Nos dias 24 e 25 de
outubro eu estarei no Cine Capítulo, participando do curso John Carpenter: Ele
Vive, criado pelo Cine Um e ministrado pelo escritor, cineasta e especialista
em Cinema Fernando Mantelli. Enquanto os
dias da atividade não chegam, por aqui eu irei destrinchar sobre os principais
filmes desse cineasta que está entre os mais cultuados da história do cinema.
Halloween - A Noite
do Terror (1978)
Sinopse: Na noite de
halloween aos 6 anos de idade, Michael assassina brutalmente sua irmã, Judith
Myers, após a mesma ter relações sexuais com o namorado na ausência dos pais.
Por este ato, é enviado ao Sanatório Smith Groove, em Handonfield, onde
permanece por exatos 15 anos. Fugindo do sanatório, Myers volta à sua cidade
natal e na noite de halloween de 1978 persegue e mata os vizinhos de sua casa
abandonada.
Violência e sangue,
na medida para quem procura sustos e arrepios em cada sequência. Grande sucesso
de bilheteria, que abriu caminho para a explosão do cinema de horror dos anos
70 aos anos 80. Gerou inúmeras sequências e várias imitações. Primeiro grande
sucesso da carreira de Jamie Lee Curtis, que na época, era mais conhecida por
ser filha de Tony Curtis e Janet Lee (Psicose)
Curiosidade: Por
causa do baixo orçamento, não foi possível contratar um figurinista, por isso
os atores vinham para as filmagens com as roupas de casa.
A Bruma Assassina
(1980)
Sinopse: Antonio Bay, uma comunidade
pesqueira, está prestes a comemorar cem anos de fundação, mas justamente nestes
dias acontecem estranhos acontecimentos enquanto o lugar é coberto por uma
estranha bruma brilhante. Stevie Wayne (Adrienne Barbeau), a proprietária e
operadora da rádio local, vê que algo muito grave está acontecendo e se
preocupa em alertar a população.
Apenas dois anos
depois do surpreendente sucesso de Halloween, John Carpenter retornou ao gênero
terror com A Bruma Asssassina. O filme é um conto moral sobre o que os males da
ganância podem causar ao se abaterem sobre uma pequena comunidade, repetindo
alguns aspectos de Halloween, como os assassinatos em série e Jamie Lee Curtis,
no papel de uma moça que vive de cidade em cidade e acaba por ajudar a combater
a ameaça que vem da bruma.Mas, em se tratando de um filme de John Carpenter, o
conto moral vem disfarçado em um dos melhores filmes de terror e suspense já
filmados, com as cenas dos assassinatos evocando passagens de filmes de Dario
Argento.
O terror e o suspense no
filme aparecem muito mais nas atmosferas criadas por Carpenter com o uso do som
de objetos caindo, coisas se quebrando, a música eletrônica, composta por ele
mesmo, o uso dos espaços vazios como elementos geradores de tensão,
proporcionado pelo enquadramento em cinemascope, do que com a violência física
dos assassinatos, que ocorre em grau até detalhado em termos gráficos, mas é
apenas um elemento a mais na construção estética do filme.Metáfora de um país
que entrava nos anos 1980 cada vez mais voltado para políticas econômicas
neoliberais, ou seja, que visavam o lucro antes do bem-estar social, A Bruma
Assassina expõe que há algo na natureza (e a maneira com que Carpenter filma a
bruma faz com que ela se pareça com um ser vivo) que transcende o simples
materialismo do dinheiro. Como cena símbolo do filme, àquela em que o padre da
cidade, neto do padre que tramou a morte dos leprosos, devolve aos mortos-vivos
o dinheiro que seu avô havia escondido dentro da igreja, na forma de uma cruz
de ouro maciço.