Retornando de onde eu parei no ano passado sobre o especial dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. Essas postagens que eu faço, aliás, é uma homenagem aos organizadores que prestaram um grande esforço para lançar o livro do qual reuniu os principais críticos do país e lançar uma lista dos principais filmes da história da nossa sétima arte.
33º. Santiago (2007)
Sinopse:Em 1992 o diretor João Moreira Salles planejou o documentário "Santiago", baseado na vida do mordomo da casa de sua família. Devido à sua incapacidade em editar as cenas filmadas, o longa-metragem nunca foi concluído. Em 2005 o diretor voltou a trabalhar sobre as cenas gravadas, encontrando outro foco no material rodado.
Ao longo da história, um dos maiores falhas do cinema brasileiro está relacionada a uma resistência em representar suas elites. Uma tendência pouco saudável, mas contornada de forma brilhante com o filme Santiago (2007), de João Moreira Salles. Com a proposta de realizar um documentário sobre o mordomo que serviu à sua aristocrática família durante três décadas, Salles produziu uma radiografia sem restrições sobre a elite nacional, a partir dos depoimentos de um observador afortunado.
Outra característica interessante da obra diz respeito à sua capacidade de desvendar as engrenagens da elaboração que estão por trás do trabalho documental. Ao mostrar o embate do diretor com as imagens brutas que ele havia produzido em 1992 e posteriormente abandonado devido à sua insatisfação com o resultado obtido, Santiago revela-se um registro preciso sobre os processos da criação artística.
Obra de um sabor genuíno, que lança um olhar ao mesmo tempo crítico e, sobretudo, melancólico sobre uma realidade entrando em seu estagio final, Santiago não se intimida a incluir até mesmo sequências que denunciam a postura arrogante de Salles em relação a seu personagem, mesmo com a passagem do tempo, a diferença de classes não foi superada e o que o cinéfilo testemunha é a impossibilidade de rompimento da grossa barreira existente entre patrões e empregados.
Outra característica interessante da obra diz respeito à sua capacidade de desvendar as engrenagens da elaboração que estão por trás do trabalho documental. Ao mostrar o embate do diretor com as imagens brutas que ele havia produzido em 1992 e posteriormente abandonado devido à sua insatisfação com o resultado obtido, Santiago revela-se um registro preciso sobre os processos da criação artística.
Obra de um sabor genuíno, que lança um olhar ao mesmo tempo crítico e, sobretudo, melancólico sobre uma realidade entrando em seu estagio final, Santiago não se intimida a incluir até mesmo sequências que denunciam a postura arrogante de Salles em relação a seu personagem, mesmo com a passagem do tempo, a diferença de classes não foi superada e o que o cinéfilo testemunha é a impossibilidade de rompimento da grossa barreira existente entre patrões e empregados.
34º. O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969)
Sinopse: Antônio das Mortes é um antigo matador de cangaceiros que é contratado por um coronel para matar um beato agitador. Ele confronta sua vítima, mas decide poupar sua vida. Mais tarde, ele resolve apoiar a causa do povo contra os desmandos do coronel.
Sequência oficial de Deus e o Diabo na terra do Sol, o filme é uma desconcertante mistura de oporá, macumba, mas principalmente faroeste. O filme é trajado com aquela roupa típica do western: a seca do Nordeste brasileiro constituída de homens duros e impiedosos. Não é nenhuma surpresa ver isso, até mesmo porque o western americano desencadeou muitas afluentes abraçadas por vários países distintos; o Brasil abraçou o cangaço mergulhado na pobreza. Premio de melhor direção no festival de Cannes em 1969.
A obra chega a ser tão boa quanto Deus e o Diabo na Terra do Sol, sendo esse último o mais festejado e conhecido da obra de Glauber Rocha. Diferente do que se ouvia na época da ditadura, Dragão é de fácil entendimento e tem um forte laço com o povo brasileiro, principalmente o nordestino que ainda se orgulha do cangaço e vê Virgulino Lampião como um libertador. Com visual árido e outros elementos que lembram um faroeste, a produção denuncia os contratempos sociais, o poder dos coronéis que perpetuam a fome e a crendice religiosa como escapismo e elemento sobrenatural, simbolicamente tão poderoso quanto a ideologia. E é o misticismo que leva Antônio das Mortes a despertar para a consciência, a deixar de ser o dragão da maldade para se transformar no santo guerreiro. Como disse Glauber Rocha na época, "o Dragão é inicialmente Antonio das Mortes, assim como São Jorge é o cangaceiro. Depois, o verdadeiro dragão é o latifundiário, enquanto o Santo Guerreiro passa a ser o professor quando pega as armas do cangaceiro e de Antonio das Mortes.
A obra chega a ser tão boa quanto Deus e o Diabo na Terra do Sol, sendo esse último o mais festejado e conhecido da obra de Glauber Rocha. Diferente do que se ouvia na época da ditadura, Dragão é de fácil entendimento e tem um forte laço com o povo brasileiro, principalmente o nordestino que ainda se orgulha do cangaço e vê Virgulino Lampião como um libertador. Com visual árido e outros elementos que lembram um faroeste, a produção denuncia os contratempos sociais, o poder dos coronéis que perpetuam a fome e a crendice religiosa como escapismo e elemento sobrenatural, simbolicamente tão poderoso quanto a ideologia. E é o misticismo que leva Antônio das Mortes a despertar para a consciência, a deixar de ser o dragão da maldade para se transformar no santo guerreiro. Como disse Glauber Rocha na época, "o Dragão é inicialmente Antonio das Mortes, assim como São Jorge é o cangaceiro. Depois, o verdadeiro dragão é o latifundiário, enquanto o Santo Guerreiro passa a ser o professor quando pega as armas do cangaceiro e de Antonio das Mortes.
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