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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 10 de maio de 2023

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - 'Jair Rodrigues: Deixa Que Digam'

Sinopse: O sorriso, a irreverência e a versatilidade transformaram Jair Rodrigues em um dos cantores mais importantes do Brasil. Jairzão - como era conhecido - deu vida a canções que ficaram marcadas no inconsciente popular e encheu de alegria a casa de milhões de brasileiros por décadas com suas aparições televisivas.

Quando eu penso nos anos oitenta eu me lembro que ouvia muitas músicas nas rádios que se tornaram bastante conhecidas, mas quase nunca me ligava com relação aos seus artistas. Porém, o cinema me ajudou a conhecer um pouco melhor esses ilustres que no passado encantavam as noites de muitas pessoas que ouviam uma boa música. "Jair Rodrigues: Deixa Que Digam" (2020) é um documentário que fala sobre um desses grandes talentos da nossa música brasileira que eu tinha pouco conhecimento, mas que felizmente o cinema veio para quebrar esse tabu que estava guardando.

Dirigido por Rubens Rewald, o  documentário "Jair Rodrigues: Deixa Que Digam" se dedica a explorar à trajetória artística e pessoal de Jair Rodrigues. Jair foi um músico e cantor brasileiro, considerado por muitos, um precursor do gênero que viria a ser conhecido como rap, por ter lançado, ainda nos anos 1960, o samba "Deixa isso pra lá", com versos mais falados do que cantados. Suas performances também foram popularizadas graças à sua coreografia com as mãos. O filme aborda a construção de seu estilo único. Desde os primeiros passos no samba, até a consagração por "Disparada", o filme também explora a relação do artista com a política nacional. Jair Rodrigues faleceu em 2014.

Mesmo para os leigos que forem assistir sem ao menos conhecer quem foi o cantor acaba saindo da sessão formado, pois o documentário possui todos os igredientes para conhecermos o artista de cabo a rabo. O roteiro de Rodolfo C. Moreno e Rubens Rewald, a montagem de Alexandre Dias, Guta Pacheco e Willem Dias, a pesquisa também de Rodolfo, ao lado de Fernanda e a própria direção novamente de Rewald conseguem trazer às telas o efeito sobre quem foi  Jair Rodrigues. Pode-se dizer que o cantor foi uma espécie de prelúdio do que viria a se tornar o rap no Brasil, pois os seus trejeitos e suas letras nos seus primeiros anos de sucesso representam muito bem isso.

O trabalho perfeccionista da equipe de pesquisa revela esses momentos quadro a quadro, revelando não somente os principais obras de sucesso do artista, como também a sua real pessoa no dia a dia. Ser cantor negro saindo da Era do Rádio e entrando na Era dos Festivais era mostrar diversas misturas e do qual o compositor sabia caminhar entre elas. Não se enveredou para nenhum lado político, pois talvez as suas músicas já falavam disso um pouco, principalmente com relação aquelas que falavam sobre a vida sofrida das pessoas pouco afortunadas ao longo do percurso.

A lógica é clara, os materiais de arquivo servem para apoiar determinadas falas de pessoas que conviveram e trabalharam com o cantor. Quando o próprio entra em cena, o talento enche cada canto da tela e não há mais o que ser explicado sobre a sua pessoa. Com exceção de seu filho, que performa falas do pai, pois essas  cenas funcionam melhor na prática que na teoria. Jair Oliveira, o filho, consegue nos passar de maneira tão orgânica parte das narrativas, que por um momento me parecia que pai e filho estavam se fundindo em um único corpo em um determinado momento.

A versatilidade dele também se destaca, seja pelas interpretações de "Disparada"ou "Deixa Isso Pra Lá", e tantas outras canções. "Deixa que Digam" focam na potência rara. E como temos um filme musical, e Jair ainda faz parecer fácil cantar tantos estilos.As performances em diversos momentos, do festival de música em 1966, a apresentações contemporâneas, o roteiro pouco perde seu estilo, de mostrar como ele era um artista não só completo, mas com personalidade exacerbada, o seu comportamento tão único em cima de um palco.

