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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 9 de maio de 2019

Cine Dica: MORMAÇO NO CINEBANCÁRIOS

APÓS PARTICIPAR DE DEZENAS DE FESTIVAIS, ‘MORMAÇO’, DE MARINA MELIANDE, TEM ESTREIA DIA 9 DE MAIO NO CINEBANCÁRIOS

Primeiro longa-metragem solo de Marina Meliande, “MORMAÇO”, estreia dia 09 de maio, ás 19h, no CineBancários, após ser exibido em dezenas de Festivais pelo mundo. O longa teve estreia mundial na competição oficial do Festival Internacional de Cinema de Roterdã e foi exibido pela primeira vez no Brasil na mostra competitiva do Festival de Gramado. Também passou pela mostra competitiva Novos Rumos, do Festival do Rio, onde recebeu menção honrosa do júri, e esteve na 42ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
O longa traz Ana (Marina Provenzzano, de O Grande Circo Místico) como protagonista, no papel da jovem defensora pública carioca que se divide entre seu trabalho na Vila Autódromo, comunidade prestes a ser despejada por conta dos Jogos Olímpicos do Rio, e uma doença misteriosa. O filme é dirigido por Marina Meliande e escrito por ela com a colaboração de Felipe Bragança. A dupla já trabalhou junta em outros projetos e assina a direção de longas como “A fuga da Mulher Gorila”, que estreou no Festival de Locarno 2009, e “A Alegria”, que esteve na Quinzena dos Realizadores, no Festival de Cannes 2010. Além de Marina Provenzzano, o elenco conta com o Pedro Gracindo, neto de Paulo Gracindo e filho de Gracindo Jr., Diego de Abreu, Analu Prestes, Igor Angelkorte e Sandra Souza.
A ideia de “MORMAÇO” surgiu quando o Rio de Janeiro foi anunciado como a cidade que iria sediar as Olimpíadas de 2016. Esse anúncio trouxe um misto de euforia e incômodo do que essa decisão significava, “a notícia sobre as olimpíadas começou a ser divulgada e comemorada na imprensa como algo que traria inúmeros benefícios para o Rio, a cidade logo em seguida começou a se transformar rapidamente e a se preparar para sediar o evento. E eu comecei a me incomodar muito sobre como as decisões políticas em relação aos espaços públicos estavam sendo tomadas, e consequentemente a relação com as comunidades. Eu não estava sendo tocada diretamente por isso, mas eu sou carioca, vivo no Rio, tenho minha vida ligada à cidade. Quis escrever sobre isso, fazer um filme sobre uma personagem que se sente pouco à vontade no espaço onde viveu a vida toda, que está se sentindo expulsa desse lugar e tivesse que se readaptar a esse espaço em transformação. Assim, de alguma maneira, o corpo dessa personagem se transformasse junto com a cidade, como uma forma de resistência, de doença ou um sinal a essa mudança.”, explica a diretora e roteirista.
Durante o trabalho de pesquisa para “MORMAÇO” Marina Meliande tomou conhecimento da Vila Autódromo, uma comunidade localizada em frente a onde seria construído o Parque Olímpico, cercada pela Barra da Tijuca e que despertava interesse comerciais da especulação imobiliária do Rio de Janeiro. Por conta disso, a Vila Autódromo foi incluída como moeda de troca na negociação do prefeito com as construtoras responsáveis pelo projeto do Parque Olímpico, para que ficassem com esse terreno. Porém a Vila Autódromo tinha dono e os moradores eram uma comunidade legalizada, que não podia ser removida de uma hora para outra. Imediatamente Marina incorporou o local à sua história: “quando eu cheguei lá parecia um cenário pós-apocalíptico, tinham algumas casas completamente destruídas e outras ainda em pé, uma associação de moradores muito forte, organizada e consciente do que eles podiam fazer para lutar pelos seus direitos de moradia e eu fiquei fascinada pelo encontro com essas pessoas. Tinham lideranças femininas muito fortes, uma delas é a Sandra, que virou uma das atrizes do filme fazendo a personagem Domingas”, comenta Marina. Para a diretora, “a Vila Autódromo era a síntese de tudo o que estávamos passando naquela época: ruína e resistência, com mulheres fortes e corajosas na liderança de uma determinação superimportante”. A Vila Autódromo, que é a única comunidade da história das Olimpíadas que conseguiu resistir aos processos de remoções, pois algumas famílias permanecem morando no bairro nos dias de hoje, passou a ter um espaço de narrativa muito importante no roteiro de “MORMAÇO”.
Além de toda a questão política, “MORMAÇO” usa traços do cinema fantástico e de filmes de horror para abordar esse momento de extrema opressão, mas também de resistência, que o país vive desde então. O filme fala sobre corpos que resistem a sistemas opressivos e intolerantes e como os corpos se transformam de forma poética.
“MORMAÇO” é uma produção da Duas Mariolas e Enquadramento Produções e foi desenvolvido com o suporte da Résidence da Cinefondation, promovida pelo Festival de Cannes, e do Hubert Bals Fund, promovido pelo Festival de Roterdã. Além disso, o projeto foi o vencedor do Brasil CineMundi, da Mostra CineBH, e foi realizado com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, na linha dedicada a longas-metragens com propostas de linguagem inovadora e relevância artística. Com estreia no dia 02 de Maio de 2019, será distribuído pela Vitrine Filmes.

