Sinopse: Após cumprir pena por um crime violento, Ruth volta ao convívio na sociedade, que se recusa a perdoar seu passado. Discriminada no lugar que já chamou de lar, sua única esperança é encontrar a irmã, que ela havia sido forçada a deixar para trás.
O ser humano não está livre de cometer as suas falhas e cabe a própria recomeçar do zero após darem o passo errado ao longo do percurso. O problema é quando sistema do qual nós vivemos não permite isso, fazendo com que o mundo de fora não se torne muito diferente dos tempos de prisão fechada. "Imperdoável" fala sobre recomeçar a vida e com sem nenhuma perspectiva com relação ao futuro, mas tendo uma fagulha esperança para continuar vivendo.
Dirigido por Nora Fingscheidt, do ótimo "Transtorno Explosivo" (2020), o filme é Inspirado na minissérie britânica de mesmo nome, onde acompanhamos Ruth Slater (Sandra Bulloock) após cumprir seu tempo na prisão por um crime violento. Ao voltar para o convívio na sociedade e se recusar a perdoar seu passado por ter sido discriminada no seu lar, sua única esperança agora é encontrar a irmã que ela foi forçada a deixar para trás.
Moldado por flashbacks no primeiro ato, Nora Fingscheidt demonstra segurança em seu primeiro filme em solo norte americano, mesmo quando nos passa uma sensação de que poderia ter sido ainda melhor. Porém, ela não se intimida em retratar uma sociedade norte americana dividida, da qual o cidadão não pode dar um passo em falso na vida, para logo ser excluído do resto da sociedade. Ao ser um sistema falho, o ex-detendo, assim como também os moradores de rua, ficam sobrevivendo com o que tem em mãos e não tendo nenhuma boa perspectiva com relação ao futuro, mesmo quando surge um possível Samaritano no final do túnel.
Se por um lado o filme não se sustenta por alguns momentos com relação a trama, por outro, ele obtém nossa atenção graças ao incrível desempenho de Sandra Bulloock. Transitando entre sucessos e fracassos ao longo da carreira, Bulloock se entrega de corpo e alma para um papel complexo, fazendo com que nos coloquemos como juiz perante aos fatos com relação as ações de sua personagem e fazendo a gente refletir sobre o mundo cão em que ela convive. A partir do momento em que ela luta para retornar a ver a irmã menor nós torcemos para que isso aconteça, mesmo quando não fica muito claro se ela é realmente um monstro ou não que a sociedade tanto julga.
É neste ponto que o filme entra em um terreno delicado, onde vemos pessoas revoltadas, com o temor a todo momento e não querendo que uma pessoa como essa esteja convivendo entre eles. Se por um lado a personagem de Viola Davis julga a protagonista de uma forma precipitada, logo ela percebe que o passado da própria é muito mais complexo do que se imagina. Embora com pouco tempo de cena Davis novamente nos brinda com uma personagem forte e que merece nota.
O filme somente desliza com relação aos personagens secundários, sendo que eles com certeza foram melhor explorados na minissérie britânica. Quando eles surgem em cena, por exemplo, nos dá a sensação que eles possuíam histórias secundárias que talvez tenham sido melhor exploradas em sua fonte original, principalmente com relação aos dois irmãos que são peças fundamentais do passado da protagonista. Isso não tira o mérito do filme como um todo, pois a obra em si nos faz debater com relação a muitos assuntos e só por isso já é um grande feito.
"Imperdoável" fala sobre não julgarmos o próximo de forma precipitada, pois as raízes do problema podem ser muito mais problemáticas do que a gente imagina.
Onde Assistir: Netflix.
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