SALA P. F. GASTAL
APRESENTA MOSTRA
COM FAVORITOS DE
JACQUES RIVETTE
Pouco conhecida até
mesmo entre os cinéfilos, a fascinante obra do diretor francês Jacques Rivette
está chegando a Porto Alegre, em mostra que acontece na Sala P. F. Gastal entre
os dias 6 e 11 de agosto, depois de ter passado pelo Centro Cultural Banco do
Brasil em São Paulo e no Rio de Janeiro. Para introduzir o universo do
cineasta, o cinema da Usina do Gasômetro (3º andar) promove entre os dias 30 de
julho e 4 de agosto a mostra Esperando Rivette, com alguns dos filmes favoritos
do cultuado realizador da Nouvelle Vague.
Nos anos 1950, antes de começar a filmar,
Jacques Rivette foi um dos críticos mais atuantes da primeira fase da revista
francesa Cahiers du Cinéma, escrevendo textos que ajudaram a redefinir a
história do cinema. No início da década de 1960, tornou-se chefe de redação da
revista, possibilitando uma abertura editorial para jovens cinemas vanguardistas
de países distantes, sem abandonar a paixão pelos clássicos e a reverência aos
primeiros modernos do pós-guerra. Grande defensor da cinefilia, Rivette sempre
faz questão de ressaltar a importância do ato de ver filmes como um passo
fundamental para a formação do olhar.
A mostra Esperando Rivette apresenta nove
longa-metragens lançados nos anos 1950 que contribuíram para compor o invejável
repertório cinematográfico do realizador. A fase tardia de Fritz Lang, venerada
por boa parte da crítica francesa da época, é representada pelos dois filmes
que o mestre alemão realizou na Índia, O Tigre de Bengala e O Sepulcro Indiano.
Outra incursão indiana presente na mostra é O Rio Sagrado, primeiro filme
pós-exílio de Jean Renoir, nome tão influente para a geração da Nouvelle Vague
que Rivette o apelidou de “patrão” numa série de documentários produzida nos
anos 1960.
Kenji Mizoguchi e Otto Preminger, dois
exemplos de requinte naquilo que Rivette via como o grande mistério
cinematográfico – a mise en scène –, estão presentes na mostra com dois
impressionantes filmes a cores: A Imperatriz Yang Kwei-fei e Bom Dia, Tristeza.
A relação entre cinema e teatro, um dos temas que encantou o jovem Rivette e
acabou intensificado em sua filmografia, especialmente nos anos 1970, também
ganha destaque em nossa programação com uma das obras-primas do dinamarquês
Carl Theodor Dreyer, A Palavra.
A virada do clássico para o moderno é outro
tópico que ganhou atenção nos textos de Rivette. Em Hollywood, celebrava na
obra de Howard Hawks, em filmes como O Inventor da Mocidade, um cinema
preponderantemente físico, revelando “uma beleza que manifesta a existência
pelo respirar e o movimento pelo andar”. Na Europa, Rossellini era o porta-voz
do moderno com o seu Viagem à Itália, filme que o crítico aproximou à obra de
Henri Matisse no influente artigo “Carta Sobre Rossellini”, publicado em 1955.
Ainda no terreno moderno, será exibido Grilhões do Passado, um dos
quebra-cabeças mais ousados de Orson Welles, autor que Rivette define como o
pai da abusada geração hollywoodiana dos anos 1950 que ajudou a acender o pavio
criador dos futuros cineastas da Nouvelle Vague.
A mostra Esperando
Rivette tem o apoio da distribuidora MPLC e da locadora E o Vídeo Levou e pode
ser conferida em três sessões diárias.
Mais informações e horários das sessões, vocês conferem na
pagina da sala clicando aqui.