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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Cine Especial: Próximo Cine Debate: 'Escritores da Liberdade'

 Sinopse: Uma jovem e idealista professora chega a uma escola de um bairro pobre, que está corrompida pela agressividade e violência. 

"Diário de Anne Frank" é um livro que nos mostrou a luta de uma jovem e de sua família em sobreviverem escondidos durante a ocupação nazista dos Países Baixos. A violência e o medo que eles passaram se tornaram um exemplo a ser pensado e cuja sua cruzada se tornou a representação de muitas outras que passaram por um conflito parecido. "Escritores da Liberdade" (2007) é uma pequena joia a ser redescoberta, ao mostrar que o conhecimento através dos livros pode fazer com que uma geração consiga abrir novos horizontes a sua frente.

Dirigido por Richard LaGravenese, do filme "Paris, Te amo" (2006), o filme conta a história de uma jovem e idealista professora (Hilary Swank), chega a uma escola de um bairro pobre, que está corrompida pela agressividade e violência. Os alunos se mostram rebeldes e sem vontade de aprender, e há entre eles uma constante tensão racial. Assim, para fazer com que os alunos aprendam e também falem mais de suas complicadas vidas, a professora Gruwell (Hilary Swank) lança mão de métodos diferentes de ensino. Aos poucos, os alunos vão retomando a confiança em si mesmos, aceitando mais o conhecimento, e reconhecendo valores como a tolerância e o respeito ao próximo.

Para os cinéfilos com olhar mais atento irão perceber que o filme pertence ao subgênero "filmes de escola", dos quais temos clássicos como "Ao Mestre com Carinho" (1967) e "Mentes Perigosas" (1995). Porém, o filme está mais próximo do francês "Entre os Muros da Escola" (2008) em que mostrava os alunos em meio a violência, tensões étnicas e fazendo com que os mesmos não enxergassem boa perspectiva com relação ao outro dia. Aos poucos, a personagem de Hilary Swank percebe que não basta ela ensinar os alunos, como também os ouvir e compreender o que eles realmente enfrentam no lado de fora da escola.

Uma vez que ela descobre no que eles realmente convivem se percebe que a protagonista ainda era ingênua com a realidade em sua volta, pois não bastava ela conhecer o passado violento em que muitos povos passaram em vida, mas sim descobrir qual era a violência que esses jovens enfrentam hoje em dia. Ao mesmo tempo ela se choca com o fato de o sistema educativo não funcionar no aprendizado dos alunos, ao joga-los eles na própria sorte e não abrindo para eles novos horizontes: a cena em que a professora descobre quantos alunos realmente sabiam sobre a questão do holocausto é o ponto alto do filme.

Após isso, aos poucos, nós já imaginamos qual serão os próximos passos da professora, que chegará ao ponto de sacrificar a própria vida pessoal para conseguir obter os seus objetivos para abrir novos horizontes para esses alunos. Ganhadora de dois Oscar na carreira Hilary Swank está bem na pele da professora altruísta, que não mede esforços para seguir em frente, mas que dá de cara com um sistema que se move através de números e não de sentimentos. Neste caso, a veterana Imelda Staunton, que interpreta uma professora que pode ser interpretada como contraparte da protagonista, acaba roubando a cena justamente por ser uma entidade da natureza disposta a manter esse sistema funcionando e nos surpreendendo pela sua frieza e quase loucura vinda dos seus olhos.

Embora no ato final a gente já preveja qual será o seu desfecho o filme consegue o feito de fazer com que a gente deseje que a trama não acabe tão cedo, pois nos simpatizamos com os jovens alunos e sendo que eles não eram muito diferentes de nós no passado. A violência está e sempre estará em nossa volta, mas enquanto tivermos um livro em mãos sempre será a nossa principal arma contra a violência e a ignorância que tanto nos aflige hoje em dia. "Escritores da Liberdade" fala sobre a beleza de mudar a forma de pensar através do saber e dos ensinar de que todos nós somos iguais nesta grande selva que precisamos adentrar. 

 Onde Assistir: Netflix.    

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Cine Dica: Uma Cidade de Cinema

 A representação da cidade de São Paulo 

no cinema brasileiro

O cinema e a cidade moderna estabelecem uma relação mútua, onde a cinematografia testemunhou, registrou e discutiu o desenvolvimento da urbanidade moderna e suas transformações, mostrando-se como um relevante espelho da sociedade ao “criar” imagens e ideias sobre determinados lugares, muitas das vezes manipulando-as e influenciando-as.

