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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Cine Dica: Mostra Cinema de Invenção

Cinemateca Capitólio Petrobras promove mostra “Cinema de Invenção”, de 29 de outubro a 10 de novembro
Bang Bang

Atividade conta com mais de 20 filmes do cinema experimental brasileiro e integra a programação especial 2019 com patrocínio master da Petrobras com produção cultural da Fundacine RS e Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Mostra homenageia o cineasta Neville D’Almeida que participará de sessões comentadas de três obras centrais de sua filmografia. 
De 29 de outubro a 10 de novembro a Cinemateca Capitólio Petrobras promove a mostra Cinema de Invenção, uma das 26 atividades do projeto Cinemateca Capitólio Petrobras Programação Especial 2019, aprovado na Lei de Incentivo à Cultura/Governo Federal, com produção cultural da Fundacine RS e Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da Coordenação de Cinema e Audiovisual da Secretaria da Cultura. O projeto tem patrocínio master da Petrobras.
Cinema de Invenção apresenta mais de 20 produções – entre longas, médias e curtas – realizados pelos principais nomes do cinema experimental brasileiro. A inspiração da mostra vem do mítico livro Cinema de Invenção, escrito pelo crítico, escritor e cineasta Jairo Ferreira, que lança profundas reflexões sobre as filmografias de diversos cineastas experimentais, comumente agrupados dentro do chamado Cinema Marginal. A seleção apresenta obras de Júlio Bressane, Rogério Sganzerla, Helena Ignez, Luiz Rosemberg Filho, José Agrippino de Paula, Carlos Ebert, José Sette de Barros, Edgard Navarro, Sylvio Lanna, Neville D’Almeida, Julio Calasso, Omar de Barros Filho, Letícia Parente e Andrea Tonacci.
O grande homenageado da mostra é o cineasta Neville D’Almeida, que vem a Porto Alegre participar de sessões comentadas. O realizador mineiro apresenta três obras centrais de sua filmografia: Jardim de Guerra, seu longa de estreia; Mangue Bangue, filme experimental dado como perdido até meados dos anos 2000; e a sua versão de Matou a Família e Foi ao Cinema, obra de Júlio Bressane. 
A sessão de abertura, na terça-feira, 29 de outubro, às 20h, apresenta Matou a Família e Foi ao Cinema, clássico de Bressane, protagonizado por Renata Sorrah e Márcia Rodrigues, que celebra 50 anos em 2019, em programa duplo com o curta-metragem Vicious, de Rogério Brasil Ferrari. Mais dois filmes do realizador compõem a mostra: o cinquentenário O Anjo Nasceu, e o raro O Monstro Caraíba, protagonizado por Carlos Imperial.
Omar de Barros Filho participa de debate na sexta-feira, 1º de novembro, às 20h, após a exibição do curta-metragem Viva a Morte e do média Adyos, General, duas obras essenciais do cinema de invenção realizado no Rio Grande do Sul. 
Outro destaque é a sessão Letícia Parente: Regras para ser Livre, que reúne 11 obras da artista, uma das grandes pioneiras da videoarte no Brasil. A proposta do programa é a de pensar o lugar dos filmes de Parente dentro da produção cinematográfica experimental brasileira dos anos 1970 e 1980.
Os ingressos para as sessões custam R$ 10,00, com meia entrada para estudantes, idosos e portadores do Cartão Petrobras com acompanhante, além de gratuidade para os funcionários da Petrobras. A bilheteria abre 30 minutos antes de cada sessão. A Cinemateca Capitólio Petrobras fica na Rua Demétrio Ribeiro 1085 - Esq. com Borges de Medeiros. Mais informações (51) 3289 7453 | http://www.capitolio.org.br | facebook.com/cinemateca.capitolio

FILMES
Matou a Família e Foi ao Cinema (1969)
80 min, 1969, p&b, digital
Direção: Júlio Bressane
Rapaz de classe média mata seus pais a navalhadas e depois vai ao cinema ver Perdidos de Amor. Dentre outras “histórias” paralelas, duas amigas percebem que estão apaixonadas uma pela outra.

O Anjo Nasceu
65 min, 1969, p&b, digital
Direção: Júlio Bressane
Dois bandidos, Santamaria e Urtiga, saem pela cidade cometendo atos de violência. Santamaria, místico, acredita que assim está se aproximando de um anjo que lhe limpará a alma. Urtiga, um marginal ingênuo, segue os passos do amigo, acreditando também no anjo da salvação.

