Neste sábado, 7 de setembro, teremos o prazer de apresentar o mais recente trabalho de Yorgos Lanthimos, "Tipos de Gentileza", no Espaço de Cinema do Bourbon Country. O cineasta grego é conhecido por filmes impactantes como "Pobres Criaturas" e "A Favorita".
Considerando a duração do filme, convidamos todos para uma recepção especial a partir das 9h30, com café (e bolo!) para aquecer a manhã. A sessão começará pontualmente às 10h. E além disso: na sexta-feira, 6, a partir das 19h30, vamos nos reunir no Vesper Bar (R. Duque de Caxias, 1348 - Centro Histórico) para celebrar o lançamento da 2ª Edição do nosso ZineClube. Venha brindar conosco e compartilhar este momento especial com a equipe!
SESSÃO CLUBE DE CINEMA DE PORTO ALEGRE
Local: Espaço de Cinema, Sala 3, Bourbon Shopping Country (Av. Túlio de Rose, 80 - Passo d'Areia)
Data: 07/09/2024, sábado
09h30 Recepção
10h Sessão do filme
"Tipos de Gentileza" (Kinds of Kindness)
EUA, 2024, 165 min, 18 anos
Direção: Yorgos Lanthimos
Elenco: Emma Stone, Jesse Plemons, Willem Dafoe, Hong Chau, Margaret Qualley
Sinopse: "Tipos de Gentileza" é uma fábula em três partes: acompanha um homem sem escolhas que tenta assumir o controle de sua própria vida; um policial que fica alarmado ao descobrir que sua esposa, que estava desaparecida no mar, retornou, mas parece ser uma pessoa diferente; e uma mulher determinada a encontrar alguém específico com uma habilidade especial, destinado a se tornar um prodigioso líder espiritual. (Searchlight Pictures)
Contamos com sua presença, até lá!
Sobre o Filme:
Yorgos Lanthimos é um diretor autoral que desafia as convenções atuais, seja ela política ou religiosa, através dos seus filmes e nos colocando de frente com relação a sua análise sobre os significados do que nos faz humanos atualmente. Curiosamente, não há um antes e depois na forma dele fazer os seus projetos, já que mesmo em território norte-americano os seus filmes ainda se diferem e muito com relação ao que o público de lá está acostumado e o seu último "Pobres Criaturas" (2024) foi uma prova viva disso. Porém, "Tipos de Gentileza" (2024) vai mais além, cuja ousadia remete ainda mais aos seus tempos de filmes como "A Lagosta" (2015) e por isso mesmo bem anti-Hollywoodiano.
O filme nos é apresentado três histórias entrelaçadas que exploram os desafios que os protagonistas enfrentam para obter os seus grandes desejos. Na primeira trama, um homem busca recuperar o controle de sua vida após se perder em um caminho incerto. Em outra, um policial tenta reconstruir seu relacionamento com a esposa, que retorna misteriosamente após um período desaparecida, mas há algo errado em sua volta. Por último, uma mulher determinada em se entregar a sua religião, se lança em busca de uma pessoa dotada de habilidades únicas, ou seja, uma predestinada.
Embora distintas uma da outra, as três tramas são protagonizadas pelos mesmos atores, sendo que cada um cresce na medida em que uma história termina e a outra começa. Se, por exemplo, achamos que Emma Stone pouco cresce em termos de atuação na primeira história, logo ela se sobressai na segunda e ganhando total protagonismo na terceira e última parte. Curiosamente, embora sejam histórias sem nenhuma ligação, prestem atenção em um determinado personagem que possui uma sigla em sua camiseta e se tornando a peça principal que enlaça os três capítulos.
Mesmo sendo mais ousado do que o seu filme anterior, é curioso observar que Yorgos Lanthimos opta em frear em termos de sexo e violência, mesmo quando se fazem presentes, mas trabalhando mais no lado psicológico e imprevisível vindo dos seus respectivos personagens. Na medida em que cada trama avança, constatamos que eles vão deixando cair as suas máscaras e revelando pessoas dispostas a venderem a sua pessoa pelo que eles acreditam, seja pelo capital ou religioso, desde que eles se sintam acolhidos por aqueles que vendem uma ideia, mesmo quando ela não passa de uma grande cortina de fumaça. Não há convenção que o diretor não possa desconstruir dentro da trama, pois em sua visão tudo não passa de uma grande piada para alimentar os sonhos de uma população cada vez mais alienada em pleno século vinte e um.
Falando em sonhos, novamente Yorgos Lanthimos brinca ao elaborar uma fotografia em preto e branco que remete algo fora da linha convencional da narrativa. Aqui, os sonhos são apresentados em preto e branco, como se eles fossem um fio de esperança que os protagonistas guardam em seus subconscientes, mas a falta da cor representaria uma fantasia falsa e da qual se desconstrói quando se acorda. Curiosamente, a falta de cor também acontece em determinados flashbacks, mas lançando em nós a dúvida se realmente tais fatos haviam acontecido, pois quase nenhum personagem aqui presente seja realmente confiável.
Yorgos Lanthimos não mede esforços para extrair o melhor de cada um do seu grande elenco, mesmo que para isso um ou outro extrapole o bom senso. Jesse Plemons, por exemplo, talvez entregue aqui um dos seus trabalhos mais complexos de sua carreira, pois embora os seus personagens sejam diferentes um do outro, ambos em comum possuem uma obsessão em adquirir o que mais anseia, nem que para isso tenha que sujar as mãos em situações que beira ao surreal. Embora a sua atuação de espaço ao ótimo desempenho de Emma Stone na segunda parte, o ator ainda sim constrói um personagem obsessivo pela volta de sua esposa na sua maneira, mesmo quando ela já encontrava presente, ou não, em sua vida.
Contudo, é curioso a maneira como Emma Stone cresce no decorrer dos três capítulos, começando na primeira parte de uma forma bem secundária, mas se destacando na segunda parte e ganhando o seu protagonismo na última história. É notório, porém, que a terceira parte é uma espécie de releitura da primeira, sendo até mais arrastada das três histórias e testando a nossa própria paciência. Porém, tudo é compensado pelo ótimo desempenho da atriz, culminando com minutos finais desconcertantes e cuja cena pós crédito deixará muitos perplexos.
Em resumo, não creio que Yorgos Lanthimos vá se vender tão cedo pelo lado convencional do cinema hollywoodiano após assistir a esse filme. Ao meu ver, o realizador está mais interessado em fazer longas de acordo com a sua essência do que se ser comprado facilmente pelos grandes estúdios e cujo intuito é apenas arrecadar bilhões ao longo dos anos. "Tipos de Gentileza" é o cinema de Yorgos Lanthimos em sua essência e nos convidando novamente para sairmos de nossa zona de conforto, mesmo quando sentimos certos receios.
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