Sinopse: Jean Martin
Charcot (1825-1893), médico francês que pode ser considerado um dos fundadores
da neurologia moderna, estudava as doenças nervosas, especialmente a histeria,
no seu trabalho em Paris, em 1885, no hospital Salpêtrière, quando apareceu o
caso da jovem Augustine, de 19 anos, retratado no filme da diretora estreante
Alice Winocour.
No final do século
XIX, a histeria ainda era uma doença cujos sintomas desafiavam a medicina, que
infelizmente alguns associavam á processam demoníacas e o que levou a muitas
mulheres inocentes para a fogueira. O trabalho de Charcot é, por isso, muito
importante. A compreensão mais profunda
do fenômeno psíquico que dá origem à histeria só aconteceu com o trabalho
desenvolvido por Sigmund Freud (1856-1939), que foi discípulo de Charcot.
O médico francês
aplicou a hipnose na abordagem clínica da histeria, com resultados
notáveis. Por meio dela, conseguia
produzir a crise histérica e seus estranhos sintomas em pacientes, diante de
uma platéia médica. Freud acompanhou as famosas
conferências e estudos clínicos de Charcot, em que a idéia de um ou mais
eventos traumáticos estaria na origem dos sintomas.
Estava preparado o
terreno para a emergência do conceito de inconsciente, que revolucionou o
conhecimento médico e deu origem à psicologia moderna. Nisso tudo, se situa a
situação de Augustine (Soko), que vive tento crises violentas, mas que acaba
sendo acolhido por Charcot, para ajudá-la, mas ao mesmo tempo servindo de cobaia
para suas pesquisas. A relação de ambos acaba por ficar mais profunda, para não
dizer intimamente e o que leva uma cumplicidade silenciosa um com o outro.
Embora o filme não se
preocupe em explicar em que época se passa a historia, visualmente a
reconstituição de época e a fotografia escura acabam por ajudar o espectador se
situar no período. O visual sombrio a meu ver representa aflição e a
indefinição sobre qual o caminho a humanidade podia trilhar na época, principalmente
com relação à medicina que somente avançava de uma forma gradual. Cada descoberta
na época era uma vitoria para se festejar e em parte o filme reconstitui bem
isso.
A dupla central da um show a
parte: Vincent Lindon, no papel de Charcot, que já havia desempenhado um papel
de médico, no filme “A Criança da Meia-Noite”, de 2011, tem aqui uma
interpretação que nos convence a todo o momento que ele é um verdadeiro
profissional da área. Já a cantora francesa Soko é Augustine, que embora
apresente uma interpretação contida, acaba nos convencendo na sua atuação,
principalmente nos momentos de crise.
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