Nota: Filme exibido para os associados no dia 03/09/23
Sinopse: Dois jovens garotos italianos passam a infância juntos em uma vila alpina isolada, vagando pelos picos e vales circundantes.
Quando o assunto é amizade é algo que não falta exemplos dentro da história do cinema e sendo que muitos se tornaram verdadeiros clássicos a serem descobertos e revistos. Quando penso nesse ponto me lembro do clássico "Conta Comigo" (1986), do qual foi um filme que me marcou muito a minha infância e me ensinando valorizar o significado da palavra amizade mesmo quando a mesma está se tornando cada vez mais rara hoje em dia. O italiano "As 8 Montanhas" (2022) fala sobre o nascimento de uma amizade através do cenário da natureza e como o poder dela pode moldar a trilha de cada pessoa.
Dirigido por Charlotte Vandermeersch e Felix Van Groeningen, a trama acompanha Pietro (Lupo Barbiero), um menino da cidade, e Bruno (Cristiano Sassella), o último filho de uma aldeia de montanhas esquecidas. Ao longo dos anos, Bruno permanece sempre fiel à sua montanha, enquanto Pietro, de espírito livre, é cheio de idas e vindas. Seus encontros os introduzem ao amor e à perda, lembrando-os ocasionalmente de suas origens e deixando seus destinos se desdobrarem, enquanto Pietro e Bruno descobrem o que significa ser verdadeiros amigos para a vida.
Em primeiro lugar é preciso destacar o cenário principal da trama que é uma pequena vila nos Alpes Italianos. As montanhas, aliás, possuem um visual deslumbrante e do qual nem a maior tela de cinema pode sintetizar total magnitude. Vale destacar também que no decorrer da trama há cenas que ocorrem em Nepal e das quais não ficam muito atrás em termos de beleza que somente a natureza pode nos oferecer.
Quanto a trama ela possui um ritmo lento e do qual pode desagradar alguns que esperam algo mais de imediato. Porém, isso é proposital, pois os realizadores desejam que nós nos identifiquemos com a dupla central da trama, pois as suas personalidades são fortes, distintas e das quais a gente as entende na medida em que a trama avança. Enquanto Bruno parece pertencer àquele local, por outro lado, Pietro parece sempre disposto em ir muito mais além do que os seus familiares estavam planejando para ele e recusando qualquer proposta que mude os rumos de sua vida, mas sim através de suas próprias escolhas. Dois lados da mesma moeda, mas tendo pensamentos distintos com relação sobre quais serão as suas verdadeiras estradas para caminhar ao longo da vida.
Porém, o ponto em comum entre eles se encontra na cabana abandonada no alto da montanha, da qual eles reconstroem com suas próprias mãos e se tornando uma espécie de peça primordial em suas vidas. Podemos interpretar o local como ponto de fuga quando a vida de ambos não dá certo no mundo civilizado, mas cabe eles saberem como sobreviverem em determinadas situações que vão surgindo. Curiosamente, se por um lado o ritmo da trama é lento, do outro, há algumas passagens da história que passam demasiadamente rápido, como no caso do desenvolvimento das paixões amorosas da dupla e que não é muito bem desenvolvida.
Ao final, são dois personagens que convivem duelando com os seus próprios demônios interiores e cabe cada um saber como irá vencer na questão de aprendizagem e amadurecimento perante os percalços. Ao final, há um preço a ser pago, seja por não saber conviver com as demais pessoas ou por não saber qual é o seu papel que a natureza em volta nos oferece. Um filme que fala sobre raízes do homem e das quais ele busca pelas mesmas ao longo de sua vida.
"As 8 Montanhas" fala sobre o significado da verdadeira amizade perante um cenário extraordinário e do qual é facilmente seduzido.
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