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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Cine Especial: O HORROR AO VIVO: Parte 1



Com a chegada de Atividade Paranormal 4 nesta sexta-feira, decidi olhar um pouco para traz e me dar por conta de como existe vários filmes mockumentary (do inglês, a união da palavra mock, que quer dizer falso, com documentary, que significa documentário). Esse ano, por exemplo, foram lançados dois filmes desse formato em um curto espaço de tempo que foram Projeto X e Poder Sem limites, sendo que esse ultimo, mesmo com um orçamento apertado, mostrou para o mundo como se poderia fazer uma adaptação para o cinema do clássico manga Akira.
Mas mockumentary ganhou terreno mesmo no gênero de terror, sendo que existem muitos fatores que contribuem para isso. Se formos analisar mais para traz, já na década de 70 o publico cinéfilo já estava mais do que cansado de ver filmes de terror muito fora do chão, sendo que o publico já daquele tempo, estava mais do que desgastado e saturado em assistir formulas desgastadas. Coube então a chegada de O Exorcista para mudar esse quadro.
Embora seja um filme que envolva assuntos sobrenaturais, é de se tirar o chapéu para o cineasta William Friedkin, que soube dosar momentos fantásticos com o mais puro realismo. Não é um filme com casa mal assombrada, onde você encontra teias ou morcegos ao redor, muito menos os tão conhecidos monstros do cinema antigo, mas sim uma trama que se passe em nosso mundo real, com pessoas reais e que elas acabam dando de encontro com uma situação inusitada na qual testa as crenças e a sanidade. Isso tudo foi o suficiente para agradar o publico e tornar o filme um sucesso de bilheteria. Após isso, o cinema de terror dos anos 70 entraria num território mais cru, e muito mais próximo da realidade, mesmo alguns possuindo ingredientes do gênero fantástico.  
Embora os anos 80 e 90 tenham proliferado muito os filmes de terror do gênero “terrir”, e de mascarados assassinos sempre perseguido uma garota, houve casos isolados, em que novamente o gênero se casou mais com a realidade, nascendo então o mockumentary. Embora os dois exemplos que eu irei citar abaixo, estejam muito separados na linha do tempo, foi o suficiente para plantar a semente e ter fortalecido essa nova forma de se contar uma historia de terror e de sentir medo ao assisti-la na tela grande.

Holocausto Canibal

Sinopse: Professor da Universidade de Nova York vai atrás de uns documentaristas perdidos, quando esses saíram para filmar na Amazônia. Lá chegando, ele descobre os horrores que eles passaram nas mãos de canibais.

Um dos filmes mais repugnantes e violentos da historia do cinema. Após assisti-lo, devo reconhecer que o filme é sim bastante violento e doentio, mais precisamente ao retratar os documentaristas, gananciosos, e sem menor noção com o que realmente estão lidando na selva e acreditando que acharam o seu parque de diversões. Ao terem o seu primeiro contato com os nativos, os protagonistas começam a agir de uma maneira tão ensandecida, que nem sentimos muita pena com relação aos seus destinos, pois eles procuraram por isso.
Se nos sentimos realmente repugnados por determinadas cenas, são justamente pelas mortes dos animais que ocorrem na trama, como de um gambá, e principalmente de uma tartaruga gigante, que é totalmente estripada por alguns minutos, mas o suficiente para serem intermináveis. É nestas sequencias, que eu acredito que o diretor Ruggero Deodato procurou o maior realismo possível, e com êxito, embora reprove por completo qualquer mau trato imposto em animais, e atualmente com certeza não creio que aja um cineasta que tenha coragem de fazer o que Deodato fez. Mas para que tanto realismo e violência? Eu acredito que o diretor queria fazer um retrato sombrio do ser humano inconsequente e da hipocrisia da sociedade sobre certos limites étnicos. Durante os anos 70, o povo norte americano perdeu completamente a sua inocência, devido a diversos fatos da época, e com isso, qualquer tentativa de se esconder embaixo de uma mascara, ocultando o lado feio da coisa, é mero artifício obsoleto. Bom exemplo disso é a cena em que um dos documentaristas está achando graça de um cadáver de uma das nativas, empalada em um tronco, para então depois fingir na frente da câmera que se sente horrorizado.
Por algum tempo, Ruggero Deodato chegou até mesmo ser acusado pela criação do filme, pois certas autoridades achavam as cenas realistas demais e exigiram que o diretor provasse que os atores estivessem realmente vivos. Tudo isso se deve a vertiginosa seqüência final, onde o historiador e outras pessoas testemunharam as imagens na tela, dos rolos perdidos dos documentaristas da trama. A seqüência em si é realmente realista e muito violenta, mas o que tiver o olho mais atento percebera que existem muitos truques de câmera e perceberam os momentos de quando são os atores atuando, e quando são já bonecos, representando eles sendo mortos. Deodato sem sombra de duvida estava com a sua mente mais a frente do seu tempo, pois a forma que é criada a produção, em parte como um possível e real documentário, é algo que o publico veria mais tarde  nos anos seguintes.  
Não é um filme que se tornou, e muito pouco se tornara favorito para muitos, mas é uma produção, que a pós a exibição, nos perguntamos quem eram realmente os vilões dessa trama e quem eram os heróis? Ou melhor, dizendo (como o historiador fala no final) quem eram ali os verdadeiros canibais? Nem tudo da natureza do ser humano pode ser respondida! 
A Bruxa de Blair

