Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Sinopse: Três gerações de uma família atravessada pela Ditadura Militar brasileira (1964-1985). Ao mergulhar em uma história pessoal e entrelaçá-la com a história do país, entre passado e presente, o filme investiga a persistência do silêncio como uma ferramenta de apagamento da memória.
O Barco
Sinopse: Em uma vila de pescadores isolada, Esmerina é casada com um pescador e tem 26 filhos, e o nome de cada um corresponde a uma letra do alfabeto.
Transtorno Explosivo
Sinopse: Benni, de nove anos, é pequena, mas perigosa. Ela já se tornou o que os serviços de proteção infantil chamam de "destruidora de sistemas" e não pensa em mudar.
Bill & Ted: Encare a Música
Sinopse: Ted e Bill atingiram a meia idade, fazendo com que suas preocupações se virem para as suas famílias e outras responsabilidades da vida adulta.
Verlust
Sinopse: Isolada na praia, a poderosa empresária Frederica prepara a festa de Réveillon que todos esperam.
Sem Descanso
Sinopse: O filme conta a história de lutas Jurandhy Silva da Santana, pai de Geovane Mascarenhas de Santana, em busca de seu filho.
O Roubo do Século
Sinopse: Um grupo de ladrões realiza o que é considerado um dos assaltos a banco mais famosos da história da Argentina.
Sinopse: Enquanto está hospedado em um hotel na Inglaterra com a avó, Luke espiona uma convenção de bruxas e descobre que elas estão planejando transformar todas as crianças em ratos. As bruxas percebem que Luke as ouviu e testam a fórmula nele.
Na época da escola as vezes os meus colegas e eu tínhamos sessões de cinema, onde assistimos determinados filmes no salão de esportes para, posteriormente, fazermos um trabalho sobre a obra. Algumas se tornaram esquecíveis, outras marcantes e dos quais eu me lembro até hoje. "Convenção das Bruxas" foi um desses casos que marcou a minha infância nos meus tempos de cinema de escola, mesmo quase nunca ter revisitado a obra ao longo das décadas.
O time responsável pela obra tinha a chave do sucesso, a começar pela fonte original: o livro homônimo do grande Roald Dahl, escritor de uma série de obras que geraram filmes de destaque como Gremlins, James e o Pêssego Gigante, Charlie e a Fábrica de Chocolate, Fantástico Sr. Raposo, O Bom Gigante Amigo e Matilda. Na direção, o escalado foi o experiente britânico Nicolas Roeg, que tinha no currículo destaques como Inverno de “Sangue em Veneza” (1973) e “O Homem Que Caiu na Terra” (1976). E na produção, a mão criativa de ninguém menos que Jim Henson, o que deu ao filme o seu teste de resistência ao tempo, ao menos no que diz respeito ao fator medo.
A adaptação de Allan Scott é inicialmente lenta e sem nenhum tipo de esforço para fazer com que o público se aproxime da avó Helga (Mai Zetterling) e do neto Luke (Jasen Fisher), um problema que domina o primeiro ato da trama, enquanto a senhora conta ao menino histórias de bruxas da maneira um tanto que desinteressante. O que mantém a atenção do cinéfilo é a representação disso na tela, com takes mirabolantes dentro da casa de uma das bruxas na época de Helga e uma das primeiras coisas que me assustou quando vi esse filme ainda criança: o aprisionamento de uma jovem num quadro pintado pelo próprio pai.
A partir daí, a trama se dirige para Excelsior Hotel, onde constatamos que o melhor está por vir. No momento em que o hotel se torna o cenário principal da trama, jamais temos uma ideia exata do que acontecerá, mas com a chegada da bruxa Rainha, interpretada magistralmente por Anjelica Huston, é que o filme muda um pouco o seu tom e se transformando em algo, por vezes, imprevisível. A cena do auditório onde ocorre a convenção das bruxas é disparado um dos melhores momentos do filme e onde Huston fica irreconhecível com uma pesada maquiagem para dar vida a maquiavélica bruxa.
Vale destacar o bom uso de maquiagem e bonecos para a elaboração da cena da transformação do personagem Bruno em um rato. A cena transita para momentos de humor para o mais puro terror. Me lembro de alguns colegas meus rirem da cena, mas eu ficava com os olhos estatelados na frente da tela devido aquele momento da trama.
