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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 10 de março de 2021

Cine Dica: Cine Dica: Streaming: 'Raya e o Último Dragão'

Sinopse: Há muito tempo, no mundo de fantasia de Kumandra, humanos e dragões viviam juntos em harmonia. Mas quando uma força maligna ameaçou a terra, os dragões se sacrificaram para salvar a humanidade. 

A Disney atual está em sintonia com relação ao que passa no mundo, ao ponto de agradar todos os povos, mas cuja as histórias nos identificamos como um todo. Não é de hoje, por exemplo, que o estúdio olhou para o oriente, mais especificamente para China e criar pequenas pérolas como no caso de "Mulan" (1998). Em "Raya e o Último Dragão" (2021) o estúdio novamente direciona o seu olhar para o oriente, mas para contar uma história ainda mais antiga, rica e pegando em assuntos que devem ser vistos e ouvidos por todos hoje em dia.

Dirigido por Don Hall, Carlos Lopez Estrada e Paul Briggs, o filme se passa em um reino habitado por uma vasta e antiga civilização conhecida por ter passado gerações veneradas os dragões, seus poderes e sua sabedoria. Porém, com as criaturas desaparecidas, a terra é tomada por uma força obscura. Quando uma guerreira chamada Raya, convencida de que a espécie não foi extinta, decide sair em busca do último dragão, sua aventura pode mudar o curso de todo o mundo.

Embora o estúdio tenha abraçado por anos animação computadorizada, por outro lado, é notório que algumas vezes os mesmos tentam resgatar como se fazia uma boa animação como antigamente. Na abertura, por exemplo, aquele universo mágico e suas origens são contadas através do traço tradicional, remetendo uma época mais simples em que se fazia animação somente com o lápis, mas não escondendo uma grandeza quando são perfeccionistas com relação aos detalhes. A partir desses minutos somos facilmente fisgados pela trama, uma vez que ela se torna uma grande aventura.

Aventura essa liderada por Raya, princesa, heroína e lutadora, que tenta de todas as formas encontrar um meio para dar vida e união ao reino dividido devido a ganância do ser humano. Ao longo de sua jornada, a protagonista vai ganhando aliados, alguns até bem interessantes, como no caso do último dragão Sisu e que é, talvez, seja o personagem mais interessante e divertido do conto e que dará uma lição de moral, tanto para a protagonista, como também para sua antagonista chamada Namaari, pertencente ao reino da garra e causadora do conflito.

Como sendo um produto Disney o filme possui um belíssimo visual, cuja a fotografia e edição de arte prestam uma grande homenagem ao oriente. Como sempre, o filme possui personagens fofos e engraçadinhos e que, embora não tenham um total aprofundamento em suas personalidades, por outro lado, são essenciais para a trama como um todo. Aliás, cada personagem se torna uma pedra fundamental para trama, da qual debate a questão da falta de confiança entre as pessoas de hoje em dia.

Em determinado momento, por exemplo, fica claro que a peste que assola aquele mundo, transformando as pessoas em pedra, surgiu através da desunião, ambição e falta de confiança entre as pessoas. Obviamente os realizadores decidiram criar um conto que dialogasse com o mundo atual em que vivemos, onde ele se encontra dividido devido a diversas crises, mas que caberá a confiança entre os povos se a intenção for em continuarem sobrevivendo. Em tempos nebulosos, em que vivemos de pandemia e crise financeira, o filme vem para nos dar uma animada e nos dizer que sempre haverá esperança.

"Raya e o Último Dragão" é uma bela aventura mágica, mas que também nos ensina a nunca desistir de confiar nas pessoas. 

Onde Assistir: Disney+

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terça-feira, 9 de março de 2021

Cine Dica: Cine Dica: Streaming: 'O Mandaloriano - 2ª Temporada'

Sinopse: Din Djarin (Pedro Pascal) é um guerreiro solitário que trabalha como caçador de recompensa. Ele embarca numa jornada pelos territórios esquecidos da galáxia, logo após a queda do Império e antes da criação da temida Primeira Ordem. 