A trajetória e a representação da cidade de São Paulo e de suas arquiteturas no cinema é extremamente rica e conta com muitos filmes ficcionais nacionais. Podemos ainda dizer que, em alguns filmes particularmente, ela é mais do que mera coadjuvante cênica, e que também ela não representa apenas uma realidade “imaginada”, mas é bastante eficaz em comunicar mensagens e concretizar significados essenciais relativos da ”realidade” de São Paulo e a sua arquitetura.


OBJETIVOS

O Curso online SÃO PAULO A 24 QUADROS: UMA CIDADE DE CINEMA, ministrado por Paulo Leônidas, objetiva estabelecer uma análise sobre a arquitetura da cidade de São Paulo e como sua imagem arquitetônica e sua realidade é representada na cinematografia brasileira. Porque apreendemos que a Arquitetura de São Paulo representada nas imagens cinematográficas é real? De que maneira estas representações podem nos ajudar a entender a cidade e suas arquiteturas?


Ministrante: PAULO LEÔNIDAS

Graduado em Arquitetura (UFRGS). Pós-graduado em Arquitetura (PROPAR / UFRGS / Architectural Association School of Architecture - Londres). Mestrado em Arquitetura (PROPAR / UFRGS). Professor visitante na Escola de Arquitetura / Universidade de Varsóvia (Polônia) e na Architectural Association School of Architecture - Londres. Conferencista, cenógrafo, cineasta, escritor e roteirista de cinema e séries de TV. Lançou os livros "Romeu e Julieta 1844" (romance, 2015) e "DezMiolados" (coletânea de autores, 2019). É autor de inúmeros artigos e textos acadêmicos. Ministrou o curso “A Arquitetura do Cinema” pela Cine UM.


Curso online

"SÃO PAULO A 24 QUADROS: UMA CIDADE DE CINEMA"

de Paulo Leônidas


* Datas: 04 e 05 / Dezembro (sábado e domingo)

* Horário: 14h às 16h30

* Duração: 2 encontros online

(carga horária total: 5 horas / aula)


* Material: 

Certificado de participação + Apostila (material didático)

Informações

cineum@cineum.com.br / Fone: (51) 99320-2714


INSCRIÇÕES

https://cinemacineum.blogspot.com/


sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Cine Especial: 'Laranja Mecânica - 50 Anos Depois'

 Sinopse: O jovem Alex passa as noites com uma gangue de amigos briguentos. Depois que é preso, se submete a uma técnica de modificação de comportamento para poder ganhar sua liberdade. 

O fascismo surge através do interesse pelo controle, da propaganda contra o crime e passar o interesse de paz para aqueles que se dizem cidadãos de bem. Se atualmente vivemos em governos autoritários pelo mundo a fora não se surpreenda, pois isso já é coisa velha e da qual nós lutamos contra o mesmo quando a causa parece perdida. O desejo pelo controle vindo do estado serviu de modelo para diversos escritores criarem tramas que retrataram o futuro da humanidade de uma forma nada promissora, ou mais precisamente presos pela coleira.

O clássico literário "1984" de George Orwell foi um dos percursores desse movimento, onde mostrava o povo sendo comandando pelo "grande irmão' e sempre viajado pelo mesmo a todo momento. Não tardou para outros escritores explorarem essa mesma linha de raciocínio e coube um certo escritor inglês explorar isso mais a fundo. Após servir a guerra em prol do país, Anthony Burgess se viu perplexo ao ver a sua terra cada vez tendo um número maior de gangues formada por jovens violentos e que não mediam esforços para transformar as ruas em um verdadeiro inferno.

Essa imagem serviu para estourar a sua mente e elaborando o que talvez seja a sua maior obra prima, "Laranja Mecânica" e lançada em 1962. A trama se passa em um determinado futuro, onde um jovem violento chamado Alex, líder de uma gangue de delinquentes que matam, roubam e estupram, cai nas mãos da polícia. Preso, ele recebe a opção de participar em um programa que pode reduzir o seu tempo na cadeia. Alex vira cobaia de experimentos destinados a refrear os impulsos destrutivos do ser humano, mas acaba se tornando impotente para lidar com a violência que o cerca.

