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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 27 de abril de 2022

Cine Dica: Streaming: 'No Matarás'

Sinopse: Um homem de boa índole tem um inesperado confronto mortal. Os instintos entram em ação para limpar a bagunça causada em nome da autodefesa, mas é realmente possível se livrar depois de matar alguém? 

O cultuado "Vidas em Jogo" (1997) de David Fincher procura desconstruir a vida do protagonista através de um jogo, como se o mesmo caísse na toca do coelho de "Alice no País das Maravilhas" e para assim desvencilhar de sua vida monótona. Porém, nem todos estão preparados para atravessar o espelho como visto no clássico "Matrix" (1999), principalmente quando a pessoa em si sempre teve uma vida pacata e que sempre evitou de evitar problemas na vida. "No Matarás" (2020) procura explorar a vida desse cidadão comum a partir do momento em que ele é arrancado de sua zona de conforte e adentrando em um redemoinho de eventos dos quais irão joga-lo ao inferno.

Dirigido por David Victori, o filme conta a história de Dani (Mario Casas), um cidadão comum que passou anos cuidando do seu pai doente. Após a morte desse último, ele e sua irmã decidem o que fazer da vida, desde viajar ou conviver com uma vida pacata. Porém, ao conhecer uma estranha garota chamada Mila (Milena Smit) Dani mal sabe aonde até onde está se metendo e transformando a sua noite em uma verdadeira montanha russa dos infernos.

Já na abertura, o diretor David Victori procura jamais tirar o foco no seu protagonista, ao ponto de sua câmera quase sempre estar atrás de Dani e fazendo com que as cenas representem a nossa visão, como se estivéssemos atrás dele a todo momento. Isso me fez lembrar muito o filme húngaro "O filho de Saul" (2015), já que ambas as situações o plano-sequência nos cria uma situação de expectativa, como se a qualquer momento algo de ruim pudesse acontecer ao protagonista. lógico que isso acontecerá, mas até lá ingredientes moldam a trama para que a gente fique na dúvida.

Quando surge Mila, por exemplo, acreditamos que ela seja a peça que faltava para vida de Dani, mesmo ela sendo apresentada como uma pessoa desgarrada de uma vida cheia de regras. Porém, na medida em que Dani, mesmo que temeroso, vai aceitando o convite da garota, a câmera novamente se torna frenética, cujo o plano-sequência se torna cada vez mais sufocante e fazendo a gente temer por ele. Aliás, é notório que até a fotografia vai mudando gradativamente, cujo os neons coloridos refletem a realidade em que Dani vai adentrando, como se a sua realidade de cores claras e limpas começassem a sumir de imediato.

Curiosamente, o sexo visto na tela é uma espécie de catalizador para que ambos os personagens abram o caixa de Pandora e para que assim o inferno seja jogado na tela. Se antes a montagem das cenas já era frenética, a partir desse momento tudo entra no descontrole, ao ponto de vermos o protagonista em um determinado momento de ponta a cabeça e representando a situação em que ele acabou se metendo. Se tem, portanto, uma corrida contra o tempo, mas dando tudo a entender que dará tudo errado para o nosso ex bom moço.

Vale salientar, que o filme toca muito na questão de o cidadão comum ter de enfrentar a selva de pedra do dia a dia, ao ponto que chegará uma hora que os seus instintos primitivos terão que vir a tona. E é exatamente isso que acontece com Dani, de uma pessoa comum de bem com a vida, para uma pessoa quase selvagem em meio ao desespero e usando todos os métodos para sair dessa vivo. Os desdobramentos da trama são tantos que os poucos momentos de quietude que o protagonista obtém acabam se tornando um alívio em meio a tantos percalços.

O filme procura não julgar as ações de Dani, já que nos identificamos com ele a tal ponto que desejamos que ele se livre da situação em que ele se meteu, mesmo quando ele pratica situações controvérsias pela sobrevivência. O final pode até ser controverso, mas se casando com a proposta principal da obra, pois ao longo da projeção ficávamos nos perguntando qual seria o próximo passo Dani e suas consequências como um todo.