Sinopse: Três estudantes de cinema embrenham-se nas matas do estado de Maryland para fazer um documentário sobre a lenda da bruxa de Blair e desaparecem misteriosamente. Um ano depois, uma sacola cheia de rolos de filmes e fitas de vídeo é encontrada na mata. As imagens registradas pelo trio dão algumas pistas sobre seu macabro destino.

Um dos filmes mais comentados do ano de 1999. Curiosamente foi vitima da própria fama, caso não tivesse sido exposto tanto pela mídia. A Bruxa de Blair poderia ter pegado mais pessoas desprevenidas como seu tom documental. Mesmo assim, não foram poucos na época que acreditaram na veracidade da historia. A genial e muito bem estudada campanha de divulgação pela internet (algo comum atualmente) gerou o sucesso do filme e fez que os diretores novatos Edward Sanchez e Daniel Miyrick o centro das atenções.
Junto com outros títulos como Nosferatu, e O Exorcista, com certeza A Bruxa de Blair seja um dos filmes de terror mais realistas da historia do cinema e pioneiro em divulgação de filmes pela internet.

Curiosidades: Durante a realização das filmagens, os diretores Daniel Myrick e Eduardo Sánchez utilizaram um método incomum: deram o mínimo de material para os atores e os deixaram na mata, cada um com uma câmera de vídeo. A produção do filme apenas entrava em contato com os atores ocasionalmente e através de bilhetes que diziam o que cada um devia fazer. A intenção para utilizar este método era transmitir o máximo de veracidade possível, já que nem os atores sabiam direito qual era o enredo do filme e o que aconteceria com eles.Para manter o máximo de veracidade, os atores concordaram em ceder seus próprios nomes para os personagens que estavam interpretando.
O filme é o recordista absoluto de lucro nas bilheterias. Tendo custado apenas 50 mil dólares, o filme arrecadou, nas bilheterias mundias, cerca de 202 milhões de dólares.
 Amanhã, volto com mais alguns títulos  mockumentary que merecem uma conferida.


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2 comentários:

Bússola do Terror disse...

Bom, esse não foi o único filme italiano de canibais que mostra animais sendo mortos de verdade. Veja, por exemplo, A Montanha dos Canibais, que mostra várias cenas de animais matando uns aos outros (por sinal, em cenas que nem têm nada a ver com o resto da história), além de mostrar alguns atores matando e comendo um lagarto de verdade, como parte de um ritual religoso dos personagens.
Mas é claro que eu também sou contra qualquer violência a animais na produção de um filme.
Quanto à Bruxa de Blair, nem sei se dá chamar isso de ´´filme de terror``, porque não aparece ali nenhuma criatura bizarra atacando os personagens nem nada parecido com isso. A meu ver, é mais um filme de suspense.
Mas realmente é de um realismo impressionante. Quando eu vi, já sabia que era uma história fictícia, porque já tinha visto uma matéria sobre o filme no Video Show. Mas quem viu sem saber, com certeza confundiu com um documentário real.

Marcelo Castro Moraes disse...

Eu me lembro que eu vi uma matéria na época do Bom dia Brasil, e tratou o caso de A Bruxa de Blair como um caso real. Na época, achava realmente que era real, mas dai soube por uma revista de ficção que foi tudo inventado. A jogada de mestre elaborada havia adorado, e assisti inúmeras vezes o filme na época, mas teve muitos que detestaram, exigindo até mesmo o ingresso de volta.