O Monstro Caraíba
70 min, 1975, cor, HD
Direção: Júlio Bressane
Brasil é um caça-signos que é morto depois de uma aventura mal sucedida na pista de um tesouro, na pista de signos em rotação.

Vicious
15 min, 1988, p&b, 35mm
Direção: Rogério Brasil Ferrari
Sid e Nancy: amor impossível entre seres inviáveis. A angústia explode em delírios de sangue. Estraçalhados pelas contradições, a busca desesperada é o único caminho.

Bandalheira Infernal
72 min, 1976, p&b, digital
Direção: José Sette de Barros
Os náufragos de Bandalheira Infernal naufragam no asfalto, nos apartamentos de classe média, no trânsito corrosivo das metrópoles, nos morros e florestas da paisagem mágica do Rio de Janeiro, e vivem sempre perseguindo as suas próprias sombras e por elas continuamente sendo perseguidos.

Hitler III Mundo
90 min, 1968, p&b, HD
Direção: José Agrippino de Paula
Paranoia, culpa, desejo frustrado, miséria e tecnologia no país subdesenvolvido. Narrativa fragmentária, enquadramentos distorcidos, gritos e ruídos. O nazismo toma conta da cidade de São Paulo: prisão e tortura de revolucionários, um samurai perdido no caos, amantes trancafiados, o ditador e sua corja de bárbaros conservadores.

SESSÃO SYLVIO LANNA (quatro curtas)
In Memoriam O Roteiro do Gravador
20 min, 2019, p&b, HD
Direção: Sylvio Lanna
Um filme sobre a morte e o renascimento do Cinema.

Malandro, Termo Civilizado (ou Malandrando)
24 min, 1987, cor, HD
Um filmepoesia, um documento ficcio-musical em direção aos recônditos da alma carioca e nacional. Protagonizado por Wilson Grey com o Ás de Copas, um malandro coringa-cupido de uma estória de amor infinito, o amor que gerou o samba.

Um Cinema Caligráfico
7 min, 2019, cor, HD
Direção: Sylvio Lanna
O filme é uma resenha do "fio da meada" do Cinema Caligráfico de Sylvio Lanna.

Travelling Adiante
11 min, 2019, HD
Direção: Lúcio Branco
Uma tentativa de breve mirada de longo alcance da trajetória audiovisual e humana de Sylvio Lanna, sem perder o foco sobre a coerência da figura do realizador de ontem e de hoje, na qualidade de expoente criativo do dito Cinema de Invenção.

Bang Bang
81 min, 1971, p&b, HD
Direção: Andrea Tonacci
Um homem, envolvido em várias situações que não consegue controlar, serve de fio condutor para ação que se desenrola em torno de uma quadrilha maluca, composta de um bandido cego, surdo e mudo, cuja pistola dispara a esmo, outro bandido narcisista e um terceiro, a mãe de todos, que come o tempo todo.

República da Traição
90 min, 1969, cor/p&b, HD
Direção: Carlos Ebert
Um casal chega à República de Maraguaya para montar um aparelho de guerrilha, com o intuito de desestabilizar o governo.

Sagrada Família
85 min, 1970, cor/p&b, HD
Direção: Sylvio Lanna
Uma família burguesa composta de quatro integrantes. Ao longo da viagem, vão se desfazendo de seus bens materiais e de sua história. Conduzidos pela mão de um guia, levam uma arma e uma caixa de balas de festim.

Longo Caminho da Morte
85 min, 1971, cor, HD
Direção: Júlio Calasso
A vida e a morte do Coronel Orestes, fazendeiro de café decadente, que perpassa três gerações entre o desespero, as alucinações e o socorro de três esposas distintas.

Viva a Morte
11 min, 1986, cor, digital
Direção: Omar de Barros Filho
A história de um crime ocorrido no "Hotel Recuerdos de España". O proprietário é um velho militante franquista radicado no Brasil.

Adyos, General
56 min, 1986, cor, digital
Direção: Omar de Barros Filho
A saga do comandante paramilitar Medrano. Seus delírios psicóticos, sua fome de poder e ordem.