Sinopse:
Rio de Janeiro, 2016. O verão mais quente da história. A cidade está se preparando para os Jogos Olímpicos. Ana, uma defensora pública de 32 anos, trabalha na defesa de uma comunidade ameaçada de remoção pelas obras do Parque Olímpico. Enquanto isso, misteriosas manchas roxas, similares a fungos, aparecem em seu corpo. Coisas estranhas começam a acontecer na cidade e no corpo de Ana. A temperatura sobe, criando uma atmosfera úmida e sufocante. O mormaço acumula, abrindo caminho para uma forte chuva.


FICHA TÉCNICA
Direção - Marina Meliande
Roteiro - Felipe Bragança e Marina Meliande
Produção - Leonardo Mecchi
Empresas Produtoras - Duas Mariola Filmes e Enquadramento Produções
Direção de Fotografia - Glauco Firpo
Som - Valéria Ferro
Direção de Arte - Dina Salem Levy
Figurino - Gabriela Campos
Maquiagem - Mari Figueiredo
Desenho de Som e Música Original – Edson Secco
Elenco - Marina Provenzzano, Pedro Gracindo, Diego de Abreu, Analu Prestes, Igor Angelkorte, Sandra Souza, Jéssica Barbosa

SOBRE A DIRETORA
Marina Meliande nasceu em 1980 no Rio de Janeiro, Brasil. Cineasta e montadora formada pela Universidade Federal Fluminense, dirigiu, em parceria com Felipe Bragança, alguns filmes exibidos em festivais internacionais: dois curtas, Por Dentro de uma Gota D’água e O Nome dele (o clóvis), além da Trilogia Coração no Fogo, composta pelos longas A Fuga da Mulher Gorila, lançado no Festival de Locarno 2009; A Alegria – lançado na Quinzena dos Realizadores, Festival de Cannes 2010; Desassossego, filme das maravilhas - filme coletivo, lançado no Festival de Roterdã em 2011. Nos anos de 2007 a 2009, Marina foi artista residente do Centro de Arte Contemporânea Le Fresnoy (França), onde realizou duas videoinstalações: Lettres au Vieux Monde e L’Image qui reste. Como montadora, trabalhou em mais de 40 filmes, entre eles, Girimunho e Histórias que só existem quando lembradas, Olmo e a Gaivota, Pendular. Atualmente, lança seu primeiro longa-metragem com direção solo Mormaço, realizado com o apoio da Résidence da Cinefondation, promovida pelo Festival de Cannes, e do Hubert Bals Fund, do Festival de Roterdã.

