Nos dias 10 e 11 de Junho,
eu estarei participando do curso Quadrinhos no cinema: Uma História quadro a
quadro, criado pelo Cena Um e ministrado pelo autor da "Enciclopédia dos
Quadrinhos" (Editora L&PM) André Kleinert. Enquanto o curso não chega,
por aqui estarei fazendo uma retrospectiva das melhores adaptações das HQ para
o cinema e sobre o que mudou para aqueles que curtem essas duas artes de contar
historias.
UMA ÁRDUA JORNADA PARA SE GANHAR RESPEITO
Embora as adaptações de
HQ já existam desde o principio da criação do cinema, quase nunca ninguém
levava a sério essas adaptações. Claro que já existia aos montes,
sendo que o Fantasma, Flash Gordon, Batman, Capitão America e Super Homem já
tinham suas adaptações para o cinema entre os anos 40, 50 e 60. Mas convenhamos,
tudo era numa pegada mais ingênua, sendo que essas adaptações não sobreviveram
muito com o tempo. Dessas três décadas citadas,
acho que posso citar tranquilamente que Superman (veja abaixo) o desenho
animado criado nos anos 40 foi sem sombra de duvida a primeira grande obra de
uma adaptação de uma HQ para o cinema. Curiosamente, o próprio Superman seria o
estopim para os engravatados de Hollywood
enxergarem as HQ para o cinema de uma outra forma a partir do final dos anos
70. Pensando nisso, começo essas matérias falando dos primeiros grandes filmes
estrelados pelo homem de aço.
(1941) Superman: O
Desenho animado
No começo dos anos 40
o Superman já era uma mania. Vendo todo o potencial que o personagem tinha, a
Paramount Pictures procurou a Fleischer Studios, dos irmãos Max e Dave
Fleischer e que fazia os ótimos desenhos do Popeye, e perguntou se o estúdio
poderia produzir um desenho com o super-herói para passar nos cinemas. Na época
a televisão não passava de um projeto de um rádio com imagem e os cinemas eram
a grande diversão da família. Lá as pessoas não só viam um filme longa-metragem
como também assistiam a um média-metragem (normalmente um seriado) e também
viam desenhos animados da Disney, Paramount, Warner, entre outras. Bons tempos,
não?
É claro que Max e Dave não queriam se arriscar a produzir um desenho do Azulão. O personagem pedia movimento, ação, grandes efeitos, ótima trilha sonora e edição, entre outras coisas bem caras para pequenos desenhos de dez minutos. Então os irmãos pediram uma pequena fortuna: queriam 100 mil dólares para fazer cada episódio, seis vezes mais que o que era gasto com os desenhos do Popeye. A Paramount ofereceu a metade disso e, como continuava sendo um valor alto, o estúdio aceitou.
Vendo cada desenho hoje dá para perceber que valeu cada centavo. A ação dos episódios deixa 90% do que vemos hoje na TV e no cinema no chinelo. A edição, então, nem se fala. Já os roteiros eram o espelho da época, com um Superman bem próximo do que foi criado por Jerry Siegel e Joe Shuster. Arrisco dizer que os episódios eram melhores até que os clássicos desenhos da Disney feitos naqueles tempos.
A influência do desenho também foi para os quadrinhos. Foi nessa série que o Super voou pela primeira vez. Até então ele só dava saltos e isso acabou ficando um pouco ridículo na tela grande. Na TV, os desenhos dos Fleischer foram uma forte influência para as grandes séries feitas pelo Bruce Timm para a DC nos anos 90, começando por Batman: The Animated Series.
É claro que Max e Dave não queriam se arriscar a produzir um desenho do Azulão. O personagem pedia movimento, ação, grandes efeitos, ótima trilha sonora e edição, entre outras coisas bem caras para pequenos desenhos de dez minutos. Então os irmãos pediram uma pequena fortuna: queriam 100 mil dólares para fazer cada episódio, seis vezes mais que o que era gasto com os desenhos do Popeye. A Paramount ofereceu a metade disso e, como continuava sendo um valor alto, o estúdio aceitou.
Vendo cada desenho hoje dá para perceber que valeu cada centavo. A ação dos episódios deixa 90% do que vemos hoje na TV e no cinema no chinelo. A edição, então, nem se fala. Já os roteiros eram o espelho da época, com um Superman bem próximo do que foi criado por Jerry Siegel e Joe Shuster. Arrisco dizer que os episódios eram melhores até que os clássicos desenhos da Disney feitos naqueles tempos.
