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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Todo o Dinheiro do Mundo



Sinopse: O sequestro do herdeiro John Paul Getty III (Charlie Plummer), neto de 16 anos do magnata do petróleo americano Jean Paul Getty (Christopher Plummer). Desesperada a mãe de John, Gail Harris (Michelle Williams), pediu ajuda financeira ao avô do menino, que recusou. Os sequestradores então decidem enviar à imprensa uma orelha do menino para obrigar a família a acelerar o pagamento do resgate, no valor de 17 milhões de dólares.

Em tempos atuais em que há um embate entre o capitalismo x comunismo e socialismo, o cinema se encarrega de nos mostrar que essa briga já dura por décadas e tende a nunca encerrar. No clássico Cidadão Kane, por exemplo, vemos um homem que tinha tudo, mas o que mais almejava obter não conseguiu em vida. Embora não alcance o mesmo patamar da obra prima de Orson Wells, Todo o Dinheiro do Mundo é o canto do cisne de um homem consumido pelo poder capitalista e não obtendo o bem mais precioso do qual desejava obter.
Dirigido por Ridley Scott, o filme se passa nos anos 70, onde vemos o jovem John Paul Getty III (Charlie Plummer) sendo sequestrado numa Praça de Roma. O caso é que Paul é neto de um dos maiores magnatas do petróleo chamado Jean Paul Getty (Christopher Plummer) e os sequestradores desejam R$ 17 milhões de dólares para então assim solta-lo. Sua mãe Gail Harris (Michelle Williams), pede ajuda ao seu sogro, mas ele se recusa a pagar o valor exigido e iniciando assim uma luta dramática contra o tempo.
Com roteiro de David Scarpa (O Dia em que a Terra Parou), o filme propõe em fazer uma analise fria e calculista sobre o que movem esses personagens em meio aos poderes incalculáveis, mas que os tornam severamente frios dentro de suas próprias realidades. Portanto é eficaz a fotografia mórbida que molda a reconstituição de época de Roma, por exemplo, onde belos cenários são tingidos por sombras e sintetizando um lado pouco acolhedor do qual os personagens vão sentido no decorrer da obra. A falta de afeto pelo próximo, aliás, é a engrenagem principal que movimenta as principais peças do jogo e os raros personagens que sentem alguma pena e um pouco de calor humano ao longo do percurso é o fazem com que a trama tome novos rumos.
A partir do momento em que acontece o sequestro, nos é então apresentado os principais personagens, sendo que cada um deles é movido em torno do poderoso magnata, mas cada um tendo posições distintas com relação ao poder do qual eles se encontram em volta. Gail (Michelle Williams, ótima), seria o calor humano emanando em meio ao sufoco do qual a riqueza se alastra em sua realidade e tendo como sua única ambição é de proteger e cuidar de seus filhos. Sua contra parte é justamente o seu sogro todo poderoso, cuja sua única ambição é manter o seu império e seu interesse pela família é unicamente para manter o nome do qual ele moldou com riquezas e inúmeras peças valiosas.
 O veterano Christopher Plummer dá um verdadeiro show de interpretação, sendo que ele consegue passar, tanto uma fragilidade, como também a força e o veneno da ambição emanando em seu próprio olhar. É um personagem que facilmente conseguiríamos odiar, mas suas motivações, além de sua escolha em não pagar o resgate pelo seu neto, são muito bem trabalhadas, mesmo quando a gente contraria todas elas. Porém, logicamente o seu personagem irá sofrer uma comparação com o já citado personagem de Cidadão Kane, sendo que até mesmo é inserido na trama um “rosebud” para o magnata, mas que sinceramente eu achei uma situação um tanto que forçada.
Isso só não se torna tão artificial quanto à própria presença de Mark Wahlberg, como ex-espião e agente da segurança de Getty que tenta fazer de tudo para reaver o garoto sequestrado. Porém é um personagem que facilmente poderia ser limado, pois sempre que ele contracena com alguém acaba tendo uma atuação caricata demais em cena. Nem mesmo quando o seu personagem tem um embate com o personagem de Plummer melhora em alguma coisa, mesmo sendo um momento de reviravolta para a trama.
Reviravolta, aliás, é a palavra que nos prende do início ao fim do filme, principalmente quando ocorre diversos desdobramento no cativeiro onde se encontra Paul. Embora algumas situações possam ser um tanto que forçadas demais, faz com se tornem uma espécie de cortina de fumaça para esconder até mesmo alguns momentos falhos do roteiro e se concentrando na tensão crescente das cenas: a consequência devido a uma tentativa de fuga que Paul orquestrou é digna de nota.
Embora com alguns pesares, Todo o Dinheiro do Mundo é uma prova do lado diversificado do cineasta Ridley Scott e que não se intima por um desafio, mesmo quando ele surge no decorrer das filmagens dos seus projetos.

                                                  
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