Jardim de Guerra
100 min, 1968, p&b, digital
Direção: Neville D’Almeida
Um jovem amargurado e sem perspectivas apaixona-se por uma cineasta e é injustamente acusado de terrorista por uma organização de direita que o prende, o interroga e o tortura.

Mangue Bangue
80 min, 1971, cor, digital
Direção: Neville D’Almeida
Filmado no Mangue, uma zona de prostituição no Rio de Janeiro, o filme acompanha a loucura de um homem em meio ao milagre econômico na década de 1970, na mesma época da liberdade sexual, uso excessivo de drogas e a censura.

Matou a Família e Foi ao Cinema
100 min, 1991, cor, 35mm
Direção: Neville D’Almeida
Jovem assassina pai e mãe e vai ao cinema, onde assiste a varias mortes anunciadas por manchetes de jornais sensacionalistas, entremeadas por cenas de um homem que rouba calcinhas de mulheres.

O Jardim das Espumas
108 min, 1970, p&b, HD
Direção: Luiz Rosemberg Filho
Um planeta extremamente pobre, dominado pela irracionalidade e opressão, recebe a visita de um emissário dos planetas ricos, interessado em acordos econômicos. Antes de se encontrar com o governante, ele é sequestrado pela facção contraditória do sistema, o oposto de tudo aquilo que é dito oficialmente.

LETÍCIA PARENTE: REGRAS PARA SER LIVRE
Sessão com vídeos realizados pela artista Letícia Parente entre 1975 e 1981 (46 minutos, HD).
Marca Registrada (1975, 10'34'') 
Preparação I (1975. 3'29'')
In (1975, 1'18'') 
Telefone Sem Fio (1976, 5'35'')
Preparação II (1976, 7'40'')
Onde (1978, de André e Letícia Parente, 2'25'')
Especular (1978, 1'44'')
O Homem do Braço e o Braço do Homem (1979, de André e Letícia Parente, 5'49'')
De Aflicti (1979, 3'55'') 
Tarefa I (1982, 1'57'')
Nordeste (1981, 1'54'')

PROGRAMA EDGARD NAVARRO
Alice no País das Mil Novilhas
20 min, 1976, cor, HD
Alice entra no país das maravilhas ao ingerir cogumelo que floresce no estrume do gado. Leitura divertida e psicodélica do clássico de Lewis Carrol

O Rei do Cagaço
11 min, 1977, cor, HD
O ato de defecar introduz história paródica de um manifestante que descobre a força política das fezes.

Exposed
7 min, 1978, cor, HD
Através de uma abordagem onírica e sinuosa, o filme introduz o tema do poder - –econômico, bélico, político - –associando-o à potência sexual.

SuperOutro
46 min, 1989, cor, HD
Um homem tenta libertar-se da miséria que o assedia e acaba por subverter a própria lei da gravidade.

Sem Essa, Aranha
92 min, 1970, cor
Exibição em HD
Direção: Rogério Sganzerla
Banqueiro do jogo do bicho, Aranha (interpretado por Zé Bonitinho) mora com três mulheres. O magnata é uma caricatura da burguesia nacional, às voltas com os solavancos do país.

A Miss e o Dinossauro
17 min, 2006, p&b/cor
Exibição em HD
Direção: Helena Ignez
Filme raro e quase secreto da Belair, produtora que tinha como sócios Rogério Sganzerla, Julio Bressane e Helena Ignez.

GRADE DE HORÁRIOS

29 de outubro (terça)
20h – Vicious + Matou a Família e Foi ao Cinema (1969)
30 de outubro (quarta)
20h – República da Traição

31 de outubro (quinta)
18h – Longo Caminho da Morte
20h – O Jardim das Espumas
1º de novembro (sexta)
18h – Curtas de Edgard Navarro
20h – Viva a Morte + Adyos, General + debate com Matico

2 de novembro (sábado)
18h – Sessão Sylvio Lanna
19h – Sagrada Família
20h30 – Bang Bang

3 de novembro (domingo)
18h – Hitler III Mundo
20h – O Anjo Nasceu
5 de novembro (terça)
18h – Bandalheira Infernal
20h – Letícia Parente: Regras Para Ser Livre

