Com a chegada de Atividade
Paranormal 4 nesta sexta-feira, decidi olhar um pouco para traz e me dar por
conta de como existe vários filmes mockumentary (do inglês, a união da
palavra mock, que quer dizer falso, com documentary, que significa
documentário). Esse ano, por exemplo, foram lançados dois filmes desse formato
em um curto espaço de tempo que foram Projeto X e Poder Sem limites, sendo que
esse ultimo, mesmo com um orçamento apertado, mostrou para o mundo como se
poderia fazer uma adaptação para o cinema do clássico manga Akira.
Mas mockumentary ganhou terreno
mesmo no gênero de terror, sendo que existem muitos fatores que contribuem para
isso. Se formos analisar mais para traz, já na década de 70 o publico cinéfilo já
estava mais do que cansado de ver filmes de terror muito fora do chão, sendo
que o publico já daquele tempo, estava mais do que desgastado e saturado em assistir
formulas desgastadas. Coube então a chegada de O Exorcista para mudar esse quadro.
Embora seja um filme que
envolva assuntos sobrenaturais, é de se tirar o chapéu para o cineasta William
Friedkin, que soube dosar momentos fantásticos com o mais puro realismo. Não é
um filme com casa mal assombrada, onde você encontra teias ou morcegos ao
redor, muito menos os tão conhecidos monstros do cinema antigo, mas sim uma trama
que se passe em nosso mundo real, com pessoas reais e que elas acabam dando de encontro
com uma situação inusitada na qual testa as crenças e a sanidade. Isso tudo foi
o suficiente para agradar o publico e tornar o filme um sucesso de bilheteria. Após
isso, o cinema de terror dos anos 70 entraria num território mais cru, e muito
mais próximo da realidade, mesmo alguns possuindo ingredientes do gênero fantástico.
Embora os anos 80 e 90 tenham proliferado
muito os filmes de terror do gênero “terrir”, e de mascarados assassinos sempre
perseguido uma garota, houve casos isolados, em que novamente o gênero se casou
mais com a realidade, nascendo então o mockumentary.
Embora os dois exemplos que eu irei citar abaixo, estejam muito separados na
linha do tempo, foi o suficiente para plantar a semente e ter fortalecido essa
nova forma de se contar uma historia de terror e de sentir medo ao assisti-la
na tela grande.
Holocausto Canibal
Sinopse: Professor da
Universidade de Nova York vai atrás de uns documentaristas perdidos, quando
esses saíram para filmar na Amazônia. Lá chegando, ele descobre os horrores que
eles passaram nas mãos de canibais.
Um dos filmes mais
repugnantes e violentos da historia do cinema. Após assisti-lo, devo reconhecer
que o filme é sim bastante violento e doentio, mais precisamente ao retratar os
documentaristas, gananciosos, e sem menor noção com o que realmente estão
lidando na selva e acreditando que acharam o seu parque de diversões. Ao terem
o seu primeiro contato com os nativos, os protagonistas começam a agir de uma
maneira tão ensandecida, que nem sentimos muita pena com relação aos seus
destinos, pois eles procuraram por isso.
Se nos sentimos
realmente repugnados por determinadas cenas, são justamente pelas mortes dos
animais que ocorrem na trama, como de um gambá, e principalmente de uma
tartaruga gigante, que é totalmente estripada por alguns minutos, mas o
suficiente para serem intermináveis. É nestas sequencias, que eu acredito que o
diretor Ruggero Deodato procurou o maior realismo possível, e com êxito, embora
reprove por completo qualquer mau trato imposto em animais, e atualmente com
certeza não creio que aja um cineasta que tenha coragem de fazer o que Deodato
fez. Mas para que tanto realismo e violência? Eu acredito que o diretor queria
fazer um retrato sombrio do ser humano inconsequente e da hipocrisia da
sociedade sobre certos limites étnicos. Durante os anos 70, o povo norte
americano perdeu completamente a sua inocência, devido a diversos fatos da
época, e com isso, qualquer tentativa de se esconder embaixo de uma mascara,
ocultando o lado feio da coisa, é mero artifício obsoleto. Bom exemplo disso é
a cena em que um dos documentaristas está achando graça de um cadáver de uma
das nativas, empalada em um tronco, para então depois fingir na frente da
câmera que se sente horrorizado.