HORÁRIOS DE 09 A 15 DE MAIO (não há sessões nas segundas):

Dia 09 de maio:
15h – DIAS VAZIOS
17h – A SOMBRA DO PAI
19h - MORMAÇO

Dia 10 de maio:
15h – DIAS VAZIOS
17h – A SOMBRA DO PAI
19h – MORMAÇO

Dia 11 de maio:
15h – DIAS VAZIOS
17h – A SOMBRA DO PAI
19h – MORMAÇO

Dia 12 de maio:
15h – DIAS VAZIOS
17h – A SOMBRA DO PAI
19h – MORMAÇO

Dia 14 de maio:
15h – DIAS VAZIOS
17h – A SOMBRA DO PAI
19h – MORMAÇO

Dia 15 de maio:
15h – DIAS VAZIOS
17h – A SOMBRA DO PAI
19h – MORMAÇO

Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema ou no site ingresso.com . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados,portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00. Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.

C i n e B a n c á r i o s 
Rua General Câmara, 424, Centro 
Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 
Fone: (51) 34331204 

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: ‘A Sombra do Pai’ - Os Zumbis do Brasil

Sinopse: Dalva (Nina Medeiros), uma menina de 9 anos, se torna responsável por sua casa quando seu pai, o pedreiro Jorge (Julio Machado), fica doente. Órfã de mãe, ela precisa deixar de lado a infância para cuidar do pai, que por sua vez, tem que lidar com a frustração de perder aspectos de sua paternidade. 

No filme "Trabalhar Cansa" (2011), o horror não surge através de fantasmas ou monstros, mas sim da própria insegurança vinda do mundo de fora e que nos aflige no dia a dia. O cinema "pós-terror" tem nos brindado com títulos cada vez mais humanos e que fala sobre as incertezas e retrocessos atuais que se espalham pelo mundo. "A Sombra do Pai' segue essa tendência, onde a estrutura de uma família faz com que a situação se torne assustadora e fazendo com que qualquer fórmula já vista e revista dentro do gênero fique pelo caminho.  
Dirigido por Gabriela Amaral Almeida, do filme "Animal Cordial" (2018), o filme conta a história de  Dalva (Nina Medeiros), uma menina de 9 anos e que durante o dia é cuidada pela sua tia Cristina (Luciana Paes). O seu pai Jorge (Julio Machado), trabalha como pedreiro de um prédio e o que acaba fazendo dele um ausente na vida da filha. A partir do momento que Jorge fica doente, Dalva começa a passar por transformações e fazendo dela a principal mulher dentro da casa.  
Apresentação do filme começa de uma forma bem curiosa, já que a cineasta opta em deixar que a câmera conte, mesmo que não por muito tempo, sobre quem são aqueles personagens em meio ao ambiente mórbido, porém, realístico. Em um primeiro momento, por exemplo, acreditamos que Dalva e Cristina sejam mãe e filha e que essa última esteja tendo um caso fora do casamento. Aos poucos, então, descobrimos que ela é tia da menina e que Jorge é na realidade o seu irmão.  
Essa quebra de perspectiva se deve, principalmente, pela escolha certeira da menina que interpreta Dalva. Nina Medeiros é surpreendentemente idêntica a Luciana Paes, sendo que a semelhança se sobressai ainda mais quando uma encara a outra em cena. Aliás, a pequena atriz possui uma presença de peso fortíssima, graças ao seu olhar profundo e do qual faz de sua personagem alguém muito mais complexo do que nós imaginavamos.   
Complexidade, aliás, é o que move os personagens na trama, já que cada um deles parece que carrega uma cruz perante as situações rotineiras, porém, suficientes para colocarem cada um deles na corda bamba. Jorge, por exemplo, sofre com a perda da esposa, com o descaso vindo do estado, de um emprego desumano e por não saber se interagir com a sua própria filha. Ela, por sua vez, gosta de criar certas simpatias, para obter o que deseja e tentar uma reaproximação com a sua família.  
É nesse ponto que Gabriela Amaral Almeida cria um paralelo com o seu filme com relação ao quadro familiar brasileiro atual, do qual a desunião vem de muitos fatores, desde os desentendimentos, como também dos próprios rumos políticos em que o país está vivendo. A casa, por exemplo, parece um ambiente cheio de cicatrizes, cheios de histórias, mas que, algumas delas, são omitidas pelos próprios protagonistas. Contudo, mesmo morta, a presença da mãe se torna constante na vida deles, ao ponto de ficarmos nos perguntando se ela está provocando os acontecimentos que ocorrem na história ou se tudo não passa de uma infeliz coincidência.  
Curiosamente, a cineasta faz um curioso paralelo do seu filme com os clássicos do horror "Cemitério Maldito" (1989) e "A Noite dos Mortos Vivos" (1968), em que ambos os casos traz à tona assuntos como a vida pós morte. Porém, Gabriela Amaral Almeida opta por um caminho inverso, ao fazer com que fórmulas de sucesso do horror vistas naqueles clássicos se tornam datadas, fazendo do seu filme mais crível, pois o próprio mundo real já é muito mais assustador do que qualquer morto vivo. Em tempos cada vez mais incertos e nebulosos, Gabriela Amaral Almeida opta, então, por um caminho mais criativo, ao invés de cair no óbvio.  
"A Sombra do Pai" sintetiza o lado sombrio de um Brasil atual cada vez mais zumbi e que teima em não querer acordar. 