A influência do desenho também foi para os quadrinhos. Foi nessa série que o Super voou pela primeira vez. Até então ele só dava saltos e isso acabou ficando um pouco ridículo na tela grande. Na TV, os desenhos dos Fleischer foram uma forte influência para as grandes séries feitas pelo Bruce Timm para a DC nos anos 90, começando por Batman: The Animated Series.
Com um esforço de
marketing fora do comum para esse tipo de desenho, que teve até trailer e
pôsteres como se fosse um filme longa-metragem, a série foi um sucesso. Ajudou
também terem escolhido os mesmos atores da série do Superman no rádio para
fazer a voz de Clark Kent e Lois Lane na tela grande. Porém, os gastos eram
muito grandes. Em valores atualizados, todos os 17 episódios produzidos
custaram juntos quase 13,5 milhões de dólares, algo em torno de 24 milhões de
reais. Haja dinheiro, hein?
Outro fator que contribuiu para o fim da série foi a briga entre os irmãos Max e Dave. Dave acabou fundando a Screen Gems e a Paramount comprou a Fleischer Studios, que foi renomeada Famous Studios. A mudança no comando também mudou o rumo dos roteiros, que saíram das históricas de ficção científica e passaram a focar mais na propaganda de guerra (os Estados Unidos estavam na Segunda Guerra Mundial na época).
Outro fator que contribuiu para o fim da série foi a briga entre os irmãos Max e Dave. Dave acabou fundando a Screen Gems e a Paramount comprou a Fleischer Studios, que foi renomeada Famous Studios. A mudança no comando também mudou o rumo dos roteiros, que saíram das históricas de ficção científica e passaram a focar mais na propaganda de guerra (os Estados Unidos estavam na Segunda Guerra Mundial na época).
(1978) SUPERMAN: O FILME
Sinopse:Jor-El
(Marlon Brando), um renomado cientista, prevê a destruição do seu planeta e
alerta o governo, que não lhe dá credito. Assim, decide salvar seu filho,
mandando-o para a Terra, onde terá superpoderes. Na Terra, ele usa o nome de
Clark Kent (Christopher Reeve) e já adulto e trabalhando como repórter em um
jornal, não demonstra ter superpoderes. Mas quando uma situação inesperada põe
em risco a vida de Lois Lane (Margot Kidder), uma colega de trabalho, ele
obrigado a se revelar para o público, ficando conhecido popularmente como
Superman. Descontente com o surgimento de um super-herói na cidade, Lex Luthor
(Gene Hackman), um gênio do mal, o obriga a se desdobrar para evitar a morte de
milhões de pessoas.
Filme que arrastou multidões em todo o mundo
na época e não é pra menos. Foi na verdade a primeira superprodução baseada
numa HQ a ser levada a sério do começo ao fim, e isso graças a Richard Donner
(A Profecia), que sempre via no projeto algo para ser feito no modo
verossimilhança. É difícil dizer qual a melhor parte: o inicio em Kripton onde
Marlon Brando da o seu show de interpretação, a chegada do seu filho a terra, a
descoberta da fortaleza da solidão, o passeio de vôo do casal e o ato final que
termina num clímax angustiante e fantástico. Tanto Christopher Reeve (Superman)
como Margot Kidder (Lois Lane) ficaram marcados para sempre com seus
respectivos personagens e até hoje Christopher se tornou o melhor interprete do
ícone dos quadrinhos. Atenção para O ótimo desempenho de Gene Hackman (no auge
da carreira) interpretando o vilão Lex Luthor, da magistral trilha sonora de John Willians que da vida a
cada cena do filme e dos impressionantes efeitos visuais, que mesmo de 1978,
convencem até hoje e provou que um homem
poderia voar.
Curiosidades: Para
conseguir uma musculatura convincente para ser nas telas Superman, o ator
Christopher Reeve fez um trabalho especial supervisionado por David Prowse, o
ator que interpretou Darth Vader em Guerra nas Estrelas;- Para aparecer por
apenas 10 minutos em Superman - O Filme, o ator Marlon Brando recebeu um cachê
de US$ 4 milhões;- O cabelo de Clark Kent e de Superman são repartidos para
lados diferentes.
(1980)Superman 2 - A
Aventura Continua
Sinopse: Três
perigosos prisioneiros do extinto planeta Krypton, que estavam confinados na
Zona Fantasma, se libertam graças à uma explosão. O trio parte então para a
Terra, onde passam a ter os mesmos poderes do Super-Homem, mas o objetivo deles
é dominar o planeta.
