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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 16 de julho de 2024

Cine Dica: Streaming - 'Sem Coração'

Sinopse: Tamara aproveita suas últimas semanas na vila em que vive antes de partir para Brasília. Um dia, ela ouve falar de uma adolescente misteriosa conhecida como Sem Coração. 

Na adolescência vivemos uma fase complexa, onde passamos por transformações, tanto físicas como sentimentais e entrando em uma encruzilhada cheia de dúvidas com relação ao que irá acontecer. Uma vez que se é obrigado deixar de lado a inocência se vê na posição de ter que fazer certas escolhas e das quais podem mudar a sua vida. "Sem Coração" (2023) fala sobre a transição da ingenuidade para o princípio da fase adulta e que nem sempre é tranquila como deveria.

Dirigido e roteirizado por Nara Normande, Tião, o filme se passa durante o verão de 1996, no litoral de Alagoas. Tamara (Maya de Vicq) está aproveitando suas últimas semanas na vila pesqueira onde mora antes de partir para estudar na capital do país. Um dia, ela ouve falar de uma adolescente apelidada de "Sem Coração" por causa de uma cicatriz que tem no peito. Ao longo do verão, Tamara sente uma atração crescente por essa menina.

É curioso observar a escolha sobre a época que a diretora Nara Normande, Tião decide inserir a sua trama, já que o ano de 1996 o Brasil passava por diversas transições, desde o começo do fortalecimento do Plano Real, como também sobre uma geração de um país que foi as ruas para lutar por um futuro melhor. Neste caso não vemos jovens saindo as ruas para protestar, mas apenas curtindo uma praia do litoral, fazendo algumas algazarras, como também no direito de abraçar as sensações vindas dos seus próprios corpos. Neste último caso a realizadora não se intimida ao nos mostrar os personagens a vontade em experimentar os primeiros contatos sexuais, principalmente por ainda não terem as regras de limites e timidez ainda batendo em suas mentes, mas sim mantendo na liderança a sensação de curiosidade e prazer de forma latente.

Ao mesmo tempo há uma divisão, mesmo que invisível, com relação as classes que se encontram naquele cenário. Se por um lado os personagens Lagoanos são a força matriz como um todo, por outro lado, há sempre aquela classe dominante que se acha no direito de nos passar o poder absoluto, quando na verdade se encontram vazios uma vez que acreditam que já obtiveram tudo. Bom exemplo disso é a cena em que vemos a personagem apelidada de "Sem Coração" fazer uma entrega em uma casa e testemunhar aquelas pessoas em total mordomia, mas sem alma alguma.

Ao mesmo tempo, o preconceito e a violência se fazem de corpo presente, mesmo não estando quase sempre na trama, mas quando elas acontecem afetam a vida daqueles jovens de forma imediata. Se por um lado isso serve como motivo ainda maior para fazer com que Tamara tenha que ir embora, por outro, isso fortalece ainda mais o seu desejo de conhecer a "Sem Coração". Curiosamente, a cena marcante de uma baleia encalhada na praia pode ser interpretada de duas formas, tanto com relação aos sentimentos que precisam ser destravados, como também o destino daqueles habitantes que podem ser a qualquer momento serem mastigados pelos que se dizem dominantes do mundo.

Ao final, os desejos podem até serem realizadores, mas não significa que não tenha que encarar novos rumos. A mudança, por melhor ou mal que seja, serve como um aprendizado e para que então possamos olharmos para trás e nos darmos conta que valeu a pena com relação a tudo que nós havíamos passado. "Sem Coração" é um belo filme sobre a complexa transição da inocência para a vida adulta e da qual todos devemos atravessar na medida que o tempo avança.   

 

Onde Assistir: Netflix

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 18 A 24 DE JULHO DE 2024



Amigos queridos, ESTAMOS VOLTANDO!