Nota: o filme foi exibido ontem no Cinebancários de Porto Alegre, com a presença da própria Gabriela Amaral Almeida e seguida por um debate. O filme seguirá em cartaz na sala na sessão das 17horas. Cinebancários: Rua General da Câmara, nº 424. Centro Histórico de Porto Alegre. 
  

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Cine Dica: Em Cartaz: 'Um Amor Inesperado' - O Amadurecimento Dentro De Um Gênero Saturado

Sinopse: Marcos (Ricardo Darín) e Ana (Mercedes Morán) estão casados há 25 anos e seu relacionamento já não está mais funcionando. Quando seu filho deixa a Argentina para estudar fora, os dois decidem se divorciar. Porém, a vida de solteiro não é tão fácil quanto eles esperavam e Marcos acaba chamando Ana para sair com ele novamente. 

O gênero "Comédia Romântica" foi tão aproveitado e reaproveitado ao longo das décadas que hoje se encontra saturado e praticamente esgotado. Cabe alguns realizadores dar um novo sopro de vida para que, uma vez ou outra, surja um título que faça a diferença. O filme argentino "Um Amor Inesperado" traz um certo frescor ao gênero, mesmo quando ele faça com que a gente já tenha uma ideia sobre qual será o próximo passo da história.
Dirigido por Juam Vera, do ótimo filme "Zama" (2018), o filme conta a história de Marcos (Ricardo Darín) e Ana, interpretada pela atriz Mercedes Morán e vista recentemente no filme "Família Submersa" (2018). Ambos são um casal bem-sucedido, mas que, ao que tudo indica, o amor acabou entre os dois. Ambos, então, decidem pela separação e cada um segue uma nova encruzilhada pela vida, com novos desafios e surpresas inesperadas.
O grande charme do filme se encontra na maneira como o casal de protagonistas lida com essa situação crítica do relacionamento. Não há exatamente uma briga entre eles, mas sim diálogos francos sobre o assunto, já que eles se gostam muito, mas tendo a consciência que a relação já não é mais como era antes. Os realizadores, portanto, criam um paralelo entre a realidade matrimonial do mundo real com o que é apresentada na história, da qual deveria servir de exemplo, mesmo que, por vezes, simplista sobre a melhor maneira sobre como um casal contemporâneo deveria se comportar perante um assunto tão delicado.
A partir do momento que cada um segue o seu rumo, o filme desliza entre momentos reflexivos, para também situações do mais puro humor. Se por um lado Ana se sente, por vezes, mais segura em abraçar relacionamentos imprevisíveis, Marcos, por sua vez, nos brinda em situações hilárias quando começa a conhecer novas pessoas: a cena em que ele conhece alguém em um bar é de longe a parte mais engraçada do longa.
É claro que o filme não seria como ele é se não fosse pela presença de grandes talentos que são Ricardo Darin e Mercedes Morán em cena, já que ambos possuem boa química juntos e com diálogos muito bem afiados. Curiosamente, assuntos delicados como, por exemplo, idade avançada e relacionamentos extraconjugais, são tratados com certa leveza, mas não deixando de provocar uma boa dose de reflexão após a sessão. Portanto, é uma pena que, do final do segundo ato em diante, o filme se encaminhe com certa previsibilidade, em situações que já prevemos sobre o que irá acontecer, mesmo quando lá no fundo a gente deseja que isso venha a se concretizar.
Embora com um ou outro deslize, "Um Amor Inesperado" é um sopro de amadurecimento para um gênero que se encontra a muito tempo saturado e que precisava de um novo fôlego.