Quando se achava que a franquia de Star Wars estava esgotada, eis que a Disney surpreende ao explorar o universo criado por George Lucas em outras fronteiras que vai muito além da mitologia dos jedis. Ao explorar a natureza dos caçadores de recompensas, os mandalorianos, os realizadores conseguem respeitar, tanto os fãs, como também a essência desse universo criado a partir de 1977. Com isso, a segunda temporada de "O Mandaloriano" vai mais a fundo com relação a mitologia do personagem, mas também se alinhando a tudo que já havia sido criado anteriormente.

Novamente acompanhamos o caçador de recompensas e Mandaloriano Din Djarin (Pedro Pascal) em sua jornada em deixar o seu pequeno amigo bebê Yoda nas mãos seguras em algum planeta distante. Porém, além de participar de outras missões, ele ainda terá que enfrentar o império que ainda resiste após os eventos de "Star Wars - O Retorno de Jedi" (1983). Em meio a isso ele obtém novos aliados e cujo alguns são bem conhecidos aos nossos olhos.

Embora pertença a uma grande franquia, "O Mandaloriano" é uma série que funciona de forma independente para aqueles que nunca haviam acompanhado nenhum filme ou série de Star Wars. Porém, a obra se torna ainda mais prazerosa de ser assistida a partir do momento que surgem personagens conhecidos pelos fãs, tanto dos filmes, como também de outras séries que haviam sido lançadas ao longo desses anos. Com relação a isso, os realizadores dão um tratamento mais do que merecido ao caçador de recompensas Boba Fett, antes dado como morto em O "Retorno de Jedi" em uma cena infeliz, mas obtendo a sua redenção mais do que merecida aqui.

Curiosamente, é surpreendente como a série é muito bem trabalhada, já que os efeitos visuais, figurino, fotografia e edição de arte não deve em nada ao que já foi apresentado nos filmes que foram lançados no cinema. Porém, muito disso se deve aos diretores autorais que foram convidados em dirigir alguns episódios, como no caso de Robert Rodriguez que dirigiu o episódio “The Tragedy. Como de costume, a série ainda tem tempo de prestar homenagens aos velhos filmes de faroeste, onde a figura de Din Djarin sintetiza o pistoleiro durão bem ao estilo Clint Eastwood, mas que não esconde os seus sentimentos paternais com relação ao pequeno bebê Yoda que, aliás, a relação entre os dois é o coração da série como um todo e culminando em momentos que muitos vão ceder ao choro.

Mas muitos fãs não estavam preparados para os últimos capítulos, principalmente com relação ao último, onde surge do nada um personagem clássico da franquia e fazendo todos delirarem de alegria. Ponto para os realizadores que souberam transitar entre a criatividade para elementos clássicos que introduziram na trama para agradar os fãs. Porém, tudo isso moldado de uma forma que agradasse ambos os lados, tanto aos fãs, como também para uma crítica mais exigente.

Com um final redondinho, mas não escondendo sementes que irão germinar no futuro, "O Mandaloriano - 2ª Temporada" é a melhor coisa que surgiu na franquia Star Wars em anos. 

Onde Assistir: Disney +

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segunda-feira, 8 de março de 2021

Cine Dica: Cine Dica: Streaming: 'WandaVision'

 Sinopse: Após os eventos de "Vingadores: Ultimato" (2019), Wanda (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) se esforçam para levar uma vida normal no subúrbio e esconder seus poderes. Mas a dupla de super-heróis logo começa a suspeitar que nem tudo está tão certo. 

Após o encerramento da última fase dos estúdios Marvel nos cinemas muitos se perguntavam em que ponto a nova fase começaria, pois cada filme possui as suas sementes para germinar posteriormente, mesmo quando a maioria das obras funcionem de forma independente. Eis que a Marvel/Disney decidiu investir no Streaming com o Disney+ e em tempos de pandemia, onde boa parte dos cinemas do mundo se encontram fechados, esse novo investimento veio na hora certa para o ambos os estúdios. Eis que a primeira obra a chegar na plataforma é "WandaVision" (2021), minissérie em nove capítulos que surpreende ao colocar o estúdio em um novo patamar, tanto em formato como também em alguns pontos ousados.