Embora Richard Lester esteja creditado como
diretor, muitas cenas desse segundo filme foram rodadas juntas com as do
primeiro, mas infelizmente devido a divergências criativas com os produtores,
Richard Donner acabou sendo afastado e sem poder concluir o trabalho que
tinha em mente com relação a segunda
aventura. Felizmente boa parte do seu trabalho filmado está lá, sendo que até
mesmo podemos diferenciar quando são cenas rodadas do Donner ou de Lester, já
que esse ultimo sempre queria criar alguma piada lá ou aqui em determinadas
cenas. Bom exemplo disso são algumas situações cômicas quando a trindade do mal
sopra contra as pessoas de Metrópoles, onde claramente vemos o dedo de Lester
se metendo.
Apesar desses deslizes, o filme chega há ser tão bom quando o primeiro, principalmente em colocar o herói num dilema: querer continuar sua batalha contra o crime, ou viver uma vida normal com Lois Lane. As cenas de Christopher Reeve e Margot Kidder, comprova uma química perfeita de ambos, rendendo cenas bem românticas e com direito até mesmo "cama" na Fortaleza da Solidão. Essa consumação do casal, alias, foi muito bem lembrada em Superman: O Retorno, mas isso fica para depois, na postagem que eu irei fazer sobre aquele filme.
Mas como estamos falando de um filme Superman, o romance sede nos momentos certos para as cenas de ação, principalmente com há vinda do trio vilanesco, liderado pelo General Zod. Para muitos até hoje, Terence Stamp é sem sombra de duvida encarnação perfeita do personagem, onde sua presença e falas (ajoelhe-se perante Zod) se tornaram marcantes para os fãs. O ponto alto de toda a produção é quando os três vilões kryptonianos enfrentam o herói nos céus e ruas de Metrópoles.
Por muito tempo (até a chegada de X-men: O filme), a super briga que acontece em Metrópoles era considerada o melhor exemplo de como se fazia uma boa cena de ação em uma adaptação de HQ. E olha que estamos falando de um período que nem existiam efeitos digitais ainda, sendo que tudo visto ali foi feito na raça e com o que tinha de recursos na época. Não tem como não entrar em êxtase quando Superman pega Zod, o rodopia e o joga num cartaz da Coca Cola de um prédio.
Embora com um final que soluciona alguns pontos da trama de uma maneira forçada (super beijo??), Superman II é ainda um bom exemplo de sequência que não deve nada ao filme original. Uma pena que no terceiro filme, Richard Lester teve total liberdade criativa em transformar o filme numa verdadeira comédia e que muitos fãs até hoje tentam esquecer.
Apesar desses deslizes, o filme chega há ser tão bom quando o primeiro, principalmente em colocar o herói num dilema: querer continuar sua batalha contra o crime, ou viver uma vida normal com Lois Lane. As cenas de Christopher Reeve e Margot Kidder, comprova uma química perfeita de ambos, rendendo cenas bem românticas e com direito até mesmo "cama" na Fortaleza da Solidão. Essa consumação do casal, alias, foi muito bem lembrada em Superman: O Retorno, mas isso fica para depois, na postagem que eu irei fazer sobre aquele filme.
Mas como estamos falando de um filme Superman, o romance sede nos momentos certos para as cenas de ação, principalmente com há vinda do trio vilanesco, liderado pelo General Zod. Para muitos até hoje, Terence Stamp é sem sombra de duvida encarnação perfeita do personagem, onde sua presença e falas (ajoelhe-se perante Zod) se tornaram marcantes para os fãs. O ponto alto de toda a produção é quando os três vilões kryptonianos enfrentam o herói nos céus e ruas de Metrópoles.
Por muito tempo (até a chegada de X-men: O filme), a super briga que acontece em Metrópoles era considerada o melhor exemplo de como se fazia uma boa cena de ação em uma adaptação de HQ. E olha que estamos falando de um período que nem existiam efeitos digitais ainda, sendo que tudo visto ali foi feito na raça e com o que tinha de recursos na época. Não tem como não entrar em êxtase quando Superman pega Zod, o rodopia e o joga num cartaz da Coca Cola de um prédio.
Embora com um final que soluciona alguns pontos da trama de uma maneira forçada (super beijo??), Superman II é ainda um bom exemplo de sequência que não deve nada ao filme original. Uma pena que no terceiro filme, Richard Lester teve total liberdade criativa em transformar o filme numa verdadeira comédia e que muitos fãs até hoje tentam esquecer.