As parcerias ao longo da vida também possuem seu momento, principalmente a parceria com Elis Regina, a única parte mais contemplativa do longa, deixa o espectador sentir a presença de Jair e mais alguém, com fluidez, privilegiando as músicas. Não há como negar que esse momento é extremamente tocante, como se fosse uma espécie de previsão do que viria a seguir com relação ao destino do artista e que deixou muitos na época de corações partidos ao meio devido a sua partida. Um final em que fará muitos fãs da velha guarda ficarem com os olhos cheio de lagrimas e que com certeza fará essa nova geração conhecer o peso desse grande artista.

"Jair Rodrigues: Deixa Que Digam" convida os fãs a revisitarem o seu ídolo dos tempos da era de ouro, mas também dá boas vindas para essa nova geração que mal sabe o que é os bons tempos das musicas que eram compostas e cantadas por verdadeiros verdadeiros. 


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 11 a 17 DE MAIO

 ESTREIAS:

O HOMEM CORDIAL

Brasil/ drama/ 2022/84min

Direção:

Classificação indicativa: 14 anos

Sinopse: Aurélio é vocalista de uma famosa banda de rock que fez muito sucesso até o final dos anos 90. Na noite de retorno de sua banda aos palcos, viraliza na internet um vídeo que o envolve na morte de um policial militar. Ninguém sabe o que de fato aconteceu, mas o astro passa a ser alvo de grupos radicais. Aurélio, então, se vê inserido em uma tensa e violenta jornada pelas ruas de São Paulo. Durante uma única noite, encontrará figuras importantes de sua carreira e Helena, uma jovem jornalista determinada a descobrir o que realmente aconteceu.

Elenco: Paulo Miklos, Thaíde, Dandara de Morais, Thalles Cabral, Theo Werneck, Fernanda Rocha, Bruno Torres, Murilo Grossi, Mauro Shames, Felipe Kenji, Tamirys O’Hanna e André Deca  


A CIDADE DOS ABISMOS

Brasil/ Drama/ 2121/97min

Direção: Priscyla Bettim,Renato Coelho

Sinopse: Em uma fatídica noite de véspera de Natal, Glória, Maya, Bia e Kakule se encontram num bar no centro da cidade de São Paulo. Em meio a solidões, conexões e desconexões, Maya é assassinada. Um inexorável anseio por justiça perpassa o destino dos personagens, que se unem saltando em direção ao abismo.

Elenco: Veronica Valenttino,Carolina Castanho,Guylain Mukendi


EM CARTAZ:


BEM-VINDA VIOLETA

Brasil/ Drama/ 107min

Classificação indicativa: 14 anos

Direção: Fernando Fraiha

Sinopse:Ana (Débora Falabella) é uma escritora que, ansiosa em busca de inspiração para escrever "Violeta", seu próximo romance, ingressa em um conhecido laboratório literário na Cordilheira dos Andes. Nessa viagem, ela se envolve com Holden (Darío Grandinetti), criador de um método no qual os escritores abandonam suas próprias vidas para viverem como seus personagens. O líder carismático cativa a escritora e Ana mergulha em uma intensa investigação artística, vivendo, segundo o método orienta, como sua personagem Violeta - até que a ficção sai do controle. O longa é inspirado no romance “Cordilheira", de Daniel Galera.

Elenco: Débora Falabella,Dario Grandinetti,Germán De Silva

HORÁRIOS DE 11 a 17 DE MAIO(não há sessões nas segundas-feiras):


15h: A CIDADE DOS ABISMOS

17h: BEM-VINDA VIOLETA

19h: O HOMEM CORDIAL


Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00.Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.

CINEBANCÁRIOS :Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405/Email:cinebancarios@sindbancarios.org.br

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - 'O Colibri'

 Nota: Filme exibido para os associados em 07/05/2023 

Sinopse: Adaptação do romance homônimo de Sandro Veronesi, o filme segue a jornada de Marco Carrera, mais conhecido como Colibri. Sua vida, como a de muitas pessoas, é marcada por grandes desafios e adversidades, conquistas e paixões. A história é contada por meio de memórias que conduzem o espectador de um período para outro, num tempo que vai do início dos anos 1970 ao futuro próximo.  