Talvez uma das coisas mais certeiras foi terem começado a fazer uma minissérie focada em uma das personagens mais queridas pelo público, mas que, por vezes, não tinha o seu espaço merecido nas telas do cinema. Aparecendo pela primeira vez em "Vingadores - A Era de Ultron"(2015), Wanda, interpretada pela ótima atriz Elizabeth Olsen, sempre se apresentou como uma personagem complexa, trágica e tendo que enfrentar os seus próprios erros e perdas. Se no filme de estreia foi revelado que ela havia perdido os pais em um bombardeiro, além de perder posteriormente o seu irmão gêmeo Pietro (Aaron Johnson) nas mãos de Ultron, eis que a situação piora quando ela mata acidentalmente pessoas inocentes em "Capitão América - Guerra Civil" (2016).

Como se já não bastasse, em "Vingadores - Guerra Infinita" (2018) é revelado que ela iniciou um relacionamento amoroso com o androide Visão (Paul Bettany), sendo que o último é morto pelo vilão Thanos (Josh Brolin) por estar usando uma das joias do infinito. Após o final de "Ultimato", parecia que as coisas haviam se estabilizado, mas não para Wanda, que pelo visto não aceitou as suas perdas ao longo da vida. Eis que essa é a fórmula de sucesso de "WandaVision", ao retratar uma personagem cujo os poderes da magia se misturam com a dor que ela carrega e resultando em uma situação surpreendente.

Na minissérie, vemos Wanda e um Visão de volta a vida, casados e vivendo uma vida pacata uma cidade do interior. Porém, cada capítulo é moldado em uma espécie de homenagem as séries de tv americana de antigamente e cuja as referências vão desde "A Feiticeira" (1964) como "Jeannie é um Gênio" (1965). Os primeiros capítulos beiram ao humor, para momentos surreais, ou até mesmo assustadores e fazendo prender a nossa atenção de forma imediata.

A situação, gradualmente, vai sendo explicada e sendo revelado por personagens do lado de fora da cidade. Como de costume, a série usa personagens de outras produções, desde um que foi visto nos primeiros filmes de "Thor" (2011 - 2013), como também de "Capitã Marvel" (2019) e "Homem Formiga e Vespa" (2018), mas nada que possa comprometer o entendimento da trama. Curiosamente, várias teorias foram levantadas sobre o que realmente estava acontecendo ao longo da história, tanto que o nome Mefisto, um dos grandes vilões das HQ da Marvel, foi diversas vezes citado pelos fãs como o verdadeiro causador de tudo que estava acontecendo. Porém, a verdadeira causa de tudo se encontra mais embaixo e provando que os produtores não queriam cair no óbvio.

Tendo um material farto das mãos, baseado tanto em clássicos como também HQ recentes, os realizadores optaram em explorar ao máximo a personagem Wanda, cuja a mesma transita entre a razão, dor e a loucura.  Elizabeth Olsen nos brinda com a melhor atuação de sua carreira, ao passar através do seu olhar uma personagem que carrega, tanto um poder desconhecido pela própria, como também as dores nunca cicatrizadas e fazendo com que isso tudo se torne insustentável para continuar sendo guardado internamente. Se por um lado as diversas teorias dos fãs levantadas falharam, do outro, a verdadeira causa de tudo é muito bem aceitável e respeitando a essência da personagem como um todo e para aqueles que sempre acompanharam ela ao longo das décadas nas HQ.

Embora com um final transitando entre o previsível para momentos corajosos, "WandaVision" é uma obra feita com carinho para uma grande personagem que a tanto tempo merecia um melhor tratamento e os fãs só agradecem por esse grande feito.