"No Matarás" é sobre o instinto primitivo aflorando no cidadão comum do presente para que o mesmo possa sobreviver em uma realidade selvagem.  

Onde Assistir: Prime Vídeo 

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DA SEMANA DE 28 DE ABRIL A 4 DE MAIO (CINEMATECA PAULO AMORIM)

 SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES

DRIVE MY CAR 


SALA 1 / PAULO AMORIM


15h – MATEÍNA – A ERVA PERDIDA Assista o trailer aqui.

(Uruguai/Brasil/Argentina, 2021, 80min). Direção de Joaquín Peñagaricano e Pablo Abdala Richero, com Federico Silveira, Martín Sacco e Diego Licio. Lança Filmes, 12 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Num futuro próximo, a erva-mate está proibida para consumo no Uruguai. Dispostos a lucrar com o episódio, dois vendedores ilegais iniciam uma jornada rumo ao Paraguai para contrabandear o insumo. Durante a viagem, transformam-se em heróis por acaso — e tentam devolver ao povo sua identidade perdida. Prêmio de melhor filme no Festival de Cinema da Fronteira em 2021.  


17h – DRIVE MY CAR (NÃO HAVERÁ EXIBIÇÃO NA QUINTA-FEIRA, DIA 28) Assista o trailer aqui.

(Doraibu mai ka - Japão, 2021, 180min). Direção de Ryusuke Hamaguchi, com Hidetoshi Nishijima, Masaki Okada, Tôko Miura. O2 Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Dúvidas e inquietações rondam o diretor e dramaturgo Kafuku, que se dedica à uma montagem do clássico "Tio Vanya", de Tchekov. Ele tem uma relação de muitos anos com a roteirista Oto e, quando ela morre, Kafuku ainda tenta desvendar os segredos de sua vida. Tudo isso ele leva consigo quando é convidado a montar a peça na cidade de Hiroshima - agora, diante de um elenco eclético e de uma motorista pouco flexível, Kafuku precisa encontrar as respostas que sempre buscou. Adaptado de um conto de Haruki Murakami, o longa venceu o Oscar de filme internacional e também foi indicado nas categorias de melhor filme, roteiro adaptado e direção.


PROGRAMAÇÃO DE 3 A 4 DE MAIO DE 2022

SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


14h30 – TRE PIANI  Assista o trailer aqui.

(Itália/França, 2021, 120min). Direção de Nanni Moretti, com Alba Rohrwacher, Nanni Moretti, Riccardo Scamarcio, Margherita Buy. Imovision, 12 anos. Comédia dramática.

Sinopse: O cotidiano de três famílias - todas vizinhas - é marcado por alguns acontecimentos trágicos, embora comuns: um atropelamento, uma suspeita de abuso, uma doença grave. À medida em que estes fatos se cruzam, os personagens vão revelando suas dificuldades em tomar decisões, enfrentar seus medos ou mesmo de ter uma convivência harmoniosa.


16h45 – VITALINA VARELA *ESTREIA* Assista o trailer aqui.

(Portugal, 2021, 124min). Direção de Pedro Costa, com Vitalina Varela. Zeta Filmes, 12 anos. Drama.

Sinopse: Aos 55 anos, Vitalina Varela sai de Cabo Verde em direção à capital portuguesa para receber o corpo do marido. Há muito tempo que ela esperava por esta viagem a Lisboa e, agora, só lhe resta saber o que o falecido planejava. A relação colonialista entre Portugal e Cabo Verde serve de pano de fundo para a produção, amparada em enquadramentos bem estudados e na valorização das sombras. Prêmios de melhor filme e atriz no Festival de Locarno em 2020.


19h – COMO MATAR A BESTA *ESTREIA* Assista o trailer aqui.

(Matar a la Bestia - Brasil/Argentina/Chile, 2021, 90min). Direção de Agustina San Martin, com Ana Brun e João Miguel. Sessão Vitrine, 14 anos. Drama.