Se tornando um verdadeiro sucesso de vendas na época não tardou para que a obra literária ficasse no radar engravatados de Hollywood, mas fazendo muitos fãs temerem o fato que adaptação não faria jus se fosse comparada a sua fonte original. Coube então a tarefa para Stanley Kubrick, que vinha de grandes sucessos do cinema como, por exemplo, "2001 - Uma Odisseia no Espaço" (1968) que dispensa apresentações. A tarefa não era fácil, mas muitos fãs da época sabiam que a obra estava em boas mãos.

Alex foi vivido pelo jovem ator Malcolm McDowell, que na época já havia chamado atenção da crítica especializada pelo filme "Se.." (1968) de Lindsay Anderson. Ao dar vida ao protagonista McDowell criou para si uma de suas melhores atuações da carreira e que serviu de inspiração para inúmeros atores futuramente, como foi no caso de Heath Ledger que buscou inspiração nele para construir o seu Coringa em "Cavaleiro das Trevas" (2008). Logicamente, o ator sofreu o diabo nas mãos perfeccionistas de Kubrick, ao ponto de quase ficar cego na famosa cena em que o seu personagem está sendo submetido ao experimento.

Perfeccionismo é talvez palavra chave do cineasta ao fazer esse filme, onde cada cena filmada foi muito bem pensada ao ser realizada. Os magníficos planos-sequências que dão uma dimensão maior em cada um dos seus cenários, além de destacar uma edição de arte futurista, porém, familiar e que não envelheceu mesmo nos dias atuais. Aliás, a Inglaterra futurística vista no filme não é muito diferente do que era vista naquela época, sendo que a violência daqueles tempos estava cada vez mais explodindo e tudo indo para o colo de um governo que tinha realmente interesses escusos de controlar a violência através dos jovens detratores.

O filme fez um enorme sucesso em 1971, sendo bem recebido nos EUA, mas sendo perseguido pelo governo inglês, ao ponto de Kubrick e sua família terem sido ameaçados de morte. No Brasil, o filme foi banido durante a ditadura militar até 1978, quando o filme foi lançado em uma versão com pontos pretos cobrindo os genitais e seios dos atores em cenas de nudez. Isso só comprova o lado hipócrita do governo daqueles tempos, já que os nossos cinemas eram tomados pelas nossas pornochandas mas a censura nunca se intrometia.

Não me surpreenderia se os milicos da época que comandavam o país dentro do Palácio do Planalto se viam de uma forma que eles não gostariam de se ver no filme, muito embora o desejo pelo controle era mais do que visível mesmo quando eles diziam ao contrário. Tanto a obra literária como a sua adaptação nasceu para incomodar, para nos dizer que essa sociedade hipócrita cria os seus próprios monstros para depois abandona-los e deixá-los a própria sorte nas mãos do estado autoritário.

Revisto hoje o filme se mantem mais atual do que nunca, onde vemos governos controlando as mentes e opiniões das pessoas, mas não através de técnicas vistas na obra, mas sim através de fake news disparadas por redes sociais e que cada vez mais controlam o público no seu devido tempo. Anthony Burgess talvez não tenha previsto esse tipo de controle, mas a sua previsão com relação aos desejos vindos do estado ainda continua incomodando ao seu modo.

Cinquenta anos já se passaram, mas "Laranja Mecânica" continua como uma obra prima a frente do seu tempo, do qual ainda incomoda poderosos e nós somente agradecemos por isso. 

Nota: No sábado, 27 de novembro, às 23h59, a Cinemateca Capitólio de Porto Alegre realiza uma sessão da meia-noite com o filme Laranja Mecânica, obra incontornável de Stanley Kubrick que completa 50 anos em 2021. Os ingressos (R$ 10,00) serão vendidos a partir das 15h30 de sábado, 27 de novembro. 

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Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: ‘A Dona do Barato’

Nota: O filme será exibido amanhã para os associados. Local: Sala Paulo Amorim, Casa de Cultura Mário Quintana às 10:15 da manhã.

Sinopse: Patience Portefeux é uma tradutora policial francês-árabe, especializada em escutas telefônicas para a unidade antinarcóticos. Um dia, enquanto escuta os traficantes procurados, ela descobre que um deles é filho da fantástica mulher que cuida da sua mãe. 

