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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 20 de junho de 2025

Cine Especial: De Ray Harryhausen -'Simbad e o olho do tigre'

Bem antes dos efeitos especiais dominarem as telonas, mundo afora, existia Ray Harryhausen, pioneiros do gênero, talvez um dos mais importantes artesões que o cinema já teve. Mas se você não conhece a figura, fique tranquilo porque, com certeza, em algum momento da vida já esbarrou em algumas de suas bestiais criaturas, criadas a partir de iluminada imaginação. Pode ser tanto Pégaso ou a assustadora Medusa, mitos gregos revisitados pelo artista em "Fúria de titãs" (1981), um de seus trabalhos mais conhecidos, ou esqueletos surgidos do fogo, feras pré-históricas medonhas, trogloditas, animais mecânicos e babuínos quase humanos, personagens do clássico, "Simbad e o olho do tigre" (1977), um dos filmes que marcaram minha infância e de milhares de pessoas nas gloriosas sessões da tarde.

Protagonizado por Patrick Wayne, filho de John Wayne, a fita embarca nas aventuras do mítico marujo de Bagdá pelos sete mares, em busca de terra desconhecida no fim do mundo onde está localiza o Santuário das Curas. É para lá que ele deve levar o príncipe de Charnak, Kassim (Damien Thomas), amigo a quem deve a vida para salvá-lo da maldição da bruxa Zenobia (Margaret Whiting), que o transformou num babuíno.

"Já consultamos os mais conceituados médicos, sábios, sacerdotes e astrólogos, daqui a Alexandria, e nenhum diagnóstico”, desespera o vizir local, tio da vítima. “Por ele eu arriscaria minha vida, por você eu daria”, diz o marujo das mil e umas noites, a Farah (Jane Seymour), princesa a quem jura salvar o irmão para pedi-la em casamento.

A solução para o insólito caso são os conhecimentos e façanhas lendárias do sábio grego, Melanthius (Patrick Troughton), o eremita de Kasgar, refugiado em remota ilha do Egeu, lugar onde homem nenhum colocou os pés. “A mente é uma coisa notável. O pensamento é transferível. Ele viaja pelo espaço, até pelas mentes”, ensina o filósofo. É ele quem irá conduzir Simbad, o marujo, e sua tripulação, rumo ao sagrado templo, encontrando pelo caminho, numa trilha de sombras e segredos envolvendo ciências ocultas como magia negra, alquimia e, claro, fantasia sem fim, as mais incríveis aventuras e feras. “Dizem que é o presente do vento a Apolo”, poetiza o sábio, ao depara com os fenômenos escandinavos da Aurora Boreal.

Lançado em 1977, o filme, massacrado pela estreia retumbante de "Guerra nas estrelas", foi visto com olhos criteriosos pela crítica que classificou as animações, stop motion, de Harryhausen, de toscas, embora inseridas numa trama envolvente. Pior para eles que não entenderam que essa aventura contagiante era um dos poucos exemplares do gênero em que a imaginação ainda era sincera e pura, sem as verborragias e os vazios dos efeitos especiais de hoje. Familiarizado tanto com os sortilégios dos sete mares, quanto com as regalias e intrigas da realeza, Simbad, sempre um homem viril com sua espada árabe nas mãos, é protagonista dos momentos mais marcantes da fita, entre eles o épico duelo com o tigre de dente de sabre do título, na cena final.

Mas é o velho sábio Melanthius o símbolo máximo dessa aventura, o elo perdido entre o homem primitivo, de espírito aventureiro e fragilizado pelo medo do desconhecido, mas também curioso das grandes descobertas da vida. “Arquimedes vai se matar de inveja”, faz troça ao aceitar embarcar nessa grande jornada, evocando outro ícone do conhecimento.

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Cine Especial: Sessão Clube de Cinema (21/06): "Os Contos de Canterbury" na Cinemateca Capitólio

Nosso encontro deste sábado será às 10h15 da manhã, na Cinemateca Capitólio, com a exibição do provocante e irreverente Os Contos de Canterbury (1972), dirigido pelo cineasta italiano Pier Paolo Pasolini.

