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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 29 de abril de 2022

Cine Especial: 'A Grande Ilusão - E o Conservadorismo Político de Hollywood'

Sinopse: Ascensão e queda fizeram parte da vida do político Willie Stark, que ganhou fama por defender os mais pobres numa comunidade rural. Inicialmente subestimado, Stark começa a ganhar poder e se torna tão corrupto quanto aqueles que um dia ele criticou. 

No passado, quando assunto era política, Hollywood se enveredava para um pensamento mais conservador, pois na opinião deles, ou a mando da igreja ou do Capitólio, o poder acaba por corromper a pessoa mais honesta que existe. No clássico "A Mulher Faz o Homem' (1939), vemos o personagem de James Stewart entrar na política, mas mal sabendo da corrupção que a movia. "A Grande Ilusão" vai para um caminho um pouco mais inverso, em que vemos o cidadão humilde se corromper a partir do momento que precisa saber jogar para sobreviver neste jogo de xadrez.

Dirigido por Robert Rossen, o filme conta a história do pacato advogado Willie Stark (Broderick Crawford) que começa a ganhar fama por defender os mais pobres. Com reputação de homem honesto e apoiado pelas massas graças ao seu jeito caipira, o jurista popular passa a almejar novos objetivos, ingressando na política. Inicialmente subestimado, Stark começa a ganhar poder e se tornar tão corrupto quanto aqueles que um dia criticou.

É engraçado que os discursos políticos e o conflito da diferença entre as classes daquela época não são muito diferentes do que se houve hoje em dia. A diferença está na forma em como ela é induzida ao longo da história, ao vermos uma pessoa comum aos poucos ganhar simpatia do povo trabalhador, ganhando assim o poder, mas se corrompendo ao ponto de se tornar até mesmo pior se for comparado com os que estavam lá. Uma forma clara de como Hollywood estava sendo controlada na época, ao prevalecer o sistema do capitalismo e não dando brecha as ideias socialistas e tão pouco comunistas.

Estamos no final dos anos quarenta, época em que acontecia uma verdadeira caça às bruxas nos bastidores dos estúdios e que muitos que pensavam diferente acabavam sendo presos ou expulsos do país. Sobrou para nomes de grande porte como Charles Chaplin ao serem obrigados a sair do país onde construíram as suas carreiras e sendo posteriormente expulsos a paus e pedras. Lógico que mais tarde Hollywood pediria desculpas, mas nada apaga o que já está registrado nas histórias.

Polêmicas à parte, o filme ao menos consegue obter a nossa atenção do início ao fim, principalmente ao fazer do personagem jornalista Jack Burden (John Ireland) o nosso guia para conhecermos melhor a figura de Willie Stark. O ator Broderick Crawford constrói um belo desempenho, ao fazer do seu personagem transitar entre o bom senso e o desejo de obter mais na medida em que os recursos do poder vão diretamente para o seu colo. Não é de se admirar que o interprete tenha ganhado um Oscar, mesmo quando o roteiro queira nos induzir de que todos podem se corromper ao longo da história.

Em alguns momentos, o filme ganha ares de "Cidadão Kane" (1941), pois em ambos os casos vemos as duas figuras centrais se enterrando após terem obtido determinados status. A diferença é que no caso do clássico de Orson Welles o roteiro deixa muito claro que o protagonista nunca desejou chegar aonde havia chegado, enquanto aqui Stark não se cansa em obter poder, seja para ajudar o povo, ou para se manter na sua posição a qualquer custo. Neste último caso, Robert Rossen chega até mesmo a exagerar no tom, ao fazer de Stark e das pessoas próximas a ele figuras não muito diferente aos de gangsters e isso é cada mais acentuado em seu terceiro ato.

Neste último caso, os realizadores criam uma verdadeira justiça poética, mesmo ela soando imprevisível, pois antes disso parecia que Stark era indestrutível. Feito isso, o final me fez lembrar do clássico filme de gangsters "A Alma do Lobo" (1931) e estrelado por Edward G. Robinson, sendo que um tomba devido aos seus feitos no mundo do crime enquanto o outro cai perante ao seu próprio jogo para se manter no poder a qualquer custo. Regra clara que Hollywood sempre passava na época, mas que revista agora deixa mais do que claro o seu modo de persuadir os cinéfilos daqueles tempos.

Além de uma forte atuação de Mercedes McCambridge em cena, "A Grande Ilusão" é um filme simbólico do conservadorismo de tempos em que Hollywood não queria comprar briga com os que controlavam o sistema do capitalismo. 

Onde Assistir: Em DVD e TV Apple 

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