6 de novembro (quarta)
18h – República da Traição
20h – Longo Caminho da Morte

7 de novembro (quinta)
18h – O Jardim das Espumas
20h – Bandalheira Infernal

8 de novembro (sexta)
18h – Hitler III Mundo
20h – Mangue Bangue (Projeto Raros Especial) + debate com Neville D’Almeida

9 de novembro (sábado)
16h – Matou a Família e Foi ao Cinema (1991)
18h – Jardim de Guerra + debate com Neville D’Almeida

10 de novembro (domingo)
16h – Curtas de Edgard Navarro
18h – O Monstro Caraíba
20h – A Miss e o Dinossauro + Sem Essa, Aranha

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'A Cidade Dos Piratas' - Um 8½ Animal e Assustadoramente Atual

Sinopse: Um diretor de cinema enfrenta uma situação complexa no meio da produção de seu longa-metragem: a autora de "Os Piratas do Tietê" começa a rejeitar os personagens quando o enredo está praticamente pronto. Para tentar salvar o filme, ele decide contar a sua história e realidade e ficção se misturam em um caótico labirinto.   

O universo particular de um cineasta, principalmente aquele que usa os seus próprios filmes para nos dizer alguma coisa, transita entre a criatividade e a falta de inspiração em alguma ocasião. Porém, há casos que a falta de inspiração pode ser usada justamente para dar o gatilho na mente de um diretor. Pegamos, por exemplo, o caso clássico de Federico Fellini, onde num momento de crise criativa acabou realizando "8½" (1963) uma de suas maiores obras primas.
É bem da verdade que em nosso próprio mundo real, principalmente nestes tempos complexamente indefinidos, há diversas situações que podem render boas ideias e para assim serem vistas nas telas. Em um Brasil atual completamente dividido, o cineasta Guto Parente, por exemplo, lançou no mesmo ano os filmes "Inferninho" e "O Clube Dos Canibais", sendo que um é sobre os excluídos da sociedade, enquanto o outro é sobre a elite atual e que devora a nossa própria carne. É aí que chegamos ao "A Cidade Dos Piratas", cuja a falta de inspiração de um cineasta acabou servindo para criar um dos filmes brasileiros mais corajosos e políticos nestes últimos tempos.
Dirigido por Otto Guerra, diretor de filmes como "Wood e Stock -Sexo, Orégano e Rocknroll" (2006), o filme conta a história do próprio Otto Guerra, que enfrenta uma complexa situação de falta de criatividade para a realização do filme "Piratas do Tiete", baseado na bora da cartunista Laerte Coutinho. Já essa última começa a rejeitar os personagens quando o enredo parecia praticamente finalizado. Em meio a isso, surgem alguns núcleos de história e dos quais criam um mosaico de situações pra lá de surreais.
Não é preciso conhecer a obra de Laerte Coutinho para compreender esse filme como um todo. Porém, ele se torna ainda mais rico aos olhos dos fãs que cresceram lendo as suas tirinhas e que falava um pouco sobre o Brasil com piadas acidas, críticas e muito criativas. Embora o primeiro ato possa parecer um tanto que confuso, estamos diante da própria história do Brasil, do qual foi construída por um discurso hipócrita, religioso e escravocrata para dizer o mínimo.
Ao mesmo tempo, é curioso que estamos diante de um filme dentro de um filme e assim por diante. A figura de Otto Guerra, por exemplo, surge como um artista criativo, mas cuja a sua falta de inspiração, além de problemas de saúde que realmente aconteceram, fazem com que o filme tenha sido remodelado ao longo do tempo. Não deixa de ser hilário vermos o realizador enfrentar e remodelar a sua própria criatura, assim como os seus colegas de trabalho do estúdio entrando a beira de um ataque de nervos em cena.
Dito isso, é preciso levar em consideração que essas mudanças que o projeto acabou passando ao longo dos anos foi mais do que necessário, principalmente devido aos principais eventos políticos que o país estava passando nesses últimos tempos.  Tendo assim alguns núcleos de história ao longo da projeção, muita coisa vista ali fará o brasileiro se identificar facilmente, principalmente devido aos principais eventos desastrosos que tivemos neste ano em nosso cenário político. Qualquer semelhança com a figura política vista no longa com a figura grotesca do nosso Presidente atual é mera coincidência, mas assustadoramente bem-vinda e na hora certa.
Aliás, o filme possui a mesma aura criativa e crítica que os filmes dos períodos "Cinema Novo" e "Cinema Marginal" nos passavam, ao falar sobre um Brasil que sempre sofre com as adversidades, golpes políticos, sensacionalismo e onde as minorias são sempre golpeadas pelo desdém vindo dos poderosos. Por mais que o filme nos faça rir em vários momentos, ao mesmo tempo, o seu ato final é chocante por conseguir entrelaçar com a nossa própria realidade e conseguir o feito de sintetizar o que foi realmente esse ano de 2019. Talvez, Otto Guerra e os demais realizadores do longa não tinham a mínima noção de estarem conseguindo realizar esse feito, mas são situações como essa da qual se gera um grande fruto e para assim ser colhido com gosto.
Ao lado de "Bacurau" de Kleber Mendonça Filho, "A Cidade Dos Piratas" é um dos filmes políticos mais corajosos desse ano, ao retratar um Brasil sendo moldado pelo preconceito, medo, destruição e da incompetência vinda dos poderosos de plantão.    