Inspirado na obra clássica de Geoffrey Chaucer, o filme transforma contos medievais em um mosaico de histórias eróticas, cômicas e satíricas, revelando o olhar singular de Pasolini sobre o prazer, o corpo e as hipocrisias sociais. Segunda parte de sua "trilogia da vida", que inclui Decameron, que assistimos recentemente no CCPA, e As Mil e Uma Noites. Os Contos de Canterbury segue até hoje como uma das experiências cinematográficas mais ousadas e sensoriais da história do cinema europeu.


Confira os detalhes:


SESSÃO DE SÁBADO NO CLUBE DE CINEMA

📅 Data: Sábado, 21/06/2025, às 10h15 da manhã

📍 Local: Cinemateca Capitólio

Rua Demétrio Ribeiro, 1085 – Centro Histórico, Porto Alegre


Os Contos de Canterbury

(I racconti di Canterbury, França, 1972, 111 min, 18 anos)

Direção: Pier Paolo Pasolini

Elenco: Franco Citti, Laura Betti, Hugh Griffith, Alan Webb, Derek Deadman, Francis De Wolff, Ninetto Davoli, Willoughby Goddard

Sinopse: Um grupo de peregrinos viaja rumo à Catedral de Canterbury. Para passar o tempo durante a jornada, eles compartilham histórias recheadas de humor, erotismo e crítica social. Com cenários vibrantes e personagens inusitados, Pasolini celebra o prazer e a vitalidade popular, em contraste com as normas morais e religiosas da época. Um filme que ainda provoca, diverte e desafia o espectador.

Sobre o Filme: Os Contos de Canterbury (1971), filme do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, adaptado da obra de Geoffrey Chaucer, é a segunda obra da chamada “trilogia da vida”; iniciada por O Decameron (1970) e completada por As mil e uma noites (1974). Os Contos de Canterbury nos mostram a morte como um perseguidor dessa vida: Thanatos diretamente ligado a Eros. Os Contos de Canterbury, de Chaucer, foi escrito no século XIV, em forma de poema. Além dos contos utilizados por Pasolini no filme, há vários outros, além de muitos fragmentos, anotações e contos deixados incompletos por Chaucer. 

Para completar, Pasolini faz uma magnífica representação do inferno com claras influências da pintura de Hieronymus Bosch.

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quinta-feira, 19 de junho de 2025

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (12/06/25)

 ELIO

Sinopse: Elio, um oprimido com uma imaginação ativa, se vê inadvertidamente transportado para o Communiverse, uma organização interplanetária com representantes de galáxias distantes.


EXTERMÍNIO: A EVOLUÇÃO

Sinopse: O diretor vencedor do Oscar® Danny Boyle e o roteirista indicado ao Oscar® Alex Garland se reúnem para “Extermínio: A Evolução”, uma nova história aterrorizante ambientada no mundo criado a partir de “Extermínio”.


Stella: Vítima e Culpada

Sinopse: Stella é uma jovem judia alemã que cresce em Berlim durante o regime nazista. Apesar da repressão no país, ela sonha em ser cantora de jazz. A vida da garota se transforma em uma tragédia quando, em fevereiro de 1943, ela é forçada a se esconder com os pais. Porém, após ser capturada e torturada pela Gestapo, Stella aceita uma condição para evitar que ela e a família sejam mandados para o campo de concentração de Auschwitz: trair e deletar outros judeus.

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Cine Dica: Cinesemana de 19 a 25 de junho de 2025

Três Amigas. 

Uma das novidades da cinesemana de 19 a 25 de junho é o longa francês TRÊS AMIGAS, um dos títulos de maior público do Festival Varilux em 2024. Também apresentamos o novo filme do diretor chinês Jia Zhang-ke, LEVADO PELAS MARÉS, que traça um panorama do seu país nas últimas duas décadas. O filme vem acompanhado do relançamento de JIA ZHANG-KE, UM HOMEM DE FENYANG, documentário sobre o cineasta asiático assinado por Walter Salles há dez anos. A semana ainda é de Sessão Nostalgia, que exibe HARRY E SALLY – FEITOS UM PARA O OUTRO em comemoração ao Mês dos Namorados.