Francesca Archibugi é uma diretora italiana que toca em assuntos delicados, desde desarmonizarão familiar, depressão e de como escolher da melhor maneira em se despedir da vida. Em "Ella e John" (2018), por exemplo, vemos um casal de longa vida que decidem fazer uma última viagem para, enfim, tomar uma decisão drástica."O Colibri" (2023) prossegue com essa ousadia da cineasta, ao alinhar questões sobre a vida, morte e o universo familiar que quase sempre se encontra em atritos infinitos.

Baseado no romance de Sandro Veronesi, o filme segue a vida de um homem da década de 1970 até o futuro próximo e as inúmeras relações que cruzaram seu caminho ao longo do tempo. O Início dos anos 1970. Foi à beira-mar que Marco Carrera conheceu Luisa Lattes, uma moça bonita e um tanto peculiar. É um amor que nunca será consumado, mas nunca será extinto. A vida de casado de Marco acontecerá em Roma, com Marina e sua filha Adele. Nas garras de um destino sinistro que o submete a terríveis provações, Marco se encontra em Florença.

Francesca Archibugi testa a nossa atenção já na abertura do filme, quando presenciamos diversas situações de duas ou três famílias, quando na realidade elas formam uma única. Estamos diante de uma trama não linear, onde a linha temporal vem e volta para o passado, presente e fazendo com que nos obrigue em termos uma atenção redobrada para não perdermos o fio da meada. Para melhor compreensão é preciso focar somente em único personagem que é Marco, mesmo sendo interpretado por três atores, mas que no principio agente o identifica através do uso dos seus óculos.

Uma vez que a gente fisga a proposta principal da trama logo acabamos seguindo Marco em sua jornada pessoal e familiar, que vai desde amores não correspondidos, como também os mistérios que envolve a vida e sobre perdas muito próximas. Na abertura, por exemplo, testemunhamos um suicídio e que somente mais adiante ficaremos sabendo das suas consequências e como afetaria a maioria daquela família.

O filme como um todo não funciona somente pelo modo de contar a sua trama de forma temporal, como também graças ao desempenho do ator Pierfrancesco Favino como Marco. Através do Clube de Cinema de Porto Alegre eu conheci esse talento através de filmes como "Irmãos a Italiana (2021) e mais recentemente "O Traidor" (2022). Porém, aqui ele obtém o seu melhor desempenho da carreira, ao construir um personagem que transita entre a paixão, razão e o desespero ao testemunhar determinadas perdas, mas sempre encontrando forças para continuar em frente, principalmente por ainda existir alguém dentro de sua família que precisará dele.

O filme possui até mesmo algumas pitadas de humor ácido, principalmente no que envolve uma situação inusitada que ocorre em um avião e posteriormente em uma mansão onde acontece um grande jogo de pôker. Vale salientar que o filme obtém ainda mais pontos com relação a reconstituição de diversas épocas, sendo que a fotografia dos anos oitenta, por exemplo, sintetiza tempos mais dourados, enquanto a reconstituição de tempos recentes as cores se tornam cada vez mais pálidas, como se o protagonista segue em sua reta final para vida. Antes disso há revelações surpreendentes, redenções a serem consumadas e pedidos de perdão para serem aceitos independente do que aconteça.

A reta final entra em um território delicado que é com relação sobre o fato de como a vida passa de forma rápida, principalmente para algumas pessoas que partem de uma forma precoce. Porém, a vida pode ser também breve para aqueles de idade avançada, mas o que conta é se ela foi bem vivida e cabe a própria pessoa escolher como terminá-la. Não é das escolhas mais fáceis, mas é algo para ser testemunhado e que serve para posteriormente ser usado como debate em uma roda de amigos.