Sinopse: Aos 17 anos, Emilia desembarca numa cidade da fronteira entre Brasil e Argentina buscando o irmão desaparecido e esperando se reconectar com a família distante. Antes de chegar no hostel de sua tia Ines, os locais avisam a garota – natural de Buenos Aires - que as fronteiras são apenas linhas no mapa e que há uma besta à solta na região, procurando por vítimas.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores têm direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional.

Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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terça-feira, 26 de abril de 2022

Cine Dica: Streaming: 'Pequena Mamãe'

Sinopse: Nelly acaba de perder sua avó e está ajudando seus pais a limpar a casa em que sua mãe passou a infância. Ela explora a casa e o bosque ali perto, onde encontra uma menina da sua idade construindo uma casa na árvore. 

Sempre imaginávamos como seria os nossos pais quando tínhamos a idade de criança, ao ponto de desejarmos voltar ao passado e testemunharmos isso bem de perto. Na clássica trilogia "De Volta Para o Futuro", por exemplo, os realizadores foram criativos na criação da história, pois ela nos causa uma sensação de nostalgia, pois remete a forma como nós sentíamos quando imaginávamos o passado dos nossos pais. "Pequena Mamãe" (2021) segue com uma proposta similar, porém, de uma forma singela, simples e ao mesmo tempo surpreendente.

Dirigido por Céline Sciamma, a mesma de "Um Retrato de Uma Jovem em Chamas" (2020), o filme conta a história de Nelly (Joséphine Sanz) que após perder a sua avó ela conhece a casa onde a sua mãe cresceu e morou por muitos anos.  Chegando lá, ela explora o local enquanto seus pais arrumam a casa. No bosque onde sua mãe, Marion (Nina Meurisse), costumava brincar e construiu uma casa na árvore sobre a qual ela ouviu muitas histórias, Nelly conhece uma garota de sua idade construindo uma cabana. Surpreendentemente, o nome da criança é Marion (Gabrielle Sanz). As duas meninas, com a mesma idade, e extremamente parecidas, se tornam melhores amigas, construindo uma tenda juntas.

Assim como "Um Retrato de Uma Jovem em Chamas", Céline Sciamma procura criar a sua história através do seu modo de filmar, onde a suas cenas falam mais sobre a trama em si do que meras palavras. Belo exemplo disso é na cena de abertura, onde Nelly vai pouco a pouco se despedindo de pessoas de idade avançada em uma casa de repouso, para logo a seguir nos darmos conta de que a sua avó havia a pouco tempo perecido. Isso não é explicitado, mas sim apenas representado por pequenos gestos dos personagens assim como determinados objetos, como no caso, por exemplo, de uma bengala e que iremos revê-la na medida em que a trama avança.

Já o cenário principal é um verdadeiro show à parte em termos narrativos, onde não há efeitos digitais ou algo do gênero para se fazer uma viagem no tempo costumeira, mas sim apenas uma pequena caminhada para que ela venha acontece-la. Nelly adentra ao passado de sua mãe para conhece-la melhor e compreender a dor dela que sente no presente. Se em um primeiro momento nós não entendemos de imediato quem é exatamente a pequena Marion que surge dentro da trama logo tudo é respondido de uma forma simplista, porém, muito bem elaborada e cuja a revelação através do diálogo de ambas as pequenas protagonistas acabam nos surpreendendo, mesmo quando as respostas estavam sendo jogadas na tela a todo momento.

Tanto Joséphine Sanz como Nina Gabrielle Sanz estão ótimas em seus respectivos papeis, pois embora com pouca idade elas carregam o filme nas costas e nos surpreendendo pelos seus olhares expressivos e que esbanjam um grande talento. O filme é curto, de pouco mais de uma hora, mas desejamos que ele não termine tão cedo, pois ficamos encantados pela sua história e da forma que nos toca. Ao final dela, mãe e filha se compreendem através dos laços de sangue e de memórias que ambas desejam que retornem.

