Sinopse: Em 1910, acontecia na Igreja de San Jorge, na região de Coruña, na Galícia, o casamento de Elisa e Marcela. Para driblarem as regras locais e poderem se casar, Elisa forja documentos de um parente falecido e se passa por homem para viabilizar a primeira união homossexual da Europa.
Se hoje é comum a gente testemunhar casais do mesmo sexo desfrutando o amor quando caminham pela calçada fica até difícil imaginar que, infelizmente, ainda aja preconceito contra eles e que já houve tempos ainda piores. Em "Meninos Não Choram" (1999), por exemplo, Hilary Swank interpreta uma transexual que passa por um verdadeiro inferno no início dos anos noventa nas mãos preconceituosas e que acreditavam que tinham o direito de acabar com a vida dela. "Elisa e Marcela" (2019) é um retrato de uma época ainda mais perigosa, conservadora, mas que não impediu que duas mulheres lutassem para se amarem por toda a vida.
Dirigido por Isabael Coixet, a mesma do filme "A Livraria" (2018), a trama começa na Argentina, onde uma jovem vai visitar uma mulher que, aparentemente, vive sozinha em uma casa. Imediatamente a trama volta ao passado, onde conhecemos Elisa (Natalia de Molina) e Marcela (Greta Fernández), duas jovens estudantes que se conheceram em uma escola católica e que aos poucos vão se apaixonando uma pela outra. Porém, não demora muito para elas perceberem que terão que lutar muito para manter esse amor intacto.
Com uma belíssima fotografia em preto e branco, da qual me lembrou muito o maravilhoso "O Cavalo de Turim" (2011), o filme lança um pequeno quebra cabeça sobre a origem das duas personagens centrais no prologo da trama. Na medida em que a trama avança, mais precisamente retrocedendo ao passado, aos poucos as respostas vão vindo à tona e da qual elas são correspondidas através das duas jovens protagonistas. Isabel Coixet procura fazer com grande delicadeza para que o nascimento do amor entre as duas soe verossímil, ao ponto que o primeiro beijo de ambas somente ocorre em quase uma hora de filme após vários olhares e intimidade entre as duas.
Tanto Natalia de Molina como Greta Fernández estão incríveis em seus respectivos papeis, sendo que ambas possuem personalidades distintas e cada uma reage de uma forma diferente, tanto com relação do amor entre as duas, como também com relação preconceito que ambas irão enfrentar na medida em que o tempo vai passando. Neste último caso Natalia Molina se sobressai, principalmente nos momentos em que a sua personagem arrisca tudo por esse amor e acaba se disfarçando de homem para enganar as demais pessoas preconceituosas que ficam vigiando-as.
Se estendendo a busca pela felicidade até na cidade de Porto, Portugal, a saga das duas jovens se tornou conhecida por diversas partes do globo e fazendo com que a história se elevasse ainda mais perante aos verdadeiros fatos. O filme somente peca pelo fato de romancear algumas passagens da história de ambas as protagonistas, ou quando acabam omitindo alguns pontos da história real e do qual fazem falta para tornar o filme ainda mais rico em conteúdo para ser desfrutado. Isso não diminuiu o resultado final do longa, principalmente pelo fato dele sintetizar o quanto é preciso se sacrificar para obter o caminho da felicidade em meio a intolerância que, infelizmente, ainda prevalece nos dias de hoje.
"Elisa e Marcela" é um pequeno retrato de uma história de amor entre duas jovens que fizeram o impossível para se manterem juntas em meio aos percalços formados pelo preconceito.
Onde Assistir: Netflix
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