Onde Assistir: Disney+

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sexta-feira, 5 de março de 2021

Cine Especial: 'Amadeus - Sinfonia Cinematográfica '

Sinopse: Dentro de um manicômio, um compositor  lembra os fatos de três décadas antes, quando o jovem Mozart ganhou a confiança da corte do imperador austríaco Joseph II. Uma lenda urbana se forma sobre a morte de Amadeus Mozart. 

Em muitos casos, grandes talentos nascem e morrem sem ao menos o povo conhecer, mas fica fragmentos de sua pessoa ao longo da história. Por trás de um mito que entrou para história sempre haverá um homem ou mulher por detrás das cortinas. Talentos que lutaram pelo reconhecimento, mas que viveram na sombra de outros.

Grandes talentos que morrem precocemente, mas que entram para o imaginário das pessoas por toda a eternidade. Talentos que nunca são realmente reconhecidos da maneira que mereciam e morrem esquecidos ao longo do tempo. O clássico "Amadeus" (1984) é sobre talento e obsessão, inveja e admiração, culpa e redenção.

Dirigido por Milos Forman, do filme "Um Estranho no Ninho" (1975), o filme conta a história de Salieri (F. Murray Abraham), que após tentar se suicidar  confessa a um padre que foi o responsável pela morte de Mozart (Tom Hulce). Ele relata como conheceu, conviveu e passou a odiar Mozart, que era um jovem irreverente, mas compunha como se sua música tivesse sido abençoada por Deus. As consequências acabam sendo devastadoras.

Com três horas de duração o filme é uma das grandes superproduções dos anos oitenta, daquelas capazes de encher os olhos do cinéfilo mais exigente e sair espantando da sessão com tamanha magnitude. Com uma edição de arte caprichada, alinhada com uma fotografia sublime, o filme ainda possui um figurino deslumbrante e cheios de detalhes. Curiosamente, o filme possui um ritmo quase frenético, cuja a edição parece um balé e fazendo a gente mais se cansar.

Transitando entre o drama e a comédia, o filme possui uma das trilhas sonoras mais contagiantes da história do cinema, sendo que a maioria delas é comandada por vários clássicos da obra de Mozart. O filme influenciou a música e a cultura popular da época, e continua a influenciar escritores, autores e músicos. Um exemplo é a canção "Rock Me Amadeus", do artista pop austríaco Falco, que foi um hit em 1985. Abraham aparece no filme "O Último Grande Herói" (1993) em um certo momento em que o garoto Danny avisa a Arnold Schwarzenegger que não confie nele porque "ele matou Mozart!" Schwarzenegger pergunta "num filme?" Ao que Danny responde, "Amadeus! Ganhou oito Oscars!"

Acima de tudo, é um filme sobre talento vs sociedade conservadora da época, mas cujo o artista que foi Mozart deu um passo à frente e injetando novo gás em sua arte que serviu de inspiração para vários mestres da música posteriormente. O filme vale principalmente pelo grande talento dos dois intérpretes, onde um é tão protagonista quanto o outro e fazendo a gente se perguntar em alguns momentos quem rouba a cena de quem. Se por um lado  F. Murray Abraham coloca o filme no seu bolso nas cenas em que ele se encontra em asilo para loucos, do outro, Tom Hulce sintetiza toda a força da entidade que foi Mozart e cuja a sua risada se torna uma crítica ácida sobre uma sociedade cheia de regras conservadoras, porém, muito hipócritas e cuja as suas mazelas perduram até hoje em dia.

Com minutos finais surpreendentes e corajosos, "Amadeus" é uma sinfonia da sétima arte e que sempre será imortal para todo o sempre. 

Onde Assistir: Em DVD

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quinta-feira, 4 de março de 2021

Cine Dica: Cine Dica: Streaming: 'Uma Noite em Miami'

Sinopse: O filme conta uma curiosa história do encontro entre Muhammad Ali, Malcom X, Sam Cooke e Jim Brown. 