Depois de meses tão difíceis, estamos fazendo um grande esforço operacional para retornar nossa programação agora no dia 18 de julho. Contamos com o apoio de todos para trazer vida novamente ao Centro da cidade ao voltar a frequentar os poucos espaços abertos por aqui. É muito importante para a sobrevida dos  projetos "resistentes" contar com a frequência do público, moradores e amigos nos lembrando que vale a pena persistir e apostar em mais um recomeço.

Bem-vindos todos!


PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 18 A 24 DE JULHO DE 2024

ESTREIAS:


TODA A NOITE ESTAREI LÁ

Brasil/Documentário/2023/72min

Direção: Tati Franklin e Suellen  Vasconcellos

Sinopse: Após sofrer uma agressão física por transfobia na igreja evangélica que frequentava, Mel Rosário, 58, reivindica seus direitos fazendo protestos em frente à igreja que a impede de frequentar os cultos. Enquanto luta por justiça, Mel encontra brechas para se reinventar e sobreviver no Brasil bolsonarista.

Elenco: Mel Rosário


LO QUE QUIEDA EN EL CAMINO



Brasil/Alemanha, Documentário, 2021, 94min

Direção: Jacob Krese e Danilo do Carmo

Sinopse:A jornada épica de Lilian, uma mãe solo, e seus quatro filhos, que migram em busca de uma vida melhor. Ao deixarem a Guatemala, eles se unem a uma caravana de milhares de migrantes, determinados a percorrer os mais de 4 mil quilômetros até a fronteira entre o México e os EUA. Apesar de todos os perigos do caminho, essa é sua maior esperança de tentar um novo futuro para ela e seus filhos.


GREICE

Brasil, Drama, 2024, 110min

Direção: Leonardo Mouramateus

Sinopse: Greice é uma estudante de Belas Artes que vive em Lisboa, Portugal. Quando se envolve em um acidente e fica suspensa por tempo indeterminado, ela decide voltar sem que ninguém saiba à Fortaleza, sua terra natal no Brasil, onde poderá praticar sua lábia profissional e conquistar todos ao redor.

Elenco: Jesuíta Barbosa, Isabél Zuaa, Lucas Galvino, Mauro Soares

HORÁRIOS DE 18 A 24 DE JULHO (não há sessões nas segundas feiras):

15h: LO QUE QUIEDA EN EL CAMINO

17h: TODA  NOITE ESTAREI LÁ

19h; GREICE 


Ingressos

Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 12 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 6. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo. Na quinta-feira, a meia-entrada é para todos e todas.

EM TODAS AS QUINTAS TEMOS A PROMOÇÃO QUE REDUZ O VALOR DO INGRESSO PARA TODOS E EM TODAS AS SESSÕES PARA R$ 6,00.


CineBancários

Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre

Mais informações pelo telefone (51) 3030.9405 ou pelo e-mail cinebancarios@sindbancarios.org.br


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: 51- 30309405

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Cine Dica: Streaming - 'Os Observadores'

Sinopse: Jovem fica presa em uma floresta extensa e intocada no oeste da Irlanda. Procurando abrigo, ela fica presa ao lado de três estranhos que são perseguidos por criaturas misteriosas todas as noites. 

São poucos os casos de filhos de cineastas seguirem os mesmos passos dos seus pais e conseguirem obter o mesmo patamar. Sofia Coppola, por exemplo, obteve a sua redenção na carreira como diretora assim como o seu pai Francis Ford Coppola e lançando obras que até hoje são indispensáveis como "Encontros e Desencontros" (2003). Eis que então chegamos a  Ishana Shyamalan, filha de M. Night Shyamalan e que se lança como diretora com o seu primeiro filme "Os Observadores" (2024), longa que dividirá a opinião de muitos e razões é o que não faltam.