"O Colibri" é sobre a cruzada de um único individuo, mas que envolve diversos personagens todos interligados e história temporal e que obtém o nosso desejo em querer compreendê-la de todo modo. 

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segunda-feira, 8 de maio de 2023

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 9 a 14 de maio de 2023

PINK FLOYD – THE WALL 

MELISSA DULLIUS DEBATE ORÁCULO

A Cinemateca Capitólio apresenta na sexta-feira, 12 de maio, às 19h30, uma sessão especial de Oráculo, novo longa-metragem do duo Distruktur, composto por Melissa Dullius e Gustavo Jahn. A diretora participa de um debate após a exibição. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/6210/oraculo-debate-com-melissa-dullius/


SEGUNDA SEMANA PARA VER SAURA

A mostra Carlos Saura: Goya de Honra segue em exibição até o dia 14 de maio. A programação é uma realização do Instituto Cervantes de Porto Alegre, com apoio da Academia de Cine e do Ministerio de Asuntos Exteriores, Unión Europea y Cooperación. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6212/carlos-saura/


PINK FLOYD – THE WALL EM EXIBIÇÃO

Em sintonia com o evento CineFloyd, a Cinemateca Capitólio apresenta três sessões especiais do filme Pink Floyd - The Wall, de Alan Parker, nos dias 9 (19h), 10 (17h) e 14 (17h) de maio. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/6245/pink-floyd-the-wall/


GRADE DE HORÁRIOS

9 a 14 de maio de 2023


9 de maio (terça-feira)

15h – Mamãe Faz 100 Anos

17h – Cria Corvos

19h – Pink Floyd – The Wall


10 de maio (quarta-feira)

15h – Elisa, Vida Minha

17h – Pink Floyd – The Wall

19h – Goya


11 de maio (quinta-feira)

15h – Cria Corvos

17h – Elisa, Vida Minha

19h – Aquece Noite dos Museus


12 de maio (sexta-feira)

15h – Goya

17h – Mamãe Faz 100 Anos

19h30 – Oráculo + debate


13 de maio (sábado)

17h – CineFloyd (ingressos esgotados)

19h – CineFloyd (ingressos esgotados)


14 de maio (domingo)

17h – Pink Floyd – The Wall

19h – Cria Corvos

Cine Especial: Próxima Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre - 'O Inventor da Mocidade'

 Segue a programação do Clube de Cinema nesta terça-feira.

CICLO COMÉDIA ROMÂNTICA


Sessão comentada Clube de Cinema

ENTRADA FRANCA

Local: Sala Redenção, Campus Central da UFRGS

Data: 09/05/2023, terça-feira, às 19:00 horas


"O Inventor da Mocidade" (Monkey Business)

EUA, 1952, 97 min, legendado, 12 anos

Direção: Howard Hawks

Elenco: Cary Grant, Ginger Rogers, Marilyn Monroe, Charles Coburn

Sinopse: Um professor e sua mulher desenvolvem uma pílula que retarda o processo de envelhecimento. Eles testam a droga em si mesmos e o efeito é inesperado: começam a agir como adolescentes inconsequentes e aprontam muitas confusões.


Sobre o filme:

Howard Hawks não possuia exatamente uma visão autoral na realização dos seus filmes, mas é peciso reconhecer que ele movimentou o cinema norte americano na medida em que ele abracava determinado gênero. O seu "Scarface, a Vergonha de uma Nação" (1932),  foi um filme que, infelizmente, foi um dos responsáveis para a criação do O código Hays, fazendo com que o diretor decidisse se enveredar para outros gêneros como a comédia e realizando, por exemplo, "Levada da Breca" (1938). Em "O Inventor da Mocidade" (1952) ele turbina o termo "comédia" para o puro pastelão e onde os personagens se envolvem em uma montanha russa sem freios do começo ao final dela.