A união de cinema e teatro gerou bons frutos ao longo do tempo, principalmente recentemente, como no caso, por exemplo, de "Um Limite Entre Nós" (2016), que é baseado em uma peça de teatro, mas sabendo se expandir em sua adaptação cinematográfica e gerando assim uma pequena joia como um todo. Já "A Voz Suprema do Blues" (2020) segue para um mesmo caminho, onde a direção segura e atuações poderosas faz com que a obra se torne maior e cujo o palco não seria o suficiente. Chegamos então em "Uma Noite em Miami" (2021), onde grandes celebridades de uma época distante se juntam para colocar os seus sonhos e suas frustrações enquanto as horas vão passando.

Dirigido pela atriz Regina King, recentemente na série de sucesso "Watchmen" (2019), o filme é baseado em uma peça de teatro de  Kemp Powers, onde conta um recorte da vida do lutador de boxe da categoria de peso-pesado, Cassius Clay, o Muhammad Ali. O filme acompanha sua trajetória desde jovem, quando ganhou visibilidade após participar do Miami Beach Convention Center e sair como vencedor de sua categoria, além de revisitar como se deu o início de sua amizade com Malcom X, Sam Cooke e Jim Brown.

Embora novata no ramo, Regina King demonstra segurança na sua direção, principalmente ao nos apresentar um prólogo que não tem pressa em apresentar os seus personagens principais e para só depois de quase vinte minutos ser apresentado o título do filme. Isso é proposital, já que a obra é protagonizada por quatro importantes figuras da cultura norte americana e que fizeram parte da luta pelos direitos civis que o povo negro tanto lutava a partir dos anos sessenta e setenta. Mas o filme engrena de vez quando os quatro se encontram em um simples quarto de hotel em Miami.

Ali, as quatro celebridades decidem colocar a conversa em dia, desde o fato de comemorar a última vitória de Muhammad Ali, como também discutir os planos de cada um. É aí que o filme começa a ficar tenso, principalmente através das palavras de Malcom X, que deseja que os três presentes façam parte da sua causa. Os quatro discutem, sendo que cada um tem uma opinião distinta sobre os seus papéis perante uma sociedade norte americana ainda muito preconceituosa naquela época.

Logicamente, a discussão se intensifica principalmente por causa de Malcom, que transita entre o radicalismo, mas com certa razão se formos pensar nos horrores que o povo negro sofreu ao longo da história. Kingsley Ben-Adir não só está bem caracterizado como Malcom como se torna o personagem mais complexo do longa, pois embora já saibamos sobre o seu destino dentro da história, não deixa de ser curioso observarmos a sua paranoia com relação ao mundo em volta e do qual ele teme pelos ventos da mudança que não possa controlar. E se por um lado Eli Goree e Leslie Odom Jr estão apenas ok como Muhammad Ali e Sam Cooke, por outro lado, Aldis Hodge se destaca como Jim Brown e cuja a sua lembrança em show de Boston se torna um dos grandes momentos do filme como um todo.

Acima de tudo, é um filme que se discute sobre tempos distantes, mas cujo os direitos sociais, preconceito e os dilemas de sua própria identidade são assuntos que são debatidos até os dias de hoje. Do lado de cá da tela, já conhecemos de antemão o destino dos quatro protagonistas, mas os próprios mal imaginavam o quanto colaboraram na luta social pelos direitos civis, mesmo quando alguns saíram de cena tão precocemente. Um filme simples, mas com mensagem poderosa para os dias de hoje.

"Uma Noite em Miami" é uma reunião entre amigos, onde cada um tem um potencial para ser compartilhado para sociedade, mesmo se pagando um alto preço para se obter esse feito.  

Onde Assistir: Amazon Prime. 

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quarta-feira, 3 de março de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: ‘Judas e o Messias Negro’

Sinopse: O presidente Fred Hampton tinha 21 anos quando foi assassinado pelo FBI, que coagiu um pequeno criminoso chamado William O'Neal para ajudá-los a silenciar Hampton e o Partido dos Panteras Negras.