"Pequena Mamãe" nos passa aquele desejo conhecido de conhecermos melhor a história dos nossos pais, através de histórias vindas do passado e que nos faz desejar embarcar naquela viagem no tempo que sempre desejávamos.   

Onde Assistir: Prime Video, Youtube, Google play Filmes e Apple TV.

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Cine Dica: Heróis da Filosofia

 A cultura pop pela lente filosófica

As histórias de super-heróis são já há algum tempo as principais atrações nas salas de cinemas e nos serviços de streaming. Adaptando personagens que fizeram sucesso no século passado nos gibis, esse “gênero” cinematográfico tornou-se febre mundial, influenciou filmes de outros gêneros e a cultura pop em geral.

Nesse sentido, a incontestável presença dos heróis em nossas vidas nos convida a pensar sobre esse acontecimento. Por que esses filmes fazem tanto sucesso? Em que se baseia nosso gosto por personagens feitos para o público infantil de gerações anteriores? Quem são esses personagens e o que eles dizem sobre nós mesmos?


OBJETIVOS

O Curso online HERÓIS DA FILOSOFIA, ministrado por Cristian Arão, proporá diversas reflexões sobre questões de ordem existencial, ética, social e política presentes nas histórias através da análise de filmes de super-heróis contemporâneos. A partir de narrativas protagonizadas por personagens como Batman, Homem-Aranha, Homem de Ferro, a Liga da Justiça e os Eternos, se fará a discussão de temas como justiça, heroísmo, responsabilidade, ressentimento e individualismo. Por conseguinte, espera-se abordar como esses filmes refletem a realidade e também como a constroem.


Curso online

HEROIS DA FILOSOFIA

de Cristian Arão


Datas

14 e 15 / Maio (sábado e domingo)

Horário

14h às 16h30

Plataforma

Zoom


INSCRIÇÕES / INFORMAÇÕES

https://cinemacineum.blogspot.com/2022/04/herois-da-filosofia.html


Realização

Cine Um Produtora Cultural.


segunda-feira, 25 de abril de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'A Mesma Parte de Um Homem'

Sinopse: Renata vive isolada no interior com sua filha adolescente e seu marido, compreendendo o medo como um sentimento comum. No entanto, a chegada de um desconhecido desperta nela um desejo por tudo aquilo que estava adormecido.

No filme "O Estranho Que Nós Amamos" (2017), da diretora Sofia Coppola, era uma verdadeira análise do papel do homem alfa perante a presença de mulheres que acabam nascendo dentro delas sentimentos antes nunca sentidos. Porém, uma vez que uma mulher já possui uma experiência sem vida através do homem ela, talvez, procure novas experiências, mas somente para se dar conta que, acima de tudo, precisa sentir-se bem consigo mesma. "A Mesma Parte de Um Homem" (2022) é um retrato da mulher perante as duas formas de um homem, mas que ambos a levam por uma escolha antes que seja tarde.

Dirigido por Ana Johann, o filme conta a história de Renata (Clarissa Kiste), vive no interior com sua filha adolescente (Laís Cristina) e seu marido, inseridos em uma família patriarcal de origem humilde e compreendendo o medo do exterior como um sentimento comum. Ao perder o único referencial masculino, Renata e a filha se sentem inseguras como nunca. Por isso, elas se fecham em casa, trancam as portas e recusam a aproximação de outros homens. A chegada de um desconhecido (Irandhir Santos) todavia, desperta sentimentos conflituosos.

Se passando em um mesmo cenário, mais precisamente uma casa e as floresta ao redor, o filme nos passa certa claustrofóbica, principalmente em momentos de tensão onde é mostrado a verdadeira pessoa que é o marido do início trama. No momento em que o mesmo sai de cena, se constrói um novo cenário, mais precisamente indefinido, onde ambas as protagonistas criam uma espécie de faz de conta com o novo homem que surge que se encontra, aparentemente, desmemoriado. Nasce assim uma espécie de jogo, onde ambas estão jogando com a figura masculina, mas cujo o mesmo se apresenta como um personagem ambíguo e colocando a semente de dúvida a todo momento.