Nossa programação segue com títulos de várias nacionalidades que foram bem recebidos pelo público, como o longa alemão O GRANDE GOLPE DO LESTE, com Sandra Hüller; a produção coreana NA TEIA DA ARANHA, uma grande homenagem ao universo do cinema; e SÍNDROME DA APATIA, em que o diretor grego Alexandros Avranas se debruça sobre o drama dos refugiados na Europa.

Entre as produções brasileiras, seguem em cartaz PRÉDIO VAZIO, novo filme do cineasta Rodrigo Aragão; SANEAMENTO BÁSICO, O FILME, do cineasta gaúcho Jorge Furtado, que ganha sessão dupla com o premiado ILHA DAS FLORES; e o documentário RITAS, que celebra a trajetória de Rita Lee. Chegando à sétima semana de exibição, VIRGÍNIA E ADELAIDE, de Yasmin Thayná e Jorge Furtado, mostra o encontro histórico das duas mulheres fundadoras da psicanálise no Brasil.

Confira a programação completa no site oficial da Cinemateca clicando aqui. 

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'Lampião, O Governador do Sertão'  

Sinopse: Lampião, Governador do Sertão" traça a trajetória de Virgulino Ferreira da Silva, o lendário Lampião, desvendando os caminhos entre o homem, o mito e as controvérsias que o envolvem. 

Os fatos se tornam lendas, assim como também elas se tornam mitos. É por esse pensamento que pode ser inserido Lampião, talvez um dos maiores símbolos do Sertão Nordestino e do qual até hoje divide opiniões sobre a sua figura que acabou fazendo parte da nossa cultura brasileira. "Lampião, O Governador do Sertão" (2025) procura explorar quem foi o verdadeiro homem por trás da lenda e da qual serviu de influência para inúmeras pessoas.

Dirigido por Wolney Oliveira, o documentário explora a trajetória de Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião. O longa busca mergulhar profundamente em sua jornada histórica e complexa dessa figura marcada por mitos, polêmicas e antagonismos. Através de documentos, imagens raras, entrevistas e outros registros orais e visuais, a obra revela as camadas de um homem comum que se tornou um fenômeno por sua imagem de temido líder cangaceiro, mas também por sua potência simbólica que se faz presente na cultura popular nordestina e brasileira.

Lampião foi uma figura predestinada a ser algo mais do que um mero trabalhador nordestino, principalmente em tempos em que o Brasil transitava entre ser uma democracia, ou um país autoritário. Portanto, a figura do cangaceiro pode ser representada como uma espécie de resistência perante o sistema dos poderosos e dos quais são esquecidos no seu devido tempo, mas cujo guerreiro do sertão continua sendo lembrado. Não é à toa, portanto, que Lampião se tornou uma das figuras mais bem lembradas da história, mesmo quando existem detratores querendo minar essa ideia.

Curiosamente, o documentário abre espaço para ambas as opiniões, tanto dos familiares ainda vivos, como também daqueles que são descendentes das vítimas de Lampião e que até hoje guardam rancor. São poucos aqueles que souberam com exatidão quem foi as suas verdadeiras pessoas e, portanto, cada registro, seja ele em livros ou de imagens, acaba sendo um verdadeiro achado para um grande estudo. Há, por exemplo, o documentário "Lampião, o Rei do Cangaço"(1937) de Benjamin Abrahão, sendo um dos registros mais importantes sobre essa figura histórica e que até hoje é bastante analisada.

Falando em cinema, Lampião já foi levado diversas vezes para as telas, sendo que "Baile Perfumado" (1997) é uma reconstituição do que poderia ter sido as filmagens de "Lampião, O Rei do Cangaço". Porém, "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964), de Glauber Rocha, talvez seja a melhor síntese da figura do cangaço e cuja sua existência muito se deve ao Lampião. Vale lembrar que ele serviu de inspiração para a própria música brasileira, sendo Luiz Gonzaga obteve grande sucesso através não somente de sua música, como também se vestindo de acordo como um cangaço.

