Sinopse: Will e a namorada vão para um encontro com velhos amigos a convite da ex-mulher dele, a Eden. Ela também está com um companheiro e ambos, junto com estranhos novos amigos, apresentam um comportamento que intriga Will.
O cinema "pós-terror" é denominado para os filmes de horror atuais cuja a sua trama é realista, onde as questões psicológicas envolvendo os personagens podem ser muito mais assustadoras do que quaisquer fantasmas. Filmes como, por exemplo, "Cisne Negro" (2009) sintetizam que o monstro pode não se encontrar dentro do armário, mas sim dentro de si mesmo. "O Convite" (2015) é um filme desconcertante ao nos convidar para uma situação que não sabemos o que acontecerá, mas quando acontece já é tarde demais.
Dirigido pela cineasta Karyn Kusama, do filme "Boa de Briga" (2000), o filme sobre uma tragédia que abala o casal formado por Will e Eden. Eles perdem o filho pequeno e, desolada, Eden vai embora sem dar notícias. Dois anos mais tarde, ela volta a procurar o marido, acompanhada de outro homem, e totalmente diferente de como era antes. Durante um jantar, com Will, Eden e o novo companheiro de sua esposa, Will começa a suspeitar que os visitantes têm planos sinistros contra ele.
O prólogo já começa como uma dica do que estará por vir, onde o protagonista atropela acidentalmente um coiote antes de chegar ao cenário principal da trama. Nota-se que a cena é forte, mesmo não explicitando o sangue, mas sim o ato e consequência que envolve os personagens. O início, aliás, fala sobre a dor contida, da qual ela se torna ainda mais mortífera quando ela não é liberada.
O filme começa pra valer no momento em que o casal central finalmente se reencontra no cenário principal, onde ocorre uma reunião normal entre amigos, mas que logo algo de estranho surge no ar. Karyn Kusama nos faz transitar na trama, da qual há uma mistura de drama com pitadas de suspense contido, como se um horror interno estivesse sendo guardado a sete chaves para surgir em um grande ato. Até lá, ficamos nos perguntando se tudo não passa de uma paranoia do protagonista, ou se devemos acreditar realmente em suas suspeitas. Logan Marshall-Green se sai bem em cena como protagonista, já que através de sua interpretação sentimos a dor contida de seu personagem e da qual a mesma dispara nos momentos em que seu medo se aflora em total magnitude.
Tecnicamente Karyn Kusama dá um verdadeiro show de direção mesmo a trama se passando em um único cenário. Sua câmera caminha em meios aos personagens enquanto nos passa uma sensação claustrofóbica na medida em que a desconfiança aumenta. Quando a situação transborda as cenas se tornam frenéticas, mas fazendo a gente compreender tudo o que ocorre em cena.
O ato final reserva momentos angustiantes, culminando com que todas as pistas jogadas ao longo do filme se chocarem nos minutos finais da história. Acima de tudo, o filme sintetiza os tempos de ontem e hoje em que há pessoas no mundo cada vez mais perdidas, das quais recorrem a soluções mágicas, mas terminando de uma forma tão inconsequente e errônea. O minuto final é uma representação de que esse problema é universal, mas que as vezes não prestamos atenção como se deveria.
"O Convite" é um horror psicológico perturbador, principalmente pelo fato de que ele pode facilmente ocorrer em nosso mundo real.
Onde Assistir: Netflix