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Cine Dica: A CIDADE DOS PIRATAS, de Otto Guerra, estreia no Cinebancários, dia 31 de outubro, na sessão das 15h

COM UM HUMOR ÁCIDO E ABORDANDO TEMAS ATUAIS COMO POLÍTICA E IDENTIDADE DE GÊNERO, CHEGA AOS CINEMAS A ANIMAÇÃO “A CIDADE DOS PIRATAS”, DE OTTO GUERRA

Uma das obras mais polêmicas do diretor Otto Guerra, A CIDADE DOS PIRATAS faz uma mistura underground e caótica entre ficção e realidade sobre as vidas particulares de Laerte Coutinho e Otto Guerra. O filme é construído por meio de uma série de referências dos quadrinhos da Laerte, e do cinema do próprio diretor, além de buscar através da história do Brasil - inclusive fatos associados à história recente - fazer uma reflexão sobre a arte, a cultura pop, e política. Com distribuição da Lança Filmes, o filme chega no circuito nacional no dia 31 de outubro. 
A animação é desenvolvida a partir de personagens dos quadrinhos Piratas do Tietê, que passam a ser rejeitados por sua criadora, Laerte Coutinho, quando ela se afirma transgênero, assumindo sua identidade feminina. “Para a Laerte, Os Piratas e outros universos de sua criação, ficaram superados. Ela dizia que os Piratas funcionavam nos anos 80, mas que hoje ela considera eles machistas. Eu também concordava que suas criações mais recentes eram muito melhores. O projeto do filme iniciou em 1993, evidente que o mundo evoluiu e tratamos de nos adaptar a essa nova fase da autora.”, diz Otto Guerra. 
Amigos e contemporâneos, Otto Guerra e Laerte Coutinho beberam nas mesmas fontes dos anos 70. Assim como Angeli e outros quadrinistas, são artistas influenciados pelas HQs do Crumb, Freak Brothers, pela literatura Beat dos anos 50, Ginsberg, Kerouac, e essa identificação gerou a parceria que segue até os dias de hoje, e que serviu como base para a construção de A CIDADE DOS PIRATAS. 
“Laerte foi generosa em relação ao nosso filme: mesmo não querendo aparecer, se dispôs a gravar as cenas onde ela foi entrevistada por nós e ajudou na liberação dos direitos dos vários programas, de suas participações em diversos canais de TV”, diz o diretor Otto Guerra, que completa: “Ela incentivou a troca do roteiro original, no qual só os Piratas atuavam, pela versão em que os Piratas, ela e seu novo universo eram protagonistas. No início ficamos perdidos em meio ao labirinto que foi criado e isso reforçou muito a atualidade do nosso filme, trazendo questões que estão e ainda vão ser vanguarda dos questionamentos, de como chegamos na beira do abismo.”.
 Ao convidar Matheus Nachtergaele e Marco Ricca a emprestarem suas vozes aos personagens, o diretor busca ampliar a dimensão contestadora e existencialista do filme, que retrata um processo de aceitação de desejos e de afetos, com a história de um homem que flerta com a cultura transexual. “Matheus é um ator que parece ser a própria personagem, sempre. E mais, ele facilmente capta a emoção da cena e faz tantas e tantas opções que chega a deixar o diretor de dublagem tonto. Gênio vivo entre nós. Já Marco Ricca tem aquele estigma do mau. Tínhamos o papel do político homofóbico e paranoico, ele era o cara perfeito para o papel.”, explica o diretor.

