Sinopse: O sequestro do
herdeiro John Paul Getty III (Charlie Plummer), neto de 16 anos do magnata do
petróleo americano Jean Paul Getty (Christopher Plummer). Desesperada a mãe de
John, Gail Harris (Michelle Williams), pediu ajuda financeira ao avô do menino,
que recusou. Os sequestradores então decidem enviar à imprensa uma orelha do
menino para obrigar a família a acelerar o pagamento do resgate, no valor de 17
milhões de dólares.
Em tempos atuais em que há
um embate entre o capitalismo x comunismo e socialismo, o cinema se encarrega
de nos mostrar que essa briga já dura por décadas e tende a nunca encerrar. No
clássico Cidadão Kane, por exemplo, vemos um homem que tinha tudo, mas o que
mais almejava obter não conseguiu em vida. Embora não alcance o mesmo patamar
da obra prima de Orson Wells, Todo o Dinheiro do Mundo é o canto do cisne de um
homem consumido pelo poder capitalista e não obtendo o bem mais precioso do
qual desejava obter.
Dirigido por Ridley Scott, o
filme se passa nos anos 70, onde vemos o jovem John Paul Getty III (Charlie
Plummer) sendo sequestrado numa Praça de Roma. O caso é que Paul é neto de um
dos maiores magnatas do petróleo chamado Jean Paul Getty (Christopher Plummer)
e os sequestradores desejam R$ 17 milhões de dólares para então assim solta-lo.
Sua mãe Gail Harris (Michelle Williams), pede ajuda ao seu sogro, mas ele se
recusa a pagar o valor exigido e iniciando assim uma luta dramática contra o
tempo.
Com roteiro de David Scarpa (O Dia em que a Terra Parou),
o filme propõe em fazer uma analise fria e calculista sobre o que movem esses
personagens em meio aos poderes incalculáveis, mas que os tornam severamente
frios dentro de suas próprias realidades. Portanto é eficaz a fotografia mórbida
que molda a reconstituição de época de Roma, por exemplo, onde belos cenários
são tingidos por sombras e sintetizando um lado pouco acolhedor do qual os
personagens vão sentido no decorrer da obra. A falta de afeto pelo próximo,
aliás, é a engrenagem principal que movimenta as principais peças do jogo e os
raros personagens que sentem alguma pena e um pouco de calor humano ao longo do
percurso é o fazem com que a trama tome novos rumos.
A partir do momento em que
acontece o sequestro, nos é então apresentado os principais personagens, sendo
que cada um deles é movido em torno do poderoso magnata, mas cada um tendo posições
distintas com relação ao poder do qual eles se encontram em volta. Gail (Michelle
Williams, ótima), seria o calor humano emanando em meio ao sufoco do qual a
riqueza se alastra em sua realidade e tendo como sua única ambição é de
proteger e cuidar de seus filhos. Sua contra parte é justamente o seu sogro
todo poderoso, cuja sua única ambição é manter o seu império e seu interesse pela
família é unicamente para manter o nome do qual ele moldou com riquezas e inúmeras
peças valiosas.
O veterano Christopher Plummer dá um
verdadeiro show de interpretação, sendo que ele consegue passar, tanto uma fragilidade,
como também a força e o veneno da ambição emanando em seu próprio olhar. É um personagem
que facilmente conseguiríamos odiar, mas suas motivações, além de sua escolha
em não pagar o resgate pelo seu neto, são muito bem trabalhadas, mesmo quando a
gente contraria todas elas. Porém, logicamente o seu personagem irá sofrer uma
comparação com o já citado personagem de Cidadão Kane, sendo que até mesmo é
inserido na trama um “rosebud” para o magnata, mas que sinceramente eu achei
uma situação um tanto que forçada.
Isso só não se torna tão
artificial quanto à própria presença de Mark Wahlberg, como ex-espião e agente
da segurança de Getty que tenta fazer de tudo para reaver o garoto sequestrado.
Porém é um personagem que facilmente poderia ser limado, pois sempre que ele contracena
com alguém acaba tendo uma atuação caricata demais em cena. Nem mesmo quando o
seu personagem tem um embate com o personagem de Plummer melhora em alguma
coisa, mesmo sendo um momento de reviravolta para a trama.
Reviravolta, aliás, é a
palavra que nos prende do início ao fim do filme, principalmente quando ocorre
diversos desdobramento no cativeiro onde se encontra Paul. Embora algumas situações
possam ser um tanto que forçadas demais, faz com se tornem uma espécie de
cortina de fumaça para esconder até mesmo alguns momentos falhos do roteiro e
se concentrando na tensão crescente das cenas: a consequência devido a uma
tentativa de fuga que Paul orquestrou é digna de nota.
Embora com alguns pesares,
Todo o Dinheiro do Mundo é uma prova do lado diversificado do cineasta Ridley Scott
e que não se intima por um desafio, mesmo quando ele surge no decorrer das filmagens
dos seus projetos.
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