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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'Elis e Tom, Só Tinha de Ser com Você'

Sinopse: Em fevereiro de 1974, Elis Regina e Tom Jobim se encontram na cidade de Los Angeles para gravar o álbum "Elis & Tom". Conheça os bastidores da gravação do disco que mudaria suas vidas e se tornaria uma obra emblemática da música brasileira. 

Se você houve uma música sertaneja atual é o mesmo que ouvir todas. Estou tocando o dedo na ferida pois realmente são poucos talentos da música brasileira atual que fale algo a respeito que vai além do que esses sertanejos tocam, sendo que na maioria deles somente lançam músicas que falam só sobre paixão, traição e motel. Se você acha que eu estou exagerando pare um momento e compare uma música com a outra e que terá o mesmo resultado.

A nossa cultura brasileira é vasta e não pode se limitar a isso, sendo que a nossa própria história pode ser contada e ouvida através da música, mas para isso é preciso de grandes gênios na realização das letras. Tom Jobim e Elis Regina foram duas entidades da nossa música, sendo que o primeiro praticamente inaugurou o movimento da Bossa Nova enquanto ela revitalizou a forma como as cantoras se apresentavam, porém, enfrentando oposição daqueles que a perseguição até o final dos seus dias. "Elis e Tom, Só Tinha de Ser com Você" (2023) fala sobre o encontro desses grandes talentos e dos quais geraram uma música inesquecível.

Dirigido por Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay, o documentário e conta com imagens da gravação do antológico álbum que juntou a cantora Elis Regina com Antônio Carlos Jobim (popularmente conhecido como Tom Jobim). Gravado pelo produtor Roberto de Oliveira durante os registros, em Los Angeles, nos Estados Unidos, do álbum lançado em 1974, o filme apresenta uma série de materiais de bastidores inéditos, que permaneceram guardados desde então, e que mostram todos os altos e baixos por trás da produção do álbum - que por muito pouco não foi interrompida.

A premissa desse documentário me lembrou a minissérie documental "The Beatles: Get Back" (2021) que narrava o processo de gravação do 12º e último álbum da banda, "Let It Be", anteriormente conhecido como "Get Back" e que se tornou um dos últimos grandes sucessos dos Beatles. Curiosamente, a minissérie possuía imagem em 4K que nos passava a sensação de que todas aquelas cenas tivessem sido filmadas agora e surpreendo com a sua qualidade de som e imagem. "Elis e Tom, Só Tinha de Ser com Você" apresenta um resultado de imagens ainda mais surpreendente, sendo que algumas foram rodadas na época em oito milímetros, mas nos passando a sensação que Tom e Elis tivessem gravado até a pouco tempo.

O filme começa com um resumo da carreira de cada um deles, sendo que o documentário nos passa informações até mesmo surpreendentes, principalmente para aqueles que achavam que os cantores somente faziam sucesso dentro Brasil. Tom Jobim, por exemplo, teve a honra de tocar a música "Garota de Ipanema" enquanto ao seu lado estava o ilustre Frank Sinatra soltando a voz mundialmente conhecida. O movimento Bossa Nova foi algo que foi muito além das nossas fronteiras e Jobim estava lá nos representando com toda a sua glória.

Já Elis Regina fez várias turnês ao redor do globo, ao ponto de ser conhecida como na Alemanha e França, mas sofrendo certo desgaste com as perseguições que sofria nos tempos da Ditadura. O ano era 1974, Elis precisava de algo novo para revitalizá-la e conter os seus demônios interiores enquanto Jobim buscava algo para relembrar os bons tempos do Bossa Nova. Ambos se encontram em um estúdio de Los Angeles para lançarem um disco juntos e cujo a música "Águas de Março" daria nome ao álbum.

É interessante observar nas imagens certa segurança vinda de Jobim, mesmo quando batia de frente com um gênio tão forte que era de Elis Regina. Se percebe, por exemplo, que ambos queriam algo de diferente durante as gravações, ao ponto de Elis trazer o seu próprio pianista quando na verdade o próprio Jobim tocaria. Isso seria o suficiente para gerar enormes atritos e nascendo até mesmo tensões, sendo que a própria Elis surge mordendo as unhas em algumas ocasiões.

O documentário também é rico ao dar espaço aos que testemunharam aquele grande evento, desde a empresários, compositores e cantores que fizeram parceria ou que ficou somente no sonho de realizar um determinado trabalho com a dupla. Eram duas mentes que pensavam diferente, mas nem por isso impediu para que se unissem e dessem uma revitalizada naquilo que eles acreditavam e que poderiam ainda oferecer para aqueles que apreciavam uma boa música. No geral, a união deles serviu para reprimir o lado negativo que ambos sentiam naqueles tempos, principalmente no caso de Elis Regina.

Dona de uma voz inesquecível e de uma forte personalidade, Elis enfrentou de tudo um pouco na vida, desde a perseguição política, machismo e intolerância das quais ela via de perto. São elementos que a enfraqueceram, mas não o suficiente para impedir dela deixar a sua marca e se tornar imortal em nossa história da música. Embora o documentário seja sobre os dois, nos dá entender que Jobim estava mais do que estabilizado naqueles tempos, mas coube entrar em cena para ajudar a sua colega do ramo em obter um novo brilho em sua reta final de carreira e qual marcou gerações por uma vida inteira.

"Elis e Tom, Só Tinha de Ser com Você" é uma carta de amor para todos que apreciam a verdadeira arte da música brasileira. 

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