O filme ainda presta homenagens a alguns clássicos do cinema, onde Luke foge das bruxas e tenta salvar um carrinho com um bebê dentro que está prestes a cair em um precipício. A cena em si remete ao clássico "O Encouraçado Potemkin" (1925), muito embora também lembre a cena chave do filme "Os Intocáveis" (1987). Homenagens a parte, o filme em si nos faz lembrar dos melhores contos de fadas, mas com um teor ousado e que remete as raízes mais sombrias de alguns contos.
Embora o final não tenha agradado o escritor Roald Dahl, já que no seu livro o destino do jovem protagonista seria menos feliz do que foi visto na tela, "Convenção das Bruxas" sobreviveu ao seu teste do tempo, do qual é lembrado com carinho por uma geração inteira e que merece ser redescoberto por uma nova geração de fãs de contos de fadas.
Onde Assistir: Lançado recentemente pelo DVD Classicline. O filme também será exibido na próxima sexta, as 03h15min na HBO Plus.
Diz a lenda que o produtor que queria fazer o primeiro filme de 007, o "Satânico Dr. No" (1962), não se interessou em um primeiro momento por Sean Connery durante a sua primeira entrevista para o papel. Porém, quando o ator estava cruzando a rua, o produtor o observou pela janela e enxergou ali uma postura e elegância do qual o personagem exigia. Sean Connery foi então escolhido para ser o primeiro James Bond e entrando assim para a história do cinema.
Foram no total sete filmes estrelados pelo ator, sendo que "Moscou Contra 007" (1963) e "007 Contra Chantagem Atômica" (1965) estão entre os meus favoritos estrelados pelo ator. Após a sua fase áurea como espião a serviço da Inglaterra Sean Connery nunca parou, atuando tanto em filmes que se tornaram imediatamente clássicos como "Assassinato no Expresso Oriente" (1974), como também filmes não tão lembrados, mas que merecem ser redescobertos como no caso de "Robin e Marian" (1976). Mas se alguém ainda tinha dúvidas sobre a versatilidade do ator, eis que os anos oitenta vieram e o ator deu o troco.
Ao começar pelo filme "O Nome da Rosa" "(1986), onde ele interpreta um monge franciscano que investiga uma série de assassinatos em um remoto mosteiro italiano. Em "Highlander, o Guerreiro Imortal" (1986) ele interpreta o simpático imortal Ramirez e se tornando mestre do protagonista interpretado por Christophe Lambert. Mas é no clássico "Os Intocáveis" (1987) de Brian De Palma que ele obtém o seu melhor desempenho de sua carreira interpretando o veterano policial Jim Malone e lhe garantindo o seu primeiro e único Oscar.
Como se ainda já não bastasse tudo isso, Sean Connery obteve outro papel de sua vida ao interpretar o pai de Indiana Jones no terceiro filme da franquia intitulado "Indiana Jones - E a Última Cruzada" (1989). Como Professor Henry Jones, Conney tem uma interpretação magnífica ao lado de Harrison Ford e cuja a química de ambos juntos em cena é o coração do filme como um todo. Fechando a década de oitenta com chave de ouro, Connery continuou ativo durante a década de noventa, alternando entre filmes de ação como "A Rocha" (1996) e filmes românticos como "Corações Apaixonados" (1998).
O início dos anos dois mil foram os últimos passos da carreira do ator, sendo que o fracassado "Liga Extraordinária" (2003) foi o suficiente para o mesmo dizer chega para Hollywood e aproveitar a sua aposentadoria até os seus últimos dias de vida. Sean Connery parte sem nenhum arrependimento, onde jamais deixou de ser ele mesmo e tão pouco permitiu ser seduzido pelos vícios que o sucesso poderia ter lhe trazido. Casado com a pintura Micheline Roquebrune Connery desde 1975, além de ambos terem tido um filho o ator Jason Connery, esse grande intérprete parte desse mundo com o dever cumprido.
"Não digo que todos em Hollywood sejam idiotas. Só estou dizendo que lá há um monte deles".