Barnaby Fulton (Cary Grant) é casado com Edwina (Ginger Rogers) e é um cientista obcecado em descobrir uma fórmula de rejuvenescimento. O projeto é acompanhado com atenção por Oliver Oxley (Charles Coburn), seu chefe, que prevê lucros imensos caso o produto funcione. Barnaby realiza testes com alguns Chimpanzés que mantêm em seu laboratório, sem sucesso até o momento. Um deles consegue escapar de sua jaula e mistura aleatoriamente os produtos químicos da bancada de Barnaby, jogando a fórmula no bebedouro local. Ao chegar Barnaby faz uma pequena alteração na fórmula em que trabalhava e, logo em seguida, bebe um copo d'água. A partir de então ele se sente cada vez melhor, passando a fazer brincadeiras com todos à sua volta e deixando o laboratório para se divertir. Para encontrá-lo Oxley envia Lois Laurel (Marilyn Monroe), sua bela secretária, que tem uma queda por Barnaby.

Na abertura do filme o diretor já nos deixa bastante claro para não levarmos a sério em nenhum momento a trama que virá em seguida. Sempre há erros de gravação ao longo do percurso para a realização de um filme, mas acredito que quando Cary Grant abre a porta antes do previsto o diretor deve ter gostado tanto que ele decidiu manter em sua abertura. Claro que nos dá aquela sensação da quebra da quarta parede, mas também é uma dica para não exigirmos nada do filme além de altas doses de humor pastelão. Mas é exatamente isso o que acontece, porém, de maneiras mais imprevisíveis e surreais possíveis.

Para começo de conversa, eu nunca achei Cary Grant exatamente um bom ator, mesmo tendo atuado em grandes clássicos como "Intriga Internacional" (1959). Porém, é preciso reconhecer que ele está mais do que a vontade ao interpretar um cientista meio distraído e com óculos que mais parecem que saíram do fundo de uma garrafa. Não me surpreenderia, por exemplo, se o seu personagem serviu de inspiração para que Jerry Lewis criasse o seu "O Professor Aloprado" (1966).

Howard Hawks também tem a proeza de sempre criar algo em cena para manter a nossa atenção, mesmo com a não presença de humanos e dando destaque aos  Chimpanzés dentro da trama. É nesse momento que ficamos de boca aberta, pois o Chimpanzé visto na tela parece ter consciência sobre o que está fazendo, ao misturar os produtos químicos e coloca-los no bebedouro. O seu sorriso, por exemplo, nos deixa claro que ele quer aprontar e despertando em nós facilmente a nossa rizada.

A partir daí o filme se torna uma verdadeira montanha russa de humor desenfreado, com o direito de termos um Cary Grant agindo como um jovem rapaz e fazendo todas as loucuras ao lado da secretária interpretada por  Marilyn Monroe. Curiosamente, não deixa de ser espetacular as cenas em que ambos se encontram correndo nas avenidas da cidade, com direito de quase sofrerem um acidente espetacular e não devendo nada aos filmes de ação. Bons tempos em que se fazia os filmes com a mão na massa e não deixando somente com o CGI como se faz hoje em dia.

O ato final nos reserva momentos em que tudo é jogado para o alto, principalmente pelo fato da personagem de Ginger Rogers também beber a fórmula e se transformar em uma verdadeira pirralha. Daqui em diante tudo perde a sua lógica, devido aos desencontros, Cary Grant brincando de índio com crianças e sendo confundido com um bebê na reta final da história. Em meio a tudo isso, temos uma Marilyn Monroe perdida sobre tudo o que está acontecendo, mas cuja a sua personagem serviria de modelo para a construção de sua carreira e entrando, enfim, para a história.

"O Inventor da Mocidade" é aquele clássico pastelão ingênuo em que você precisa desligar o seu cérebro para se divertir perante aos diversos absurdos que acontece na tela e cujo o humor inocente nos conquista. 