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segunda-feira, 6 de maio de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Cemitério Maldito (2019)' - Que os Mortos Continuem Mortos

Sinopse: A família Creed se muda para uma nova casa no interior, localizada nos arredores de um antigo cemitério amaldiçoado usado para enterrar animais de estimação - mas que já foi usado para sepultamento de indígenas. Algumas coisas estranhas começam a acontecer, transformando a vida cotidiana dos moradores em um pesadelo. 

“Cemitério” Maldito” é uma incógnita para mim, já que a primeira versão cinematográfica da obra de Stephen King, lançada no ano de 1989, pouco eu me lembro dela e não li o livro para fazer alguma comparação a respeito. Dito isso, assistir ao cenário dos acontecimentos da trama, nessa nova verão cinematográfica, me faz com que eu adentrasse em um território desconhecido e não tendo ideia do que aconteceria. Contudo, embora tenha os seus pontos positivos, é perceptível que obra poderia ter ido muito mais além do que ela havia alcançado, mas falaremos disso mais adiante. 
Dirigido pelos desconhecidos Kevin Kölsch e Dennis Widmyer, o filme conta a vida da família Creed, que se muda para o interior e decidem viver em um território localizado próximo a um cemitério de animais. Dias após a mudança, a família do gato morre e Louis (Jason Clarke) do recente “A Maldição da Casa Wichester” (2018), decide enterrar o animal em uma parte especial que vai além do cemitério e que foi indicado pelo vizinho Jud (John Lithgow), visto recentemente na série “The Crown” (2017). O gato acaba ganhando vida e desencadeando eventos irreversíveis para toda aquela família. 
O filme já começa com uma certa carga de suspense, já que a câmera perambula o território dos acontecimentos e onde testemunhamos algo que poderia ter sido um massacre. Com isso, o filme se torna um grande flashback, onde assistimos o verdadeiro começo da história antes da tempestade de eventos que irá afligir aquela família. Isso faz com que o cinéfilo já fique a frente dos personagens principais e já se preparando pelo que está por vir.  
Embora eu não me lembre muito da adaptação original, ouvi dizer que o filme possuía muito gore e fazendo com isso tenha se tornado um dos principais destaques da obra. Nessa nova adaptação a situação é diferente, pois ela vai mais para um caminho de terror psicológico, mesmo com o teor sobrenatural aparecendo a todo momento. A opção é bem satisfatória, pois torna os personagens mais humanos e fazendo com que simpatizemos com eles de um modo bem mais fácil.  
Aliás, assuntos como a possibilidade da vida pós morte se tornam a força matriz da obra. A mãe da família, Rachel (Amy Seimetz), de “Alien Covenant” (2018), possui um trauma de infância e o que fez ela acreditar em algo que vai muito mais além dessa vida na terra. Já Jud, por ser um médico que já viu todos os horrores em uma clínica, é muito mais cético sobre o assunto. Com isso, há um pequeno atrito de como tratar desse assunto tão delicado para uma criança, especialmente para a filha Ellie e que não aceitará a morte do seu gato facilmente. 
Mesmo sendo histórias diferentes, os dilemas em que os personagens enfrentam faz com que o filme nos remeta ao clássico “Frankenstein”, já que em ambos os casos a possiblidade de trazer alguém para vida após a morte sempre trará consequências. Mesmo antes do surgimento do gato com vida, por exemplo, os realizadores foram habilidosos ao criar um cenário um tanto que claustrofóbico, seja no misterioso cemitério, como até mesmo nos cenários das duas casas em que se passam a história. Em alguns momentos, inclusive, o filme fez me lembrar dos filmes de horror da virada dos anos 80 e 90, mas que, logicamente, isso é proposital, já que estamos falando de uma nova versão de um clássico que havia sido lançado na virada dessas duas décadas.  
Contudo, mesmo eu não ter lido o livro, ou de não me lembrar muito de sua primeira adaptação, é notório que o filme possua alguns furos mais ou menos curiosos. Há no início, por exemplo, uma cerimônia fúnebre de um animal, onde as crianças tocam música e usam máscaras misteriosas, mas cujas as figuras não surgem mais ao longo da história. O mesmo pode ser dito de um misterioso personagem, do qual morre e se tornando uma alma penada (qualquer semelhança com o clássico “Um Lobisomem Americano em Londres” é mera coincidência), mas que pouco é utilizado ao longo da trama.  
Porém, o filme ganha o seu gás em seu derradeiro ato final, principalmente com a presença desconcertante de Ellie após a sua morte. A pequena Jeté Laurece já surpreendia com a sua presença desde o início do filme, mas essa reviravolta para a sua personagem faz com que tenhamos medo dela a todo momento que surge em cena. Jason Clarke e Amy Seimetz estão bem em seus respectivos papeis, mas é sempre ótimo rever o veterano John Lithgow, pois o seu personagem possui camadas ambíguas, mesmo a gente conhecendo desde o princípio a sua real natureza.  
O final, logicamente, não irá agradar a todos, mas sim irá fazer com que pensemos muito sobre as várias questões lançadas durante a trama. Stephen King sempre gostou de nos colocarmos em território nenhum pouco confortável, para assim questionarmos, tanto as suas obras, como também as suas adaptações que conseguiram, ao menos, serem próximos a sua real proposta. Embora com alguns deslizes, “Cemitério Maldito” é um bom filme de terror que não busca o lado óbvio do gênero, mas sim que nos faça pensar em alguns momentos sobre assuntos delicados e que nós sempre omitimos. 