Vale destacar que o documentário não poupa em imagens até mesmo fortes, principalmente ao destacar a cabeça de Lampião e de seu bando que foram expostas em diversas cidades após terem sido emboscados e mortos. A partir deste massacre é que se construiu a lenda e cuja sua força cresceu de tal maneira que até hoje fica difícil dizer se ele foi um herói ou um bandido sanguinário. A meu ver, dificilmente teremos uma base de quem ele foi, pois certas lendas dificilmente são destruídas, mas sim aumentadas através do tempo e fazendo a gente não se lembrar do seu próprio início.

"Lampião, O Governador do Sertão" é um documentário sobre uma das figuras mais enigmáticas da nossa cultura brasileira e da qual até hoje é amada por uns e odiada por outros. 

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Cine Dica: Cinemateca Capitólio - PROGRAMAÇÃO 19 a 25 de junho de 2025

 MOSTRA FORD + WELLES

Nos meses de junho e julho, a Cinemateca Capitólio apresenta a mostra Ford + Welles, com oito filmes realizados por John Ford e Orson Welles exibidos em sessões duplas. No domingo, 22 de junho, a primeira sessão apresenta Como Era Verde Meu Vale, de Ford (16h30), e Cidadão Kane, de Welles (19h). As sessões têm entrada franca.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/novidades/8956/ford-welles/


MOSTRA ÊNFASE NO PROCESSO

Nos próximos dias 20 e 27 de junho o projeto de extensão da UFRGS, Trilhas Artísticas, com o apoio da Cinemateca Capitólio, apresenta duas sessões especiais de curtas-metragens. O tema das sessões é a Arte Processual e a mostra reúne sete obras em audiovisual que protagonizam os estágios de manipulação de sua própria feitura, assim como a possibilidade de experiências estéticas se darem a partir da simples incidência do tempo sobre cada fração do processo criativo.

Serão exibidos, no dia 20, as obras “Vigília 2” e “Vigília 3”, de André Severo, e “Fluxus Fungus” e “Dilúvio Vivo”, de Tuane Eggers e Beto Mohr, seguidos de conversa com os artistas, mediada pela professora do Instituto de Artes e coordenadora do projeto, Marina Câmara. Entrada franca.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/novidades/8965/mostra-audiovisual-enfase-no-processo/


BRUNO DUMONT E ANDY WARHOL EM CARTAZ

A partir de quinta-feira, 19 de junho, a Cinemateca Capitólio exibe O Império, filme de ficção-científica dirigido pelo francês Bruno Dumont, e Andy Warhol – Um Sonho Americano, documentário sobre o artista dirigido por Lubomir Slivka. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/8948/andy-warhol-um-sonho-americano/


GRADE DE HORÁRIO

19 a 25 de junho de 2025


19 de junho (quinta-feira)

15h – O Império

17h – Andy Warhol - Um Sonho Americano

19h – Pachamama Soul – Rock de Galpão


20 de junho (sexta-feira)

15h – O Império

17h – Andy Warhol - Um Sonho Americano  

19h – Trilhas Artísticas: Ênfase no Processo 1


21 de junho (sábado)

15h – Caiam as Rosas Brancas!  

17h – Andy Warhol - Um Sonho Americano

19h – O Império


22 de junho (domingo)

15h – A Procura de Martina

16h30 – Como Era Verde o Meu Vale

19h – Cidadão Kane


24 de junho (terça-feira)

15h – Cinema Negro na Escola

17h – Andy Warhol - Um Sonho Americano

19h30 – Cinema Negro na Escola 


25 de junho (quarta-feira)

15h – Cinema Negro na Escola

17h – Cidadão Kane

19h – Como Era Verde o Meu Vale

terça-feira, 17 de junho de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'Oh, canada'

Sinopse: Escolhendo revelar as verdades e mentiras de sua vida e carreira, um cineasta doente se senta para uma entrevista longa e sincera com um ex-aluno.

