Sinopse: Um jovem casal visita um restaurante exclusivo em uma ilha remota onde o aclamado chef prepara um delicioso menu e algumas surpresas chocantes.
Não é de hoje que o cinema explora a vida alienada da burguesia e cuja mesma se acha dona do mundo. Se no passado o mestre Luis Buñuel havia criado um retrato ácido sobre essa ala no seu clássico "O Discreto Charme da Burguesia" (1972), recentemente tivemos o "Triangulo da Tristeza" (2022), em que retrata a mesma complemente perdida em meio a força da própria natureza. "O Menu" (2022) é humor alinhado com suspense e cujo sabor se torna peculiar e fora do comum diga-se de passagem.
Mark Mylod, o filme conta a história de Margot (Anya Taylor-Joy), que é convidada por Tyler (Nicholas Hoult) para viver uma experiência inesquecível em um dos restaurantes mais conhecidos - e exclusivos - do mundo. Chamada às pressas por Tyler após o rapaz terminar um relacionamento pouco antes do evento, Margot logo percebe que aquele não é o seu lugar. Lá, a cozinha é liderada pelo famoso chef Slowik (Ralph Fiennes) e estabelecimento fica localizado em uma ilha distante, na qual todos os seus ingredientes frescos são cultivados. Junto de outros clientes autointitulados especiais, como um astro de cinema, funcionários do mercado financeiro, uma crítica gastronômica e um casal milionário, Margot e Tyler entram no bizarro mundo comandado pelo chef Slowik.
Mark Mylod sabe jogar através da sutileza, principalmente pelo fato dele apresentar os personagens principais da trama de forma gradual e fazendo a gente achar que eles são uma coisa, quando na verdade é bem outra. Belo exemplo disso é o casal principal que é apresentado logo no primeiro minuto de projeção, fazendo a gente crer que eles são um casal da elite que foram convidados para esse evento especial, quando na verdade a história entre eles é bem diferente. Isso gera, por exemplo, um verdadeiro contraste quando é apresentado os demais personagens, dos quais são realmente pertencentes a elite dominadora e já nos preparando para determinados pensamentos sobre suas reais naturezas.
A surpresa, logicamente, fica na apresentação do personagem chef Slowik, do qual é brilhantemente interpretado por Ralph Fiennes e cujo o mesmo constrói para si um personagem enigmático, mas bastante lucido com relação ao que está oferecendo. O filme em si transita entre momentos de humor ácido para o mais puro suspense, principalmente quando aos poucos é revelado que tudo não passa de um verdadeiro jogo insano para desmascarar cada pessoa daquele local e ao mesmo tempo revelando o lado podre escondido de cada um. Slowik, por sua vez, brinca a todo momento com as expectativas dos convidados e fazendo com que os mesmos não tenham a menor ideia do que está vindo a seguir.
Por outro lado, é preciso reconhecer que o filme também pertença a personagem de Anya Taylor-Joy, já que a mesma consegue construir alguém que não é inocente perante o mundo que vive, mas sim que sabendo jogar conforme as cartas que lhe dão. Portanto, o embate entre ela e o personagem de Ralph Riennes é o ponto alto do filme, mas é uma luta psicológica e que irá se enveredar para um resultado cujo mesmo estava exposto a todo tempo e só era preciso saber como jogá-lo. Ponto para Mark Mylod ao realizar um filme que não se limite para os momentos de puro impacto, mas cujo embates verbais moldados na história nos conquistam de imediato.
"O Menu" é um filme que mistura perigosamente dois gêneros, mas cujo sabor pode se tornar bem interessante para dizer o mínimo.
Onde Assistir: STAR+
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