 Ana Johann procura criar análise sobre a personalidade dessas duas figuras centrais, sendo que a mãe decide embarcar no jogo até mesmo de sedução e experimentando sensações que ela mesma nunca havia sentido em vida. A cena de sexo entre Lais Cristina e Irandhir Santos é digna de nota, já que de um lado vemos a personagem feminina se despertando, enquanto nele desperta algo que poem dúvida a sua própria natureza. Uma cena muito bem filmada, onde a tensão e o erotismo caminham muito bem em mãos dadas.

Vista em filmes como "Ferrugem" (2018), Clarissa Kiste constroi para a sua protagonista um ar de complexidade, cuja as camadas vão se descascando a partir do homem em que surge esse novo homem e revelando nela uma nova faceta que surpreende até mesmo os vizinhos em volta. Porém, a jovem  Laís Cristina não fica muito atrás, pois ela cria para a sua personagem uma aura selvagem e que me fez muito me lembrar a personagem Juma Marruá da clássica novela "Pantanal" e protagonizado por Cristiana Oliveira. Porém, a personagem possui certa noção da realidade em sua volta e sabendo muito bem jogar as mesmas cartas da mãe em cena.

O ato final nos reserva momentos de até mesmo tensão, onde a verdade precisa vir a tona, pois a natureza do trio central clama pela verdade e cujas as portas e as janelas precisam ser abertas. Uma vez que a situação sai do controle se tem, portanto, a oportunidade de ambas as protagonistas não temerem o mundo a frente, já que a natureza do homem, mesmo nas  mais diversas formas diferentes, é previsível e terminando sempre no mesmo beco. "A Mesma Parte de Um Homem" é sobre os obstáculos que o universo feminino precisa enfrentar, mas cuja a redenção não irá tardar. 


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sexta-feira, 22 de abril de 2022

Cine Dica: 'Flee - Nenhum Lugar Para Chamar de Lar'

Sinopse: Flee conta a história de Amin Nawabi enquanto ele lida com um segredo doloroso que ele manteve escondido por 20 anos, um que ameaça descarrilar a vida que ele construiu para si mesmo e seu futuro marido.


"Valsa com Bashir' (2008) chamou atenção do público e da crítica ao ser um documentário, porém, feito em animação tradicional surpreendente. O realizador Ari Folman procurava resgatar através desse projeto determinadas lembranças que estavam bem enterradas com relação a Guerra do Líbano e cujo os motivos que o levaram a esquecer somente é revelado através de um chocante ato final. É então que chegamos ao Dinamarquês "Flee - Nenhum Lugar Para Chamar de Lar" (2021), cuja a temática é parecida, porém, ainda mais pessoal e aprofundada.

Dirigido por Jonas Poher Rasmussen "Flee" é um documentário em formato de animação, que conta a história real de Amin Nawabi, que fugiu quando criança do Afeganistão. Ele teve que confiar em seus próprios instintos para chegar à Dinamarca, ainda criança, onde vive agora. Em seus 30 anos, agora ele é um acadêmico de sucesso e vai se casar com seu namorado de longa data. Mas, segredos de um passado que ele esconde há mais de 20 anos ameaçam arruinar a vida que construiu para si mesmo. Pela primeira vez, ele decide compartilhar sua história com um amigo próximo. Nawabi reconta e compartilha histórias sobre sua jornada que nunca havia revelado antes, descrevendo as condições que forçou sua família a fugir do país.