Sinopse: Após passar anos numa prisão que o escraviza, Borat (Cohen) é convocado por seu governo para entregar um macaco de presente para o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, numa tentativa estapafúrdia de conseguirem a amizade de Donald Trump, a quem admiram.
"Borat: O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América" (2006) foi lançado em uma época pós-11 de setembro, onde o preconceito, medo e ódio dos gringos estava aflorado e o ator Sacha Baron Cohen se aproveitou fazendo disso uma grande piada ácida, escatológica e crítica. Numa espécie de falso documentário, Sacha destacou a real face do norte americano, de sua imbecilidade e de como isso perduraria até mesmo nos tempos de hoje. Catorze anos depois, o personagem retorna em "Borat: Fita de Cinema Seguinte", que sintetiza o universo negacionista, não só do norte americano, como também de outros países do mundo com relação ao coronavírus.
Dirigido por Jason Woliner, o filme mostra Borat (Cohen) que, após passar anos em uma prisão, é convocado pelo seu governo para entregar um macaco de presente para o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, numa tentativa estapafúrdia de conseguirem a amizade de Donald Trump, a quem admiram. Porém, algo sai errado, e Borat decide então oferecer a sua filha Tuta (Maria Bakalova) no lugar do macaco. Antes que isso ocorre, ambos percorrem uma grande jornada em meio ao nascimento da pandemia.
Assim como no original, o grande atrativo dessa continuação está na reação das pessoas perante o personagem, sendo que no início a maioria o reconhece devido ao fato do primeiro filme ter se tornado cultuado em todos os sentidos. É aí que então Cohen se veste de diversos personagens para enganar a população norte americana e o resultado se torna hilário ao vermos a expressão dos rostos de pessoas comuns perante as situações em que o ator provoca. É nestes momentos, por exemplo, que o ator consegue revelar a verdadeira face do norte americano e que não é muito diferente daquela vista de 2006.
Além disso, o filme escancara uma sociedade norte americana viciada, que vai desde aos seus celulares, como o fato de o americano estar seriamente obeso diga-se de passagem. Com relação a isso, não é à toa que Donald Trump recebeu o apelido de "McDonald's Trump" pelo personagem, pois o Presidente atual de lá nada mais é do que uma representação de uma sociedade doente, conservadora, fascista e negacionista. Mas os Presidentes do mundo a fora, principalmente os que seguem a cartilha de Trump, não ficam muito atrás e o nosso Presidente Bolsonaro, logicamente, ficou no topo da cadeia alimentar.
Rodado em segredo, o filme foi criado no momento em que o coronavírus estava começando se espalhar pelo mundo e destacando as primeiras reações negacionistas vinda dos políticos norte-americanos. É incrível, por exemplo, como Sacha Baron Cohen consegue se infiltrar disfarçado de Trump em um comitê de um dos apoiadores do Presidente e causando o maior estranhamento entre os presentes. Embora a fórmula se repita ao longo do filme ela não se torna muito cansativa, pois ficamos na expectativa para assistirmos a próxima artimanha.
Sacha Baron Cohen está novamente ótimo interpretando o personagem que o consagrou e mesmo tendo se passado catorze anos do filme original a sua genialidade em fazer piadas escatológicas e críticas continua afiada. Porém, a personagem Teta, interpretada de forma hilária pela atriz Maria Bakalova, rouba a cena em situações em que destaca o machismo contra as mulheres, o antifeminismo e pegando carona com a questão dos abusos sexuais sendo cometidos, tanto pelos famosos como também vinda de políticos conservadores. O ápice da personagem está na cena em que ela se encontra cara a cara com Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York e hoje advogado pessoal de Donald Trump e fazendo a gente até se perguntar como os dois intérpretes não acabaram sendo presos durante as filmagens, pois as cenas escancaram o político de uma forma muito comprometedora.
Acima de tudo, Sacha Baron Cohen fez esse filme com a intenção de nos dizer que a nossa Democracia atual está cada vez mais ameaçada, pois a própria está sendo governada por políticos que não estão levando a sério a vida das pessoas principalmente em tempos de coronávirus. Os minutos finais falam muito bem sobre isso, onde os protagonistas fazem piada do caso com uma crítica ácida, mas não somente contra o governo norte americano, como também contra todo o governo negacionista do mundo e que coloca várias vidas em perigo.
