Sinopse: Nelly acaba de perder sua avó e está ajudando seus pais a limpar a casa em que sua mãe passou a infância. Ela explora a casa e o bosque ali perto, onde encontra uma menina da sua idade construindo uma casa na árvore.
Sempre imaginávamos como seria os nossos pais quando tínhamos a idade de criança, ao ponto de desejarmos voltar ao passado e testemunharmos isso bem de perto. Na clássica trilogia "De Volta Para o Futuro", por exemplo, os realizadores foram criativos na criação da história, pois ela nos causa uma sensação de nostalgia, pois remete a forma como nós sentíamos quando imaginávamos o passado dos nossos pais. "Pequena Mamãe" (2021) segue com uma proposta similar, porém, de uma forma singela, simples e ao mesmo tempo surpreendente.
Dirigido por Céline Sciamma, a mesma de "Um Retrato de Uma Jovem em Chamas" (2020), o filme conta a história de Nelly (Joséphine Sanz) que após perder a sua avó ela conhece a casa onde a sua mãe cresceu e morou por muitos anos. Chegando lá, ela explora o local enquanto seus pais arrumam a casa. No bosque onde sua mãe, Marion (Nina Meurisse), costumava brincar e construiu uma casa na árvore sobre a qual ela ouviu muitas histórias, Nelly conhece uma garota de sua idade construindo uma cabana. Surpreendentemente, o nome da criança é Marion (Gabrielle Sanz). As duas meninas, com a mesma idade, e extremamente parecidas, se tornam melhores amigas, construindo uma tenda juntas.
Assim como "Um Retrato de Uma Jovem em Chamas", Céline Sciamma procura criar a sua história através do seu modo de filmar, onde a suas cenas falam mais sobre a trama em si do que meras palavras. Belo exemplo disso é na cena de abertura, onde Nelly vai pouco a pouco se despedindo de pessoas de idade avançada em uma casa de repouso, para logo a seguir nos darmos conta de que a sua avó havia a pouco tempo perecido. Isso não é explicitado, mas sim apenas representado por pequenos gestos dos personagens assim como determinados objetos, como no caso, por exemplo, de uma bengala e que iremos revê-la na medida em que a trama avança.
Já o cenário principal é um verdadeiro show à parte em termos narrativos, onde não há efeitos digitais ou algo do gênero para se fazer uma viagem no tempo costumeira, mas sim apenas uma pequena caminhada para que ela venha acontece-la. Nelly adentra ao passado de sua mãe para conhece-la melhor e compreender a dor dela que sente no presente. Se em um primeiro momento nós não entendemos de imediato quem é exatamente a pequena Marion que surge dentro da trama logo tudo é respondido de uma forma simplista, porém, muito bem elaborada e cuja a revelação através do diálogo de ambas as pequenas protagonistas acabam nos surpreendendo, mesmo quando as respostas estavam sendo jogadas na tela a todo momento.
Tanto Joséphine Sanz como Nina Gabrielle Sanz estão ótimas em seus respectivos papeis, pois embora com pouca idade elas carregam o filme nas costas e nos surpreendendo pelos seus olhares expressivos e que esbanjam um grande talento. O filme é curto, de pouco mais de uma hora, mas desejamos que ele não termine tão cedo, pois ficamos encantados pela sua história e da forma que nos toca. Ao final dela, mãe e filha se compreendem através dos laços de sangue e de memórias que ambas desejam que retornem.
"Pequena Mamãe" nos passa aquele desejo conhecido de conhecermos melhor a história dos nossos pais, através de histórias vindas do passado e que nos faz desejar embarcar naquela viagem no tempo que sempre desejávamos.
Onde Assistir: Prime Video, Youtube, Google play Filmes e Apple TV.