O filme conta a história de Mina (Dakota Fanning), uma artista de 28 anos que acaba se perdendo em uma misteriosa floresta. Lá ela encontra um abrigo e onde se encontra mais três pessoas e que segundo elas estão lá já há muito tempo e não conseguem sair de lá. Ao mesmo tempo, eles não podem tentar sair de lá a noite, pois estranhas criaturas se encontram no local.

Se tornou moda falar mal dos filmes de M. Night Shyamalan, o que eu acho uma tremenda de uma injustiça, já que sempre houve uma exigência equivocada para que ele lançasse um filme com o mesmo patamar de "O Sexto Sentido" (1999). Se recuperando a partir do filme "A Visita" (2015), o realizador decidiu concluir a sua trilogia iniciada com "Corpo Fechado" (2000) e novamente lançando filmes que despertam o questionamento dos cinéfilos como no caso de "Tempo" (2021). Agora como produtor, ele lança a sua filha como cineasta em "Os Observadores" e fazendo a gente questionar quem é obra de quem.

O filme em si remete ao lado mais fantasioso do realizador através de títulos como a "A Dama da Água" (2006), mas ao mesmo tempo mesclando elementos sombrios vistos em filmes como "A Vila" (2004). Portanto, fica difícil dizer se nós estamos diante de um filme realizado por Ishana Shyamalan, ou se o seu pai controlou o lado criativo da obra do começo ao fim. Ao meu ver, é preciso assistir ao filme de forma menos exigente, pois pode ser o começo de um futuro promissor de uma cineasta, ou apenas uma pequena e única experiência.

Baseado em um livro de A.M. Shine, do qual o mesmo colaborou com o roteiro, o filme possui uma certa carga claustrofóbica, pois o cenário é uma floresta sinistra e cujo único refúgio é uma casa de vidro ainda mais misteriosa. Lá os personagens principais revelam as suas personalidades distintas e nos dando uma noção maior de quem sobreviverá ou morrerá ao longo dessa situação. Curiosamente, o filme não deixa de ser uma espécie de metáfora com relação aos reality shows, sendo que um misterioso DVD desse tipo de programa é tocado durante a história e fazendo a gente questionar sobre quem realmente está observando os protagonistas.

Revelada ao mundo por Steven Spielberg através de "Guerra dos Mundo" (2005), Dakota Fanning se sai bem ao interpretar uma protagonista que já enfrentava os seus demônios interiores através de um passado traumático e tendo que agora lidar com essa estranha situação que fará ela lutar pela sua própria vida e, quem sabe, obter a sua redenção. Já Olwen Fouéré cria para a sua personagem Madeline alguém que possui certa experiência com relação aquele mundo em que eles estão vivendo e fazendo a gente questionar sobre qual é o seu verdadeiro papel nisto tudo.  É aí que talvez se encontre o ponto negativo da obra como um todo.

Pelo fato de Madeline ser uma misteriosa personagem isso faz com que os desdobramentos do ato final acabem não sendo tão surpreendentes, por mais que Ishana Shyamalan, ou o seu pai, se esforcem na elaboração do clima de suspense. Aliás, o final me lembrou até mesmo desdobramentos do final da série "Lost", pois o filme toca na questão da figura do "duplo" e do qual o mesmo se torna uma espécie de cortina de fumaça para ocultar algo maior dentro da trama como um todo. O filme, portanto, transita entre as qualidades e seus defeitos e sendo talvez melhor apreciado em uma segunda revisão para dizer o mínimo.

Em "Os Observadores", Ishana Shyamalan procura seguir os passos de M. Night Shyamalan como cineasta, mas cabe a mesma procurar desvencilhar da sombra do seu pai, ou senão esse longa será a sua última participação por trás das câmeras. 

Onde Assistir: A partir de 25 de novembro de 2024 estará disponível na HBO Max.

