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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 12 de setembro de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'Lobo e Cão'

Sinopse: Ana, que nasceu em São Miguel - uma ilha no meio do Oceano Atlântico marcada pela religião e pelas tradições - é a filha do meio de três irmãos que vivem com a mãe e a avó. Ana percebeu desde muito cedo que as garotas têm tarefas distintas dos rapazes. 

A transição da adolescência para a fase adulta requer para o jovem certa paciência e saber transitar para uma nova realidade, mas cuja mesma pode ser um tanto que dolorida. A situação se torna ainda mais complexa quando o jovem se encontra isolado em um ponto do mundo, onde fica preso em suas raízes, mas não escondendo o desejo de dar o seu voo mais alto. "Lobo e Cão" (2023) falam sobre uma juventude isolada do mundo, mas que não escondem os seus instintos interiores e tendo o desejo de explorar um mundo, por vezes, desconhecido.

Dirigido por Claudia Varejão, a trama conta a história da jovem Ana, que nasceu em São Miguel, uma ilha portuguesa no meio do Oceano Atlântico que é marcada pela religião e pelas tradições. Ela é a filha do meio de três irmãos que vivem com a mãe e a avó. Ana percebeu cedo que as garotas têm tarefas distintas dos rapazes. Seu melhor amigo é Luís, um jovem queer que gosta tanto de vestidos quanto de calças e, junto com ele, Ana questiona o mundo que lhe foi prometido.

Depois de documentários premiados, este é o primeiro longa de ficção da cineasta Cláudia Varejão e recebeu o prêmio de melhor filme da Mostra Jornada dos Autores, do Festival de Veneza. Por conta do seu passado de documentarista nota-se que existe uma espécie de transição entre o lado documental e ficção no decorrer do longa, já que a cineasta faz questão de nos passar um alto grau de verossimilhança e para que assim nos possa passar a verdadeira realidade daquele local. Há uma questão acentuada com relação a religião, mas da qual a mesma convive com os ventos da mudança, que vai desde ao comportamento da nova geração, como também trabalhos, por vezes, ilícitos que ocorrem na região.  

Curiosamente, embora a religião possa parecer a palavra dominante, a mesma não consegue conter os desejos dessa geração atual que deseja ser como eles realmente são e fazendo com que os atritos não se tornem corriqueiros, mas tendo os olhares preconceituosos na surdina. Uma vez que esses olhares transbordam eles não são fortes os suficientes para sufocá-los, pois a maioria se encontra em defesa daquele que foi oprimido e cuja uma cena posterior a essa, onde todos se dirigem ao lado do mesmo, sintetiza muito bem isso. Essas sequências talvez sirvam de representação do que realmente acontece em Portugal, onde os novos tempos de lá não podem mais ser contidos, mas não significa que não possa viver em harmonia com o que já existia no passado.

O protagonismo, portanto, pertencem a dois jovens, Ana e Luís, que convivem com os estudos e trabalho do dia a dia, porém, ficam se questionando sobre o que tem de melhor com relação a vida. Ana, por exemplo, transita entre a fidelidade com a sua família com a sensação de que precisa fazer alguma coisa na vida, sendo que o navio onde ela começa a trabalhar seja o ponta pé inicial para quebrar as barreiras que ainda contém a mesma naquele lugar. Uma vez que ela se apaixona por uma jovem canadense se tem início da quebra da barreira e fazendo com que ela possa conviver com as suas próprias mudanças.

O filme, portanto, fala sobre uma realidade em que é preciso aceitar as diferenças dos próximos, mas que consiga conviver com as velhas tradições que mantém a história de um povo. Por outro lado, há o dever de se combater a violência mesmo quando a mesma se encontre contida, mas que é preciso evitá-la para que ela jamais aconteça. Cabe o diálogo entre os dois lados da moeda, para que assim jamais ocorra nenhuma tragédia.

"Lobo e Cão" falam sobre mudanças, transições e sobre como uma sociedade, por vezes conservadora, que possa conviver com uma geração que deseja colocar para fora sobre o que realmente são. 



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