes antiindustriais (...)”, disse Glauber Rocha.
Com essa visão, Glauber Rocha realizou "Barravento" no começo dos anos 60. Ele incorporou tudo o que o Cinema Novo pretendia (linguagem própria, utilização da cultura popular etc) e revelou o cotidiano de uma pequena comunidade no interior da Bahia. Utilizando os deuses da religião umbanda, cantigas populares e a pobreza da cidade de todos os santos, Glauber Rocha começou a carreira de muitas inovações e de novas leituras da produção cinematográfica.
Firmino (Antônio Pitanga) é um antigo morador da comunidade de pescadores, que foi para Salvador na tentativa de fugir da pobreza. Ao retornar ele se apaixona por Cota (Luíza Maranhão), mas não consegue esquecer Naína (Lucy Carvalho). O problema é que ela está apaixonada por Aruã (Aldo Teixeira), que é considerado "sagrado" pelos mais velhos da aldeia. Para acabar com esse amor, Firmino apela aos deuses e a uma rede de intrigas. Em "Barravento" o que menos importa é a trama. O grande aspecto do filme é a estética e a apresentação da cultura popular da Bahia.
A fotografia de Tony Rabatony capta os diversos ângulos das manifestações dos deuses da religião umbanda e a difícil batalha dos pescadores em busca do sustento. Tudo isso em locação; o que então era uma nova tarefa do cinema brasileiro, já que a maioria dos filmes eram realizados em estúdios. Outra questão pontual do filme é a trilha sonora. Todas as músicas que compõem o filme são típicas da comunidade de pescadores. Eles fazem rodas de samba, evocam os deuses e pedem a melhoria de vida por meio da música; que acaba sendo uma aliada importante na composição do filme.
Os filmes do Cinema Novo podem parecer meio difíceis de entender. É necessário que o espectador esteja disposto a compreender que, apesar de pecar no ritmo - o que acontece também em "Barravento" -, os filmes possuem uma estética diferente do que até então era feito no Brasil, no que se tratava de cinema. Mais que entreter, os filmes do "Cinema Novo" serviam para cutucar e criticar a sociedade e a maneira importada dos Estados Unidos de filmar.
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