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Cine Dica: SESSÃO ESPECIAL COM DEBATE A SOMBRA DO PAI

SESSÃO ESPECIAL COM DEBATE DIA 07 DE MAIO ÁS 19H30 NO CINEBANCÁRIOS

O longa ASombradoPai, de Gabriela Amaral Almeida (“O Animal Cordial”), ganha exibição especial seguida de debate com a diretora e mediação do jornalista Roger Lerina na terça-feira 07/05 a partir das 19h30 no CineBancários. 
O filme venceu 3 prêmios no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e conta a história de Dalva (Nina Medeiros, “As Boas Maneiras”), uma garota de 9 anos que vê seu pai (Julio Machado, “Joaquim”) ser consumido pelo luto e que acredita ter poderes sobrenaturais capazes de trazer a mãe, já falecida, de volta à vida. 


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sexta-feira, 3 de maio de 2019

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (03/05/19)

Amanda

Sinopse: David tem pouco mais de 20 anos e leva uma vida de empregos temporários. Solitário e sonhador, se apaixona por Lena, uma vizinha que acabou de chegar a Paris. 

Borrasca 

Sinopse: Em uma noite chuvosa, Gabriel e Diego, um escritor amargurado e um piloto de helicópteros, respectivamente, reavaliam suas vidas. 

Entardecer 

Sinopse: Em 1913, durante o declínio do Império Austro-Húngaro, Írisz retorna à Budapeste, cidade onde nasceu, depois de anos vivendo em um orfanato. 

Tudo o que Tivemos 

Sinopse: Junto com a filha adolescente, Bridget precisa viajar até a casa da mãe, após ela acordar de madrugada e sair caminhando por uma tempestade de neve devido ao Alzheimer.


