Sinopse: Enquanto está hospedado em um hotel na Inglaterra com a avó, Luke espiona uma convenção de bruxas e descobre que elas estão planejando transformar todas as crianças em ratos. As bruxas percebem que Luke as ouviu e testam a fórmula nele.
Na época da escola as vezes os meus colegas e eu tínhamos sessões de cinema, onde assistimos determinados filmes no salão de esportes para, posteriormente, fazermos um trabalho sobre a obra. Algumas se tornaram esquecíveis, outras marcantes e dos quais eu me lembro até hoje. "Convenção das Bruxas" foi um desses casos que marcou a minha infância nos meus tempos de cinema de escola, mesmo quase nunca ter revisitado a obra ao longo das décadas.
O time responsável pela obra tinha a chave do sucesso, a começar pela fonte original: o livro homônimo do grande Roald Dahl, escritor de uma série de obras que geraram filmes de destaque como Gremlins, James e o Pêssego Gigante, Charlie e a Fábrica de Chocolate, Fantástico Sr. Raposo, O Bom Gigante Amigo e Matilda. Na direção, o escalado foi o experiente britânico Nicolas Roeg, que tinha no currículo destaques como Inverno de “Sangue em Veneza” (1973) e “O Homem Que Caiu na Terra” (1976). E na produção, a mão criativa de ninguém menos que Jim Henson, o que deu ao filme o seu teste de resistência ao tempo, ao menos no que diz respeito ao fator medo.
A adaptação de Allan Scott é inicialmente lenta e sem nenhum tipo de esforço para fazer com que o público se aproxime da avó Helga (Mai Zetterling) e do neto Luke (Jasen Fisher), um problema que domina o primeiro ato da trama, enquanto a senhora conta ao menino histórias de bruxas da maneira um tanto que desinteressante. O que mantém a atenção do cinéfilo é a representação disso na tela, com takes mirabolantes dentro da casa de uma das bruxas na época de Helga e uma das primeiras coisas que me assustou quando vi esse filme ainda criança: o aprisionamento de uma jovem num quadro pintado pelo próprio pai.
A partir daí, a trama se dirige para Excelsior Hotel, onde constatamos que o melhor está por vir. No momento em que o hotel se torna o cenário principal da trama, jamais temos uma ideia exata do que acontecerá, mas com a chegada da bruxa Rainha, interpretada magistralmente por Anjelica Huston, é que o filme muda um pouco o seu tom e se transformando em algo, por vezes, imprevisível. A cena do auditório onde ocorre a convenção das bruxas é disparado um dos melhores momentos do filme e onde Huston fica irreconhecível com uma pesada maquiagem para dar vida a maquiavélica bruxa.
Vale destacar o bom uso de maquiagem e bonecos para a elaboração da cena da transformação do personagem Bruno em um rato. A cena transita para momentos de humor para o mais puro terror. Me lembro de alguns colegas meus rirem da cena, mas eu ficava com os olhos estatelados na frente da tela devido aquele momento da trama.
O filme ainda presta homenagens a alguns clássicos do cinema, onde Luke foge das bruxas e tenta salvar um carrinho com um bebê dentro que está prestes a cair em um precipício. A cena em si remete ao clássico "O Encouraçado Potemkin" (1925), muito embora também lembre a cena chave do filme "Os Intocáveis" (1987). Homenagens a parte, o filme em si nos faz lembrar dos melhores contos de fadas, mas com um teor ousado e que remete as raízes mais sombrias de alguns contos.
Embora o final não tenha agradado o escritor Roald Dahl, já que no seu livro o destino do jovem protagonista seria menos feliz do que foi visto na tela, "Convenção das Bruxas" sobreviveu ao seu teste do tempo, do qual é lembrado com carinho por uma geração inteira e que merece ser redescoberto por uma nova geração de fãs de contos de fadas.
Onde Assistir: Lançado recentemente pelo DVD Classicline. O filme também será exibido na próxima sexta, as 03h15min na HBO Plus.