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Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO PROGRAMAÇÃO 16 a 21 de julho de 2024

 DIVINE É ESTRELA DE ABERTURA DA MOSTRA A VINGANÇA DOS FILMES B

Na terça-feira, 16 de julho, às 19h30, a sessão de abertura da mostra A Vingança dos Filmes B exibirá o documentário Eu Sou Divine, de Jeffrey Schwarz, que narra a trajetória de Harris Glenn Milstead, artista mais conhecido como Divine, figura extravagante e imponente, peça central nas obras mais transgressoras de John Waters, e que se tornou ícone da cultura queer. O valor dos ingressos é R$ 10,00.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7374/eu-sou-divine/


VIGÍLIA PARANORMAL NO PROJETO RAROS

Na sexta-feira, 19 de julho, às 19h30, a mostra A Vingança dos Filmes B apresenta uma edição especial do Projeto Raros com “Vigília Paranormal” (1992), mockumentary de horror produzido pela BBC de Londres que gerou pânico na audiência ao ser exibido na televisão no Halloween de 1992. Entrada franca.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7398/projeto-raros-especial-vigilia-paranormal/


MALDITA MEIA-NOITE

No sábado, 20 de julho, às 23h59, a Cinemateca Capitólio recebe uma sessão dupla na Maldita Meia-Noite da mostra A Vingança dos Filmes B, com Pink Flamingos, de John Waters e Faster Pussycat! Kill! Kill! de Russ Meyer. O valor do ingresso é R$ 20,00.

A VENDA DE INGRESSOS PARA A SESSÃO COMEÇA NESTA TERÇA-FEIRA, 16 DE JULHO (nos horários da bilheteria da Cinemateca Capitólio, 30 minutos antes de cada sessão).


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7408/sessao-dupla-maldita-meia-noite-pink-flamingos-faster-pussycat-kill-kill/


GRADE DE HORÁRIOS

16 a 21 de julho de 2024


16 de julho (terça-feira)

15h – Nha Fala

17h – Veríssimo

19h30 – Eu Sou Divine


17 de julho (quarta-feira)

15h – A Sombra do Gato

17h – Aniversário Sangrento

19h – Polyester


18 de julho (quinta-feira)

15h – Mamãe é de Morte

17h – Os Felinos

19h – Viver Desesperado


19 de julho (sexta-feira)

15h – Força Diabólica

17h – Paixão Sinistra

19h30 – Projeto Raros: Vigília Paranormal


20 de julho (sábado)

15h – Mato Mato Mato – Canibal Filmes e as produções de ‘horor’ no Oeste de SC + curtas da Canibal Filmes


17h – Encruzilhadas do Caos + O Último Dragão

19h30 – Vegas in Space

21h – Problemas Femininos

23h59 – Pink Flamingos + Faster Pussycat! Kill Kill!  


21 de julho (domingo)

15h – Sabes o que Quero

17h – Hairspray - E Éramos Todos Jovens

19h – Arapuca + Amado Pai

domingo, 14 de julho de 2024

Cine Dica: "Belos Sonhos" do italiano Marco Bellocchio é o filme da próxima segunda, dia 15, no Cineclube Torres, às 20h.

  O filme integra o ciclo de filmes com enfoque em laços familiares na programação continuada da Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, na UP Idiomas.

Marco Bellocchio é um dos mais relevantes diretores italianos da atualidade e na sua filmografia as relações familiares e a religiosidade, junto com a política, são temas principais, muitas vezes abordados numa perspectiva psicanalítica.Em "Belos Sonhos" um conceituado jornalista (Valerio Mastandrea) é forçado a reviver o trauma familiar que marcou sua infância, quando precisa voltar em Turim para vender o apartamento dos pais.

