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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 12 de abril de 2022

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: 'O Fundo do Coração'

Nota: Clássico exibido para os associados no último sabádo (09/04/2022)
Sinopse: No dia quatro de julho, Hank e Frannie, um casal trabalhador que vive nos arredores de Las Vegas, completam cinco anos juntos. Eles planejam comemorar, só que ao invés disso, brigam e terminam tudo.  

Francis Ford Coppola é um cineasta que gosta de se arriscar, ao ponto de pôr em risco os projetos que tem em mãos. Se no desenvolvimento de sua obra prima "O Poderoso Chefão" (1972), o diretor estava quase sempre em risco de ser demitido pelos engravatados do estúdio a qualquer momento, por outro lado, ele conheceu o inferno na realização de "Apocalypse Now" (1979) que, embora tenha se tornado um sucesso de público e de crítica, o afetou fisicamente e mentalmente. Em "O Fundo do Coração" (1982) ele veio conhecer finalmente o fracasso, mas não significa que ele estava errado.
Em "O Fundo do Coração", no dia quatro de julho, Hank (Frederick Forrest) e Frannie (Terri Garr), um casal trabalhador que vive nos arredores de Las Vegas, completam cinco anos juntos. Eles planejam comemorar, só que ao invés disso, brigam e terminam tudo. Mesmo com o recente fim do relacionamento, os dois resolvem sair à procura de novos parceiros: Frannie conhece um cantor e garçom (Raul Julia) e Hank se envolve com uma bela artista de circo (Nastassja Kinski). Só que eles ainda se amam, mas não dão o braço a torcer.
A história em si não traz nenhuma novidade, já que casais em crise tem aos montes dentro da história da sétima arte. Porém, Coppola cria um verdadeiro show de luzes e cores, onde a fotografia de cores quentes realizada por de Vittorio Storaro simboliza tempos mais dourados do gênero musical e do qual já se encontrava datado na época, mesmo quando o cinema estava obtendo estouros de bilheteria com sucessos como, por exemplo, "Os Tempos da Brilhantina" (1978). Além disso, a edição de arte que reconstitui Las Vegas é um grande espetáculo e fazendo do filme a maior produção do realizador até aquele ponto.
Coppola ama o cinema acima de tudo e por conta disso ele usa o filme para incrementar as velhas fórmulas de como se fazia filmes antigamente, desde usando maquetes, como cenários nitidamente artificiais, porém, com grande charme e imagens sobrepostas uma na outra e criando assim um belo jogo de cena. Os planos-sequências é outro item de destaque, onde a câmera do realizador caminha suavemente pelos cenários e nos revelando inúmeros detalhes e dos quais muitos somente são detectados em uma segunda visita a obra. Tudo isso não foi o suficiente para o filme escapar do grande fracasso que foi na época.
O orçamento inicial de US$ 2 milhões estourou de forma nunca antes nem depois vista na história do cinema e chegou a US$ 27 milhões, sendo uma fortuna altíssima para um drama-musical romântico. Só a construção dos sets consumiu fortunas. Coppola insistiu em recriar no estúdio até mesmo o aeroporto McCarran de Las Vegas. Isso não foi o suficiente para atrair o público que acabou não comparecendo aos cinemas. O filme teve, nos cinemas americanos, a renda de apenas US$ 636 mil, e a empresa do diretor, a Zoetrope Studios, faliu.
Revisto hoje se percebe que a obra, embora prestando uma homenagem a um gênero desgastado para a época, estava ao mesmo tempo a frente do seu tempo, principalmente em um momento em que o cinema norte americano estava cada vez menos interessado em cinema autoral e sim mais em diversão após o fenômeno "Star Wars" (1977). Coppola cria aqui o que, talvez, venha a ser o seu filme mais pessoal de sua carreira, pois ele é uma declaração de amor de como se fazia filmes de antigamente e cuja a fórmula o diretor repetiria novamente na realização de "Drácula de Bram Stoker" (1992). Mas se sua visão autoral domina o projeto de cabo a rabo, por outro lado, o elenco principal também não fica atrás na questão de bons desempenhos.
Tanto Teri Garr, de "Tootsie" (1982) como Tom Waits, de "Selvagem da Motocicleta" (1983) estão ótimos interpretando o casal central em crise, mesmo quando os mesmos são ofuscados pelos coadjuvantes. Neste último caso se destacam Raúl Julia que viria a ganhar fama mundial através de "O Beijo da Mulher Aranha" (1985) e de Nastassja Kinski que viria posteriormente estrelar alguns dos melhores filmes da década de oitenta que foi "Paris Texas" (1984). Ambos interpretam personagens que fazem o casal central mergulhar no lado mágico, porém, perigoso da cidade que não dorme e cabe ambos aprenderem com os erros e acertos de suas vidas em meio a tentações e fantasias distantes.
"O Fundo do Coração" é um exemplo clássico de filmes que vencem a barreira do tempo, provando que o público e a crítica da época estavam enganados e sendo lembrado pelos cinéfilos atuais e com muito carinho. 

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