Isabelle Huppert é a Greta Garbo dos tempos atuais. Versátil, atriz francesa carrega para si um ar de seriedade e cuja a sua presença se faz presente fortemente. Portanto, ao vê-la em uma comédia policial como "A Dona do Barato" (2021) pode até mesmo soar estranho em alguns momentos, mas o filme se torna divertido quando vemos esse peixe fora d'água interagir neste novo cenário.
Dirigido por Jean-Paul Salomé, "A Dona do Barato" conta a história de Patience Portefeux (Isabelle Huppert), uma tradutora policial francês-árabe que é especializada em escutas telefônicas para a unidade antinarcóticos. Um dia, enquanto escuta os traficantes procurados, ela descobre que um deles é filho da fantástica mulher que cuida da sua mãe. Ela decide protegê-lo e é trazida para o meio de uma rede de traficantes. Quando ela coloca as mãos em uma enorme carga de hash, com a ajuda de seu novo parceiro, o ex-cão policial DNA, ela aproveita a oportunidade e se torna Mama Weed, uma poderosa traficante de drogas.

Confira a minha crítica completa já publicada clicando aqui. 


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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (25/11/21)

 Casa Gucci

Sinopse: Casa Gucci é inspirada na chocante história real do império da família por trás da italiana casa de moda Gucci. Abrangendo três décadas de amor, traição, decadência, vingança e em última instância, assassinato, vemos o que um nome significa, o que vale e quão longe uma família é capaz de ir para se manter no controle.



Encanto

Sinopse: A história de uma família extraordinária, os Madrigais, que vivem escondidos nas montanhas da Colômbia, em uma casa mágica, em uma cidade vibrante, um lugar maravilhoso e encantador chamado Encanto. 


A Sogra Perfeita

Sinopse: Neide (Cacau Protásio) é uma mulher de 40 e poucos anos que se separou do marido, tem pouco tempo e sonha em aproveitar a vida de solteira. 


Imperdoável

Sinopse: Inspirado na minissérie de mesmo nome, Unforgiven acompanha Ruth Slater após cumprir seu tempo na prisão por um crime violento. Ao voltar para o convívio na sociedade e se recusar a perdoar seu passado por ter sido discriminada no seu lar, sua única esperança agora é encontrar a irmã que ela foi forçada a deixar para trás.


Deserto Particular

Sinopse: Em Deserto Particular, Daniel é um policial exemplar, mas acaba cometendo um erro que coloca em risco sua carreira e sua honra. Quando nada mais parece o prender a Curitiba, ele parte em busca de Sara, uma mulher com quem se relaciona virtualmente. Ele então mergulha em um intenso processo interno para aprender a lidar melhor com seus próprios afetos.


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Cine Dica: III Mostra de Cinemas Africanos

Você Morrerá aos 20 Anos


A Mostra de Cinemas Africanos, com curadoria de Ana Camila Esteves, volta a Porto Alegre entre os dias 02 e 09 de dezembro de 2021. Durante uma semana, o público poderá conferir uma cuidadosa seleção de ficções e documentários africanos, reconhecidos em grandes festivais e respaldados pela crítica e públicos internacionais.

A Mostra reúne 13 títulos realizados nos últimos anos em países como Costa do Marfim, Sudão, Argélia, Etiópia, Ruanda, Lesoto, Egito e República Democrática do Congo. Entre os destaques, Você Morrerá aos 20, de Amjad Abu Alala, e Falando Sobre Árvores, de Suhaib Gasmelbari, duas obras centrais do inspirador cinema contemporâneo sudanês; o documentário argelino Rua do Saara, 143, de Hassen Ferhani, premiado no Festival de Locarno, e Nossa Senhora do Nilo, de Atiq Rahimi, adaptação do romance homônimo da escritora ruandesa Scholastique Mukasonga.    

Duas obras clássicas fazem parte da programação: O Exilado, último longa-metragem realizado pelo pioneiro nigerino Oumarou Ganda, co-criador do clássico Eu, Um Negro, dirigido por Jean Rouch, e Câmera da África, documentário histórico realizado pelo tunisiano Férid Boughédir no período de celebração do aniversário de 20 anos dos primeiros filmes produzidos no continente africano. A sessão do filme de Boughédir será comentada por Pedro Henrique Gomes, pesquisador dos pioneiros africanos no cinema.  


A mostra tem apoio da Cinemateca da Embaixada da França e do Institut Français.