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sexta-feira, 5 de maio de 2023

Cine Especial: 'A Guerra dos Mundos - 70 Anos Depois'

"A Guerra dos Mundos" original é o suprassumo dos clássicos de ficção científica. Baseado no livro de H.G. Wells escrito em 1898, ganhador do Oscar de efeitos especiais e indicado a outros dois, este é sem dúvida o mais importante filme sobre invasão alienígena já feito até hoje. O produtor George Paul, com a colaboração de Cecil B. DeMille como produtor executivo não creditado, e o diretor Byron Haskin trazem a história assustadora sobre a invasão marciana em nosso planeta. Com suas terríveis naves espaciais em formato de cisne, que misturam beleza e medo, em uma sinfonia de destruição de escala sem precedentes no cinema, "A Guerra dos Mundos" é responsável por definir diversos padrões e clichês utilizados nos filmes de ficção científica até os dias de hoje.

E apesar de ser datado e do visual dos alienígenas serem bastante toscos e até cômicos, "A Guerra dos Mundos" não é um filme que envelheceu tão mal quanto tantos outros produzidos na mesma época. As naves, criadas por Gordon Jennings, continuam sendo obras fantásticas, hoje de um design vintage, e as cores vivas em Technicolor ajudam muito também o fato do longa ter se tornado uma obra imortal.

A história se transporta da Londres que H.G. Wells publicou nas páginas de seu livro para a Califórnia, abrindo com uma belíssima narração de Sir Cedric Hardwicke, já plantando as primeiras sementes do pavor nos espectadores, contando sobre a ganância do povo marciano em conquistar um novo planeta para si, e durante muito tempo ficaram em silêncio apenas observando a terra e nos estudando, para nos atacar indefesos e sem a menor chance de sobrevivência para a raça humana. Em uma noite qualquer, o primeiro meteoro que camufla as naves destruidoras chega à terra para dar início a uma invasão de escala global.

O Dr. Clayton Forrester (interpretado por Gene Barry, o Bat Masterson da série de TV) é o mocinho do filme, um cientista brilhante que junto com a doce Sylvia Van Buren, precisa ajudar o exército americano e outros cientistas a tentarem encontrar uma forma de impedir a invasão alienígena e o extermínio humano em massa. Só que nenhuma arma terrena é capaz de sequer fazer cosquinha na poderosa frota extraterrestre. Nem mesmo a temida bomba atômica surte efeito após ser lançada contra as naves. Fora que o poderio militar marciano é infinitamente superior ao nosso, com suas rajadas capazes de desintegrar pessoas e objetos e seus devastadores raios que explodem tanques e cidades.

Dois momentos chaves para mim representam distintos sentimentos de terror nesse filme, que me levaram a coloca-lo nesta lista (além do fato de ser uma história de invasão alienígena, poxa vida). O primeiro é sem dúvida a aterradora sequência onde as naves atacam a fazenda onde o Dr. Forrester e Sylvia estão escondidos, e os alienígenas começam uma caçada humana, procurando-os pelos escombros. É um clima de tensão crescente, de arrepiar os pelos da nuca, enquanto sorrateiramente um alienígena entra no local para tentar encontrá-los. Como se não fosse o bastante, é a primeira vez que vemos as criaturas fora da nave, com sua pele avermelhada, longos braços com ventosas e seus olhos de três cores que esquadrinham todo o local a procura de humanos para destruir.

O segundo momento é quando as naves estão destruindo Los Angeles e se forma um caos imensurável, com a população saqueando lojas e casas, e dando o menor valor para a vida do próximo, procurando apenas garantir a sua sobrevivência, atacando todo e qualquer civil ou militar que possua um veículo. Isso pode ter condenado toda a humanidade, quando os equipamentos criados pelos cientistas como última esperança para conter a invasão, são destruídos pela turba enfurecida e irracional. O Dr. Forrester então, desesperado, atravessa a cidade em ruínas enquanto os visitantes de Marte engendram a destruição final, procurando por Sylvia em todas as igrejas da cidade.