"Borat: Fita de Cinema Seguinte" é o filme certo na hora certa, em um ano em que temos um inimigo invisível e sendo esnobado por políticos que brincam com as vidas de todos os povos do mundo.
Sinopse: Cinco amigos vão passar um feriado em uma cabana nas montanhas. Lá descobrem um diário antigo no porão, que começam a ler. Aos poucos eles acreditam estar cercados pelo sobrenatural, mas em breve vão entender que há muito mais acontecendo.
No clássico "Pânico" (1996) era usado os clichês dos filmes de terror para criar uma trama em que brincasse com os mesmos e assim criasse uma história em que representava uma geração criada por essas fórmulas de sucesso. Em tempos atuais, em que ideias originais estão cada vez mais escassas, nada melhor do que brincar com o que já havia funcionado no passado. "O Segredo Da Cabana" (2011) é mais ou menos isso, onde é apresentado de tudo um pouco do que já foi visto, mas criando assim um filme extremamente divertido para quem gosta desse gênero.
Dirigido por Drew Goddard, realizador da série "Demolidor" (2015), o filme conta a história da jovem Jules (Anna Hutchinson) resolve levar seus amigos Curt (Chris Hemsworth), Dana (Kristen Connolly), Holden (Jesse Williams) e Ronald (Tom Lenk) para uma viagem diferente nas montanhas, numa cabana situada no meio da floresta, isolada de tudo. Mas o que era para ser somente um momento de muita curtição entre a turma, acaba se transformando em algo que suas mentes jamais imaginariam.
Na abertura, a trama começa com um tom diferente, fazendo a gente se perguntar se pegamos o filme certo para assistir. Porém, imediatamente as fórmulas de sucesso da trama já começam a pipocar na tela e fazendo a gente ter uma ligeira noção do que irá acontecer. Contudo, isso é tudo proposital, como espécie de manipulação, do qual não só manipula o destino dos personagens, como também a nossa noção do que esperar sobre a trama.
O filme acaba se tornando uma divertida salada de tudo um pouco do que já apareceu dentro do cinema de horror, mas também misturado com questões que vão desde ao sistema controlador, reality shows manipuladores e do papel dos jovens em meio a uma sociedade que vai perdendo as suas crenças de antigamente. Tudo isso acaba sendo uma mera desculpa para testemunharmos os velhos conhecidos do horror na tela, que vai desde a zumbis, lobisomens, fantasmas japoneses e até mesmo palhaços assassinos.
Com a participação especial de Sigourney Weaver nos minutos finais da trama, "O Segredo Da Cabana" é uma sangrenta e divertida homenagem a um gênero que se sustenta de fórmulas, por vezes, desgastadas, mas que sempre se revitaliza.
Sinopse: Um agente da CIA, junto de uma organização secreta chamada Tenet, precisará usar habilidades de manipulação do tempo para impedir uma ameaça de escala global arquitetada por um oligarca russo.
Tel Aviv em Chamas
Sinopse: Após um jovem se tornar escritor de novela depois de um encontro casual com um soldado de Israel, os patrocinadores do programa exigem que ele pare inusitadamente.
De Perto Ela Não é Normal
Sinopse: Uma mulher de 40 anos, afastada da menina sensível e criativa que foi na infância, inicia uma busca por si mesma, tentando se desfazer dos diversos arquétipos da mulher perfeita.
As Faces do Demônio
Sinopse: Um espírito maligno que muda de rosto se infiltra em uma família, colocando um irmão em perigo enquanto o outro tenta salvá-lo.
Cabrito
Sinopse: Três histórias sobre um homem assombrado por seus relacionamentos familiares, refletindo em outros âmbitos de sua vida.
The Night House
Sinopse: Após a morte de seu marido, uma mulher resolve vasculhar suas coisas, descobrindo segredos terríveis.
Patrulha Canina: Filhotes a Toda Velocidade
Sinopse: Os filhotes construíram uma pista de corrida incrível e estão prontos para receber seu herói. Mas quando o lendário piloto é incapaz de dirigir, ele pede que seu maior fã, Marshall, assuma o volante e corra em seu lugar.
Unidas Pela Esperança
Sinopse: Um grupo de mulheres casadas com oficiais militares decide se unir para formar um coral, criando uma bela amizade entre elas e ajudando-as a superar o medo pelos seus entes queridos em combate.