O valor do ingresso é R$ 10,00. SINOPSES de todos os filmes: http://www.capitolio.org.br/novidades/4754/iii-mostra-de-cinemas-africanos/


GRADE DE HORÁRIOS – MOSTRA DE CINEMAS AFRICANOS


2/12 (quinta-feira)

17h – Run

19h – Você Morrerá aos 20 Anos


3/12 (sexta-feira)

17h – Nó na Cabeça

19h30 – Projeto Raros Especial: O Exilado


4/12 (sábado)

17h – Rua do Saara, 143

19h – Falando Sobre Árvores


5/12 (domingo)

17h – Você Morrerá aos 20 Anos

19h – Nossa Senhora do Nilo


7/12 (terça-feira)

17h – Falando Sobre Árvores

19h – Mãe, Estou Sufocando


8/12 (quarta-feira)

17h – Programa de Curtas

19h – Câmera da África + debate com Pedro Henrique Gomes


9/12 (quinta-feira)

17h – Lamb

19h – Navegando até Kinshasa

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Curral'

Sinopse: Em Curral, Joel é um advogado que está na disputa para eleição de vereadores na cidade de Gravatá, em Pernambuco. Ele decide convidar seu antigo amigo Chico Caixa (Thomás Aquino) para participar da campanha. 

O documentário "Camocim" (2018) de Quentin Delaroche se passava em Camocim de São Félix, um município pernambucano marcado pelas disputas em época de eleições. A cidade se divide em duas cores, vermelho e azul, onde as mortes faziam parte do enredo em tempos não muito distantes. Nesse local, o diretor Quentin Delaroche encontra uma jovem que se chama de Mayara Gomes, coordenadora da campanha limpa para eleger o seu amigo César como vereador da cidade.

Embora simples eu jamais me esqueci do documentário, pois nele mostra as entranhas de como se faz e se vence uma eleição, seja ela em maior ou menor grau. Em tempos em que a política anda fervilhando as nossas vidas nunca é demais saber como realmente funciona a propaganda e como se faz para persuadir as pessoas a votarem em determinado candidato. Seguindo uma linha mais ficção, porém, não menos realista, "Curral" (2021) procura colocar para fora o esqueleto escondido dentro do armário que determinados candidatos escondem quando se digladiam para obter o maior número de votos.

Dirigido por Marcelo Brennand, o filme conta a história de Joel (Rodrigo Garcia (II)) um advogado que está na disputa para eleição de vereadores na cidade de Gravatá, em Pernambuco. Ele decide convidar seu antigo amigo Chico Caixa (Thomás Aquino) para participar da campanha, angariando votos de um bairro simples do município através da promessa do fornecimento de água. Apesar de receoso, Chico aceita, mas se vê atravessado por forças conflitantes enquanto questiona a ética desse tipo de campanha.

O filme possui ares de um quase documentário, já que a maioria dos atores que surgem na tela eles estão representando eles próprios em seu dia a dia naquela cidade e não escondendo o lado precário de suas realidades. Porém, a transição do lado quase documentário vai acontecendo na medida em que a trama é conduzida através dos personagens principais e dos quais são interpretados por atores de grande calibre. Conhecido pelo seu desempenho em "Bacurau" (2019) Thomas Aquino carrega o filme nas costas, ao interpretar um bom samaritano da comunidade, mas que não esconde as suas ambições de mudar de vida muito em breve.

Quando surge a oportunidade, vemos o personagem transitar entre o bom senso e pela falta de caráter, principalmente em situações em que vemos o mesmo pagar para os eleitores para assim obter voto para o seu amigo advogado Joel. Esse último, aliás, não esconde a sua ambição de subir na vida, mas tão pouco disfarça as suas fraquezas e os momentos em que enfrenta os seus demônios interiores na medida em que a eleição se torna cada vez mais complexa. Porém, Chico busca não se vender por completo a esse sistema, mas sabendo que não há mais um caminho para que ele volte a ser o que era, principalmente ao descobrir o lado podre da eleição assim como também a real face dos dois lados da disputa.

Com pouco mais de uma hora e vinte o filme jamais perde o seu ritmo, principalmente por dosar alguns pontos que envolve até certo suspense sobre o que irá acontecer em determinados momentos. Não deixa de ser surpreendente, por exemplo, um plano-sequência que ocorre dentro do carro, do qual dois personagens centrais testemunham compras de votos através de promessas que quase jamais serão cumpridas. São momentos como esse em que o longa nos prende do começo até o final da projeção e cujo o ato final todos os dilemas dos personagens principais são transbordados para fora do copo e cabe os mesmos aceitarem as consequências dos seus atos.

"Curral" é um pequeno pingo de uma grande tempestade sobre o que move as grandes eleições por todo esse país e sobre até onde a pessoa se vende por esse sistema já viciado e desacreditado. 


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