Aí infelizmente é enfiada em nossa goela abaixo uma ladainha religiosa, com todos orando, ou rezando por suas vidas, para que Deus misericordioso acabe com a guerra (outro subterfúgio religioso fora usado anteriormente na figura do pastor Matthew Collings, tio de Sylvia, quando ele diz que quer fazer contato com os marcianos porque se eles são mais evoluídos que nós, estão mais próximos do Criador. Por isso leva um raio desintegrador na fuça). Quando rezar é a última salvação, a prece é atendida quando misteriosamente as naves perdem sua força e se estatelam no chão. Um moribundo marciano tenta sair do seu interior esticando seu longo braço com três dedos em forma de ventosas, mas acaba morrendo, vítima das bactérias existentes no ar, as quais somos imunes, mas que se mostraram mortais para os alienígenas depois de um tempo em nossa atmosfera. Ou como disse meu saudoso pai para me explicar quando criança a derrota dos extraterrestres: “eles morreram de gripe”.

E claro que não se pode falar em "A Guerra dos Mundos" sem lembrar de Orson Welles e de sua famosíssima transmissão radiofônica de Halloween em 30 de outubro de 1938, quando o programa Merucry Theatre in the Air, da CBS, levou ao ar a dramatização do livro de H.G. Wellse, e espalhou um surto de histeria em massa pelos Estados Unidos. Com a narração de Wells, ele contou em detalhes vívidos a invasão alienígena começando por Nova Jersey e os ouvintes, que não prestaram atenção nos avisos da rádio que alertava para o caráter ficcional da transmissão, entraram em pânico achando que aquilo tudo era verdade e começaram a ligar para a rádio, estações de TV, jornais, polícia e tudo mais, para relatar a invasão e solicitar mais informações sobre o ataque de mentira. Dá para ouvir a transmissão original aqui.

E vale terminar o texto espinafrando a refilmagem de Steven Spielberg lançada em 2005, com o canastra Tom Cruise no papel principal. Preocupado em mostrar a mais cruel das invasões, investindo milhões nos espetaculares efeitos especiais dos alienígenas e seus terríveis Tripods (como no livro original de Wells), o diretor entrega um filme regular, canhestro, com atuações péssimas e um desenvolvimento dramático raso e desinteressante. Isso sem contar aquele final à La Spielberg que é de dar nojo. Vi nos cinemas e detestei do fundo da minha alma. "A Guerra dos Mundos" original, de 1953, continua sendo imbatível.


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Cine Dica: Próximas Sessões Do Clube de Cinema de Porto Alegre

Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana.

SESSÃO DE SÁBADO CLUBE DE CINEMA


Local: Espaço de Cinema, Bourbon Shopping Country

Data: 06/05/2023, sábado, às 10:15 da manhã


"Jair Rodrigues - Deixa que Digam"

Brasil, 2020, 90 min, 10 anos

Direção: Rubens Rewald

Elenco: Hermeto Pascoal, Jair Oliveira, Jairo Rodrigues, Lady Lu, Luciana Mello

Sinopse: A trajetória musical de Jair Rodrigues (1939 – 2014) é revista por meio de imagens que marcaram a música brasileira, como a parceria com Elis Regina no programa “O Fino da Bossa” nos anos 1960 ou a interpretação da vitoriosa “Disparada”, no Festival da TV Record. Mas é nos depoimentos de amigos e familiares que se revela a alma deste paulista sorridente, que trabalhou na roça até os 10 anos, foi alfaiate e engraxate e soube marcar posição como artista nos anos da ditadura militar.

* * * * * 

SESSÃO DE DOMINGO CLUBE DE CINEMA 

Local: Sala Norberto Lubisco, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana

Data: 07/05/2023, domingo, às 10:15 da manhã


"O Colibri" (Il Colibri)

Itália, 2023, 125 min, 14 anos

Direção: Francesca Archibugi

Elenco: Pierfrancesco Favino, Kasia Smutniak, Bérénice Bejo

Sinopse: Adaptação do romance homônimo de Sandro Veronesi, o filme segue a jornada de Marco Carrera, mais conhecido como Colibri. Sua vida, como a de muitas pessoas, é marcada por grandes desafios e adversidades, conquistas e paixões. A história é contada por meio de memórias que conduzem o espectador de um período para outro, num tempo que vai do início dos anos 1970 ao futuro próximo. 



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