Sinopse: Sozinha com seus irmãos mais novos depois que seus pais são presos Lore vaga pela Alemanha destruída pela guerra em 1945. Eles precisam chegar até sua avó que está a mais de 900 quilômetros de distância. Na viagem as crianças são expostas à realidade e às consequências das ações dos pais adeptos do regime nazista. Lore conhece o carismático Thomas um jovem refugiado judeu de passado misterioso. Para sobreviver ela precisará superar seus sentimentos de medo e repulsa e confiar na pessoa que foi ensinada a odiar. Prêmio do público no Festival de Locarno 2012.
Dirigido pela
cineasta australiana Cate Shortland (Somersault), o drama sobre a segunda
guerra mundial Lore é uma troca de perspectiva sobre o Holocausto e diferente
do que estamos acostumados assistir sobre o tema no cinema. Se fossemos
resumir a mensagem da trama, é que os vilões também sofrem e isso é mostrado sem dó,
com muitos detalhes, neste estupendo trabalho. A atriz Saskia Rosendahl dá um
verdadeiro show de interpretação na pele da protagonista que dá nome à trama e
com certeza veremos mais em seguida em filmes posteriormente.
Lore é baseado na
obra The Dark Room, de Rachel Seiffert e conta a história de uma irmã que leva
seus irmãos em uma viagem os expondo a verdade das crenças ensinadas por seus
pais. Durante o caminho, um encontro com um refugiado misterioso, faz a
protagonista aprender a confiar em alguém que toda a vida foi ensinada a
desprezar. Ao mesmo tempo, vai descobrindo a verdade sobre a família e o regime
onde foi educada. Segura e com novas convicções para seu futuro ruma para um
destino cheio de surpresas.
O roteiro é muito bem
escrito por Robin Mukherjee. Consegue recriar o cenário imaginado de melancolia,
desespero e sofrimento que a história lança a nossa frente. A emoção é interrupta,
dosada na medida certa para comover, gerar indignações e questionamentos, sendo
que essas últimas estão concentradas nos derradeiros momentos finais da trama.
Não chega a ser uma lição de moral, mas demonstra que a vida é uma grande caixa
de surpresas e que nem sempre o mundo no qual nós vivemos é mostrado com certa
clareza sobre os verdadeiros fatos apresentados em nossa volta.
A co-produção
Alemanha-Austrália consegue fazer diferença dos outros filmes que abordam esse mesmo
assunto. Neste drama, somos surpreendidos por uma visão diferente dos fatos,
mais ou menos como ocorre no emocionante O Menino do Pijama Listrado (2008). A
descoberta dos irmãos sobre todos os horrores feitos durante anos por pessoas
perto deles acaba desconstruindo e transformando esses personagens para uma
nova realidade ainda desconhecida por eles. O público é levado facilmente pelas ótimas sequências captadas por Cate Shortland. A grande lição que fica da história é melancólica,
mas não deixa de ser uma verdade para todos nos: ame o improvável, porque é o
único que não irá lhe magoar.
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