A CIDADE DOS PIRATAS foi exibido em diversos festivais no Brasil e América Latina, foi o vencedor do prêmio de Melhor Roteiro e Melhor Direção no Festival de Cinema de Vitória de 2018, recebeu Menção Honrosa no 46º Festival de Cinema de Gramado e foi eleito o Melhor Filme do Anima Latina, realizado Buenos Aires no último ano, e do MUMIA 2018. Participará ainda de festivais na Europa, como por exemplo CINANIMA que acontecerá em Espinho / Portugal em novembro e participou do OJO LOCO - Festival de Cine Latinoamericano de Grenoble / França.

SINOPSE Inspirado nos famosos quadrinhos da cartunista Laerte. A história mescla a jornada de transição da artista e do diretor, que encara a morte após ser diagnosticado com câncer. Criase, então, um abismo caótico entre ficção e realidade na animação mais louca de todos os tempos.


FICHA TÉCNICA Roteiro: Rodrigo John, Laerte Coutinho, Thomas Créus e Otto Guerra Direção: Otto Guerra Produção Executiva: Marta Machado e Elisa Rocha Direção de Animação: José Maia, Josemi Bezerra Direção de Fotografia: Marco Arruda Montagem: Marco Arruda Direção de Arte: Pilar Prado e Laerte Coutinho Desenho de Som: Gogó Conteúdo Sonoro Edição de Som: Matheus Walter e Gogó Conteúdo Sonoro Mixagem: Gogó Conteúdo Sonoro Trilha Sonora: Matheus Walter, Tiago Abrahão Trilha Musical: Matheus Walter Elenco: Laerte, Otto Guerra, Matheus Nachtergaele, Marco Ricca, Marcos Contreras e Luis Felipe Ramos

PRÊMIOS E FESTIVAIS Menção Honrosa – 46º Festival de Cinema de Gramado – 2018; Melhor Roteiro e Melhor Direção – 25º Festival de Cinema de Vitória – 2018; Pirita - Cine Esquema Novo 2018; Melhor Filme - MUMIA 2018; Melhor filme júri estudantil - Festival de Cine Latinoamericano de Grenoble; Melhor filme - Anima Latina, Buenos Aires. Mostra Int. de Cinema de São Paulo – 2018; Festival ANIMAGE – Recife – 2018; Mostra MUMIA - Belo Horizonte - 2019; Anima Mundi - 2019; Fest. Cine Latinoamericano de Grenoble - 2019; Anima Latina, Buenos Aires - 2019; ANIMA - Fest. Int. de Animação de Córdoba - 2019.

SOBRE O DIRETOR OTTO GUERRA Um dos pioneiros da animação autoral no Brasil, criou a Otto Desenhos Animados, que se tornou uma das produtoras de animação mais importantes do país. É o único diretor com quatro obras na lista dos 100 filmes mais importantes da animação brasileira definida pela ABRACCINE. Entre suas obras: “Rocky e Hudson: Os Caubóis Gays” (1994); “Wood e Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’roll” (2006); “Até que a Sbórnia nos Separe” (2014).

SOBRE LAERTE COUTINHO Laerte Coutinho é uma das quadrinistas mais conhecidas do Brasil. Começou sua carreira nos anos 70 fazendo o personagem “Leão”. Nos anos 80 lançou a revista “Piratas do Tietê” com a Circo Editorial e “O Tamanho das Coisas”. Foi colaborador de jornais e revistas como O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Veja e Isto É. Em 2010 revelou publicamente sua opção pelo crossdressing e em 2012 fundou a ABRAT, Associação Brasileira de Transgêneros. SOBRE A OTTO DESENHOS ANIMADOS O patamar que a animação brasileira atingiu no cenário mundial nos últimos anos mistura-se com a trajetória dos 40 anos da Otto Desenhos Animados. Além de “Rocky e Hudson: Os Caubóis Gays” (1994), “Wood e Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’roll” (2006), “Até que a Sbórnia nos Separe” (2014) e mais tantos curtas, no currículo da produtora também está o curta-metragem “Castillo y el Armado” (2014), vencedor de mais de 50 prêmios, dentre eles o de melhor curta no FICG30 Guadalajara e Festival de Havana e selecionado para mais de 200 festivais, dentre eles o Festival de Veneza.