Em tempos de retrocessos onde quase ficamos à beira de uma guerra civil, seja ela nos EUA ou no Brasil, é curioso observar que o cinema tem cada vez mais olhado para trás e trazendo histórias sobre a luta pelos direitos civis. No recente "Os Sete de Chicago" (2020), por exemplo, vemos o julgamento imposto contra líderes socialistas e cuja a prisão foi orquestrada justamente pelo governo dos EUA. "Judas e o Messias Negro" (2021) segue em uma linha parecida, porém, muito mais explícita ao mostrar líderes sociais sendo perseguidos por um poder racista nas entrelinhas.

Dirigido por Shaka King, a história mostra ascensão e queda de Fred Hampton, interpretado pelo ator Daniel Kaluuya do filme "Corra" (2017), o ativista dos direitos dos negros e revolucionário líder do partido dos Panteras Negras. Um jovem proeminente na política, ele atrai a atenção do FBI, que com a ajuda de William O’Neal (LaKeith Stanfield) acaba infiltrando os Panteras Negras e causando o assassinato de Hampton.

Ao retratar fatos reais, o diretor Shaka King aproveita para que o seu primeiro ato transite entre a ficção e documentário, ao destacar cenas reais de uma época em que os EUA viviam uma guerra civil pelos direitos sociais e de discursos inflamados de líderes que se sacrificaram por um bem maior. A partir daí, adentramos aos EUA dos fins dos anos sessenta e começo dos anos setenta, onde a sociedade estava com os ânimos inflamados devido à crise financeira, derrocada do Vietnã e corrupção política. Em meio a isso os movimentos sociais explodiram e fazendo despertar o pior do governo dos EUA.

Nesta mistura se encontra William O’Neal, rapaz negro que somente quer se dar bem na vida, mas não escondendo o seu desejo de estar no lado certo da história. Ao ser um infiltrado do governo dentro do partido Panteras Negras, O’Neal transita entre a lucidez e a loucura prestes a explodir, já que ele pode ser morto a qualquer momento, ou carregar a culpa que irá destrui-lo. LaKeith Stanfield nos brinda com uma atuação assombrosa e fazendo dele quase um protagonista, pois ele nos atrai para o seu lado e fazendo querer que a gente entenda a sua posição da qual ele escolheu, mesmo a gente concluindo que ele está caindo em um abismo sem fundo.

Ao retratar uma época em que o racismo era comum vindo dos homens brancos engravatados, é de se espantar o discurso preconceituosos disparados em alguns momentos vindos de determinados personagens. Em um desses casos por exemplo, vemos um dos chefões do FBI  J. Edgar Hoover, interpretado pelo veterano Martin Sheen, fazendo uma pergunta pesada e racista para o agente Roy Mitchell, interpretado pelo ator Jesse Plemons e visto recentemente no ótimo "Estou Pensando em Acabar com Tudo" (2020). A cena, aliás, não há violência em si, mas o seu horror é retratado na expressão de Roy ao não saber ao certo como responder uma pergunta tão hedionda.

Mas o coração do filme pertence a figura de Fred Hampton e cujo os seus discursos de luta pelos direitos iguais servem até mesmo para os dias atuais, pois o fascismo está aí para ser combatido a todo custo. Daniel Kaluuya nos brinda com a melhor atuação de sua carreira, pois a sua caracterização como Fred é surpreendente e sua voz soa imponente em discursos inflamados e cuja as cenas se tornam impactantes. Assim como muitos líderes daqueles tempos, Fred Hampton era uma ideia da qual nem sua morte poderia ser silenciada, mesmo quando ela veio de uma forma tão criminosa.

O filme vem em um momento em que muitas revelações estão surgindo nos horizontes do cenário político e provando que determinados poderes não medem esforços para eliminar aquele que pode atrapalhá-los. Na verdade, esse jogo mortal sempre existiu, independente de qual país, pois o sistema capitalista não tolera a palavra socialismo desde sempre, mesmo quando ele falha e levando milhares de pessoas a sofrerem preconceito, seja pela raça ou pelo seus status. A luta não foi silenciada com a morte Fred Hampton, pois uma ideia jamais será apagada das páginas da história.

Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante para Daniel Kaluuya, "Judas e o Messias Negro" é o retrato de uma luta social que perdura até hoje, seja em meio aos traidores como também perante aos governos autoritários disfarçados de democráticos. 