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Cine Dica: Grupo Giramundo apresenta o espetáculo “O Pirotécnico Zacarias”, no CCBB-SP

Montagem, adaptada de contos do escritor Murilo Rubião, é resultado de uma nova vertente do grupo mineiro, que passa a desenvolver projetos votados para experimentar as possibilidades híbridas entre a linguagem teatral e outras mídias. O espetáculo fica em cartaz em SP até 24 de junho
 
Conhecido e consagrado na cena teatral brasileira em seus quase 50 anos de atuação, o Grupo Giramundo construiu uma trajetória que inclui um vasto repertório com mais de 35 espetáculos teatrais, 1.500 bonecos confeccionados e objetos de cena, além da participação na formação teatral de diversos nomes importantes da dramaturgia e teatralidade contemporânea do país.
Agora, o Giramundo promove em São Paulo, a temporada de estreia do espetáculo “O Pirotécnico Zacarias”, montagem que dialoga e experimenta as linguagens do teatro e do cinema, apresentando 5 adaptações de contos de Murilo Rubião, considerado um dos mais significativos escritores da literatura fantástica no Brasil. O espetáculo é resultado da nova vertente de trabalho do grupo, que após mais de 30 anos atuando especificamente como um grupo de teatro passa a promover ações como a formação de um núcleo multimídia experimentador de uma cena de animação, convivendo com bonecos reais e suas versões digitais. Essa mistura do teatro de bonecos, vídeo, animação, música, dança e artes plásticas que originaram neste mais recente espetáculo do grupo, poderá ser visto entre os dias 19 de abril e 24 de junho, no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB-SP).
O PIROTÉCNICO ZACARIAS
A dramaturgia foi construída a partir da continuidade entre os roteiros de cada adaptação, estabelecendo uma conexão entre 5 contos de Rubião, interligados pela figura central do Pirotécnico Zacarias. Assim, o público é convidado a acompanhar a história do próprio protagonista, seguida pelas adaptações de “O Ex-Mágico”, “Teleco, o Coelinho”, “O Bloqueio” e “Os Comensais”. 

“Desde o início dos anos 2000 temos norteado nossa produção na experimentação com outras mídias, principalmente com as possibilidades híbridas com o audiovisual. Com a montagem “Pirotécnico Zacarias” fomos mais além, trazendo o cinema como um processo duplo de planejamento e produção, seguindo convenções de realização focadas na criação de um filme, mas ao mesmo tempo incorporando as características cinematográficas para uma linguagem teatral. É um campo cênico híbrido, que corresponde à uma inquietude midiática de sentimentos no mundo contemporâneo.”, conta Marcos Malafaia, diretor da montagem. 
O espetáculo traz como novidade a influência do cinema no campo da linguagem e na própria construção da composição de cena. Contudo, apesar de seguir uma nova linha de experimentação no que diz respeito às possibilidades técnicas e linguísticas do teatro, a montagem mantém o rigor metodológico e a atenção estética no planejamento e produção que é adotado pelo Giramundo desde a década de 70. Assim, incorpora formas e temas adultos, dialogando com questões formais, plásticas e políticas complexas e essências para o mundo contemporâneo, seja para o contexto cultural e social, ou para a cena teatral.
“Os contos de Murilo Rubião são surpreendentemente contemporâneos e importantíssimos para a cultura brasileira, apesar de não serem tão populares entre o público. À medida que realizamos as adaptações e experimentações para construção do espetáculo, percebemos que eles vão ficando cada vez mais eloquentes e que possuem traços cinematográficos fortes. Por isso, enxergamos não só a necessidade, mas também a importância em trazer vida à obra de Rubião.”, conta o diretor.
A montagem estreou oficialmente em Belo Horizonte, onde fica a sede do grupo e inicia a circulação nacional pela capital paulista. Depois, segue ainda para Rio de Janeiro e Brasília. Serão ao todo, 107 apresentações do espetáculo, transformando-se na maior temporada da história do grupo Giramundo desde a sua fundação, em 1970.
::Cem anos de Murilo Rubião::
Murilo Rubião é considerado um escritor muito misterioso. Apesar de sua importância para a literatura brasileira ser unânime atualmente, e de seus temas e recursos literários, serem conhecidos e descritos, ainda restam nebulosas as circunstâncias do surgimento de autor e de obras tão autônomas e originais. Por conta disso, foi considerado um mestre em fazer o absurdo penetrar na realidade cotidiana.
Admirador de Machado de Assis, apreciador de contos de fadas e fábulas, estudioso da literatura fantástica europeia, da mitologia grega e da Bíblia, o autor inicia sua produção no início dos anos 40 e publica seu primeiro conto em 1947, sendo acolhido de modo discreto pela crítica. Desarticulado dos movimentos literários brasileiros e da produção latino americana do "realismo fantástico" ou "realismo mágico", Rubião antecede Borges, Cortázar e Gabriel Garcia Marquez, urdindo uma obra suspensa, desprendida de seu contexto e descolada de tradições estilísticas.
Perfeccionista, preferiu reescrever seus textos à exaustão do que publicar uma obra extensa. Assim, ao longo de toda a sua vida, selecionou apenas 33 contos para serem lançados em livros.
Quando questionado sobre a escolha de Rubião, Marcos Malafaia destaca: “Tudo começa da relação do Álvaro (Apocalypse, fundador do Giramundo) com o próprio Murilo no Suplemento Literário (criado pelo escritor em 1966). Álvaro ilustrou muito o Suplemento. Já a Madu Vivacqua (outra das fundadoras do grupo) foi uma espécie de secretária eventual dele”.  Ele ainda acrescenta que, durante o período em que editou a extinta revista Graffiti 76% quadrinhos, Rubião serviu de fonte. “A obra dele é muito imagética. Para nós, era o Cortázar brasileiro.”
::Sobre o Grupo Giramundo(www.giramundo.org)::