SOBRE A LANÇA FILMES Atuando no mercado de distribuição, a Lança Filmes valoriza a qualidade técnica e artística de seus filmes, levando para o público histórias que emocionem, comovam e permaneçam nas suas memórias. Entre as últimas estreias da distribuidora são: Meditation Park (2019), Depois do Fim (2019), Fantástica – Uma aventura no Mundo Boonie Bears (2018) e Yonlu 

C i n e B a n c á r i o s 
Rua General Câmara, 424, Centro 
Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 
Fone: (51) 34331205

domingo, 27 de outubro de 2019

Cine Dica: Stanely Kubrick na Sala Redenção

Dr. Fantástico

Poucos cineastas causam tanto encantamento e interesse quanto Stanley Kubrick. Autor de grandes clássicos como 2001: Uma Odisseia no Espaço, Laranja Mecânica e O Iluminado, a obra de Kubrick é tema da mostra que ocupa as telas da Sala Redenção na próxima semana. O diretor, conhecido pelo perfeccionismo e por sempre gravar as cenas muitas (até centenas) de vezes foi responsável por uma filmografia que transformou – e continua a transformar – a experiência cinematográfica, mesmo após 20 anos de sua morte. Transitando entre vários gêneros, como assalto, noir, guerra, superespetáculo histórico, sátira política e ficção científica, Kubrick era considerado não apenas diretor, mas também autor, uma vez que se envolvia em diferentes áreas de suas produções, assumindo, inclusive, outras funções. 
Em listas que buscam mapear os melhores filmes já realizados na história do cinema, uma aposta é certa: Kubrick estará lá. Dono de um extenso legado, é difícil estabelecer quais seriam os melhores filmes do diretor, porém, certamente, alguns são mais vistos e mais lembrados que outros. Pensando nisso, o Cinema Universitário selecionou três filmes não tão óbvios da trajetória de Stanley Kubrick para integrar a mostra sobre o diretor. De Olhos Bem Fechados, de 1999, abre o ciclo na próxima segunda-feira, 28 de outubro, às 16h.
Estrelado por Nicole Kidman e Tom Cruise, a última produção do cineasta é baseado na obra de Arthur Schnitzler, publicada em 1929, “Traumnovelle” (Dream Story), e conta a história de  um casal cuja realidade é posta à prova após Alice ( Kidman) admitir que sente atração por outro homem e que seria capaz de largar tudo por ele. A confissão desnorteia Bill Harford (Cruise), que acaba em meio a uma reunião secreta e uma mansão afastada. 
Já Nascido para Matar, com sessões nos dias 28,29 e 31, escancara a desumanização inerente aos contextos de guerra, a lavagem cerebral dos treinamentos dados ao soldados e o abuso de jovens com o intuito de transformá-los em “armas de guerra”. “Kubrick ressalta o processo de desumanização ilustrado pelos quarenta primeiros minutos de seu filme. E, se decididamente ambíguo, Full Metal Jacket lembra também, na dureza do primeiro termo e na maleabilidade do segundo, a mesma contradição entre o mecânico e o ser vivo”, explica Michel Climent sobre o filme, no livro “Conversas com Kubrick”. 
Também sobre guerra -porém, dessa vez, a partir do humor e da sátira política, a última das três obras exibidas pela Sala é Dr. Fantástico, considerada uma das melhores comédias de todos os tempos. O longa satiriza as tensões da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética a partir do General Jack D. Ripper (Sterling Hayden), um general enlouquecido que acredita que os comunistas estão poluindo os preciosos fluidos corporais da América e ordena um ataque nuclear a União Soviética.
Além da Mostra Kubrick, no dia 30 de outubro o Cinema recebe a sessão mensal organizada pela UNAPI (Universidade Aberta para Pessoas Idosas), às 14h. O filme escolhido para a exibição do mês de outubro é Numa Escola de Havana, um drama chileno que reflete o papel do professor de crianças e adolescentes em situações de risco. No mesmo dia, às 19h, a também sessão mensal Espaço (Sub)Traídos, coordenada pelo Grupo de Pesquisa Identidade e Território da UFRGS, exibe dois documentários brasileiros. O primeiro a ser exibido, O Teto Sobre Nós, aborda a realidade de um prédio ocupado, e o segundo, Banca Forte, reflete sobre o Rap como um movimento de reflexão e manifesto. 
Para encerrar a semana, o SESC-RS dá início a III Mostra Sesc de Cinema, um projeto que procura contribuir na difusão da produção cinematográfica brasileira e incentivar a linguagem audiovisual. Na sexta-feira, 1 de novembro, médias e longas metragens do Pará, de Santa Catarina, da Bahia, de Goiás e do Rio Grande do Sul terão espaço no Cinema da UFRGS para contarem suas histórias.