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terça-feira, 2 de março de 2021

Cine Especial: Cine Debate: 'O Juiz'

Sinopse: Hank Palmer, um advogado bem-sucedido e arrogante, retorna à sua pequena cidade natal para o velório da mãe. Ele descobre que seu pai, o respeitado juiz local Joseph Palmer, está sendo acusado de ter assassinado um antigo réu 

Participem da live semana que vem. Confira a minha crítica sobre o filme. 

Não há família perfeita, mas sim somente pessoas com os seus altos e baixos e que cabe um dia estarem frente a frente para colocar as suas desavenças para o lado de fora da bolha. Há casos que isso nunca ocorre, mas basta uma situação apertada para que os laços de sangue falem mais alto quando precisam um do outro. "O Juiz" (2014) é um pequeno retrato de figuras familiares que acreditam serem seguras de si, mas que precisam do seu próximo para enfrentar um momento cataclísmico.

Dirigido por  David Dobkin, o filme conta a história de um advogado de muito sucesso, Hank Palmer (Robert Downey Jr), que volta à cidade em que cresceu para o velório de sua mãe, que há muito não via. É recebido de forma hostil pela família e resolve ficar um pouco mais quando seu pai, veterano juiz (Robert Duvall), é apontado pela polícia como responsável pela morte de um homem que condenou há vinte anos. Mesmo não se entendendo com o pai, Hank debruça-se sobre o caso, mas os dois não conseguem conviver amigavelmente e a possibilidade de condenação aumenta a cada revelação.

O subgênero filmes de tribunal já deram bastante frutos ao longo da história do cinema, pois basta nos lembrarmos, por exemplo, de "12 Homens e uma Sentença" (1957) ou "O Sol é Para Todos" (1962). Porém, o tribunal aqui fica em segundo plano, mesmo que até certo ponto, pois o que está em pauta na trama é a desestruturação dessa família e os motivos que levaram a eles chegarem nesta situação. Tudo é explicado em meio a lembranças e gravações em rolo de Super-8 e fazendo com que esses momentos nos identifiquemos, pois todos nós já passamos por conflitos familiares, mas nos lembramos quase sempre dos momentos mais felizes.

Logicamente, o filme chama mais atenção pelo duelo de cena entre os seus astros do que a trama em si em alguns momentos, sendo que aqui temos a presença de um grande veterano do cinema e o astro deste século 21. Robert Downey Jr está mais do que a vontade em um papel que ele tira de letra, já que o seu personagem é alguém prepotente, ambicioso e que raramente deixa a sua guarda baixar. Sendo o Homem de Ferro para toda uma geração, o ator não precisa provar mais nada em termos de versatilidade, a não ser   participar de projetos de sua escolha e esse veio para provar que ele não viverá somente dentro de uma armadura.

Porém, Robert Duvall não fica muito atrás, já que sempre foi um grande astro coadjuvante em filmes que entraram para a história do cinema. De "O Poderoso Chefão" (1972) a "Apocalypse Now" (1979), Duvall nos brinda com um dos seus grandes últimos trabalhos no cinema, ao interpretar um Juiz quase intocável, mas cuja a realidade lhe atingiu em cheio. Cabe a reaproximação do seu filho para que ele consiga reestruturar na sua vida, mesmo que seja em pouco tempo.

O filme, infelizmente, não foge de alguns clichés básicos, desde ao nos apresentar um roteiro que não esconde a trilha que irá culminar em um final que a gente já havia previsto. O filme se sustenta mais principalmente graças aos dois intérpretes, principalmente quando ambos os personagens se digladiam em cenas cujo os ataques verbais afloram feridas nunca cicatrizadas. O filme, no final das contas, é sobre a redenção do indivíduo perante um obstáculo que não pode ser retirado, mas cabe então fazer uma curva para seguir o seu caminho.  

"O Juiz" é sobre família, perdas, revelações e redenções.    

Onde Assistir: Netflix. 

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