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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 20 de março de 2023

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - 'A Porta ao Lado'

Nota: Filme exibido para os associados no dia 12/03/2023. 

Sinopse: Rafa e Mari são casados e vivem um matrimônio tradicional e estável. A união segue tranquila até o dia em que o casal Fred e Isis se muda para o apartamento ao lado. 

Mike Nichols foi um diretor a frente do seu tempo, pois graças a sua coragem ele levou para tela filmes que falassem sobre a realidade sobre relacionamentos e como eles em si não eram perfeitos. Um dos seus últimos trabalhos notórios, por exemplo, "Closer" (2004) retrata indivíduos se apaixonavam, traiam e não conseguindo compreender os seus próprios sentimentos. O filme brasileiro "A Porta ao Lado" (2021) segue por uma premissa parecida, onde relacionamento aberto pode ser colocado em prática para alguns, mas não significa que pode ser digerido facilmente para outros.

Dirigido por Julia Rezende, do filme "Depois a Louca Sou Eu" (2019), o filme conta a história de Rafa (Dan Ferreira) e Mari (Letícia Colin), que vivem um relacionamento tranquilo e estável, monogâmico, dentro dos moldes mais tradicionais. Juntos há mais de cinco anos, os dois se acostumaram com a rotina e a monotonia da vida de casados, sem muitas aventuras. Mas quando Fred (Túlia Starling) e Isis (Bárbara Paz), um casal que vive um relacionamento aberto, se muda para o apartamento ao lado, Mari acaba sendo levada a questionar seu casamento e considerar outras formas de se relacionar. O encontro entre os dois casais provoca desejos, dúvidas e inseguranças, transformando completamente a vida dos quatro.

Transitando entre o drama, erotismo e até mesmo algumas pitadas de suspense, Julia Rezende consegue equilibrar esses pontos em um único filme, principalmente pelo fato dela jamais tirar o foco dos seus respectivos protagonistas, principalmente quando os mesmos se colocam em questionamentos sobre alguns fatos sobre a vida. É notório, por exemplo, a predileção da diretora em focar sempre as expressões dos seus respectivos protagonistas, pois a complexidade dos seus questionamentos faz com que os mesmos ganhem traços através dos rostos deles como um todo. Em um determinado momento, por exemplo, Mari questiona para rafa se eles deveriam ter um filho e é aí que ela nos passa todo um lado de sentimentos conflitantes através do seu olhar e expressões faciais que entregam o seu desequilibro para a dúvida no ar.

É então que o filme se encaminha para o cenário dos relacionamentos abertos, onde os personagens se veem decididos a se entregarem aos seus desejos, mas tendo a consciência de suas futuras consequências. Neste último caso, isso é muito bem representado por Mari, do qual através de um flashback temos uma noção de que os desdobramentos de sua vida amorosa não eram exatamente como ela queria e fazendo se questionar se não deveria ter tomado um outro rumo da vida. O casal ao lado serve para transbordar essas sensações de frustração e desejo que ela sentia e fazendo ela abraçar esses momentos mesmo quando ela possa a vir questioná-los posteriormente.

Letícia Colin nos brinda com uma ótima atuação, cuja sua Mari transita entre a razão e o desejo ardente, mas dos quais terá que trabalhá-los antes que seja tarde. Já Bárbara Paz se encaixa perfeitamente em sua personagem Isis, já que a mesma possui um desejo de liberdade incontrolável e do qual não deseja desvencilhá-lo. E se por um lado Tulio Starling nos apresenta uma atuação contida, do outro, Danilo Ferreira nos surpreende com uma atuação cujo seu olhar fala mais do que meras palavras que o seu personagem poderia dizer e protagonizando os momentos em que nos dá entender que ele sabe mais do que a gente poderia imaginar.

O filme somente peca quando a trama não nos dá uma solução plausível para os seus respectivos personagens. Talvez a intenção seja proposital, já que o próprio mundo real de hoje dos relacionamentos já se encontra tão complexos que o filme é apenas uma camada da superfície que representa esse cenário. O final nos deixa no vácuo, mas porque talvez já estejamos nele há muito tempo com relação a esse assunto.

"A Porta ao Lado" é sobre os relacionamentos atuais que se encontram cada vez mais fora do convencional e cabe cada um decidir da melhor maneira como ser feliz nesta situação. 


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