Confira a programação completa no site oficial clicando aqui. 

sábado, 26 de outubro de 2019

Cine Dica: Em Blu-Ray - DVD – VOD: 'Girl'


“Girl” é sobre a luta árdua de uma personagem em busca do seu lugar no mundo e que não medirá esforços para obter esse feito. Confira a minha crítica completa no site Cinesofia clicando aqui. 

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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: 'O Menino Que Fazia Rir' - SORRIA

Sinopse: A infância do famoso humorista Hape Kerkeling é cheia de humor, mas ao mesmo tempo é marcada por experiências dolorosas e traumáticas na República Federal Alemã das décadas de 1960 e 1970. 

muitos humoristas usaram o seu humor para driblar as adversidades da vida e obtendo assim a sua principal arma contra as suas tristezas. É claro que é difícil sorrir sempre, principalmente em épocas mais cinzentas, mas nunca é demais se esforçar, pois se for desistir aí sim irá perder. No filme "O Menino Que Fazia Rir" testemunhamos um pequeno inocente que não desistiu de sorrir, mesmo com as adversidades que surgiram ao longo do percurso de sua vida.
Dirigido pela cineasta Caroline Link, o filme conta a história da infância de um dos humoristas de maior relevância na Alemanha, Hans-Peter Kerkeling, que se consagrou no mundo artístico também como ator, apresentador e roteirista. O que muitos de seus fãs sequer imaginam é que a sua infância foi uma verdadeira história de tragédia. Porém, isso não o impediu de sorrir e espalhar a sua alegria para as pessoas em sua volta.
Nos primeiros minutos de projeção já nos damos conta que o pequeno protagonista é a verdadeira alma da obra. Com grande intensidade, Julius Weckauf se entrega de corpo e alma ao jovem Hape Kerleling e cuja sua presença ofusca os demais do elenco que se encontram em cena. Porém, é preciso reconhecer o esforço dos demais do elenco, onde nas expressões dos mesmos conseguimos enxergar um olhar de espanto e amor perante um jovem cheio de luz e que passa esperança em situações em que eles não enxergam nenhuma boa perspectiva.
Desse elenco, podemos destacar Luise Heyer, que interpreta a mãe do jovem protagonista e que transita entre a luz e sombras daquela vida. É por ela, por exemplo, que o filme se transforma, onde a fotografia de cores quentes cheias de esperança dá lugar aos tons escuros e fazendo a gente se preparar pelo inevitável. É nesses momentos que o jovem protagonista irá experimentar as dores da vida, principalmente vindo do universo dos adultos, mas com ajuda dos mesmos ele consegue obter um equilíbrio necessário e para assim seguir em frente e abraçar pelo que ele estava predestinado a ser.
É claro que estamos falando de um filme que reconstitui de forma romanceada a vida de uma celebridade e, portanto, não se surpreenda que alguns momentos do filme soe um tanto que romanceado demais. Porém, em tempos em que cada vez mais os filmes sintetizam os tempos difíceis que nós vivemos, nunca é demais pararmos um pouco e sorrirmos para nós fortalecermos."O Menino Que Fazia Rir" é uma pequena declaração de amor para aqueles que se prezam em fazer as pessoas sorrirem contra os obstáculos desse mundo. 

Nota: "O Menino que Fazia Rir" será exibido para associados e não associados na no próximo domingo. Local: Sala Paulo Amorim, Casa de Cultura Mário Quintana as às 10:15 horas. Meia entrada para o público em geral: R$ 7,00. Associados do Clube de Cinema não pagam.


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