O Giramundo foi criado em 1970, pelos artistas plásticos Álvaro Apocalypse, Tereza Veloso e Madu. O grupo montou 34 espetáculos teatrais, construindo acervo próximo de 1500 bonecos e objetos de cena. Suas montagens experimentaram o boneco em múltiplas formas, criando um variado panorama técnico e expressivo do teatro de bonecos. Nos anos 70 e 80, a formação acadêmica e artística de seus fundadores imprimiu no grupo o rigor metodológico e atenção estética no planejamento de seus bonecos e espetáculos. Estas características, unidas ao interesse pela cultura brasileira, trouxeram reconhecimento nacional ao Giramundo, garantindo seu lugar na história do Teatro Brasileiro por sua ação transformadora de incorporação de formas e temas adultos, dialogando com questões formais, plásticas e políticas complexas.
Durante os anos 2000, o Giramundo conquistou sua sede própria, base para seu Museu, Escola e Estúdio de Animação. Neste período o grupo concentrou sua atenção na produção de animações e conteúdo digital e na comunicação através da internet. Mais recentemente, iniciou a produção e comercialização de livros, vídeos e brinquedos incorporando o pensamento industrial ao seu modelo de sustentabilidade institucional.
Hoje, o Giramundo se transforma: a ideia de grupo de teatro, que orientou suas atividades durante 30 anos, cede espaço para um núcleo multimídia, experimentador de uma cena de animação variada, onde convivem bonecos reais e suas versões digitais. Essa mistura do teatro de bonecos, vídeo, animação, música, dança e artes plásticas parece ser o território do Giramundo do século XXI.
“Giramundo é um perseguidor. Sempre em busca do inatingível: a receita do boneco nunca construído, a montagem improvável, a cena surpresa, a metodologia da máxima performance. Essa inquietude não tem fim, só começo. O grupo nasceu com ela e a sustenta viva, em brasa, no sopro do entusiasmo de seus membros, geração após geração, ativos na faina de tarefas irrealizáveis. Assim, o Giramundo nos deixa marcas, escreve e se inscreve em nós, como tatuagem, como palimpsesto, como gravura policrômica. E com este espetáculo reforçamos todas essas características que fazem parte do DNA do grupo”, encerra Marcos Malafaia.   
::Serviço::
Espetáculo “O Pirotécnico Zacarias” - Grupo Giramundo 
Datas: de 19 de abril a 24 de junho
Local: Centro Cultural Banco do Brasil SP (rua Álvares Penteado, 112 - Centro)
Horários: Sexta, Sábado e Segunda, às 20h e Domingo às 18h
Classificação:  14 anos
Duração: 72 minutos
Ingressos: R$ 30 – inteira e R$15 - meia
A bilheteria se localiza no Térreo e funciona das 9h às 21h.
Pela internet: www.eventim.com.br

Informações para a imprensa
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