Sinopse: Plantonista de um necrotério, Stênio possui um dom paranormal de se comunicar com os mortos. Trabalhando a noite, ele já está acostumado a ouvir relatos do além.
Desde "Trabalhar Cansa" (2011) que os realizadores do cinema brasileiro se empenham em realizar filmes que vão muito além das fórmulas de sucesso do gênero de terror e nos apresentando tramas em que comprovam que as adversidades do mundo real sendo levados para a tela podem ser sim muito mais assustadoras. Contudo, "Boas Maneiras" (2017) é um exemplo dentro do gênero em que consegue mesclar fórmulas de sucesso já conhecida pelos fãs com as questões do mundo real inseridas dentro de um universo fantástico. É aí que chegamos ao filme "Morto Não Fala", que usa ingredientes reconhecíveis dentro do gênero, mas que também fala um pouco do horror real vindo do nosso mundo.
Dirigido por Dennison Ramalho, o filme conta a história do plantonista de um necrotério, Stênio (Daniel de Oliveira), que possui um dom paranormal de conseguir falar com os mortos. Trabalhando a noite, ele já está acostumado a ouvir relatos do além. Porém, quando essas conversas revelam segredos de sua própria esposa (Fabiula Nascimento), o homem toma uma decisão que desencadeará situações irreversíveis em sua vida.
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Os primeiros minutos do filme já nos dão uma dica do que estará por vir, onde é retratado as consequências da violência suburbana vinda das periferias do Brasil. Stênio recebe em seu necrotério diversas pessoas, onde os mesmos começam a conversar com o protagonista e falando os motivos que os levaram a perderem as suas vidas. É uma pena, portanto, que o filme não explore um pouco mais sobre a questão da violência que ocorre nestas regiões, onde as vítimas se tornam apenas estatísticas, mas cujas as suas dores permanecem mesmo após a morte.
A partir daí, o filme se encaminha gradualmente para o horror gore, sobrenatural, mas sendo introduzido em cenários familiares para quem vive nas periferias e que convivem com o horror real da violência. Além disso, mesmo dentro do universo fantástico, o filme se torna verossímil graças ao desempenho do seu elenco principal. Se por um lado Daniel De Oliveira entrega novamente uma atuação digna de nota, do outro, Fabiula Nascimento rouba a cena no primeiro ato da trama, ao interpretar uma personagem com personalidade fortíssima e se tornando posteriormente assustadora.
Do segundo ato adiante a casa de Stênio se torna o cenário principal dos acontecimentos e onde acontecem situações que todos os fãs do gênero já estão bem familiarizados. Embora já tenhamos uma ideia de como terminará a história, Dennison Ramalho demonstra segurança e criatividade nas cenas em que filmou, nos surpreendendo e não devendo em nada em termos de comparação com relação ao que já foi criado no cinema americano. Pode até não fortalecer o gênero dentro do nosso cinema brasileiro, mas o filme comprova que temos talento para isso.
"Morto Não Fala" é criativo em sua proposta e provando novamente que o gênero de horror pode sim se fortalecer em nossas terras brasileiras.
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