O filme é baseado no romance autobiográfico homônimo de Massimo Gramellini, jornalista e vice-diretor de um histórico jornal italiano (Corriere della Sera), que virou um bestseller nacional, emocionando milhões de leitores. A tocante história, "que poderia se converter num dramalhão lacrimoso resulta num drama psicológico denso e consistente, nas mãos desse cineasta que extrai de seu elenco desempenhos que trazem à tona os sentimentos e sofrimentos mais fortes, sempre num tom contido. Às vezes, preso, sufocado." (Antonio Carlos Egypto, no site da ABRACCINE)

O filme, que ao longo da sua estória abrange várias décadas da história italiana, foi apresentado na Quinzaine des Réalisateurs do Festival de Cannes de 2016 e conta com a presença no papel do protagonista de Valerio Mastandrea, atualmente um dos mais conhecidos e premiados atores italianos, com várias dezenas de filmes no ativo.

A sessão, com entrada franca, integra o ciclo de julho da programação continuada realizada nas segundas feiras, na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.

Serviço:

O que: Exibição do filme “Belos Sonhos”, integrado no ciclo “Assuntos de Famílias”.

Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, na escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres

Quando: Segunda-feira, dia 15/07, às 20h.

Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).


Cineclube Torres

Associação sem fins lucrativos

Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva

Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus

CNPJ 15.324.175/0001-21

Registro ANCINE n. 33764

Produtor Cultural Estadual n. 4917

sexta-feira, 12 de julho de 2024

Cine Especial: Clube de Cinema - 'Duas Garotas Românticas'

 Nota: Filme exibido para os associados no último dia 06/07/24).

Sinopse: Em Rochefort, Delphine e Solange, duas irmãs gêmeas de 25 anos, radiantes e espirituosas, dão aulas de dança e música. Elas sonham em ir a Paris e aproveitam a oportunidade quando uma trupe de fora passa pela cidade.  

O cinema musical é um gênero que foi de grande sucesso dentro da história do cinema norte americano. Uns amam, outros odeiam, já que esses últimos não encontram uma lógica ao ver personagens da trama começarem a cantar em meio a uma situação em determinado ponto da história. O cinema musical nasceu em tempos em que hollywood buscava o entretenimento a todo custo para gerar lucro e esse gênero com certeza fez muitos rirem e se maravilharem com a fantasia que ficava encravada nas tramas como um todo.

Claro que sempre há uma decadência de determinados gêneros cinematográficos ao longo dos anos que vai passando e o musical não foi diferente. Quando o clássico "Cantando na Chuva" (1952) havia sido lançado esse tipo de filme já estava definhando, mas ganhando uma sobrevida através desse clássico que, curiosamente, falava sobre a transição do cinema mudo para o falado e sintetizando o fato que o gênero precisava se atualizar para os novos tempos. Talvez o maior triunfo dessa possível retomada tenha sido "A Noviça Rebelde" (1965), ganhador de vários prêmios, incluindo o de melhor filme.

Essa nova leva de musicais talvez tenha influenciado até mesmo outros países que não tinham exatamente o costume de abraçarem esse tipo de filme. Quando pensamos no cinema francês, por exemplo, logo nos lembramos do movimento "Nouvelle vague", onde jovens diretores decidiram sair com as suas câmeras para as ruas de Paris e criar um cinema mais cru, porém, mais poético e que revitalizasse o seu cinema como um todo. Porém, "Duas Garotas Românticas" (1967) foi um filme fora da curva desse movimento que estava começando a dar espaço para esse tipo de cinema mais espetacular, menos verdadeiro e mais colorido.

Dirigido por Jacques Demy, o filme conta a história de Delphine (Catherine Deneuve) e Solange (Françoise Dorléac) duas irmãs gêmeas de 25 anos que vivem em Rochefort, na França. Delphine é professora de dança, enquanto Solange ensina piano. Ambas sonham em encontrar um grande amor, assim como os rapazes que chegam à cidade e passam a frequentar o bar da família.

Verdade seja dita, o filme é pertencente somente a sua época, sendo que estamos falando dos anos sessenta, época em que a paz e a amor estavam em abundância, as cores coloridas esbanjavam o seu charme e as mulheres se entregando aos vestidos mais curtos e com os seus cabelos cheios com franjas. O filme possui toda essa estética da qual desapareceria posteriormente e, portanto, assisti-lo atualmente requer compreensão, mas não significa que não tenha sobrevivido ao longo da história. Assisti-lo é o mesmo que voltarmos no tempo onde havia algo mais inocente com relação a temas que vai desde ao amor para sonhos nunca alcançáveis.