Paul Schrader foi um dos cineastas que surgiram nos últimos anos da "Nova Hollywood" e mantendo durante os anos oitenta um lado autoral que do qual estava sendo deixado de lado na época. Em "Gigolô Americano" (1980), por exemplo, ele consagraria o ator Richard Gere e que entraria nos anos noventa como um dos grandes astros de sua época. Portanto, é curioso observar ambos se reencontrarem em "Oh, Canada" (2024), filme que sintetiza a fragmentação do ser humano em um momento em que busca a sua redenção particular.

Na trama, o documentarista norte-americano Leonard Fife (Richard Gere) vive com uma doença que pode tirar sua vida a qualquer momento. Nessa espécie de leito de morte, ele sente a força do tempo e de sua condição, resolvendo, então, contar sua história de vida sem filtros antes que seja tarde demais. Com uma carreira profissional de prestígio, Fife tem muito do que se orgulhar, porém lacunas do seu passado, em especial relacionadas à Guerra do Vietnã e as pessoas com quem esbarrou naquela época, ainda são dores que o diretor evita tocar.

Baseado na obra do escritor Russell Banks, que viria a falecer em 2023, o filme pode ser interpretado de diversas formas, tanto como uma síntese sobre o que foi o escritor em vida, como também da maneira como Paul Schrader enxerga a vida de um homem perante a sua reta final. O filme é apresentado de forma fragmentada, onde vemos o protagonista tanto em seu presente, como também em sua juventude e que buscava o seu lugar em um mundo cada vez mais complexo em meio a guerras, preconceito e inúmeros protestos por algo novo. Por alguns momentos, por exemplo, achamos que o protagonista seja realmente alguém que existiu, pois há uma curiosa transição entre a ficção e o lado documental, o que torna o longa interessante ao ser visto mais de perto.

Sendo não visto há muito tempo em filmes de sucesso, Richard Gere surge aqui quase irreconhecível, distante dos tempos em que se apresentava como um grande galã e nos brindando com uma atuação digna de nota. Menosprezado por estúdios e a própria academia do Oscar, Gere nunca escondeu o seu lado crítico, tanto com relação à maneira como Hollywood lidava com as produções, como também sobre a própria política dos EUA. Portanto, talvez, um lado pessoal de sua pessoa se encontre neste personagem, onde ele não tem nada a esconder em sua reta final, a não ser colocar para fora algo que sempre ocultou, ou nunca admitiu os seus passos em falso em vida.

Com uma fotografia que transita entre o preto e branco sombrio e cores quentes de um passado distante, a figura Leonard Fife transita entre a sua forma jovem e mais velha, como se o espaço e tempo viessem em uma única direção e fizesse com que o protagonista ficasse cada vez mais confuso durante a sua entrevista. Nota-se, por exemplo, que até a sua esposa, interpretada por Uma Thurman, se manifesta de duas formas, seja como sua mulher, ou como uma figura que revela o seu lado que sempre tentou esconder devido ao preconceito da época. Por conta disso, a figura de Leonard Fife se torna, por vezes, complexa demais e cabe uma atenção redobrada sobre o seu verdadeiro ser em cena.

Ao final, o filme termina com uma única saída encontrada para o protagonista, mas que ao mesmo tempo seja uma forma do diretor Paul Schrader nos dizer para onde irmos uma vez que o mundo está cada vez mais afundando. Em tempos em que a guerra repete os mesmos erros do passado, cabe ao indivíduo aceitar esse mundo ou simplesmente dar as costas e deixá-lo para a própria sorte, pois a própria vida comum já é complexa demais para ser administrada. Ao final, só queremos um descanso digno em meio a tudo isso.

"Oh, canada" é uma visão autoral de Paul Schrader sobre o papel do homem perante uma realidade, por vezes, mais hedionda do que os próprios erros e acertos cometidos durante a vida do protagonista. 

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