Diferente de "Valsa com Bashir" aqui o protagonista possui as suas lembranças, porém, elas são guardadas a sete chaves, como se algumas delas pudessem lhe prejudicar ou a sua família. Criado da forma mais simples possível, animação apresentada em cena é de acordo com as lembranças que o protagonista vai revelando, sendo que algumas podem ser verossímeis, mas outras são de acordo com os fragmentos de imagens antigas de uma criança que ainda estava descobrindo o mundo. O resultado é uma obra pessoal de alguém que não poderia mais omitir as suas verdadeiras origens, assim como também a sua própria natureza.

A obra ganha contornos dramáticos e até mesmo de puro suspense, já que Amin e sua família por muito tempo foram refugiados do Afeganistão após os conflitos políticos desencadearem por lá uma guerra quase interminável. Infelizmente eles acabaram se refugiando em uma Rússia que a pouco tempo o governo Comunista havia sido derrubado e por conta disso era um país que a recém estava se reconstruindo. Por conta disso os tempos que eles passavam por lá não lhe trazerem nenhum conforto e procuravam uma forma de saírem de lá para chegarem na Dinamarca onde se encontrava o irmão mais velho de Amin.

É aí que o documentário ganha contornos cada vez mais dramáticos, já que as tentativas de fugas através das fronteiras pareciam praticamente impossíveis de serem feitas e fazendo delas um verdadeiro inferno. Não deixa de ser frustrante, por exemplo, a aparição de um grande navio em cena que, aparentemente, parecia acolhedor, quando na verdade acaba se tornando um grande infortúnio. O documentário fala, portanto, de dores das quais estavam escondidas por muito tempo e das quais as mesmas precisavam serem colocadas para fora e serem, enfim, cicatrizadas.

Contudo, a obra vai mais além, pois o protagonista não somente precisava revelar as suas verdadeiras raízes, como também a sua própria identidade. Desde o princípio é revelado que o protagonista é gay e criando em nós uma certa tensão, pois ele viveu em países dos quais ser gay era ainda um grande tabu. Portanto, o protagonista revela não somente o fato de ter tido receio do que a sua família acharia, como também pelo fato de que, por muito tempo, achou que era errado ter certos sentimentos e que não pareciam serem comuns do lugar onde ele veio. Ao final, o documentário serviu para ele obter uma redenção pessoal e para assim viver em paz consigo mesmo.

Indicado as estatuetas do Oscar de melhor Longa de Animação, Longa Documentário e Longa internacional, "Flee - Nenhum Lugar Para Chamar de Lar" fala sobre uma árdua jornada da vida de uma criança para a fase adulta, em meio a conflitos políticos, guerras sem sentido e na busca de ser ele mesmo. 


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Cine Dicas: Próximas Sessões do Clube de Cinema de Porto Alegre

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 SESSÃO DE SÁBADO


Local: Sala Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana 

Data: 23/04/2022, sábado, às 10:15 da manhã

"Garoto Chiffon" (Garçon Chiffon)

França, 2021, 110 min, 14 anos.

Direção: Nicolas Maury

Elenco: Nicolas Maury, Nathalie Baye, Arnaud Valois

Sinopse: Jérémie é um ator famoso que está passando por dificuldades emocionais e financeiras. Cansado e sem saber lidar com suas desventuras românticas, profissionais e familiares, o ator decide sair de Paris e buscar conforto na companhia da mãe, que mora no interior. Mas ele logo percebe que a mãe não está muito interessada em confortá-lo.


SESSÃO DE DOMINGO


Local: Sala Eduardo Hirtz, Casa de Cultura Mario Quintana

Data: 24/04/2022, domingo, às 10:15 da manhã

"M, o Vampiro de Dusseldorf" (M - Eine Stadt sucht einen Mörder)

Alemanha, 1931, 117 min, 12 anos.


Direção: Fritz Lang

Elenco: Peter Lorre, Ellen Widmann, Inge Langdut, Otto Wernicke, Theodor Loss

Sinopse: Um misterioso infanticida leva o terror a Dusseldorf. A polícia local não consegue capturar o serial killer então um grupo de foras-da-lei se une para encontrar o assassino. Capturado pelos marginais, ele é julgado por um tribunal de criminosos.

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