Por algum tempo, Ruggero Deodato chegou até mesmo ser acusado pela criação do filme, pois certas
autoridades achavam as cenas realistas demais e exigiram que o diretor provasse
que os atores estivessem realmente vivos. Tudo isso se deve a vertiginosa
seqüência final, onde o historiador e outras pessoas testemunharam as imagens
na tela, dos rolos perdidos dos documentaristas da trama. A seqüência em si é
realmente realista e muito violenta, mas o que tiver o olho mais atento
percebera que existem muitos truques de câmera e perceberam os momentos de
quando são os atores atuando, e quando são já bonecos, representando eles sendo
mortos. Deodato sem sombra de duvida estava com a sua mente mais a frente do
seu tempo, pois a forma que é criada a produção, em parte como um possível e
real documentário, é algo que o publico veria mais tarde nos anos seguintes.
Não é um filme que se tornou,
e muito pouco se tornara favorito para muitos, mas é uma produção, que a pós a
exibição, nos perguntamos quem eram realmente os vilões dessa trama e quem eram
os heróis? Ou melhor, dizendo (como o historiador fala no final) quem eram ali
os verdadeiros canibais? Nem tudo da natureza do ser humano pode ser
respondida!
A Bruxa de Blair
Sinopse: Três
estudantes de cinema embrenham-se nas matas do estado de Maryland para fazer um
documentário sobre a lenda da bruxa de Blair e desaparecem misteriosamente. Um
ano depois, uma sacola cheia de rolos de filmes e fitas de vídeo é encontrada
na mata. As imagens registradas pelo trio dão algumas pistas sobre seu macabro
destino.
Um dos filmes mais
comentados do ano de 1999. Curiosamente foi vitima da própria fama, caso não
tivesse sido exposto tanto pela mídia. A Bruxa de Blair poderia ter pegado mais
pessoas desprevenidas como seu tom documental. Mesmo assim, não foram poucos na
época que acreditaram na veracidade da historia. A genial e muito bem estudada
campanha de divulgação pela internet (algo comum atualmente) gerou o sucesso do
filme e fez que os diretores novatos Edward Sanchez e Daniel Miyrick o centro
das atenções.
Junto com outros títulos
como Nosferatu, e O Exorcista, com certeza A Bruxa de Blair seja um dos filmes
de terror mais realistas da historia do cinema e pioneiro em divulgação de
filmes pela internet.
Curiosidades: Durante
a realização das filmagens, os diretores Daniel Myrick e Eduardo Sánchez
utilizaram um método incomum: deram o mínimo de material para os atores e os
deixaram na mata, cada um com uma câmera de vídeo. A produção do filme apenas
entrava em contato com os atores ocasionalmente e através de bilhetes que
diziam o que cada um devia fazer. A intenção para utilizar este método era
transmitir o máximo de veracidade possível, já que nem os atores sabiam direito
qual era o enredo do filme e o que aconteceria com eles.Para manter o máximo
de veracidade, os atores concordaram em ceder seus próprios nomes para os
personagens que estavam interpretando.
O filme é o
recordista absoluto de lucro nas bilheterias. Tendo custado apenas 50 mil
dólares, o filme arrecadou, nas bilheterias mundias, cerca de 202 milhões de
dólares.
Leia também: Trilogia Atividade Paranormal
2 comentários:
Bom, esse não foi o único filme italiano de canibais que mostra animais sendo mortos de verdade. Veja, por exemplo, A Montanha dos Canibais, que mostra várias cenas de animais matando uns aos outros (por sinal, em cenas que nem têm nada a ver com o resto da história), além de mostrar alguns atores matando e comendo um lagarto de verdade, como parte de um ritual religoso dos personagens.
Mas é claro que eu também sou contra qualquer violência a animais na produção de um filme.
Quanto à Bruxa de Blair, nem sei se dá chamar isso de ´´filme de terror``, porque não aparece ali nenhuma criatura bizarra atacando os personagens nem nada parecido com isso. A meu ver, é mais um filme de suspense.
Mas realmente é de um realismo impressionante. Quando eu vi, já sabia que era uma história fictícia, porque já tinha visto uma matéria sobre o filme no Video Show. Mas quem viu sem saber, com certeza confundiu com um documentário real.
Eu me lembro que eu vi uma matéria na época do Bom dia Brasil, e tratou o caso de A Bruxa de Blair como um caso real. Na época, achava realmente que era real, mas dai soube por uma revista de ficção que foi tudo inventado. A jogada de mestre elaborada havia adorado, e assisti inúmeras vezes o filme na época, mas teve muitos que detestaram, exigindo até mesmo o ingresso de volta.
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