As duas gêmeas da trama, por exemplo, por mais sonhadoras que sejam com relação ao amor, também não são ingênuas ao ponto de aceitarem qualquer proposta que venha bater em suas portas. Curiosamente, Catherine Deneuve e Françoise Dorléac estão ótimas em seus respectivos papeis de irmãs gêmeas, mesmo não sendo parecidas uma com a outra, mas nos convencendo graças ao ótimo desempenho de ambas. Visualmente, não me surpreenderia se o filme serviu de inspiração para Greta Gerwig criar o universo visto no seu filme "Barbie" (2024), sendo que a estética plástica e colorida é vista em abundância aqui.

O termo "plástico" eu dou mais para o cinema norte americano dos anos do "código Hays", sendo menos contestador, conservador e nos transmitindo um universo perfeito que é hoje bem questionável. Quando "Duas Garotas Românticas" foi lançado ainda eram tempos "pré-Maio de 68", sendo que revisto o filme hoje notasse que ele se encaixava com a proposta do governo francês da época, mais conservador, sonhador e menos questionar para dizer o mínimo. Não que o filme seja algo hipócrita, mas também sintetiza uma fantasia que não se via nas ruas.

Neste último caso vemos os personagens cantando e dançando pelas ruas de Rochefort, com momentos que remetem a fase de ouro do gênero dentro do cinema norte americano. Alguns personagens soam caricatos, como se estivessem ali como uma espécie de peça de tabuleiro de um jogo maior e onde há encontros e desencontros de pessoas sonhadoras, românticas e de corações partidos. Ao final, notasse uma solução plausível com relação aos dilemas de cada um dos personagens e fazendo com que seguissem os seus rumos independentes do que acontecesse.

"Duas Garotas Românticas" é um filme que remete aos tempos dourados do cinema norte americano, mas cuja a produção é francesa e que o torna algo mais interessante para ser observado e analisado mais de perto nos dias de hoje. 

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quinta-feira, 11 de julho de 2024

Cine Dica: Próximo Clube de Cinema - 'Ainda Temos o Amanhã'


Na nossa próxima sessão, exibiremos um dos destaques do "8½ Festa do Cinema Italiano Brasil": "Ainda Temos o Amanhã". Este foi o filme mais visto na Itália em 2023 e marca a estreia da atriz Paola Cortellesi na direção.


Confira as informações da sessão!


SESSÃO CLUBE DE CINEMA

Local: Espaço de Cinema, Sala 3, Bourbon Shopping Country

Data: 13/07/2024, sábado, às 10:15 da manhã


"Ainda Temos o Amanhã" (Cé Ancora Domani)

Itália, 2023, 118 min, 16 anos

Direção: Paola Cortellesi

Elenco: Paola Cortellesi, Valerio Mastandrea, Romana Maggiore Vergano

Sinopse: Em uma Roma pós-guerra dos anos 40, dividida entre o otimismo da libertação e as misérias, vive Delia, uma mulher dedicada, esposa de Ivano e mãe de três filhos. Esses são os papéis que a definem e ela está satisfeita com isso. Enquanto seu marido Ivano age como o chefe autoritário da família, Delia encontra consolo em sua amiga Marisa. A família se prepara para o noivado da filha mais velha, Marcella, que vê no casamento uma saída para uma vida melhor. No entanto, a chegada de uma carta misteriosa dá a Delia a coragem para questionar seu destino e de sua família e, talvez, encontrar sua própria liberdade. Entre segredos e reviravoltas, este drama emocionante explora o poder do amor e da escolha em tempos difíceis.

Contamos com sua presença, até lá!

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