2
Sinopse: Após uma morte na família, um irmão e uma irmã, que nunca haviam se conhecido, passam a conviver um com o outro, despertando dúvidas sobre seu passado que podem levá-los a verdades inesperadas.
Luz nos Trópicos
Sinopse: Um menino indígena retorna à terra de seus ancestrais com as cinzas de seu avô e acaba conhecendo um rapaz misterioso.
Entre Nós Talvez Estejam Multidões
Sinopse: Um relato sobre companheirismo, militância e a importância da arte na vida dos moradores na ocupação urbana Eliana Silva, em Belo Horizonte, durante as eleições de 2018.
Break The Silence: The Movie
Sinopse: O filme relata os melhores momentos da turnê Love Yourself: Speak Yourself, que passou por São Paulo em maio de 2019.
Sinopse: Will e a namorada vão para um encontro com velhos amigos a convite da ex-mulher dele, a Eden. Ela também está com um companheiro e ambos, junto com estranhos novos amigos, apresentam um comportamento que intriga Will.
O cinema "pós-terror" é denominado para os filmes de horror atuais cuja a sua trama é realista, onde as questões psicológicas envolvendo os personagens podem ser muito mais assustadoras do que quaisquer fantasmas. Filmes como, por exemplo, "Cisne Negro" (2009) sintetizam que o monstro pode não se encontrar dentro do armário, mas sim dentro de si mesmo. "O Convite" (2015) é um filme desconcertante ao nos convidar para uma situação que não sabemos o que acontecerá, mas quando acontece já é tarde demais.
Dirigido pela cineasta Karyn Kusama, do filme "Boa de Briga" (2000), o filme sobre uma tragédia que abala o casal formado por Will e Eden. Eles perdem o filho pequeno e, desolada, Eden vai embora sem dar notícias. Dois anos mais tarde, ela volta a procurar o marido, acompanhada de outro homem, e totalmente diferente de como era antes. Durante um jantar, com Will, Eden e o novo companheiro de sua esposa, Will começa a suspeitar que os visitantes têm planos sinistros contra ele.
O prólogo já começa como uma dica do que estará por vir, onde o protagonista atropela acidentalmente um coiote antes de chegar ao cenário principal da trama. Nota-se que a cena é forte, mesmo não explicitando o sangue, mas sim o ato e consequência que envolve os personagens. O início, aliás, fala sobre a dor contida, da qual ela se torna ainda mais mortífera quando ela não é liberada.
O filme começa pra valer no momento em que o casal central finalmente se reencontra no cenário principal, onde ocorre uma reunião normal entre amigos, mas que logo algo de estranho surge no ar. Karyn Kusama nos faz transitar na trama, da qual há uma mistura de drama com pitadas de suspense contido, como se um horror interno estivesse sendo guardado a sete chaves para surgir em um grande ato. Até lá, ficamos nos perguntando se tudo não passa de uma paranoia do protagonista, ou se devemos acreditar realmente em suas suspeitas. Logan Marshall-Green se sai bem em cena como protagonista, já que através de sua interpretação sentimos a dor contida de seu personagem e da qual a mesma dispara nos momentos em que seu medo se aflora em total magnitude.
Tecnicamente Karyn Kusama dá um verdadeiro show de direção mesmo a trama se passando em um único cenário. Sua câmera caminha em meios aos personagens enquanto nos passa uma sensação claustrofóbica na medida em que a desconfiança aumenta. Quando a situação transborda as cenas se tornam frenéticas, mas fazendo a gente compreender tudo o que ocorre em cena.
O ato final reserva momentos angustiantes, culminando com que todas as pistas jogadas ao longo do filme se chocarem nos minutos finais da história. Acima de tudo, o filme sintetiza os tempos de ontem e hoje em que há pessoas no mundo cada vez mais perdidas, das quais recorrem a soluções mágicas, mas terminando de uma forma tão inconsequente e errônea. O minuto final é uma representação de que esse problema é universal, mas que as vezes não prestamos atenção como se deveria.
"O Convite" é um horror psicológico perturbador, principalmente pelo fato de que ele pode facilmente ocorrer em nosso mundo real.