Sinopse: Eluana Englaro está
em coma vegetativo há 17 anos. Entre diversas polêmicas religiosas e morais,
seu caso é levado ao parlamento italiano, que pode decidir desligar os
aparelhos que a mantêm viva. O caso de Eluana reflete na vida de diversos
personagens, com crenças e ideologias muito diferentes. Um senador de esquerda
(Toni Servillo) , que sempre acreditou na morte digna para enfermos, sofre
pressões do partido conservador pelo qual foi eleito. Sua filha, Maria (Alba
Rohrwacher), é uma militante católica que decide protestar em frente à clínica
onde ocorre a hospitalização de Eluana. No local, ela conhece Roberto, cujo
irmão é um feroz defensor da eutanásia. Uma mulher, presa a aparelhos, pede em
segredo ao marido que acabe com seu sofrimento, mas o pedido chega aos ouvidos
da filha. Ao mesmo tempo, uma mãe bastante religiosa (Isabelle Huppert) cuida
da filha em coma, enquanto negligencia o resto da família. Por fim, uma mulher
dependente de drogas deseja a todo preço cometer suicídio, mas não consegue
escapar à vigilância de um médico idealista, que pretende lhe dar uma nova
razão para viver.
A bela que dorme de
Marco Bellocchio (Vincere) mergulha numa discussão delicada que é a eutanásia,
mas por conta de uma disposição caótica e multifacetada no que se referem aos
personagens e ‘as situações vividas por eles, à eutanásia acaba sendo pano de
fundo para os acontecimentos que ocorrem em três tramas, que embora independentes,
possuem certa interligação. Talvez este fato incomode um pouco atenção do cinéfilo
desavisado, em acompanhar com o mesmo interesse que aflora nos primeiros
minutos de projeção. De alguma forma, Bellocchio se atrapalha um pouco nesse
assunto tão delicado, estabelecendo pontos de interligação muito distantes ou
nem tanto assim, mas desintegrados e sem conseguir amarrá-los para se aprofundar
no foco principal.
Eluana Eglaro está em
coma vegetativo há anos, gerando então discussões, moralmente, politicamente e
religiosamente em todo país, se ela deve continuar viva ou se desligar os
aparelhos seria o melhor para ela. Em meio a este conflito nacional, Bellocchio mostra como o desejo pela morte, o
horror ‘a morte, a moral por viver ainda que vegetando atinge diversas pessoas
com problemáticas diferentes uma da outra, mas que atingem a mesma questão.
Algumas passagens valem o filme,
outras não (o irmão problemático é uma delas). O conceito de morte e a relação
entre os personagens, as cenas dos religiosos e principalmente o apego das
pessoas em alguma crença, a motivação que cada um de nós possui para continuar
vivendo. Bellocchio como sempre acerta na criação dos protagonistas. Ele é
capaz de ir fundo nas emoções, sentimentos, dramas psicológicos, traçando
personalidades bastante verossímeis e humanas.
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